DEPENDÊNCIA QUÍMICA: ASPECTOS PSICOSSOCIAIS



DEPARTAMENTO DE SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

MARIA CÉLIA SANTA ISABEL DE ALMEIDA

DEPENDÊNCIA QUÍMICA: ASPECTOS PSICOSSOCIAIS 

Salvador

2012

MARIA CÉLIA SANTA ISABEL DE ALMEIDA

DEPENDÊNCIA QUÍMICA: ASPECTOS PSICOSSOCIAIS 

Trabalho apresentado ao curso de Psicologia do Centro Universitário Jorge Amado como pré-requisito parcial para a obtenção do grau de psicólogo, sob orientação: Prof. Marcelo Magalhães Andrade.  

Salvador

2012 

1 APRESENTAÇÃO 

O presente estudo nos traz a importância de compreendermos a temática sobre dependência química no modelo biopsicossocial. Serão abordados os seguintes tópicos: Conceito de drogas;Como está a droga atualmente; Aspectos históricos;  Como começou a droga; Quando a droga se transforma em um problema; A droga vista pelo modelo médico e psicologia comportamental; Fatores ambientais que levam o indivíduo a usar drogas; Como a droga muda o comportamento humano; Quais as alterações químicas que a droga induz no cérebro; Quando é que um indivíduo passa a ser dependente químico; Prevenção e intervenção quando o problema está instalado. 

Nesse aspecto esse artigo tem com objetivo nos trazer um olhar mais reflexivo na temática aqui apresentada, a partir das discussões de fatores causais da dependência química.

2 INTRODUÇÂO 

“A primeira língua a utilizar a palavra droga, tal como nósconhecemos foi o francês: drogue (ingrediente, tintura ou substância química ou farmacêutica remédio, produto farmacêutico).” Atualmente, a medicina define droga como: “qualquer substância capaz de modificar o funcionamento dos organismos vivos, resultando as mudanças fisiológicas ou de comportamento” (OMS, 1978).

 

Mas afinal, o que é “Droga”?  Segundo, “Mota”, a palavra “Droga” é controversa, mas a versão mais próxima de senso comum entende este termo seria aquela derivada do termo holandês droog (seco) refere-se a carregamentos de peixe seco em más condições de consumo, denotando dessa forma a ideia de uma coisa ruim.

 

“A ideia de obtenção de prazer, porém, está ausente deste significado como se os indivíduos buscassem tais substâncias á procura da dor”. Entretanto, sabemos que a droga está de alguma forma ligada também ao prazer, pois são muitos os indivíduos que procuram a droga numa busca incessante de prazer.

 

No entanto, segundo(OLIVEIRA, 1992) em um país com desníveis sociais e econômicos acentuados como o Brasil uma grande parte da população excluída, o uso de substâncias psicoativas pode ocorrer para amenizar o sofrimento, diferentemente da busca pelo prazer como mais característica dos usuários dos países desenvolvidos. E diante disso, a sociedade brasileira procura formas de conter o avanço do consumo das substâncias psicoativas legais e ilegais. Está, nesse quadro, o uso indiscriminado de medicamentos.

 

Segundo “M.C.S”, nos dias atuais, a palavra droga é rapidamente associada ás substâncias que alteram estados da mente, proporcionando experiências de prazer, desprazer capazes de levar parte dos usuários ao uso continuo e a dependência.  A palavra droga tornou-se também sinônimo de coisas ruins (aquilo que faz mal) e ou de situações indesejadas (que droga!). O que chamamos hoje de droga está muito longe daquilo que, antes, essa palavra designava.

 

 

3ASPECTOS HISTÒRICOS

 

O uso de substâncias psicoativas é um evento que acompanha os povos, em diversos períodos de sua história, diferenciando de acordo com a cultura de cada um a cada período. Os homens utilizavam produtos naturais para alcançarem alterações no estado de consciência. Isso acontecia em diversoscontexto como religioso, medicinal em cirurgias, psicológico, militar  econômico, social e ainda em busca do prazer.

 

De fato, desde os povos mais antigos- que faziam uso do ritual tradicional de drogas que, de uma forma mais direta, não acarretava danos sociais, mas se prestava para gerar proximidade com o criador e com coisas não possíveis- até as sociedades contemporâneas em que o consumo de drogas psicoativas toma a forma de grave problema internacional, jurídico, policial e de saúde pública, que se inicia com a expansão do estilo de vida contracultural, primeiramente nas classes médias, a partir da década de 60-, o uso de substâncias mudou radicalmente na sua essência, nas finalidades e no rito de uso (VELHO, 1980).

 

No documentário “Cortina de fumaça” diz que os estados que a droga produz são de certa forma simplesmente a intensificação de estados que já existem na natureza humana.                                                                                                               

 

Algum dia, quando a descriminalização das drogas for uma realidade, os historiadores olharão para trás e sentirão o mesmo arrepio que hoje produz a inquisição.

 

 

O abuso de drogas atuais, perpassavárias classes e instâncias sociais e relaciona-se com doenças e delinquências, entre outros problemas. Reconhecendo a gravidade das repercussões desse abuso na saúde das populações e seu custo social, a comunidade internacional empreende esforços para controlá-lo. (VELHO, 1994).

 

 

4 A DROGA VISTA PELO MODELO MÉDICO E PSICOLÓGICO.

 

-Modelo médico

 

“No Brasil, desde as primeiras leis específicas sobre “drogas”, que datam do começo da década de 1920, até a década de 1970, quando foipromulgada, em 1976, a lei 6.368, que estava em vigor até o início deste ano, o papel das autoridades médicas era basicamente e de apontar a existência legal da toxicomania e “ oferecer” tratamento compulsório.”Atualmente existe uma grande dificuldade do médico em uma equipe multiprofissional na área da toxicomania, devido a sua deficiência em compreender as abordagens relacionadas à dependência de drogas (CRUZ, 2002).

