Problema de aprendizagem



DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 

PROFESSOR ESP. JOÃO BOSCO MARTINS 

RESUMO 

INTRODUÇÃO Este trabalho apresenta uma reflexão sobre aspectos relativos às dificuldades de aprendizagem, bem como a importância da Psicopedagogia em estabelecer diretrizes para a resolução dessas dificuldades e a responsabilidade  do educador em proporcionar o bom desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Durante muito tempo, a criança com dificuldades de aprendizagem, era encaminhada a um especialista para confirmar sua “normalidade”. Conforme fosse o resultado desse diagnóstico, a criança era encaminhada para classes ou escolas especiais que ofereciam um ensino diferenciado, contudo todo esse processo de deslocamento consequentemente também vinha de encontro com um processo de desmotivação por parte da criança, tendo em vista ser necessário um novo processo de adaptação a uma nova estrutura educacional, a novas relações humanas com os colegas, enfim, a todo um retrocesso do intuito de sanar a dificuldades apresentadas pelo aluno. Quando professores e educadores têm uma reflexão psicopedagógica é mais fácil analisar o porquê do seu aluno não aprender e quais os fatores que levam o aluno a ter dificuldades no processo de aprendizagem. 

            O termo dificuldade de aprendizagem' começou a ser usado na década de 60 e até hoje - na maioria das vezes - é confundido por pais e professores como uma simples desatenção em sala de aula ou 'espírito bagunceiro' das crianças. Mas a dificuldade de aprendizagem refere-se a um distúrbio - que pode ser gerado por uma série de problemas cognitivos ou emocionais - que pode afetar qualquer área do desempenho escolar. Na maioria dos casos é o professor o primeiro a identificar que a criança está com alguma dificuldade, mas os pais e demais membros da família devem ficar atentos ao desenvolvimento e ao comportamento da criança.

            Segundo especialistas, as crianças com dificuldades de aprendizagem podem apresentar desde cedo um maior atraso no desenvolvimento da fala e dos movimentos do que o considerado 'normal'. Mas os pais têm que ter cuidado para não confundir o desenvolvimento normal com a dificuldade de aprender.

            A psicóloga Maura Tavares Rech, especialista em psicoterapia infantil, afirma que "toda a criança tem um processo diferente de desenvolvimento - umas aprendem a andar mais cedo, outras falam mais cedo - e isso é absolutamente normal, não existe um 'padrão' de desenvolvimento. Portanto é importante que os pais respeitem o desenvolvimento geral da criança. Nesta fase o pediatra torna-se um grande aliado dos pais", diz a psicóloga.

            Crianças com dificuldades de aprendizagem geralmente apresentam desmotivação e incômodo com as tarefas escolares gerados por um sentimento de incapacidade, que leva à frustração. Neste caso, a orientação da psicóloga é de "valorizar o que a criança sabe para fortalecer sua auto-estima". Mostrar para a criança o quanto ela e boa em tarefas na qual ela tem habilidade e incentivá-la a desenvolver outras tarefas nas quais ela não é tão boa, é fundamental.

            "Os pais têm que dar segurança e atenção para ensinar a criança a aceitar as frustrações", diz Maura. Criar um ambiente adequado para que ela desenvolva o estudo e estabelecer limite de horários para a realização das tarefas são outras dicas importantes da psicóloga.

            Mas não se deve confundir dificuldade de aprendizagem com falta de vontade de realizar as tarefas. Maura afirma que problemas de aprendizagem podem ser causados por uma simples preferência por determinadas disciplinas ou assuntos. "Nestes casos um professor particular pode, muitas vezes, resolver o problema", diz ela. Se os pais acreditam que seu filho apresenta dificuldades de aprendizagem, devem procurar um profissional para receber as orientações. Neste caso, os psicólogos com especialização em clinica infantil, são os profissionais adequados para realizar uma avaliação e tratar da criança, se o problema for gerado por fator emocional. Caso o diagnóstico da criança for dificuldade cognitiva, a criança deve ser encaminhada para um psicopedagogo que poderá ajudar no desenvolvimento dos processos de aprendizagem.

            Para obter resultados concretos é preciso ser feito um trabalho em conjunto entre pais, psicólogos, escolas e professores, que deverão estar envolvidos com um único objetivo: ajudar a criança. E é imprescindível que os pais conheçam seus filhos e conversem freqüentemente com eles para que possam detectar quando algo não vai bem.

