História das ligas camponesas no Brasil



História das Ligas Camponesas no Brasil.

Autor: José Patrocínio de Souza.

PALAVRA - CHAVE

 Ligas camponesas, Líderes e dimensão.

I- AS LIGAS CAMPONESAS

Período, de 1945 á 1947·.

O retorno do País ao regime de garantias democráticas nos meados de 1945, interrompidos pelos dez anos de ditadura na era Vargas, propiciou de certa forma uma grande mobilização de massas camponesas na maioria dos estados brasileiros. Com este esforço todo se destacou naquele período o partido Comunista como uma única organização que se dedicava ás massas rural. As outras agrupações políticas se limitavam ao simples e periódico manejo eleitoral das pessoas do campo principalmente os latifundiários. 

Organizar sindicalmente os trabalhadores agrícolas apesar de não ser proibido, tornou-se, no entanto, quase impossível, principalmente na solicitação de certos documentos de personalidade judicial.

Porém depois de muito tempo conseguiram registrar os primeiros sindicatos rurais, em 1933, o dos trabalhadores do município de Campos no Rio de Janeiro, e em 1954, quando se registrou o sindicato dos trabalhadores da usina Barreiros no Pernambuco, somente essas duas organizações, e duas ou três possivelmente sendo duas em São Paulo e outra na Bahia, funcionava na área rural Brasileira.

Outras organizações rurais sindicais que se estruturavam, nesse período, não eram reconhecidas pela lei como tais. Até 1963, no Brasil, existia, de júri, uma relativa liberdade sindical estabelecida no Direito Positivo (Consolidação das Leis de trabalho) e, de fato, uma rígida restrição ao sindicalismo político de governantes comprometidos com os latifundiários.

Pelo fato de não se poder superar esses limites rígidos institucionais, a única possibilidade residia em atuar dentro do âmbito do Código Civil, o mesmo que admite a organização de associações de caráter não especificamente trabalhista. Neste caminho operam os ativistas do partido Comunista realizando em 1945 e 1947, uma grande e organizada mobilização de trabalhadores agrícolas em quase todos os estados brasileiros. Onde foi fundadas centenas de ligas camponesas, que reuniram milhares de pessoas.

Desta forma foram alcançaram êxito que foi e são muito importante que nem os grandes índices de analfabetismo do meio rural impediram a eleição deste considerável numero de representantes de assembleias estaduais e municipais, com a grande contribuição do voto camponês é claro.

Contudo a própria estrutura orgânica do partido comunista, tratava-se de um movimento camponês altamente centralizado. Alem de receber orientação de uma dezena de jornais diários e outros eventos como seminários comunistas das ligas camponesas se orientavam por seu próprio jornal, Terra Livre, fundado em São Paulo em meados de maio de 1949 e, circulava semanalmente segundo seus recursos financeiros. O folheto de Zé Brasil, que reflete mais que nenhum outro a tragédia camponesa, alcançou, durante anos seguidos milhões de exemplares, com grande circulação especialmente no setor rural.

Portanto nesta época não se formaram líderes camponeses de grande projeção nacional regional ou local, pois, como se disse as ligas camponesas eram organizações – apêndice da estrutura unitária e centralizada do Partido Comunista. Seu líder era o mesmo partido, Luis Carlos Prestes, que, não poucas vezes, aparecia instalando pessoalmente Ligas camponesas.

A apropriação do Partido Comunista em 1947 significou, principalmente, o fechamento das Ligas Camponesas e foi no setor rural onde ocorreu a maior parte dos assassinatos, prisões e especialmente perseguições com que o governo Dutra marcou a adoção daquela medida arbitrária.

Segundo uma analise sucinta destes movimentos e organizações de trabalhadores agrícolas do Brasil, no período de 1945 á 1947, nos leva ás seguintes conclusões básica:

- Organização de trabalhadores rurais não somente abarcava os assalariados agrícolas de áreas da agricultura comercial, mas também penetravam em setores camponeses especialmente os pequenos arrendatários, parceiros e posseiros localizados em quase todos os Estados brasileiros.

