Madeira



Estou jogada ao chão Que farei agora? Oh não?  Quero meu destino, a minha história. Eu era feliz... Amanhecia sorrindo com os raios de  sol Em meus braços, lindos pássaros cantando pro arrebol. Ventos me faziam sacudir, A chuva me regava, Flores e frutos eu dava E todos se deliciavam   Mas veio um mostro e me cortou, Ao chão me jogou, E tudo acabou, Tudo acabou... O que sou agora? Madeira?! Ossos secos sem seiva, Sinto que vou decompor Minhas folhas caíram, Meus propósitos ruíram...   Amarraram-me, Transportaram-me, E quando achei que fosse o fim, Que não restava nada de mim, Outros monstros Talharam-me ainda mais, Virei muitos pedaços, Cada qual ao seu acaso.   Fui vendida Seguindo outros destinos Parando em outras mãos, Sentia não valer mais nada De tão fragmentada   Em mim, trabalhavam Era analisada, tocada, retalhada Quanta dor, Despida, fui esculpida, E revestida, Impressionante, Ganhava nova vida Em cada vida, novo nome, novo propósito   Se me perguntam agora, Pra que serve madeira? Pra fazer porta, mesa, cadeira, Moldura de retrato, ou um jogo de quarto, De mim, muito se produz, Até mesmo uma cruz, Onde morreu Jesus, E da morte fez luz.   Vidas Lascadas, Escavacadas Há sempre uma saída, Para a esperança perdida Seja árvore, madeira ou artefato O fato, É que tudo se reconstrói Dentro de cada um de nós.
Autor: Rosângela De Aguiar Rodrigues


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