Memorial acadêmico



“Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.”
(Paulo Freire)

 

  1. Minha Vida escolar

            Filha casula de Gildásio e de Maria, eu Priscila Souza Queiroz tenho 22 anos e curso o 7º semestre de Letras Vernáculas na UEFS. Eu estudei toda minha vida escolar no Colégio Padre Ovídio, minha mãe sempre prezou muito a minha educação e eu a pude ter, graças a Deus, com qualidade. O colégio sempre preparou os seus alunos, inclusive a mim, para o vestibular, mas ninguém nunca me perguntou se era isso que eu queria para minha vida e foi chegado o tão esperado momento...  é complicado aos 17 anos você decidir o que quer para o resto da sua vida e eu não tinha a noção do que eu queria, porem todos da turma iriam fazer o vestibular e eu também tinha que o fazer. Meu pai queria que eu fizesse medicina, entretanto eu tinha muitas dúvidas sobre que curso escolher, mas tinha a certeza de que nenhum relacionado à área de saúde. Por ter bastante afinidade com a professora de Redação que já tinha sido de Português em uma serie passada e por ouvir de um amigo próximo que eu tinha um dom para ensinar, eu resolvi fazer Letras Vernáculas, mas apenas como um teste, pois não tinha a intenção de cursar, contudo por sorte ou azar, eu não sei, eu passei e resolvi cursar. Ninguém da minha família foi a favor, em especial minha mãe que já é professora, como se pode estudar a vida toda em uma escola particular e querer ser professor, ganhar uma micharia?

2)Minha vida na graduação

           Eu fiz o vestibular em Janeiro de 2008, recebi o resultado no começo de Fevereiro e comecei a cursar em Outubro do mesmo ano. Nos primeiros semestre eu já não me identificava com o curso, mas todos me diziam que todo curso era assim mesmo, que no começo não tinha matérias relacionadas ao mesmo, mas que depois isso aconteceria. Eu resolvi continuar e infelizmente continuei a não me identificar, sendo assim conclui o 6º semestre e tranquei, quis me dedicar a concursos. Nesse período de tempo acorreu tanta coisa desagradável que não pude fazer nem uma coisa nem outra...Voltei para terminar o curso...

            Eu me desanimei do curso por ele ser chamado de Licenciatura, mas ser voltado totalmente a pesquisa. A grande maioria dos estudantes de Letras vão ser professores, mas o curso não nos prepara para dar aulas. Temos poucas matérias relacionadas a licenciatura, nosso currículo é velho...Como se espera a formação de cidadãos críticos se nós professores não encontramos direcionamentos  na universidade para fazer isso? Entramos em tal instituição “verdes” e não saímos antes de “amadurecer”. Como querer uma educação de qualidade se professores não são bem formados?Além de todos esses problemas citados acima, ainda temos que nos deparar com salas lotadas, alunos sem interesse, violentos, usuários de drogas... Temos que ser professores, psicólogos, amigos, pais. Corremos por riscos de vida a todo o momento e ainda não somos nada valorizados perante a sociedade. Embora eu ame dar aula não é dessa profissão que eu quero tirar o meu sustento, ela será apenas por diversão, pois eu espero jamais ter que odia-la.

            Eu tive experiência em sala de aula pela primeira vez no 4º semestre em turmas do 1º e 2º anos do ensino médio. Eu amei, embora estivesse totalmente despreparada. Agi com eles de maneira bem tradicional: assunto no quadro e exercício. Pouco usei o livro didático. Minha segunda experiência foi recente, já agora no inicio do 7º semestre em uma turma do EJA da 3º serie do ensino fundamental, noturno. Foi uma experiência bem diferente, pois eu estava assumindo o papel de um pedagogo e tive a certeza que eu não estava preparada para alfabetizar, mas fiz o melhor de mim...Corri atrás para fazer o meu máximo e percebia o progresso deles,isso foi muito gratificante. Eis o motivo do meu amor pela educação. Eu amo saber que eu posso ajudar com o crescimento intelectual de alguém, é muito prazeroso. Essas foram minhas experiências lecionando e ao estar em um estagio de observação eu pude observar que eu agi muitas vezes da mesma maneira que aquele professor :de maneira bem tradicional. A observação não é de maneira alguma para críticas, mas para que ou eu me espelhe naquele profissional ou eu perceba que aquela maneira de ensinar não é uma das mais atrativas e que eu possa fazer diferente. Durante esse estagio eu pude aprender isso e percebi também que a forma tradicional de ensino só afasta a atenção dos nossos alunos, que nossas aulas precisam ser diversificadas, para que assim se tornem prazerosas e não um martírio para os alunos.

            Em suma, eu espero que a profissão de professor tenha o valor que realmente merece e creio que não o tenha, pois o maior inimigo de um governo é um povo culto. Contudo quem educa o futuro do país merece respeito e dignidade.

           

 

           

           

           

 

 

 


Autor: Priscila Souza Queiroz


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