 -As organizações atuavam segundo as táticas ditadas pelo Partido Comunista, que propugnava uma política de acumulação de forças (militares de seus eleitores), sob a palavra de ordem de uma unitária e disciplinada aliança operário – camponês.

- Havia uma profunda dependência política dos movimentos operários das cidades e dos campos campo, dada à preponderância operaria entre os dirigentes intermediários do partido, que era o único elemento da catalisação e de orientação dos trabalhadores rurais.

Só lembrando, que não houve lideres camponeses de grande significado, especialmente pela pouca influencia ideológica do campesionato nas teses programáticas do movimento camponês.

II- PERIÓDO DE 1948 A 1954

Com a proscrição do partido Comunista se demonstrava seu desmoronamento, reduzia-se extraordinariamente as organizações de trabalho no Brasil. Em meados de 1958, as ligas camponesas ficaram quase apagadas do cenário rural brasileiro. Só umas quantas funcionavam de forma clandestinas ou extralegalmente aventurando-se uma vez por outra, a realizar atos públicos, quase sempre reprimidos e violentamente pela política. Sob as duras condições de clandestinidade, o partido comunista concentrou sua atividade nos núcleos urbanos, reagrupando seus militantes nos lugares onde não foi tão acentuada a desarticulação de seus organismos intermediários e de base. 

Em 1945-1947, quatro acontecimentos importantes ao tocante às lutas camponesas aconteceram, que foi a guerrilha de porecatu, a revolta de dona Noca, o território livre do formoso e o primeiro congresso Nordestino de trabalhadores agrícolas.

A guerrilha de porecatu apareceu em 1950, na margem esquerda do curso médio do rio Paranapanema, que divide São Paulo e Paraná. A área conflitada começa no município de Porecatu (P R). Originou-se de um processo de litígios sangrentos entre posseiros e latifundiários, que disputavam vastas áreas de terras no Paraná penetradas pelos gaúchos e nordestinos.

Jacinto, um artesão rural e imigrante nordestino, que acompanhou de perto os mais importantes conflitos desta área. A guerrilha de porecatu , depois de dois meses de impetuosa atuação , dissolveu-se por ingerência do comitê regional do partido comunista , que constatou não haver condições históricas para a sobrevivência do movimento armado.

            A revolta de Dona Noca, deu-se em 1951, no interior do Maranhão. Constituiu-se numa ação paralela ás lutas de rua que se desenvolveram na cidade de São Luis, capital do Estado, que era liderada pelo o jornalista Neiva Moreira e pela líder comunista local, a Drª. Maria Aragão.

Estudantes e operários desta época buscavam de certa forma impedir que o governador tomasse posse, este governador era o Eugenio de Barros, enquanto isso, a prefeita do município de São José dos patos a Joana da Rocha Santos (Dona Noca), latifundiária de tendência liberal, decidiu-se também, a impedir a posso do governador do nordeste. Porém esta viajou para a metrópole de Recife, onde comprou armas e munições e as conduzia ao interior do Maranhão. Onde organizou ali uma milícia de centenas de pessoas formada por camponeses e nomeou o “general Bastos” (um estudante de direito) comandante da revolução. Em uma semana a milícia camponesa conquistou as cidades de Pastos Bons, Mirandouro, passagem Franca e, depois do assalto ao povoado d Mangas (ás margens do rio Parnaíba), ameaçou invadir o Piauí. Porém derrotados no morro do Mutum (entre as cidades de Barão de Grajaú e São João dos Patos), os camponeses dispersaram-se após trinta dias, tempo que durou a revolta Dona Noca.

