A greve e o desrespeito com a educação e os estudantes brasileiros



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-   Espero que a última semana de agosto de 2012 nos favoreça com uma chuva de águas. Espero também que uma chuva de bom senso agracie todos as mentes dos professores das universidades públicas brasileiras e dirigentes do Estado brasileiro. Educação deveria ser antes de tudo um sacerdócio, não um negócio. Quem almeja ficar rico deveria escolher para si uma profissão mais rentável financeiramente do que a Docência.

-   A Docência caracteriza-se primordialmente, segundo conceito corrente, pelos processos e práticas de produção, organização, difusão e apropriação de conhecimentos que se desenvolvem em espaços educativos escolares e não-escolares, sob determinadas condições históricas. Nesta perspectiva, o docente define-se como um sujeito, em ação e interação com o outro, produtor de saberes na e para a realidade. A docência define-se, pois, como ação educativa que se constitui no ensino-aprendizagem, na pesquisa e na gestão de contextos educativos, na perspectiva da gestão democrática.

-   Mesmo reconhecendo que todo trabalhador é merecedor de um salário digno, não posso deixar de observar que os salários dos docentes universitários pode estar defasado, porém na média está acima dos salários dos demais professores e trabalhadores brasileiros, ainda que pese o fato de que estudam muito mais para ter direito a este salário. Ocorre que exatamente por estudarem mais do que a maioria dos trabalhadores brasileiros deveriam saber ponderar as necessidades educacionais dos demais brasileiros.

-   Sempre fui contrário à participação de alunos em movimentos de greves de professores, sempre fui muito criticado e contestado por professores e alunos por me posicionar desta maneira, mas acredito que nas greves sempre há um perdedor, o povo, o contribuinte, o eleitor, o cidadão, aqueles que esperam receber do Estado e dos servidores deste Estado os serviços que constitucionalmente, ou seja, por direito lhes são garantidos. Todos nós almejamos bons salários, mas se aqueles que trabalham na iniciativa privada fizessem greves como as que são feitas pelos servidores públicos o país iria ao caos, pararia e a taxa de demissão e de desemprego seria histórica. Julgo procedentes as reivindicações dos grevistas, julgo porém ineficazes as greves como forma de persuasão, o diálogo, sempre o diálogo é o melhor caminho e a melhor conduta. Entendo também como forma de diálogo os processos judiciais até última instância.

-   É frustrante para todos nós ingressarmos em uma Universidade pública e rotineiramente enfrentar paralisações. Voltei aos bancos universitários aos 50 anos de idade, milhares de brasileiros fizeram o mesmo, voltaram a estudar próximos ou após meio século de vida, outros milhões de brasileiros buscam formar-se para ingressar com competência no mercado de trabalho, que a cada dia torna-se mais concorrido e exigente, disposição para estudar, portanto, creio que não nos falta. O que está em falta é o respeito com os nossos interesses, com os nossos direitos, volto a dizer: nós, cidadãos, trabalhadores, estudantes, contribuintes, eleitores, povo, vítimas.

-   Sobre o Estado brasileiro não gosto sequer de começar a escrever, tamanha é a minha revolta por sua desonestidade, omissão e negligência em relação ao povo, aos trabalhadores, aos estudantes, aos contribuintes, aos eleitores, aos cidadãos, às vítimas. Estado Brasileiro, Estado bandido.

- Respeito muito todas as opiniões contrárias e diferentes das minhas, mas neste momento sinto que não existimos diante do Estado brasileiro e diante dos servidores deste Estado. Para aqueles que queiram dizer que escrevo desta maneira porque hoje vivemos em uma Democracia, digo que escreveria as mesmas palavras se estivéssemos em um Regime de exceção, penso e digo hoje o mesmo que pensava e dizia no Brasil de trinta anos atrás. O pior que podemos fazer contra nós mesmos não é opinar, é calar.

-   Muito obrigado a todos, desejo que sejamos felizes e que um dia o Estado brasileiro seja digno dos brasileiros. 

Jornalista Hamilton Pipoli




Autor: Hamilton Aparecido Pipoli


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