A importância da triagem clínica antes da coleta da bolsa de sangue



A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM CLÍNICA ANTES DA COLETA DA BOLSA DE SANGUE

Ana Paula Brasileiro de Souza¹, Luiz Felipe Malaquias¹, Jailma Vanderley de Sousa¹, Dulce²

 

RESUMO: Estudos mostram a grande importância da triagem clínica durante o processo de doação de sangue, isso porque é através dela que se pode evitar a transmissão de doenças que não são diagnosticadas através dos testes sorológicos, como tuberculose, herpes ou até mesmo no caso de candidatos que se infectaram recentemente, e que se encontram no período de janela imunológica apresentando assim falso negativo para os testes.

Palavras Chave: Triagem Clínica. Hemoterapia. Doação de Sangue.Profissional de Enfermagem.

 

ABSTRACT: Studies show the great importance of the trial during the process of donating blood, because it is through it that can prevent transmission of diseases that are not diagnosed by serological tests, such as tuberculosis, herpes or even in the case of candidates were infected recently and are on the window period, thus presenting false negative tests.

Keywords: Screening Clinic. Hemotherapy.Blood Donation.Professional Nursing.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

O objetivo da triagem clínica de doadores de sangue é proteger tanto os doadores, quanto os pacientes que vão receber a transfusão, selecionando indivíduos aptos com o objetivo de que não haja mal estar durante a doação, salvaguardar a saúde dos pacientes que necessitam do sangue e proteger a equipe de funcionários que vai lidar com seu sangue até a liberação laboratorial do mesmo. Consiste na avaliação da história clínica e epidemiológica do doador, de seu estado atual de saúde, seus hábitos e comportamentos frente à doação para determinar se ele está em condições ou não de doar(1-5). Antes da doação,portanto, o candidato será entrevistado por um profissional treinado e terá garantia de anonimato quanto as informações que forneceu sobre seu histórico de saúde, hábitos e comportamentos(2).

É na entrevista da triagem clínica que se podem identificar as situações de risco para a janela imunológica, uma vez que a transmissão de doenças pelo sangue não pode ser totalmente evitada com a realização dos testes sorológicos, além disso, pode haver omissão dos doadores durante a entrevista(3).

Isso mostra a importância de se fazer à triagem clínica de forma rigorosa, observando todas as informações que os doadores passarão durante a entrevista, para se evitar uma possível infecção,  sendo necessário para os enfermeiros competências específicas para a realização desta atividade(4).

Sendo assim, o objetivo desse estudo é mostrar a grande importância da realizaçãocorreta da triagem clínica antes da doação de sangue.

 

 

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo exploratório e retrospectivo, realizado por meio de uma pesquisa em bases de dados eletrônicas nacionais como: Scielo e Ministério da Saúde, no período de 2001 a 2010. Foram selecionados os estudos conforme os seguintes critérios: incluídas teses e dissertações que traziam a importância da triagem clínica de doadores de sangue como tema de pesquisa.

Para o desenvolvimento da pesquisa foram percorridas as seguintes etapas: estabelecimento do objetivo, dissertações; apresen­tação e discussão dos resultados. Os descritores utilizados foram: triagem clínica, hemoterapia, doação de sangue, profissional enfermeiro.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O esforço constante para reduzir cada vez mais os riscos relacionados à transfusão de sangue, principalmente no que se refere à transmissão de doenças, tem impulsionado a organização de serviços e procedimentos voltados para a seleção de doadores em condições adequadas de saúde. É neste contexto, que se apresentam os procedimentos da triagem clínica cujo objetivo é proteger tanto os doadores, quanto os pacientes que vão receber a transfusão. Na triagem clínica, triador e candidato, frente a frente, têm a oportunidade de avaliar, de acordo com requisitos e critérios definidos pelo Ministério da Saúde, situações e fatos que nenhum teste laboratorial é capaz de diagnosticar(5).

A triagem clínica é baseada na avaliação da história clínica e epidemiológica do doador, na sua saúde atual, e em seus hábitos e comportamentos, determinando assim se ele está em condições de doar, é realizada todas as vezes que o candidato aparece para doar mesmo que já tenha doado outras vezes. Esta triagem deve ser realizada por um profissional de nível superior capacitado para essa atividade, sendo que no caso de um profissional não médico este deve estar sendo supervisionado por um(3).

A transmissão de doenças pelo sangue, nem sempre é evitada pela realização somente dos testes sorológicos, isso porque o sangue pode estar contaminado e o teste apresentar um falso negativo, acontece geralmente em indivíduos que foram infectados recentemente e estão no período denominado janela imunológica. Esse período varia de acordo a doença e é durante a entrevista que se pode identificar o risco para a janela imunológica, sendo que é também fundamental para diagnosticar doenças que não são detectadas nos testes da triagem sorológica, como por exemplo, tuberculose, herpes e infecções bacterianas(5- 1).