O território livre do formoso foi uma de quase dez mil quilômetros quadrados em Goiás. Os posseiros dali, sob a liderança do camponês José Porfírio, resistiram aos latifundiários. Em choques armados contra estes e contra as forças policiais que apoiavam os latifundiários, os camponeses de José Porfírio saíram vitoriosos, proclamando territórios livres e áreas localizadas entre o rio Tocantins e seu afluente, o rio formoso.

III- RESURGIMENTO DAS LIGAS CAMPONESAS.

Em 1954, eram poucas as organizações camponesas que funcionavam e pouquíssimas as que conservavam o nome de Ligas. Uma delas era a Liga Camponesa de Iputinga, localizada nos arredores de Recife, que subsidia apesar das constantes prisões de seus lideres e das crescentes suspensões de atividades sofridas. Tratava-se de uma organização antiga, dirigida por José Ayres dos Prazeres, seu irmão Amaro de Capim, o dirigente comunista Carlos Cavalcante e outros.

José dos Prazeres havia sido um criador tradicional de Ligas camponesas em anos anteriores. Era um antigo trabalhador pelas causas sociais desde a primeira década do século quando na cidade de Recife sofreu sua primeira prisão ao tentar, com outros companheiros, embarcar em um navio capitaneado por um militante anarquista, que recrutava voluntários para combater em prol da revolução mexicana. Anos atrás provavelmente em 1906, esteve perseguido pelo fato de coletar ajuda para os socialistas russos durante uma campanha financeira encabeçada pelos os jornais sulinos Terra livre e Novo Rumo, que José dos Prazeres distribuía em Pernambuco.

IV- LIDERANÇA

Entre os membros do primitivo Conselho Regional das Ligas, o advogado mais experiente era o deputado Francisco Julião que, imediatamente, projetou-se como presidente de honra do movimento camponês. Naquela ocasião, sua atividade se dirigia a um interesse exclusivamente eleitoral. Na verdade, não havendo obtido votos suficientes para eleger-se deputado estadual, tendo sido eleito por votação geral dos outros partidos socialistas, Juliao deveria fazer grandes esforços para conseguir uma reeleição para o quadriênio seguinte. Daí que, como advogado, buscava defender qualquer tipo de causa que resultasse em projeção política eleitoral.

Para toda uma geração de humilhados e ofendidos, foi essencial essa postura de Francisco Julião. De sua casa saia o camponês falando para os quatro ventos da “bondade do doutor Julião”, aumentando ainda mais seu prestigio pessoal entre os desamparados.

V- FATORES DE EXPANSAO DAS LIGAS CAMPONESAS

Foram tantos os fatores, que influíram para a expansão das ligas camponesas. O principal deles foi a ampliação das liberdades democráticas no pais , cujo processo começou com a eleição de Kubistchek e Goulart á presidência e vice- presidência  da republica , respectivamente. A fome e reforma agrária eram temas que,entre outros,dia após dia,iam deixando de ser tabus para converte-se em assuntos correntes tratados pelos jornais e outros de comunicação.  Cada dia que passava, multiplicavam-se no território nacional,os congressos, através dos quais o povo discutia seus principais problemas : Congressos contra elevados custos de vida,congresso das riquezas minerais do Pais ,congressos de estudos dos problemas municipais etc.

VI- DIMENSÕES DAS LIGAS CAMPONESAS                   

O movimento das ligas camponesas penetrou nos seguintes estados brasileiros: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia, Rio de Janeiro, Guanabara (extinto), Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso, Acre, e Distrito Federal (Brasília).

Na Bahia e Minas Gerais, na Guanabara, em São Paulo, no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso as organizações filiadas às ligas camponesas eram débeis e não passavam de duas ou três, com um total de 100 a 500 pessoas. Eram tão pequenas que não justificavam o funcionamento dos congressos de estado (Regionais) respectivos.

Em alguns casos, o movimento das ligas camponesas mantinha ações conjuntas com outros movimentos enquistados em organizações rurais, apesar das contrariedades existentes entre outros movimentos.

