Sete níveis de orientação sexual



Sete Níveis de Orientação Sexual

 

           A sexualidade tem como conceito às suas preferências, predisposições ou experiências sexuais, na experimentação e descoberta da sua identidade e atividade sexual em determinado período da vida humana e não somente relacionada à atividade reprodutiva (como na maioria dos outros animais). Mas a sexualidade tende ao campo psicológico do indivíduo, além de considerar fatores biológicos e questões sociais, religiosas e culturais.

           O termo orientação sexual é considerado mais apropriado do que opção sexual ou preferência sexual porque opção indica que uma pessoa teria escolhido a sua forma de desejo. A orientação sexual não pode ser mudada com terapias e não é uma escolha.A orientação sexual pode ser determinada por fatores biogenéticos, sejam questões hormonais na vida uterina ou genes que possam determinar esta predisposição, porém sem causas e conclusões precisas. Mas o que não se pode questionar, é que orientação sexual é biológica por natureza, uma natureza sexual.

 A orientação sexual  é definida por características principais existentes:

1. Assexual (nenhuma atração sexual): conforme Bogaeret (2004) a assexualidade não é considerada uma opção legítima, devido as causas  sugeridas incluírem o  abuso sexual passado, repressão sexual, problemas hormonais, desenvolvimento tardio de atração, e não ter encontrado a pessoa certa. Porém, os assexuais auto-identificados, enquanto isso, negam que tais diagnósticos se apliquem a eles; outros argumentam que, porque a sua assexualidade não lhes causa angústia, não deveria ser vista como um distúrbio emocional ou médico.

Alguns consideram como opção sexual direta ou indireta. Direta seria como repressão devida algum trauma psicológico (depressão, abusos, decepções amorosas) e por escolha profissional (pessoa prioriza totalmente a vida profissional e “abandona” a vida amorosa). Indireta seria por questões hormonais. Mas assexualidade é definida por ausência de sexo (incluem também masturbação, desejo sexual) e relacionamento afetivo.

2. Biafetiva (atração pelos gêneros masculino e feminino, mas com níveis definidos e atípica no reino animal): o individuo biafetivo pode variar de graus de desejos por pessoas masculinas e femininas. No reino animal a relação biafetiva funciona com controle parcial de natalidade definido por épocas reprodutivas, ou seja, num período a espécie procria e no outro possui relação homoafetiva. Já na espécie humana a relação biafetiva é mais complexa. Na biafetiva tem-se primeiro experiência heteroafetiva e depois homoafetiva, no biafetivo, primeiro é homoafetiva e depois heteroafetiva.

3. Heteroafetiva: é a atração pelo gênero oposto, sendo com maior evidência.

4. Homoafetiva (atração pelo mesmo gênero): no reino animal funciona como controle total de natalidade ( já em humanos pode ser de forma total ou parcial). Segundo Burr (1997) é evidente a importância do comportamento homoafetivo para a evolução de muitas espécies animais, como entre as fêmeas do albatroz-de-laysan (Phoebastria immutabilis), do Havaí, que se unem a outras fêmeas para criar os filhotes, especialmente na escassez de machos, tendo mais sucesso que as fêmeas solteiras. O estudo conclui que a homoafetividade ajudou as espécies de diferentes maneiras ao longo da evolução.

A função social do sexo não está necessariamente ligada à dominação, mas serve para fortalecer as alianças e laços sociais dentro de um rebanho, por exemplo. Outros argumentaram que a teoria da organização social é inadequada porque não pode explicar alguns comportamentos homoafetivos, por exemplo, de espécies de pinguins, onde indivíduos do mesmo sexo são companheiros por toda a vida e recusam-se a formar um par com as fêmeas quando surge essa oportunidade. Enquanto pesquisas em muitos cenários de acasalamento ainda sejam apenas anedóticas, um corpo crescente de trabalhos científicos confirmam que a homoafetividade permanente ocorre não só em espécies com ligações permanentes entre pares, mas também em espécies não-monogâmicas, como as ovelhas. Não foi encontrada nenhuma espécie em que o comportamento homoafetivo não demonstrou-se existente, com exceção de espécies que nunca fazem sexo, tais como ouriços eaphis. Além disso, uma parte do reino animal é hermafrodita, realmente bissexual. Para eles, a homoafetividade não é um problema (Wellings et al., 1994)

            Se a homossexualidade fosse apenas perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século XX, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de espécies de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos. Em todas as espécies de pássaros, em alguma fase da vida, ocorrem interações homoafetivas que envolvem contato genital, que, pelo menos entre os machos, e ocorrendo o processo de orgasmo e ejaculação. De acordo Journal of Animal Behaviour um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre machos dessas espécies, e alguns chipanzés realizam masturbação entre si e sexo anal, estes que são parentes próximos dos humanos.

          Segundo Kinsey et al. (1948) o comportamento sexual é descrito a uma escala iniciando em 0, com o significado de um comportamento exclusivamente heterossexual, e terminando em 7(x), para comportamentos exclusivamente assexuais: Exclusivamente heterossexual, Predominantemente heterossexual, apenas eventualmente homossexual, Predominantemente heterossexual, embora homossexual com frequência, Bissexual, Predominantemente homossexual, embora heterossexual com frequência, Predominantemente homossexual, apenas eventualmente heterossexual, Exclusivamente homossexual e Assexual.

          A escala proposta por Kinsey causa muitas controversas e opiniões confusas, porém para melhor compreensão, pode-se adotar uma nova escala proposta, que também enfatiza os setes níveis de orientação sexual:

1.  Heteroafetivo

2. Biafetivo frequentemente heteroafetivo

3. Biafetivo eventualmente heteroafetivo

4. Biafetivo eventualmente homoafetivo

5. Biafetivo frequentemente homoafetivo

6. Homoafetivo

7. Assexual

 

Referências Bibliográficas

 

Burr, Chandler. Homosexuality and biology. The Atlantic, Junho de 1997. An overview of recent research in layman's language.

Bogaert, Anthony F. (August 2004). Asexuality: prevalence and associated factors in a national probability sample. Journal of Sex Research. Retrieved

Wellings, K., Field, J., Johnson, A., & Wadsworth, J. (1994). Sexual behavior in Britain: The national survey of sexual attitudes and lifestyles. London, UK: Penguin Books

Kinsey, et al. 1948. Sexual Behavior in the Human Male.

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Autor: Sandro Souza De Oliveira


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