E AGORA? COMO ESCOLHER O CANDIDATO CERTO



            Gurupi conta atualmente com uma população residente de 71.413, segundo o último censo do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. De um total de 123 candidatos, serão escolhidos treze vereadores como representantes na Assembléia legislativa, que fiscalizará a administração de uma receita orçamentária de quase 72 milhões (dados de 2009).

             Essa representatividade quase sempre é contraditória aos anseios dos cidadãos e cidadãs que vivem, trabalham ou somente estudam nesta cidade. Como você acha que essa treze pessoas irão representar mais de 75 mil (somado com uma estimativa da população flutuante – os estudantes e trabalhadores de Gurupi que moram em outras cidades)? Quais os interesses essas pessoas que colocaram os seus nomes a uma vaga no Legislativo vão defender?

             A grande dificuldade é que em nosso sistema político é bastante difícil cobrar dos eleitos os compromissos e promessas feitas na campanha eleitoral. Corre-se o risco de se passar um ‘cheque em branco’, e em outras palavras, podemos comparar a uma compra que pagamos primeiro (através do voto) para só depois receber o produto (o compromisso do vereador eleito), eleição é uma compra com pagamento antecipado.

             O vereador eleito poderá fazer o que quiser, defendendo seus próprios interesses, ou os interesses de grupos privados, deixando para traz o que fez votar nele. É um sistema político que foi planejado para garantir os interesses da elite e protegê-la das cobranças da população.

             Essas regras do jogo político precisam ser mudadas, e isso só será possível através de uma reforma política. Um novo sistema democrático que possa oferecer uma maior controle social sobre os mandatos dos(as) vereadores (as) e prefeito (a). Sei que não será tarefa fácil e muito menos possível nestas eleições que se aproximam, mas é uma reforma necessária e deve iniciar o mais rápido possível.   

             Escolher treze nomes entre 123, não é tarefa fácil, até porque você só poderá escolher um nome. Como então o eleitor deve escolher o candidato ideal? Gostaria de dar algumas sugestões.

             O primeiro critério que acho bastante interessante é a participação e o compromisso do candidato com alguma associação, entidade ou movimento que possa expressar as necessidades e direitos de um grupo de minorias. O envolvimento com esses grupos não pode ser apenas no período eleitoral, o candidato deve ser um participante ativo desde antes das eleições.

             Outro ponto importante a ser analisado é o nível das promessas dos candidatos, têm alguns deles que nem sabem das reais atribuições da Câmara Legislativa, que é a de criar leis; analisar e aprovar o Orçamento; além de fiscalizar os atos do executivo (prefeito/prefeitura). Isso só é possível por meio de pessoas preparadas e capazes de atuar com competência nestes temas.

             Uma boa medida é analisar por qual partido político o candidato está concorrendo, até mesmo a coligação a qual faz parte. Tem candidato que omite a própria legenda, isso não é à toa. É necessário avaliar o partido e optar por àquele que você mais se identifica. Ao escolher a pessoa sem analisar o grupo pelo qual ele faz parte você estará passando um ‘cheque em branco’ para uma organização que depois se voltará contra os seus propósitos e os da comunidade.

             A Câmara Municipal é um espaço de bastante disputa, lá se decide muita coisa que afeta diretamente as nossas vidas. Tem projetos de lei importantes a serem votadas que muitas das vezes não o são porque parte dos vereadores bloqueiam a sua aprovação, motivados pela defesa de privilégios ou interesses de grupos específicos.

             É o que denominamos herança elitista, e tem que ser abolida do meio político, o bom candidato é aquele que defende e cobrará transparência tanto no legislativo como no executivo, àquele que vai forçar a abertura, na prática, para a participação popular, e para isso é necessário informação dos poderes constituídos, o que nunca ocorre ou quando acontece é de forma capenga. 

            Não há duvida de que dá muito trabalho participar das ações na câmara e na Prefeitura, por isso, não é trabalho que deva ser feito de forma individual e isolado. É para isso que serve a cidadania organizada, as entidades e movimentos. Como por exemplo, os Conselhos Municipais (da saúde, da criança e do adolescente, meio ambiente, etc.). Eles estão funcionando em sua cidade? O atual prefeito e vereadores incentivam essa prática? Se não, porque?

            Lembre-se: não deixe de votar (anular ou cancelar o voto é pior), mas o mais importante do que votar é não deixar que os outros ocupem o seu espaço como cidadão... 


Autor: Heráclito Ney Suiter


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