Com todos esses movimentos que as ligas causavam em quase todos os estados brasileiros foi criados os seus lideres, na qual veremos a seguir.

Lembrando que são considerados lideres aquelas pessoas que tinham prestigio entre os camponeses e que conseguiam dirigir mais de quinhentas pessoas, quer seja no trabalho de proselitismo, ou na atividade em divulgar a educação, 51 pessoas se destacaram nas ligas camponesas, desde sua formação (1955) até abril de 1964, quando foram prescritas.

Estes líderes (por motivos óbvios, alguns lideres parecem com pseudônimos) seguem relacionados segundo sua profissão e condição social.

Camponeses (semi- assalariados): José dos Prazeres, Zezé da Galileia, Elizabetete, João Pedro Teixeira, Pedro Fazendeiro, João Virginio, Chapéu de Couro, Raimundo Borborema, Julio Santana, Luis Preto, Bispo Curió, Sacristão, Zé Eduardo, Miro, Careca, e Rochinha, trabalhador assalariado rural: cabeleireira; trabalhadores assalariados urbanos: Horacy, Ozias, Palmeiras, Célia e Aureliano; pequenos proprietários: Dequinha, Laurindo, e Athos; Artesãos rurais: Freire, Serafim, Picopeu, Neném, e Mariano: Artesãos urbanos: Ceguinho, Bronqueira, Alexina, Delza, Zezinho Dantas; estudantes: Joel camara, João Alfredo, e profírio, Sampaio; professores: Celeste e Floriano; Sarcedote: Alípio; advogados: Juliao, Clodomir, Djacir, Manoel Silva, Romannelli, Maria Ceales e Ofélia.

Portanto como podemos ver, eram 27 líderes de origem rural e 24 de origem urbana. Predominava em numero o setor rural, com 52,9% do total de líderes. Se analisarmos os lideres em função da idade, veremos que os líderes de origem rural eram mais velhos que os de origem urbana, o que demonstra a maior maturidade das pessoas de origem rural militavam nas ligas.

CONCLUSÕES        

As ligas camponesas, a partir de seu resurgimento em meados de 1955, deixaram de ser organizações para se tornarem um movimento camponês que de certa forma contagiou grande numero de massas rurais e também urbanas, com grande repercussão nacional e internacional. Não podemos negar o importante papel que desempenhou entre 1955 e 1964, na criação de uma consciência nacional em favor da reforma agrária foi também sem dúvidas, um movimento precursor no Brasil, da insurreição camponesa baseada  postulados da preparação guerrilheira.

As principais diferenças entre as Ligas camponesas e a ULTAB residiam, notoriamente, nos seguintes aspectos: As ligas foram principalmente, um movimento rural um tanto amorfo e sem estrutura nacional sólida. Já a ULTAB, ao contrario , era, sobretudo uma organização que não buscava ser um movimento ruralista.

Nem as Ligas nem a ULTAB tinham um programa agrário definido e o mais não tinham ideias claras  sobre a reforma agrária  que reivindicavam para o Brasil. Neste caso, as duas organizações não eram totalmente culpadas ,pois na verdade, ate 1964 a realidade rural era pouco conhecida.

No meu ponto de vista , estas ligas e as ULTAB, não passam hoje em dia  dos movimentos dos sem terras que não se resolvem nada, principalmente quando tem gente envolvidos como padres, e certos políticos que não resolvem nada, isto porque a  reforma  agrária pouco interessa ao meio político.

 

REREFÊNCIAS BIBLIOGRÀFICA

 

 

JULIÃO, Francisco. Que são as Ligas Camponesas. Rio de Janeiro,

Editora Civilização Brasileira, 1962.

LESSA, Sonia Navarro. O movimento sindical rural em Pernambuco. 1958- 68.

