Segregação urbana



Sara Izabel do Amparo

CORREA, R. L. "O espaço urbano". 3ªed. São Paulo (SP): Ática, 1995.
VILLAÇA, F. "O espaço intra-urbano no Brasil". São Paulo (SP): FAPESP, Lincoln Inst., 1998.

Segundo Correa, um dos processos que classifica especificadamente a divisão social do espaço é o processo de segregação residencial que se define como sendo uma concentração de tipos de população dentro de um dado território. A expressão espacial da segregação é a "área natural", definida por Zorbaugh como sendo uma área geográfica caracterizada pela individualidade física e cultural. Seria ela resultante do processo de competição impessoal que geraria espaços de dominação dos diferentes grupos sociais, replicando ao nível da cidade processos que ocorrem no mundo vegetal.
Já Villaça, entende a segregação como um processo segundo o qual diferentes classes ou camadas sociais tendem a se concentrar cada vez mais em diferentes regiões gerais ou conjuntos de bairros da metrópole. A partir dai, podemos fazer a primeira comparação entre os dois autores, sendo que Correa fala da segregação de uma cidade, e Villaça de uma metrópole, apesar dessa analise em escalas diferentes ambos referem e tratam da segregação sócio espacial, a relação entre centro x periferia. Para falarem e exemplificarem melhor sobre a segregação, Correa nos traz Castells e Harvey como referencia, e Villaça por sua vez nos apresenta as concepções de Lojkine, Harvey e Castells.
Com base nas analises de Castells, segundo Correa, podemos afirmar que a segregação residencial, nada mais é que um processo que se origina a tendência a uma organização espacial e, áreas de forte homogeneidade social interna e de forte disparidade entre elas. É um produto da existência de classes sociais e da cidade que se verificam de modo simultâneo. Villaça, por sua vez, apenas complementa os conceitos de Castells trazidos por Correa, e enfatiza ainda a questão de que toda a problemática social tem sua origem entre esses dois termos (natureza e cultura) através do processo dialético mediante o qual uma espécie biológica particular, o homem se transforma e transforma o seu próprio meio ambiente em sua luta pela vida e pela apropriação diferenciada do produto de seu trabalho.
A seguir Correa nos traz Harvey, para argumentar sobre a segregação, e este afirma que a diferenciação residencial deve ser interpretada em termos de reprodução das relações sociais dentro da sociedade capitalista, e que estas
áreas residenciais fornecem meios distintos para a interação social, a partir da qual os indivíduos derivam seus valores, expectativas, hábitos de consumo, capacidade de se fazer valer e estado de consciência. Ou seja, a segregação residencial pode ser vista como um meio de reprodução social, e neste sentido o espaço social age como um elemento condicionador sobre a sociedade. E mais uma vez Vilaça complementa as falas trazidas por Correa, e aponta a segregação como um mecanismo de extorsão e deixa implícita a dominação.
Villaça, além de Harvey e Castells, nos apresenta os conceitos formulados por Lojkine, que segundo ele a segregação é uma manifestação da renda fundiária urbana, um fenômeno "produzido pelos mecanismos de formação dos preços do solo, estes por sua vez, determinados pela nova divisão social e espacial do trabalho". Porem, Lojkine não esclarece como a segregação é produzida, mas presume-se que, no final, as classes de mais alta renda fiquem com a terra mais cara e as de mais baixa renda, com as mais baratas.
Concluindo podemos afirmar que ambos os autores trazem não apenas conceitos de segregação, mas também as características deste processo compondo assim uma obra enriquecedora, porem apenas Correa traz os esquemas da segregação residencial, tornando assim a sua obra mais completa.

SARA IZABEL DO AMPARO é graduanda do 4ª ano do curso de Licenciatura em Geografia, pela Unidade Universitária de Ciências Sócio Econômicas e Humanas da Universidade Estadual de Goiás, no município de Anápolis / GO. - [email protected]

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Autor: Sara Izabel Do Amparo


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