Imagens do feminino em Florbela Espanca



 

MELO, Fabíola Cristina. Possui graduação em Pedagogia – Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Araxá (1998) e graduação em Letras – Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Araxá (1992). Especialização em Língua Portuguesa e linguística e Supervisão e Orientação Escolar. Mestrado em Linguística - Análise do Discurso. Atualmente é professor titular do Centro Universitário do Planalto de Araxá, chefia - Secretaria Municipal de Educação e coordenadora pedagógica - Secretaria Municipal de Educação. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Língua Portuguesa e Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: língua, leitura, aprendizagem, linguística e contradições. Cursando Doutorado em Educação.

O texto de Cristina Melo é mais uma importante pesquisa sobre a atuação feminina na literatura portuguesa, a qual ajuda a decifrar a “transparência” tão polêmica da poetisa Florbela Espanca em sua resistência aos preconceitos conservadores de sua época.  A autora consegue desnudá-la, colocando-a de forma gradativa, em seu lugar de direito na literatura escrita em língua portuguesa, num processo que positiva o reconhecimento e imortaliza a sua voz.

 

            Segundo a autora, Florbela era vista por um ângulo negativo, visto que não se curvava aos preconceitos machistas de sua época conservadora. Ela apresentava uma vertente neorromântica com uma predominância à busca da identidade, mesmo criando certa tensão em relação a alteridade ao traçar um autorretrato tendo como referência o outro. (vários poetas contemporâneos). A poetisa externava sem rodeios a sua sensualidade, erotismo e ânsia de liberdade de expressão através de seus poemas.

 

            Ainda nesse, a autora cita o poema “Charneca em Flor”, o qual embasa sua afirmativa a respeito do momento de transição vivido pela poetisa ao falar do regozijo com a chegada do seu amado, a comunhão entre ambos e a suposta mediação de Deus, o criador que permite o jubilo amoroso, mostrando assim, por vias indiretas da religiosidade e o sentimento neorromântico de Florbela.

 

            O artigo de Cristina Melo diz que existia em Florbela uma estrutura decadente representada pela sua ambiência negativa que simbolizava a inquietação, o desassossego de viver. Após percorrer uma longa trajetória de sofrimento, a poetisa através do culto ao amor encontra um estímulo que a liberta da sua fase anterior, demonstrando essa afirmação ao expressar em sua poesia a rejeição aos preconceitos. Defendendo o direito de expressão feminino, recusando a posição de inferioridade em relação ao homem, assumindo, assim, uma postura de autonomia pessoal, manifestando dessa forma o seu processo de afirmação. Embora Florbela tenha consciência de sua feminilidade, ela reflete uma atuação simbolista dando ênfase ao vago, ao mistério e ao sonho. No seu imaginário poético ela volta-se para o gótico, para o triste, tendo uma visão pessimista que traduz em sua produção textual o tédio causado pelas desilusões amorosas, permanecendo ao mundo que a redeia, ao mundo real. Pode-se perceber que a poetisa envereda-se mais pelas vias do imaginário impossibilitando, assim, a realização do amor carnal, No qual, o sujeito feminino pratica o disfarce, e, em outro momento, o amado é quem esconde o amor. Sendo assim, observa-se o jogo amoroso, com uma inversão de papéis em relação ao sujeito masculino na cantiga de amor: “olha para mim amor”,  “ Vem para mim amor... Ai não desprezes/ A minha adoração de escrava louca” ( ESPANCA, 1997, p. 110).

 

            De acordo com a autora ao escrever “Oh mulher! Como és fraca e como és forte! Como saber ser doce e desgraçada” ( ESPANCA, 1997, p. 91), Florbela deixa claro que a mulher não apenas aceita de forma pacifica o seu sofrimento, mas também o demonstra de forma doce. Podemos acrescentar também que a poetisa representava o donjuanismo feminino em suas poesias, não se dedicando a um único amor, valorizando assim o sentido do amor independente de quem se ama. “ Eu quero amar, amar perdidamente! / Amar só por amar: Aqui...além.../ Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente.../ Amar! Amar! E não amar ninguém! (...) Quem disser que se pode amar alguém / durante a vida inteira é porque mente” (ESPANCA, 1997, p.287).

 

             Outro ponto de relevante importância que vemos na poetisa através de Cristina Melo é a posição oscilante entre suavidade e ardência em suas poesias, na qual a representação da suavidade está presente no simbolismo e na áurea portuguesa, e a ardência refletida na ausência da concretização do ato amoroso. A autora enfatiza ainda, o lado introspectivo, depressivo, angustiado, e ensimesmado de Florbela, o qual segundo ela consiste em um dos maiores motivos de inspiração para a sua obra.

 

             Em suma, a poesia de Florbela Espanca analisada pela autora, mostra um jogos de palavras metafóricas; antíteses; figuras de linguagem; euforia e disforia, bem como uma busca do eu lírico a cerca da evolução da criação literária e de sua identidade.

 

             O artigo tem uma linguagem de fácil acesso e de uma boa compreensão, podendo portanto, ser utilizado  pelas áreas de letras, psicologia ou por pessoas que têm afinidade com a literatura.

 

 

 

 

 

REFERÊNCIA

 

 

 

MELO, Cristina -Plataforma Lattes-CNPq.br/7562140821449924. Acesso em 09.08.2012 -13:40

 

 

 


Autor: Priscila Souza Queiroz


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