Email: [email protected]

                                                                                                            

História das Ligas Camponesas no Brasil.

Autor: José Patrocínio de Souza.

PALAVRA - CHAVE

 Ligas camponesas, Líderes e dimensão.

I- AS LIGAS CAMPONESAS

Período, de 1945 á 1947·.

O retorno do País ao regime de garantias democráticas nos meados de 1945, interrompidos pelos dez anos de ditadura na era Vargas, propiciou de certa forma uma grande mobilização de massas camponesas na maioria dos estados brasileiros. Com este esforço todo se destacou naquele período o partido Comunista como uma única organização que se dedicava ás massas rural. As outras agrupações políticas se limitavam ao simples e periódico manejo eleitoral das pessoas do campo principalmente os latifundiários. 

Organizar sindicalmente os trabalhadores agrícolas apesar de não ser proibido, tornou-se, no entanto, quase impossível, principalmente na solicitação de certos documentos de personalidade judicial.

Porém depois de muito tempo conseguiram registrar os primeiros sindicatos rurais, em 1933, o dos trabalhadores do município de Campos no Rio de Janeiro, e em 1954, quando se registrou o sindicato dos trabalhadores da usina Barreiros no Pernambuco, somente essas duas organizações, e duas ou três possivelmente sendo duas em São Paulo e outra na Bahia, funcionava na área rural Brasileira.

Outras organizações rurais sindicais que se estruturavam, nesse período, não eram reconhecidas pela lei como tais. Até 1963, no Brasil, existia, de júri, uma relativa liberdade sindical estabelecida no Direito Positivo (Consolidação das Leis de trabalho) e, de fato, uma rígida restrição ao sindicalismo político de governantes comprometidos com os latifundiários.

Pelo fato de não se poder superar esses limites rígidos institucionais, a única possibilidade residia em atuar dentro do âmbito do Código Civil, o mesmo que admite a organização de associações de caráter não especificamente trabalhista. Neste caminho operam os ativistas do partido Comunista realizando em 1945 e 1947, uma grande e organizada mobilização de trabalhadores agrícolas em quase todos os estados brasileiros. Onde foi fundadas centenas de ligas camponesas, que reuniram milhares de pessoas.

Desta forma foram alcançaram êxito que foi e são muito importante que nem os grandes índices de analfabetismo do meio rural impediram a eleição deste considerável numero de representantes de assembleias estaduais e municipais, com a grande contribuição do voto camponês é claro.

Contudo a própria estrutura orgânica do partido comunista, tratava-se de um movimento camponês altamente centralizado. Alem de receber orientação de uma dezena de jornais diários e outros eventos como seminários comunistas das ligas camponesas se orientavam por seu próprio jornal, Terra Livre, fundado em São Paulo em meados de maio de 1949 e, circulava semanalmente segundo seus recursos financeiros. O folheto de Zé Brasil, que reflete mais que nenhum outro a tragédia camponesa, alcançou, durante anos seguidos milhões de exemplares, com grande circulação especialmente no setor rural.

Portanto nesta época não se formaram líderes camponeses de grande projeção nacional regional ou local, pois, como se disse as ligas camponesas eram organizações – apêndice da estrutura unitária e centralizada do Partido Comunista. Seu líder era o mesmo partido, Luis Carlos Prestes, que, não poucas vezes, aparecia instalando pessoalmente Ligas camponesas.

A apropriação do Partido Comunista em 1947 significou, principalmente, o fechamento das Ligas Camponesas e foi no setor rural onde ocorreu a maior parte dos assassinatos, prisões e especialmente perseguições com que o governo Dutra marcou a adoção daquela medida arbitrária.

Segundo uma analise sucinta destes movimentos e organizações de trabalhadores agrícolas do Brasil, no período de 1945 á 1947, nos leva ás seguintes conclusões básica:

- Organização de trabalhadores rurais não somente abarcava os assalariados agrícolas de áreas da agricultura comercial, mas também penetravam em setores camponeses especialmente os pequenos arrendatários, parceiros e posseiros localizados em quase todos os Estados brasileiros.