 

- Modelo psicológico.

 

“Entre os saberes psicológicos não existe uma “teoriageral das dependências”      que poderia ser comparada a uma classificação médica. Basicamente, as explicações psicológicas  para a etiologia da dependência química dividem-se entre as teorias da personalidade (modelo psicanalítico) a as teorias do aprendizado (modelo comportamental).” No modelo psicanalítico, a teoria visava á ansiedade e a castração intensa da relação da figura materna como constituição do problema da dependência química.  Valliante (1981, apud MARQUES 2001, p. 04).

 

Entretanto, o que caracteriza muitas das apreciações psicológicas sobre a dependência química é o fato de a droga surgir como um objeto substituitivopar uma carência emocional. Assim, a dependência química poderia ser interpretada como uma tentativa de retorno aos estados prazerosos da infância por meio da busca pelas sensações lúdicas proporcionadaspelas drogas ( Bordim, Figlie e Laranjeira, 2004).

 

Os alcoolistas, por exemplo, são avaliados psicologicamente como pessoas tímidas, imaturas, ansiosas, com fraqueza de ego e auto-imagem negativa (Nascimento e Justo, 2000).

 

5PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO QUANDO O PROBLEMA DA DROGA JÁ ESTÁ INSTALADO.

 

“A dependência química como um grave problema de saúde pública, necessita de     atenção especial. Portanto, a área de saúde tem muito a realizar no que diz respeito ao uso de drogas e a promoção de saúde (GELBCKE e PADILHA, 2004 )”.

 

“À partir de 2002, em função dessa realidade e do aumento significativo do uso de substâncias psicoativas e de suas consequências associadas, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Atenção Integrada ao usuário de álcool e outras drogas, demonstrando uma vontade política direcionada á criação de serviços específicos para usuários e dependentes químicos, considerando-se as particularidades dessa problemática, o que não foi e ainda não está sendo fácil para implantar e sustentar (FERREIRA e LUIS,2004)”.

 

No filme “fora de si” fala que não é a droga que faz a dependência do homem e sim o homem que faz disso sua dependência, por diversos fatores como por prazer, fuga, vicio ou mesmo por um ritual é tudo muito cultural. A família tem um poder muito grande na prevenção e uso das drogas, isso se dá no momento em que o diálogo é estabelecido em famíliaestando sempre atento como expectador ativo do seu filho, orientando e conversando sobre oassunto, sendo assim um multiplicador de saúde. 

 

No filme “fora de si” o psiquiatra (Dartiu Xavier da Silveira) diz que no tocante a intervenção são realizados vários procedimentos para tratamento da dependência química, como, o medicamentoso, técnicas psicoterápicas. Ele relata que a maconha não e´ necessariamente uma porta de entrada para outras drogas, mas sim, pode tornar-se uma porta de saída, pois foram feitos estudos pioneiro com usuários de crack que trocaram o crack pela maconha e em três meses 68% abandonaram o crack e que depois de seis meses abandonaram a maconha.

 

O dependente químico, precisa está ciente de que ele precisa de ajuda para que ocorra o processo de internação, pois caso contrário, ocorrerá diversas evasões durante todo o processo de internação. A família é um instrumento de grande relevância no sentido de internação, pois ela dá ao usuário a segurança e o apoio de que ele precisa, pois esse indivíduo é muito rejeitado pela sociedade.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Diante dos fatores supracitados, nota-se, que, o uso de substâncias psicoativas acontece a muitos anos, dependendo da cultura de cada um, e sempre teve o mesmo objetivo o de alterar a consciência para determinado comportamento, a exemplo da medicina, psicologia, rituais religiosos , busca do prazer, amenizar o sofrimento.

 

No entanto, segundo o filme “Cortina de Fumaça”, diz que os estados produzidos pela droga, forma simplesmente a intensificação de estados que já existem na natureza humana. A droga, passoua ser um problema quando perpassou a várias classes sociais e resultou com doenças e delinquências, entre outros problemas. 

Á partir dessas discussões, sefaznecessário a atuação de profissionais preparados, com o objetivo de garantir a assistência ao dependente químico, visando o aprimoramento de promoção da saúde, e exterminando o modelo cartesiano da medicina, considerando os aspectos biopsicossociais. Nesse olhar, é de grande relevância a inserção do profissionalpsicólogo nesse contexto,  já que as questões subjetivas servirá de grande ajuda no seu tratamento, sendo assim o dependente químico será o autor da sua própria história.

REFERÊNCIAS 

ARAÚJO e MOTA, L.Introdução. In.: Dependência química: problema biológico, psicológico ou social? São Paulo:Paulus, 2007. 

CORTINA DE FUMAÇA você precisa ouvir o que eles tem a dizer. Filme de longa documentário de Rodrigo Mac Niven( Co-Produção J. R. Mac Niven Produções), 2011. 

MARQUES, A.C.P.R. o uso de álcool e a evolução do conceito de dependência de álcool e outras drogas e tratamento. Revista IMESC, n°3, p. 73-86, 2001. 

PRATA, Elisangela Maria Machado (et al). O processo saúde-doença e a dependência química: interfaces e evolução. Rev. Psicologia: teoria e pesquisa. Abr-Jun, 2009, Vol. 25, n. 2. 

TV FUTURA+ CEP. Fora de si. In: Série Não È o que parece. 

VELHO, Gilberto. Individualismo e Cultura: notas para uma Antropologia da sociedade contemporânea. Rio de Janeiro: JorgeZahar Editor, 1987.


Autor: Maria Célia Santa Isabel


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