Pior que um cão sarnento



Pior que um cão sarnento.

Olhe e recorde. Você que é sem teto, sem abrigo;

Perambulando de um local para outro de mão estendida.

Muitas vezes recebendo o adjetivo de vagabundo, alcoólatra, louco.

O que você escuta? O que lhe dizem as pessoas?

A rua está bastante movimentada, não atrapalhe, o semáforo abriu. Aqui não é sua casa

Olhe e recorde. Olhe para este céu;

Olhe mais adentro para o límpido azul aéreo,

O ilimitado, o têrmo do suplicante.

Fale então e fale à santificada cúpula.

O que você escuta? O que o céu lhe responde?

Os céus estão ocupados. Aqui não ê a sua casa.

Olhe e recorde. Olhe para este mar; Olhe mais abaixo para a incansável maré. O que há sobre a vida submersa, uma vida interior. Um túmulo, um berço na encaracolada espuma?

As ondas levantam-se; ò vento e o mar concordam: As águas estão ocupadas. Aqui não é a sua casa.

Olhe e recorde. Olhe para esta terra, Olhe mais e mais longe por entre fábrica e relva.

Lá, certamente, lá, deixarão você caminhar.

Fale então e pergunte à floresta e à marga.

O que você escuta? O que a terra lhe ordena? A terra está ocupada. Aqui não é a sua casa.

Olhe e recorde. Você é uma espécie, uma classe do infortúnio.

Sujo, exaurido e faminto, vasculha no lixão um pão.

Escuta a voz do guarda, que lhe ordena – sai daí! Aqui não é sua casa.

                
Autor: Moussa Simhon


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