 -As organizações atuavam segundo as táticas ditadas pelo Partido Comunista, que propugnava uma política de acumulação de forças (militares de seus eleitores), sob a palavra de ordem de uma unitária e disciplinada aliança operário – camponês.

- Havia uma profunda dependência política dos movimentos operários das cidades e dos campos campo, dada à preponderância operaria entre os dirigentes intermediários do partido, que era o único elemento da catalisação e de orientação dos trabalhadores rurais.

Só lembrando, que não houve lideres camponeses de grande significado, especialmente pela pouca influencia ideológica do campesionato nas teses programáticas do movimento camponês.

II- PERIÓDO DE 1948 A 1954

Com a proscrição do partido Comunista se demonstrava seu desmoronamento, reduzia-se extraordinariamente as organizações de trabalho no Brasil. Em meados de 1958, as ligas camponesas ficaram quase apagadas do cenário rural brasileiro. Só umas quantas funcionavam de forma clandestinas ou extralegalmente aventurando-se uma vez por outra, a realizar atos públicos, quase sempre reprimidos e violentamente pela política. Sob as duras condições de clandestinidade, o partido comunista concentrou sua atividade nos núcleos urbanos, reagrupando seus militantes nos lugares onde não foi tão acentuada a desarticulação de seus organismos intermediários e de base. 

Em 1945-1947, quatro acontecimentos importantes ao tocante às lutas camponesas aconteceram, que foi a guerrilha de porecatu, a revolta de dona Noca, o território livre do formoso e o primeiro congresso Nordestino de trabalhadores agrícolas.

A guerrilha de porecatu apareceu em 1950, na margem esquerda do curso médio do rio Paranapanema, que divide São Paulo e Paraná. A área conflitada começa no município de Porecatu (P R). Originou-se de um processo de litígios sangrentos entre posseiros e latifundiários, que disputavam vastas áreas de terras no Paraná penetradas pelos gaúchos e nordestinos.

Jacinto, um artesão rural e imigrante nordestino, que acompanhou de perto os mais importantes conflitos desta área. A guerrilha de porecatu , depois de dois meses de impetuosa atuação , dissolveu-se por ingerência do comitê regional do partido comunista , que constatou não haver condições históricas para a sobrevivência do movimento armado.

            A revolta de Dona Noca, deu-se em 1951, no interior do Maranhão. Constituiu-se numa ação paralela ás lutas de rua que se desenvolveram na cidade de São Luis, capital do Estado, que era liderada pelo o jornalista Neiva Moreira e pela líder comunista local, a Drª. Maria Aragão.

Estudantes e operários desta época buscavam de certa forma impedir que o governador tomasse posse, este governador era o Eugenio de Barros, enquanto isso, a prefeita do município de São José dos patos a Joana da Rocha Santos (Dona Noca), latifundiária de tendência liberal, decidiu-se também, a impedir a posso do governador do nordeste. Porém esta viajou para a metrópole de Recife, onde comprou armas e munições e as conduzia ao interior do Maranhão. Onde organizou ali uma milícia de centenas de pessoas formada por camponeses e nomeou o “general Bastos” (um estudante de direito) comandante da revolução. Em uma semana a milícia camponesa conquistou as cidades de Pastos Bons, Mirandouro, passagem Franca e, depois do assalto ao povoado d Mangas (ás margens do rio Parnaíba), ameaçou invadir o Piauí. Porém derrotados no morro do Mutum (entre as cidades de Barão de Grajaú e São João dos Patos), os camponeses dispersaram-se após trinta dias, tempo que durou a revolta Dona Noca.