 

2.1 A FUNÇÃO DA ESCOLA

 

            A Escola é um dos lugares socialmente instituídos para a criança se inserir na cultura urbana, para que se relacione com o outro e com o conhecimento. É parte de uma dinâmica, onde o sujeito organiza e interpreta suas relações com o mundo interno e externo. É nela que aprendemos, a ler e a escrever, dois objetos socioculturais fundamentais numa sociedade letrada. Não ler e escrever, hoje, significa não dispor dos instrumentos básicos para inserção e participação social, para a constituição da cidadania. A Escola tem um papel realmente importante na vida de uma pessoa porque é na Escola que começa a ter uma Educação profissional de qualidade e também é por ela que todo mundo começa a formar a sua própria opinião e assim poder tomar decisões por contar própria sem contar que a Escola é responsável por formar profissionais para o mercado de trabalho. Por meio dela os jovens podem decidir qual vai ser o seu futuro.

 

O papel da Escola passa pela porta do conhecimento. É ajudar o ser que está em formação a viver, a encarar a vida. O papel da educação é de ensinar a enfrentar a incerteza da vida; é de ensinar o que é o conhecimento, instruir o espírito a viver e a enfrentar as dificuldades do mundo. Edgar Morin (1921,p 56).

 

            Ela se situa de forma cada vez mais evidente em meio a um interesse de classes distintas com necessidades distintas. É vista com vários olhos, tanto como objeto educacional quanto um refúgio. Muitos pais pensam que a Escola se torna um meio de estar se livrando dos seus filhos e querem a Escola dêem a Educação adequada para eles. A incoerência social da Escola é fruto da Incoerência social da Sociedade, frutos da ganância e ambição de muitos. Como função social a Escola é um local onde visa a inserção do cidadão na sociedade, através da interelação pessoal e da capacitação para atuar no grupo que convive. Forma cidadãos críticos e bem informados, em condições de compreender e atuar no mundo em que vive.

 

"É na Escola que se constrói parte da identidade de ser e pertencer ao mundo; nela adquirem-se os modelos de aprendizagem, a aquisição de princípios éticos e morais que permeiam a sociedade; na Escola depositam-se expectativas, bem como as dúvidas, inseguranças e perspectivas em relação ao futuro e às suas próprias potencialidades". (BORSA, 2007, p 02).

                        A Escola tem um compromisso com a Educação, devendo atuar forma abrangente, não só tendo como objetivo a instrução. Deve manter uma visão holística, procurando avaliar, para melhorar, todos os aspetos dos quais o ser humano é constituído. Deve prover os indivíduos não só, nem principalmente, de conhecimentos, idéias, habilidades e capacidades formais, mas também, de disposições, atitudes, interesses e pautas de comportamento. Assim,  tem como objetivo básico a socialização dos alunos para prepará-los para sua incorporação no mundo do trabalho e que se incorporem à vida adulta e pública. A Escola não foi inventada nem para o aluno, nem para o professor, nem para o político, nem para o pedagogo, nem para o sociólogo. A Escola foi inventada para que os que não sabem possam aprender com os que sabem. Ou seja, para o Ensino.

            A possibilidade de formar o cidadão para o mercado de trabalho e para a vida está diretamente ligada à freqüência Escolar, à superação das exigências impostas nas instituições, às adaptações aos ritos de passagem. Portanto, as Escolas contribuem para que as sociedades se perpetuem, pois transmitem valores morais que integram as sociedades. Mas elas também podem exercer um papel decisivo nas mudanças sociais.

 

2.2 A FORMAÇÃO DO ALUNO

 

                        A educação contemporânea não deve se limitar a formar alunos para dominar determinados conteúdos, mas sim que saibam pensar, refletir, propor soluções sobre problemas e questões atuais, trabalhar e cooperar uns com os outros. A escola deve favorecer a formação de seres críticos e participativos, conscientes de seu papel nas mudanças sociais.

            A Escola também deve preparar o aluno para o convívio com outros humanos, ensinando-os a arte da tolerância, dos limites sociais, do direito, das regras sociais de convivência, do princípio da hierarquia. O conhecimento produzido pela humanidade traduz-se, na Escola, nas diferentes disciplinas (História, Geografia, Ciências, Línguas) e deve receber um tratamento didático adequado para que possa ser assimilado, entendido e recriado pelos alunos.

                        Educar uma pessoa que já é educada torna-se uma tarefa árdua, porque, no momento em que uma criança chega à sala de aula, já é portadora de certos conhecimentos que adquiriu junto a sua comunidade. Transformar e/ou acrescentar mais conhecimentos é a tarefa do profissional da Educação que trabalha com esse indivíduo. Isso se torna difícil, pois apenas se faz o papel de mediador, não de transformador de conhecimentos. A criança apenas irá complementar sua sabedoria.

