Geração De Renda Em Escolas Públicas Na China



Caldas, Luís Alberto de Carvalho. Geração de Receita por Escolas Públicas na China.

Texto-síntese n.1. Gestão Estratégica na Educação. 2006.

Site: http://br.groups.yahoo.com/group/gestaoestrategicaeducacao

(Este texto pode ser utilizado, desde que citada a fonte acima).

Segundo o pesquisador Ho Ming Ng (2001), As escolas públicas na China são instruídas pelo governo para gerarem receitas através de atividades empreendedoras como desenvolvimento de fábricas, prestação de serviços, aluguel de espaço escolar etc. Os recursos advindos dessas atividades não são desprezíveis: em média, as escolas têm os seus orçamentos aumentados em  22%, graças a essas iniciativas. Além disso, mais de 90% das escolas e universidades públicas estão engajadas em algum tipo de atividade de geração de receita.

A principal fonte dessas receitas, correspondente a 35% da receita geradas, é uma espécie de mensalidade paga por alguns alunos. Todos os estudantes chineses têm direito à escola pública gratuita. Contudo, o sistema de ensino permite uma espécie de competição entre as suas escolas. Os alunos são alocados às escolas por planejamento governamental, baseado em coisas como a proximidade de suas residências e resultados nos exames. Estudantes que desejarem ir para escolas consideradas melhores, de modo a terem maiores chances de serem admitidos nas universidades chinesas, podem ser transferidos, desde que paguem uma espécie de mensalidade. Quanto maior o prestígio da escola, maior a sua capacidade de obter maiores mensalidades. Alunos transferidos dessa forma representam cerca de dez por cento da população estudantil.

A segunda maior fonte de receitas para as escolas chinesas, representando 28,5% das receitas geradas, é a operação de fábricas. Na década de 1970, os estudantes eram envolvidos como trabalhadores, atualmente, isso é muito incomum. Os tipos e escalas das fábricas operadas por escolas variam grandemente. Há, por exemplo, gráficas com equipamentos de milhões de dólares, há plantas químicas high-tech sintetizando polímeros especiais, há fábricas criadas através de joint-ventures; há fábricas extremamente bem sucedidas, cujas receitas das escolas proprietárias advindas dessa operação superam as verbas governamentais, e há fábricas que não conseguem se sustentar por muito tempo.

A terceira mais importante fonte de receitas, respondendo coincidentemente também por 28,5% das receitas geradas, é o aluguel de parte das instalações da escola. Algumas escolas, localizadas em pontos comerciais privilegiados, obtêm a maior parte de seus fundos a partir dessa atividade. Há uma variedade de formas de aluguel: algumas escolas alugam lojas (uma delas criou uma rua comercial, com cerca de 50 lojas); outras alugam partes de suas instalações como depósitos, oficinas, escritórios, escolas noturnas, etc.

Os restantes 8% das receitas geradas por escolas compreendem uma ampla variedade de atividades, como: criar cursos particulares, operar restaurantes, serviços de digitação e fotocópia, reparo de equipamentos eletrônicos etc.

Os benefícios para as escolas são grandes, indo desde melhorias intangíveis, como o fortalecimento do moral dos professores e da autonomia da escola, até melhorias mais concretas, relacionadas ao aprimoramento das instalações e aos benefícios concedidos aos professores e funcionários.

As escolas que geram receitas substanciais, construíram salas especiais, piscinas cobertas, circuitos internos de tv monitorando salas e corredores, laboratórios de informática, etc. Enquanto todos os professores públicos na China recebem um salário equivalente, nessas escolas, bônus por desempenho podem representar mais de 70% dos seus salários anuais. Uma escola, por exemplo, construiu 30 apartamentos, para moradia de seus professores. Outras escolas dão viagens ao exterior como prêmio ou subsidiam a participação em congressos.

Embora, de um lado, haja quem proteste pela igualdade de oportunidades para os estudantes, de outro, destaca-se o salutar incentivo ao crescimento das escolas melhores e mais eficientes, dando acesso a uma educação melhor a mais estudantes. Impedir que as escolas melhores tenham essa vantagem, implica igualar não oportunidades, mas a falta de oportunidades.

Bibliografia: Ho Ming Ng. Creation of Income by Schools in China: a survey of selected schools in Guangzhou. Educational Management & Administration, vol.29 (1), 2001, p.379-395.

Autor: Luis Caldas



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