Indisciplina na escola: pais bonzinhos ou professores carrascos



Resumo: Refletir sobre a prática pedagógica, tendo em vista os comportamentos indisciplinares dos educandos. Abordar medidas que colaborem para o desenvolvimento de estratégias de ensino no qual a comunidade escolar sinta-se responsável pela educação de qualidade. Apontar fatores que viabilizam atitudes indisciplinares, enfatizando a presença dos pais na educação dos filhos.

 

Palavra-Chave: Indisciplina, ensino, filosofia.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Tratar da indisciplina na escola é um assunto constantemente debatido, uma vez que impacta em todo currículo escolar de forma a evidenciar o professor como o responsável pelo não enfrentamento correto da situação. No entanto, o professor assume um papel de suma importância no desenvolvimento psico-socio-cultural da criança o que não convém dizer que possui única responsabilidade no que se refere a educação, isto é, os pais ou responsáveis devem se fazer presente em todo a formação do educando, sendo estes espelhos primordiais para construção da personalidade.

A indisciplina é um problema que aflige não só os professores, mas a escola em geral, pois ela resulta na adequação e reformulação de parâmetros estabelecidos para que a mesma não venha a gerir violências no âmbito de ensino. Tal desafio permite que sejam elaboradas estratégias de ensino que despertem a atenção do educando a comportamentos “aceitáveis” para se viver em sociedade, como: redefinição do currículo escolar, práticas de ensino que colocam o aluno como sujeito de sua própria educação, metodologias criativas e coerentes ao meio sócio-cultural do educando, dentre outros.

 

FATORES QUE CONTRIBUEM PARA COMPORTAMENTOS INDISCIPLINARES NAS CRIANÇAS/EDUCANDOS

 

Segundo Amado (1998), pode-se enfatizar algumas premissas que levam os educandos a agir indisciplinarente ou rebeldios: A primeira premissa considera o professor como responsável direto para tal comportamento, com base em duas vertentes: a estrutura inadequada das tarefas e a gestão inadequada das relações e do poder nas aulas; a segunda enfatiza a falta de limites dos pais para com seus filhos (grifos meu).

Com relação a premissa de que o professor mantém-se como fator real para a indisciplina dos educandos na escola, leva-se em consideração a deficiência na preparação das aulas, quanto a “cuidados especiais” no início do curso, abusos do método expositivo, atividades monótonas, falta de domínio de conteúdo, falta de planejamento, posturas incorretas, injustiças na avaliação didática, dentre outros.

            O modo como o professor assume sua autoridade e competência é que define a educação a ser compartilhada aos educandos. Sendo assim, ambos atuarão como sujeitos da mesma, desenvolvendo atividades significativas para o currículo escolar. Da mesma forma, o professor pode manifestar no educando sentimento de insegurança devido a falta de carisma, falta de firmeza na determinação de tarefas, desorientando os mesmos. Enquanto líder, exita em manter o ambiente harmonioso, tendo em vista a constantes tratamentos irônicos, desconfianças, imparcialidade.

Conforme Aquino (1996. p. 98), não é responsabilidade única da escola a tarefa de educar, mas a família. Cabe ao docente saber repassar seus conhecimentos, com vistas no desenvolvimento do resgate da moralidade discente por meio da relação com o conhecimento.

            Outra vertente volta-se a atenção para o papel irrelevante dos pais ou responsáveis na educação dos filhos, isto é, na ausência de limites.

Atualmente, a falta de limites dados aos filhos tem refletido nitidamente não só no ambiente escolar, pois “criança sem limites hoje, adulto irresponsável amanhã” (grifos meu). Desse modo, percebe-se que a sociedade atual já não valoriza a educação familiar conservadora no qual a criança é tida como um sujeito em constante aprendizado, sendo, portanto, “excluída” de algumas situações, tais como: permanecer na presença de adultos em meio a conversas, assistir canais ou cenas inapropriadas a idade, dormir cedo, não falar com estranhos, respeitar os mais velhos, não brigar, não desafiar o professor (a), dentre outros. Atitudes como estas são consideradas “antiquadas”, “quadradas”, na visão do povo contemporâneo. E de pensar que até certo tempo atrás o professor era mais que mero educador era mestre. Mais do que mestre, era chamado carinhosamente de tio (a).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Infelizmente, o que se vê, atualmente, são crianças rebeldes, birrentas, maldosas, violentas. Os canais televisivos totalmente sem restrições (apesar das tarjas de limitação conforme idade não há impedimentos e horários definidos), filhos se metendo em conversa de gente grande (se bobear ainda te chamam de mal informados), crianças que se vestem como adultos, vão a festas de gente grande, que xingam, que maltratam idosos e animais, que agridem professores e até mesmo os pais ou responsáveis, sem contar nos absurdos que cometem com outras crianças como os casos de bullying.

O mundo está mais aberto a mudanças, a diversidades culturas e estão criando monstrinhos preste a devorá-los. A verdade é que a falta de limites está permitindo que os pais, na tentativa de ser “liberal”, quebram as etapas normais da criança, fazendo com que esta aja como adultos irresponsáveis e deliberados.

Nossa, que absurdo dizer isso?

Então, o que se falar do caso do jovem estudante australiano que reagiu a um bullying cometido por outro estudante? Lembram-se do que aconteceu com a jovem de 13 anos morta pelo namorado? E a série de assassinatos em escolas e universidades que         chocaram o país e o mundo? E das violências que os professores sofrem a cada instante, levando-os a desistirem da profissão menos valorizada e reconhecida?

Reflexo da má educação familiar. Desatenção ao qualitativo escolar, em vez de preocupar-se somente com o quantitativo.

Com base numa filosofia freireana (1996), o educador deve dar a devida importância à parte social do aluno, porque é nela que ele vive sua realidade dia-a-dia, é nela que ele desenvolve seus instintos e é a partir dela que a indisciplina pode desabrochar. 

 

REFERÊNCIAS

 AMADO, João. A indisciplina e a formação do professor competente. 1998. Disponível em: . Acesso em: 30 ago 2012.

 AQUINO, Julio Gropa. Indisciplina na escola: alternativas teóricas. 9ª ed. São Paulo: Summus, 1996; Piaget, J. Estudos Sociológicos. Rio de Janeiro: ed. Forense, 1973.

 BARBOSA, Fernanda Aparecida Loiola. Indisciplina Escolar: diferentes olhares teóricos. 2009. Disponível em: . Acesso em: 30 ago 2012.

 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, 33ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

 VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola. São Paulo:FDE, 1997, pag. 227-252.

 

 

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Autor: Leidiane Santos


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