Introdução à filosofia.



SANTOS, R.S.

Graduando da Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas


INTRODUÇÃO

A história da filosofia pode ser estudada como uma introdução à filosofia porque apresenta a origem da filosofia. Mas é objeto da história da filosofia ensinar como a filosofia apareceu no tempo.

A história da filosofia não tem por objetivo sucessos ou acontecimentos externos, uma vez que ela própria é a evolução do conteúdo da filosofia, como conteúdo aparece no campo da história.

A filosofia abre um campo de visão muito grande mediante aos nossos olhos, aqui discorreremos, a saber, qual é o ponto de partida pra se começar a filosofar, onde nasce esse desejo incansável em busca do saber.

INTRODUÇÃO À FILOSOFIA.

 Nascimento da filosofia

No período em que se estudavam os mitos, suas origens, desenvolvimento e significado existiam várias formas de tornar compreensível o surgimento de todas as coisas.

Mito: Além da acepção geral de “narrativa”, na qual essa palavra é usada, por exemplo, na Poética (I, 1451 b 24) de Aristóteles, do ponto de vista histórico é possível distinguir três significados do termo: 1º M. como forma atenuada de intelectualidade; 2º M. como forma autônoma de pensamento ou de vida; 3º M. como instrumento de estudo social. (ABBAGNANO, N, apud Dicionário de Filosofia, 2007 p. 784).

Houve um momento em que tais explicações deixaram de ser suficientes para levar as pessoas, seja por meio da razão ou de provas incontestáveis, a acreditarem em tais explicações.

Surgiu então a filosofia, uma forma de conhecimento capaz de explicar as diversas mudanças e maravilhas que ocorriam na natureza, pois a mitologia – ciência que estudava os mitos – já não conseguia mais dar conta de explicar fatos que nem mesmo ela, com toda sua sabedoria, conseguia compreender.

Mitologia: 1 conjunto de mitos característicos de uma determinada cultura ou tradição. Ex.: Mitologia grega, mitologia egípcia, mitologia nagô. 2 Estudo ou interpretação dos mitos, de sua origem e de seu sentido, do ponto de vista filosófico, antropológico e cultural. Ex.: a filosofia da mitologia, de Schelling. (JAPIASSÚ, H; MARCONDES, D, apud Dicionário Básico de Filosofia, 2006, p. 198).

Apesar das contradições da mitologia, a filosofia nasceu fortalecida por fatos históricos que aconteceram e contribuíram para esclarecer as diversas modificações ocorridas.

Os fatos históricos que fortaleceram o avanço da filosofia foram:

Viagens marítimas: navegando por territórios antes desconhecidos os gregos perceberam que as criaturas imaginárias criadas pela mitologia grega não eram reais e que também não existiam deuses em outras regiões, como sugeria a mitologia e sim seres humanos. Também concluíram que os mares não eram moradia de monstros e outros seres. Com as viagens o mundo perdeu seu caráter mítico ou lendário, os exploradores descobriram um mundo repleto de belezas e conhecimentos, seu surgimento foi sendo esclarecido pouco a pouco, mistério este que a mitologia já não conseguia explicar.

Invenção do calendário: Os gregos aprenderam que era possível contar o tempo das estações do ano, definindo quando e de que forma aconteciam as mudanças do clima e do dia, notando que o tempo passava por transformações espontaneamente e não por intervenções divinas.

Invenção da moeda: Os gregos aprenderam a a arte de negociar, não mais se efetuava a venda de uma mercadoria aceitando como pagamento a troca por mercadoria semelhante, o pagamento tornou-se monetário, ou seja, a moeda substituiu o poder de troca.

Surgimento da vida urbana: O desenvolvimento da cidade trouxe aos gregos uma situação financeira mais igualitária, o prestígio social que antes era benefício de apenas algumas famílias diminuiu, assim como o prestígio que detinham. As artes ganharam patrocinadores, estimulando assim o surgimento de novos artistas. Invenção da escrita alfabética – O uso do alfabeto fez com que os gregos se expressassem de forma mais clara, colaborando para que suas ideias fossem melhor compreendidas e difundidas pelo mundo afora, levando a sabedoria as pessoas.

Invenção da política: Surgiram novas fontes de informação, a lei passou a abranger muitas outras coisas e chegou até as pessoas, criou-se uma área pública voltada para discursos e debates, local no qual os gregos debatiam e propagavam suas ideias a respeito da política – Em meio essas descobertas surgem os primeiros filósofos os Pré-Socráticos, com a intenção de desmistificar o mito, e criar uma nova concepção de verdade  e de mundo.

Os Pré-Socráticos

A filosofia surge para destruir conceitos acerca do mito, trazendo consigo os primeiros filósofos chamados de Pré-socráticos - cada um com sua teoria tentando explicar a verdadeira origem do mundo e o que nele existe, ou seja cosmologia: 

Tales de mileto: a água é o principio de todas as coisas.

Anaxímenes: o ar é o principio de todas as coisas.

Anaximandro: apeinon ou ilimitado.

Pitágoras: tudo pode ser representado por números.

Heráclito: tudo flui nada permanece o mesmo.

Parmênides: sem mudança, estático, sem movimento, sem transformação, idêntico.

Esses são alguns dos Pré-Socráticos que marcaram a história da filosofia na tentativa de descrever o mundo – como podemos perceber a filosofia é uma forma de pensamento pra tentar descrever alguma realidade através da razão.

