Liberdade na Modernidade



Liberdade na Modernidade

Wanderson Vitor Boareto

Graduado em História e Bacharel em Direito, Pós Graduado em História e Construção Social do Brasil, Docência do Ensino Superior e Educação Empreendedora.

Resumo

A liberdade durante todos os tempos vem sendo uma necessidade da vontade humana. No entanto, as relações sociais impedem a obtenção da liberdade no sentido real da palavra, e cria ilusões para que a sociedade moderna acredite que é livre. Sendo que na verdade o homem é escravo do sistema, e vive um cativeiro cruel e sem esperança de liberdade.

Palavras Chave

Liberdade, Sociedade, Escravidão, Modernidade, Vontade.

 

A liberdade sempre foi um sonho da humanidade em todo o período histórico das civilizações. Os primeiros clãs são formados na antiguidade para suportar a convivência  entre os indivíduos, ou seja, já limitava-se a liberdade de se fazer qualquer coisa. Este fazer qualquer coisa é na verdade um acordo social limitando a minha liberdade em troca de uma relação social harmônica ou o mais próximo disso. Criando assim uma organização regrada por deveres e direitos dos membros destas comunidades sociais.

O primeiro código normativo foi o de Hamurabi na Babilônia, onde o rei Hamurabi codificou as normas sócias de convivência através de deveres e obrigações, que caso não fosse cumprido terias as penalidades cabíveis aos cidadãos de grupo. No entanto, se estendia a estrangeiros ou qualquer pessoa que viesse a conviver diretamente com os babilônicos.

A disputa política e econômica sempre foram nas sociedades antigas e modernas estimuladores de limitação de liberdade e garantia de poder, ou seja, para se ter uma relação de controle das massas tem que ter leis ou acordos baseados em costumes impostos por uma classe que domina a produção o a organização desta comunidade seja uma cidade estado, seja uma nação moderna. Estas relações são estipuladas por um grupo que se sente no dever de controlar a vida e a liberdade dos membros de sua comunidade, dizem ser lideres.

Para se um acordo dessa magnitude através dos tempos o homem troca a sua liberdade por uma proteção, ou uma garantia de segurança como nos ensina Thomas Hobbes em sua obra o Leviatã. Hobbes analisa a sociedade do final da Idade Média na formação dos Estados nacionais, porém com um olhar e uma mentalidade de um homem medieval influenciado pela renascença e pelos valores judaicos cristãos marcantes neste período da história.

“A arte vai mais longe ainda, imitando a criatura racional, a mais excelente obra da natureza, o homem. Porque, pela arte, é criado aquele grande Leviatã a que se chama Estado, ou cidade (em latim civitas), que nada mais é, senão um homem artificial, de maior estatura e força do que o homem natural, cuja proteção e defesa foram projetada” (HOBBES, 2002, pg. 15).

No entanto, a relação com a liberdade, é uma necessidade humana de buscar através de argumentos e atitudes uma relação mais livre possível na esfera social. A pergunta é: liberdade para que? Ou ainda existe qualquer possibilidade de ser livre em uma sociedade de classes?

Esta questão vem sendo discutida em várias áreas da filosofia, psicologia, história e outras ciências que formam a maneira de pensar do homem através dos tempos. Mas ser livre é um desafio, já que as correntes da escravidão social são muito mais pesadas que as correntes que prenderam os negros africanos nas colônias das Américas durante o período da colonização que se iniciou no século XVI e percorreu vários séculos.

“Só um olhar externo ao próprio direito pode lhe dar a sua exata dimensão. Visto de dentro, o direito é a ordem, e daí justiça é a ordem querida pelo direito. Esta ordem, dentre outras resultados mais, é a propriedade inabalável, erga omnes, mesmo que injusta.” (MÁSCARO, 2003, pg. 35).

Esta busca de liberdade vem sendo mascarada na modernidade pelo poder de compra e o ir e vir de qualquer lugar. Porém, é necessário salientar que isso não é liberdade e sim uma escravidão do sistema que ideologicamente diz ao homem moderno o que ele tem que usar e  onde tem que ir para ser feliz, tanto é verdade que até na literatura se pode observar a influência do sistema e falta de liberdade. Os livros mais vendidos nos dias atuais no Brasil são livros de alto ajuda ou livros voltados a ensinamentos religiosos, ou seja, que conduzem os “escravos” a uma vida livre e feliz dentro da senzala do consumismo e na forma de se comportar perante Deus e os homens.

A questão é tão séria que até as escolhas profissionais, ou seja, a profissão que a pessoa exercerá em sua vida, está ligada às possibilidades de mercado, quer dizer oferece ou não dinheiro. Isso é liberdade? A escolha profissional é também escrava do sistema.  A pergunta que eu sempre me faço é: até onde as pessoas se vendem, pois a compra de suas vidas vai além da busca da liberdade. “O fato de que minha decisão é causada – insiste o determinista absoluto – significa que a minha escolha não é livre” (VÁZQUEZ, 2005, p. 121).

Pensando dentro da modernidade, a segunda Revolução Industrial, marcou a mudança na vida social dos países que se industrializaram, já que o capital, ou seja, o poder de comprar dirigirá a vida dos indivíduos que só tem a sua força de trabalho como objeto de venda, possibilitou uma escravidão ainda mais tirana e sangrenta da liberdade, já que para sobreviver tenho que me sujeitar às vontades de uma elite econômica que vai direcionar o meu pensamento, a minha formação e a minha vontade, posso afirmar que com isso a liberdade está morta dentro da sociedade de classes.

No entanto, pensar assim não é bom para o sistema capitalista que é o maior responsável nos dias de hoje pela perda de liberdade. O que se faz então é proporciona teorias que levam as massas a acreditarem que são livres e tem a opção de escolha, ainda pior que conduzem de verdade a sua vida e seu pensamento. Esta triste ilusão é a forma menos cruel de suportar a violência física e psíquica que aflige nossa sociedade. “O conhecimento e a atividade prática, sem os quais a liberdade humana não existiria” (VÁZQUEZ, 2005, p. 131).

A relação com o conhecimento deveria ser a maior ferramenta para se encontrar a liberdade, no entanto, ate a formação intelectual e guiada pela elite pensante que produz as grades curriculares dos cursos, ou seja, define o que se deve estudar, e para que estudar. Sendo assim, o conhecimento também sofre com a falta total ou parcial de liberdade de se criar algo novo, e sim se limita a reproduzir as necessidades da sociedade de classe. Tudo de diferente que é criado serve para sustentar uma necessidade de mercado, ou seja, para garantir mais dinheiro ao determinado grupo. Este dinheiro e revertido em a dominação e limitação das massas que formam a nossa sociedade.

Bibliografia

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez, ética, Ed Civilização Brasileira, 2005, São Paulo, SP;

MÁSCARO, Alysson Leandro, Filosofia do Direito e Filosofia Política, Ed Atlas, 2003, São Paulo, SP;

HOBBES, Thomas, Leviatã, Ed Martin Claret, 2002, São Paulo, SP;


Autor: Wanderson Boareto


Artigos Relacionados


Ética Na Educação

Ponto De Vista

RelatÓrio: O Existencialismo De Sartre

Mas Que Diabos é A Liberdade?

Relatório: A Construção Consciente Do Homem

Liberdade E Autonomia

Liberdade: Busca Ou Realidade?