Poder e Governo



Poder e Governo

Wanderson Vitor Boareto

Graduado em História, Bacharel em Direito, Pós Graduado em História e Construção Social do Brasil, Docência do Ensino Superior e Educação Empreendedora.

Resumo

A relação de poder é definida pela política e pela formação intelectual dos governantes. Nesse sentido, a humanidade transita entre os tempos; vivenciando várias guerras e disputas ideológicas pelo poder e dominação de um grupo sobre outro. Esses temas são discutidos durante várias fases da história. Entre os pensadores podemos destacar os gregos como: Platão e Aristóteles que identificam a educação como centro de uma formação humana e social.

Palavras Chaves

Filosofia, Política, Grécia, Educação, Governo.

 

A relação poder/civilização sempre caminharam juntas durante todo o processo da humanidade. Sendo assim, a ciência Política nos da noção teórica dos poderes e suas práticas. Pensando desse modo, a palavra política vem do grego Polis que quer dizer cidade, ou seja, a palavra política quer dizer a arte de governar cidade. Para entendermos o significado, temos que buscar na história a bagagem necessária para compreender o uso desse termo. No mundo antigo as cidades gregas eram Cidades Estado, ou seja, eram auto suficientes.

Ser auto suficiente, quer dizer que eram independentes política, econômica, cultural e socialmente, tendo as suas características marcadas em seu povo. Nesse contexto, os primeiros escritos e/ou teorias políticas de governo vem de várias civilizações do mundo antigo, entre elas do Egito, da Mesopotâmia e principalmente da Grécia e de Roma.

O modelo de democracia dos dias atuais é inspirado no modelo grego de Atenas, no entanto os principais filósofos gregos não eram democratas. Platão defendia em sua obra “A República”, que o governo do rei filósofo, ou seja, um governo tendo o chefe de estado um só homem, no caso de Platão um homem que seria preparado para governar dentro dos maldes da filosofia, que para ele era o mais justo.

“O governo da cidade deveria estar a cargo de um rei filósofo, ou de um conjunto de reis filósofos. Escolhidos entre os guardiões, alguns cidadãos passariam por anos de educação filosófica, até que atingissem o verdadeiro conhecimento – o saber contemplativo. Quando a polis necessitasse, passariam a governa-la, não como um privilegio, mas como obrigação devida à cidade que os tinha educado (e isso seria um peso porque teriam de descer de sua contemplação para o mundo da cidade e dos negócios humanos).” (ANDERY, 2006, p. 79)

O termo de justiça é uma questão que seria dentro da análise política. A primeira coisa a ser pensada é justiça existe em uma sociedade de classe? Sendo assim o próprio Platão escreve que para uma sociedade ser justa e ter uma funcionalidade um cidadão não poderia ganhar mais que três vezes o montante do outro, nesse sentido o poder de compra e de riqueza não seria tão distante de uma pessoa para outra.

“A moral e o direito mudam quando muda historicamente o conteúdo da sua função social (isto é, quando se opera uma mudança radical no sistema político-social). Por isso estas formas de comportamento humano têm caráter histórico.” (VÁZQUEZ, 2005, p. 97)

Platão dizia que o governo justo só poderia ser construído através do conhecimento das necessidades do povo, mas para ele povo eram os cidadãos legítimos da cidade. Nesse sentido, temos que lembrar que Atenas, no período de Platão, era uma cidade que tinha em seu meio estrangeiros de várias partes da Grécia e de outras regiões do Mediterrâneo, além de ser uma sociedade escravocrata. Sendo assim, cidadão eram os homens que filhos de Atenas e podiam contar com a prática do ócio, ou seja, dedicar tempo à política.

A formação política através de uma educação voltada para os padrões da filosofia fariam a diferença na relação de governo. O que chama atenção é que estas questões são discutidas á quatro séculos antes de Cristo e nos dias atuais isso não é levado em conta.

Quando falei no segundo período do curso de pedagogia sobre  boa  e a má relação na visão de Platão, os alunos ficaram sem entender nada, assim percebi a necessidade do estudo dos clássicos na escola de base, para entender o processo político de nossos tempos. Somente através de uma formação política de qualidade nossas futuras gerações terão capacidade de identificar o que é melhor para a sua polis.

“A abertura desse espaço público, isto é, político, de discussão e deliberação em comum, significou à interdição de qualquer limite à vontade popular expressa pela assembleia. Em alguns casos a assembleia julgaram inclusive contrariamente as leis, mesmo escritas.” (AZAMBUJA, 2008, p 15).

Esta semana em uma sala de 3º no do Ens. Médio, analisei a formação de governo e a duvida dos alunos eram as relações de poder. A maioria dos alunos não sabe a função do Legislativo de executivo e do judiciário. Neste momento, percebi que a diferença de classe vai além do econômico, ou seja, a educação esta limitada as matérias de base, e não na formação da cidadania e nas relações sociais.

A escola que é um ambiente de busca de conhecimento, a relação da formação política esta limitada aos interesses dos professores mais politizados que levam o diferencial aos seus alunos. Mas esta realidade não é em todas as escolas. Não por que os professores não tem formação, mas sim por que as escolas muitas vezes não dão abertura para uma formação diferenciada.

A pergunta é de quem é a culpa? A resposta é simples, de todos nós, que muitas vezes nos preocupamos apenas com as nossas vidas, e o meio em que estamos inseridos fica para depois. Aristóteles nos ensina que “todo o povo tem o governo que merece”.

Uma das coisas que eu uso como norteador é a coerência da postura ética e moral que todos os homens deveriam ter. Sendo assim, como professor de Ciência Política, passo para meus alunos a investigação e a formação acadêmica e social dos candidatos que disputa qualquer cargo público que dependa de voto. “Por muito tempo, a tradição pedagógica brasileira tentou ignorar essa questão e é por isso que falo da necessidade de uma revisão crítica da tarefa de educar. Não significa que descobrimos algo novo para a educação”. (GADOTTI, 1980, p. 75)

O compromisso do voto vai muito além das urnas e da obrigatoriedade legal, e sim de novas possibilidades e de dias melhores para todo o grupo. Pensar assim é ser um político real que busca através dos textos legais uma justiça social e uma vida melhor para toda a comunidade e assim acabando com problemas básicos como o desemprego e a violência que são os grandes fantasmas de todos os países do sistema capitalista.

Bibliografia

ANDERY, Maria Amália, Para Compreender a Ciência, Ed Garamod Universitária, 2008, Rio de Janeiro, RJ;

AZAMBUJA, Darcy, Introdução à Ciência Política, Ed Globo, 2008, São Paulo, SP;

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez, Ética, Ed Civilização Brasileira, 2005, Rio de Janeiro, RJ;

GADOTT, Moacir, Educação e Poder Introdução à Pedagogia do Conflito, Ed Cortez, 1980, São Paulo, SP;


Autor: Wanderson Boareto


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