A grande aventura intelectual dos gregos não começou propriamente na Grécia continental, mas nas colônias e da Jônica e da Magna Grécia, onde florescia o comercio. Os primeiros filósofos viveram por volta dos séculos VII e VI a.c e, mais tarde, foram classificados como pré-socrático, quando a divisão da filosofia grega centralizou-se na figura de Sócrates. (Os Pré-Socráticos, apud Os pensadores, 1985, p. 1).

 Sócrates e o Processo do Filosofar

Sócrates (c. 470-399 a.c). Nasceu e viveu em Atenas, Grécia. Filho de um escultor e de uma parteira, seu pensamento filosófico começa a partir do momento que ele vai até o templo de Delfos ao encontro da pitonisa, ela fala pra ele, que ele é o homem mais sábio dos homens, mas Sócrates não admite ser sábio “Só sei que nada sei”, logo depois começa sua caminhada pela cidade em busca do homem mais sábio.

Sócrates na tentativa de encontra o homem mais sábio, causa inimizade entre os cidadãos atenienses, começa a sofrer ataques quanto a sua moral diante do povo de Atenas, certos grupos começaram a ver seus questionamentos como muito perigosos para a cidade de Atenas, estavam olhando-o como um traidor, e assim ele é acusado de cultuar Deuses que não eram o da cidade de Atenas e o de perverter a juventude com ideias diferentes de Atenas.

A partir daqui surgi o método Socrático: exortação, indagação, ironia e maiêutica, que consiste levar ou induzir uma pessoa, por ela própria, ou seja, por seu próprio raciocínio, ao conhecimento ou à solução de sua dúvida e pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão de que o seu conhecimento é limitado.

Ele tenta se defender em público com uma grande argumentação, porém o grupo que queria afastá-lo da cidade ganhou a votação e ele foi condenado à morte. Sócrates aceita sua sentença e bebe cicuta, como foi promulgado em sua sentença.

Se imaginais que, matando homens, evitareis que alguém vos repreenda a má vida, estais enganados; essa não é uma forma de libertação, nem é inteiramente eficaz, nem honrosa; esta outra, sim, é a mais honrosa e mais fácil; em vez de tapar a boca dos outros, preparar-se para o melhor possível. Com este vaticínio, despeço-me de vós que me condenastes. (Os Pré-Socráticos. apud Os pensadores, 1985, p. 26).

Podemos perceber que o processo do filosofar de Sócrates é a partir de sua curiosidade, de querer saber se existe alguém mais sábio do que ele, basta então seguir o exemplo deste filosofo a começar pela curiosidade, para tentar compreender algumas questões que supostamente já levantamos: o que é o tempo? O que é o sonho? O que o amor? Essas e outras perguntas rodeiam o nosso pensamento na qual cada vez que tentarmos responde-las terá varias definições diferentes.

A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos prejuízos, aos fatos e as ideias da experiência cotidiana, ao que todo mundo diz e pensa, ao estabelecido.

A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.

Todo ser humano tem à capacidade de filosofar basta ter curiosidade pra tentar compreender qualquer questão que o cerca, agindo desse modo estaremos exercitando a nossa razão para um pensar racional.

Kant, filósofo alemão, assim se refere ao filosofar: Não é possível apreender qualquer filosofia; só é possível apreender a filosofar, ou seja, exercitar o talento da razão, fazendo-a seguir os seus princípios universais em certas tentativas filosóficas já existentes, mas sempre reservando à razão o direito de investigar aqueles princípios até mesmo em suas fontes, confirmando-os ou rejeitando-os. (Kant, Immanuel, apud Crítica da razão pura, 1980. p, 407).

CONSIDERAÇÔES FINAIS

A todo o momento o ser humano busca respostas acerca dos problemas que giram em torno de si e do mundo; automaticamente sem perceber está entrando no campo da filosofia (indagação) – todas as questões que giram em torno do mundo tem uma possibilidade de ser respondidas pela filosofia.

A Introdução ao ato de filosofar na maioria das vezes fazemos sem perceber; basta queremos saber acerca de tal coisa, aquilo que a coisa é na sua originalidade, a todo o momento o ser humano busca saber de si mesmo e do mundo em que vive.

A filosofia abre um campo de visão muito grande mediante aos nossos olhos, aqui discorreremos, a saber, qual é o ponto de partida pra se começar a filosofar, onde nasce esse desejo incansável em busca do saber.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ARANHA, M.L.A; MARTINS, M.H.P. Filosofando, introdução à Filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003.

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia, 1º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

CHAUI, M. Convite à Filosofia. 7º ed. São Paulo: 2001.

HEGEL, G.W.F, Introdução à história da filosofia. São Paulo: Hemus, 1976.

JAPIASSÚ, H; MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia, 4º ed. Rio De Janeiro: Zahar, 2006.

KANT, I. Crítica da razão pura, 3º ed. São Paulo: Abril Cultura, 1980.

OS PRÉ-SOCRÁTICOS. Os pensadores, 3º ed. São Paulo: Abril Cultura, 1985.

OS PRÉ-SOCRÁTICOS. Os pensadores, 3º ed. São Paulo: Abril Cultura, 1985.

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Autor: Robert Sodre Dos Santos


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