O território livre do formoso foi uma de quase dez mil quilômetros quadrados em Goiás. Os posseiros dali, sob a liderança do camponês José Porfírio, resistiram aos latifundiários. Em choques armados contra estes e contra as forças policiais que apoiavam os latifundiários, os camponeses de José Porfírio saíram vitoriosos, proclamando territórios livres e áreas localizadas entre o rio Tocantins e seu afluente, o rio formoso.

III- RESURGIMENTO DAS LIGAS CAMPONESAS.

Em 1954, eram poucas as organizações camponesas que funcionavam e pouquíssimas as que conservavam o nome de Ligas. Uma delas era a Liga Camponesa de Iputinga, localizada nos arredores de Recife, que subsidia apesar das constantes prisões de seus lideres e das crescentes suspensões de atividades sofridas. Tratava-se de uma organização antiga, dirigida por José Ayres dos Prazeres, seu irmão Amaro de Capim, o dirigente comunista Carlos Cavalcante e outros.

José dos Prazeres havia sido um criador tradicional de Ligas camponesas em anos anteriores. Era um antigo trabalhador pelas causas sociais desde a primeira década do século quando na cidade de Recife sofreu sua primeira prisão ao tentar, com outros companheiros, embarcar em um navio capitaneado por um militante anarquista, que recrutava voluntários para combater em prol da revolução mexicana. Anos atrás provavelmente em 1906, esteve perseguido pelo fato de coletar ajuda para os socialistas russos durante uma campanha financeira encabeçada pelos os jornais sulinos Terra livre e Novo Rumo, que José dos Prazeres distribuía em Pernambuco.

IV- LIDERANÇA

Entre os membros do primitivo Conselho Regional das Ligas, o advogado mais experiente era o deputado Francisco Julião que, imediatamente, projetou-se como presidente de honra do movimento camponês. Naquela ocasião, sua atividade se dirigia a um interesse exclusivamente eleitoral. Na verdade, não havendo obtido votos suficientes para eleger-se deputado estadual, tendo sido eleito por votação geral dos outros partidos socialistas, Juliao deveria fazer grandes esforços para conseguir uma reeleição para o quadriênio seguinte. Daí que, como advogado, buscava defender qualquer tipo de causa que resultasse em projeção política eleitoral.

Para toda uma geração de humilhados e ofendidos, foi essencial essa postura de Francisco Julião. De sua casa saia o camponês falando para os quatro ventos da “bondade do doutor Julião”, aumentando ainda mais seu prestigio pessoal entre os desamparados.

V- FATORES DE EXPANSAO DAS LIGAS CAMPONESAS

Foram tantos os fatores, que influíram para a expansão das ligas camponesas. O principal deles foi a ampliação das liberdades democráticas no pais , cujo processo começou com a eleição de Kubistchek e Goulart á presidência e vice- presidência  da republica , respectivamente. A fome e reforma agrária eram temas que,entre outros,dia após dia,iam deixando de ser tabus para converte-se em assuntos correntes tratados pelos jornais e outros de comunicação.  Cada dia que passava, multiplicavam-se no território nacional,os congressos, através dos quais o povo discutia seus principais problemas : Congressos contra elevados custos de vida,congresso das riquezas minerais do Pais ,congressos de estudos dos problemas municipais etc.

VI- DIMENSÕES DAS LIGAS CAMPONESAS                   

O movimento das ligas camponesas penetrou nos seguintes estados brasileiros: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia, Rio de Janeiro, Guanabara (extinto), Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso, Acre, e Distrito Federal (Brasília).

Na Bahia e Minas Gerais, na Guanabara, em São Paulo, no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso as organizações filiadas às ligas camponesas eram débeis e não passavam de duas ou três, com um total de 100 a 500 pessoas. Eram tão pequenas que não justificavam o funcionamento dos congressos de estado (Regionais) respectivos.

Em alguns casos, o movimento das ligas camponesas mantinha ações conjuntas com outros movimentos enquistados em organizações rurais, apesar das contrariedades existentes entre outros movimentos.