                        Uma escola deve favorecer a formação de cidadãos conscientes e atuantes, possibilitarem o desenvolvimento da capacidade de pensar, raciocinar, descobrir e resolver problemas, de forma envolvente e que possibilite a satisfação interna de seus alunos.

            Alunos e professores ao pesquisarem em conjunto aprendem a criticar, a ver mais claramente, a pensarem em um nível mais elevado. O aluno pode desenvolver uma consciência critica e cidadã, capaz de identificar as forças de opressão que estão ao seu redor. O professor desenvolve maior autoridade sobre o seu próprio trabalho e pensamento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

            O aluno com dificuldade de aprendizagem pode exigir um atendimento variado, incluindo: aulas particulares, aconselhamento acadêmico especial, desenvolvimento de habilidades básicas, assistência para organizar e desenvolver habilidades de estudo adequadas e/ou atendimento psicopedagógico. Alguns alunos com dificuldades de aprendizagem não exigem o uso extensivo de pessoal técnico, fundos extras ou a ajuda de professores, mas pode precisar de modificações apropriadas no programa e subsídios para auxiliá-los. Estes incluem leitores, copiadores, anotadores, uma prática que lhes garanta mais tempo para realizar trabalhos, projetos ou testes e, livros ou conferências gravadas.

            Para Fonseca (1995), a criança com dificuldade de aprendizagem não deve ser “classificada” como deficiente. Trata-se de uma criança normal que aprende de uma forma diferente, a qual apresenta uma discrepância entre o potencial atual e o potencial esperado. Não pertence a nenhuma categoria de deficiência, não sendo sequer uma deficiência mental, pois possui um potencial cognitivo que não é realizado em termos de aproveitamento educacional.

            As escolas precisam fornecer às pessoas com dificuldades de aprendizagem uma educação apropriada, incluindo bons sistemas escolares, bons profissionais que se dediquem ao diagnóstico cuidadoso e ao atendimento remediador de qualidade.

            Diante das situações de desafio que a criança aprende a construir seus conhecimentos que devem ser desbloqueados dentro das possibilidades tanto da família, como da escola.

            Entender estes anseios da escola como um pilar do conhecimento e saber cultural de um povo que tem por finalidade ofertar ao individuo todo este cabedal de historia faz com que ela se coloque em dados momentos inquisitório do aluno que não alcança este primor, mas a põe diante de um dilema crucial incluir ou excluir o diferente?

            A relação destes dois contextos se interpõe e se conflita na tentativa de se achar um denominador comum que venha beneficiar o aluno.

            Precisamos modificar metodologias, idéias e desmistificar o medo ao novo, ao diferente procurando dentro de conhecimentos inovadores a cultura do sucesso deste aluno.

            Se o aluno for estimulado a desenvolver suas potencialidades, suas habilidades indo de encontro ao seu sucesso escolar são de grande valia seu estudo.

            A dificuldade de aprendizagem deve apontar estratégias que possam possibilitar um bom rendimento do aluno partindo de uma investigação junto à família e também ao seu contexto escolar, desde suas relações com colegas, professor e das metodologias adotadas dentro das práticas escolares, uma vez que esta relação não se dá no vazio.

            Existe um contexto de nuances variado que vai desde o espaço físico de sala de aula até o mundo extra-escolar.

            A escola precisa buscar não somente os seus interesses, mas que descubra nas suas características e resistências mecanismos para não culpar a criança pelo seu fracasso escolar. A escola precisa ser escola, e assim se tornar um lugar de desenvolvimento humano, de humanização. A escola deve ser uma referência de esperança.

            Contudo, espera-se, com este trabalho, contribuir no sentido de uma atuação mais consciente do professor em sala de aula, com vistas, principalmente, a melhorar a auto-estima e a relação de nossos alunos com o estudo.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 

BARBOSA, L. M. S. A Evolução da escrita na humanidade e o processo de aquisição da linguagem escrita. Campinas: Material digitado e apostilado, 1987.

BELLEBONI, Aline Berghetti Simoni. Qual o Papel da Escola Frente às Dificuldades de Aprendizagem de Seus Alunos? Disponível em:

http://www.profala.com/arteducesp72.htm. Acesso em: 29 de Outubro de 2011.

BORSA, Juliane Callegaro. O Papel da Escola no Processo de socialização infantil.

Disponível em: www.psicologia.com.pt/artigos/textos/A0351.pdf. Acesso em: 29 de Outubro de 2011.

CAMPOS. Shirley de. Dificuldades na aprendizagem. 15 jun. 2003. Disponível em: . Acesso em: 04  novembro 2011.

DAVIS, Cláudia. Psicologia na Educação. São Paulo, Ed. Cortez, 1991.

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Autor: João Bosco Martins


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