Durante a triagem o questionário realizado visa identificar grupos de pessoas que devem ser excluídos da doação de sangue, estas são: Pessoas que usam ou já usaram drogas injetáveis, que tenham praticado sexo sem segurança, vítimas de estupro, pessoas que tenhampiercing ou tatuagem sem condições de avaliação quanto à segurança do procedimento. Também deve ser considerado o fato de se o doador foi vacinado recentemente, pois as vacinas impedem temporariamente a doação pelos seguintes motivos: Podem causar alteração nos resultados dos testes da triagem sorológica, ou o microorganismo da imunização, ainda que na forma atenuada, permanece por um determinado período circulante no sangue do doador. Nesse caso se o sangue for utilizado para transfusão em pacientes imunossuprimidos eles poderão desenvolver a doença para a qual o doador foi vacinado. Deste modo é fundamental que a entrevista seja realizada num espaço com privacidade para a conversa entre o profissional e o candidato. Não deve ser possível que outras pessoas ouçam os diálogos, mesmo em coletas externas. Além disso, a entrevista não deve ser interrompida por telefonemas ou solicitações externas, exceto em casos de emergência(2-5).

Durante o período de entrevista deve ser esclarecido ao candidato sobre o voto de exclusão, no qual ele irá refletir em um local isolado, sobre seu estilo de vida e de maneira confidencial decidir se apresenta ou não comportamento de risco. Caso opte pela auto exclusão sua bolsa será descartada, porém serão realizados os testes da triagem sorológica, sendo assim, o candidato voluntário que se dirige ao banco de sangue será, ou não efetivamente um doador, dependendo das três etapas da triagem que são a avaliação de suas respostas ao questionário clínico, seu voto de auto exclusão e os resultados dos testes sanguíneos para os agentes infecciosos(2).

Estudos mostram que metade dos doadores diagnosticados como portadores do HIV, mentiram na triagem anterior a coleta, prosseguindo com a doação. Sabe-se também que outra grande parte de candidatos à doação vão ao hemocentro com o intuito dos exames sorológico fornecidos, ou seja, exclusivamente para o diagnóstico laboratorial de alguma infecção. O que evidencia ainda mais a necessidade de esclarecimentos ao doador, quanto a importância de suas informações serem verídicas e em caso de constrangimento durante a entrevista que façam uso da auto exclusão de sua bolsa. Portanto, ações de educação em saúde com o objetivo de orientar os candidatos á doação sanguínea quanto à responsabilidade das informações fornecidas na triagem clínica e na tomada da decisão de doar sangue são de grande importância para a segurança do ato transfusional(6-7).

 

CONCLUSÃO

Os resultados desta pesquisa fortalecem a importância da triagem clínica, como cuidado de enfermagem para o doador, no momento em que realiza promoção à saúde, além de assegurar ao receptor a qualidade do sangue a ser transfundido. Ressalta também a necessidade do entrevistador estar apto, para essa atividade de modo a compreender a individualidade de cada doador e apartir disso tomar as atitudes apropriadas(3).

O sucesso da entrevista de triagem depende muito da relação de respeito e confiança estabelecida desde o primeiro contato, pois durante toda a entrevista o profissional deve deixar claro a sua ética quanto aos dadosfornecidos pelo doador, e tão importante quanto isso é fazer desse momento o mais natural possíveldando ao candidato oportunidade de se manifestar livremente e explicando-o que para garantir a segurança de quem vai receber a transfusão, serão realizados, no seu sangue, vários testes sorológicos mais que nada substitui o questionário sendo de grande importância ser verdadeiro quanto a suas respostas (5-3).

E por fim no caso de candidato considerado apto, a entrevista deve ser finalizada explicando-lhe quais os próximos passos para a doação reforçando sobre o voto de auto exclusão de sua bolsa e sobre possíveis reações que pode sentir durante o processo da coleta. Já no caso de candidato inapto deve-se deixar claro o motivo de sua inaptidão, esclarecendo qualquer dúvida e dando importância as informações que ele forneceu orientando-o quanto a época de seu retorno para uma nova doação no caso de inaptidão temporária, e no caso de inaptidão definitiva deixe claro que ele não poderá doar sangue(5).

 

REFERÊNCIAS

1.www.saude.mt.gov.br/hemocentro/pagina.php?id=81

2. www.ib.usp.br/microgene/files/biblioteca-18-PDF.pdf

3. Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn), Competências da enfermeira para a triagem clínica de doadores de sangue.  Porto Alegre, RS (2010)

4. Conselho Federal de Enfermagem (BR). Resolução n. 306 de 2006. Fixa as competências e atribuições do enfermeiro na área de hemoterapia. Brasília: COFEn; 2006. [citado em: 2009 nov 23]. Disponível: http://www.portalcofen.gov.br.      

5. Ministério da Saúde (BR). Coordenação nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids. Triagem clínica de doadores de sangue. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.         

6. Folha Online, Doadores de sangue mentem na triagem, aponta pesquisa; 11/05/2008 - 21h54.

7. 61º Congresso Brasileiro de Enfermagem;A inaptidão de candidatos à doação de sangue relacionada à vulnerabilidade das DST/HIV.

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Autor: Jailma Vanderley De Sousa


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