Com todos esses movimentos que as ligas causavam em quase todos os estados brasileiros foi criados os seus lideres, na qual veremos a seguir.

Lembrando que são considerados lideres aquelas pessoas que tinham prestigio entre os camponeses e que conseguiam dirigir mais de quinhentas pessoas, quer seja no trabalho de proselitismo, ou na atividade em divulgar a educação, 51 pessoas se destacaram nas ligas camponesas, desde sua formação (1955) até abril de 1964, quando foram prescritas.

Estes líderes (por motivos óbvios, alguns lideres parecem com pseudônimos) seguem relacionados segundo sua profissão e condição social.

Camponeses (semi- assalariados): José dos Prazeres, Zezé da Galileia, Elizabetete, João Pedro Teixeira, Pedro Fazendeiro, João Virginio, Chapéu de Couro, Raimundo Borborema, Julio Santana, Luis Preto, Bispo Curió, Sacristão, Zé Eduardo, Miro, Careca, e Rochinha, trabalhador assalariado rural: cabeleireira; trabalhadores assalariados urbanos: Horacy, Ozias, Palmeiras, Célia e Aureliano; pequenos proprietários: Dequinha, Laurindo, e Athos; Artesãos rurais: Freire, Serafim, Picopeu, Neném, e Mariano: Artesãos urbanos: Ceguinho, Bronqueira, Alexina, Delza, Zezinho Dantas; estudantes: Joel camara, João Alfredo, e profírio, Sampaio; professores: Celeste e Floriano; Sarcedote: Alípio; advogados: Juliao, Clodomir, Djacir, Manoel Silva, Romannelli, Maria Ceales e Ofélia.

Portanto como podemos ver, eram 27 líderes de origem rural e 24 de origem urbana. Predominava em numero o setor rural, com 52,9% do total de líderes. Se analisarmos os lideres em função da idade, veremos que os líderes de origem rural eram mais velhos que os de origem urbana, o que demonstra a maior maturidade das pessoas de origem rural militavam nas ligas.

CONCLUSÕES        

As ligas camponesas, a partir de seu resurgimento em meados de 1955, deixaram de ser organizações para se tornarem um movimento camponês que de certa forma contagiou grande numero de massas rurais e também urbanas, com grande repercussão nacional e internacional. Não podemos negar o importante papel que desempenhou entre 1955 e 1964, na criação de uma consciência nacional em favor da reforma agrária foi também sem dúvidas, um movimento precursor no Brasil, da insurreição camponesa baseada  postulados da preparação guerrilheira.

As principais diferenças entre as Ligas camponesas e a ULTAB residiam, notoriamente, nos seguintes aspectos: As ligas foram principalmente, um movimento rural um tanto amorfo e sem estrutura nacional sólida. Já a ULTAB, ao contrario , era, sobretudo uma organização que não buscava ser um movimento ruralista.

Nem as Ligas nem a ULTAB tinham um programa agrário definido e o mais não tinham ideias claras  sobre a reforma agrária  que reivindicavam para o Brasil. Neste caso, as duas organizações não eram totalmente culpadas ,pois na verdade, ate 1964 a realidade rural era pouco conhecida.

No meu ponto de vista , estas ligas e as ULTAB, não passam hoje em dia  dos movimentos dos sem terras que não se resolvem nada, principalmente quando tem gente envolvidos como padres, e certos políticos que não resolvem nada, isto porque a  reforma  agrária pouco interessa ao meio político.

 

REREFÊNCIAS BIBLIOGRÀFICA

 

 

JULIÃO, Francisco. Que são as Ligas Camponesas. Rio de Janeiro,

Editora Civilização Brasileira, 1962.

LESSA, Sonia Navarro. O movimento sindical rural em Pernambuco. 1958- 68.

Email: [email protected]

                                                                                                            


Autor: José Patrocínio De Souza


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