Estudante Empreendedor



Uma das primeiras perguntas que faço aos meus alunos, na faculdade, é: “por que você está estudando?” ou “o que te motiva a estudar?”

As respostas variam: desde a falta de opção até a realização profissional, mas a tônica é a mesma e gira ao redor do “ter um bom emprego!”

É claro que o processo das perguntas e das respostas é mais dinâmico do que se pode expressar num breve texto, como este. Mas no transcurso do diálogo em que faço perguntas e ouço respostas desenvolvo algumas considerações e concluo com uma advertência. “Àqueles que estão aqui para, ao concluir este curso, arrumar um bom emprego, lamento dizer mas podem pegar seu material e ir para casa. Não quero ser professor de vocês. Portanto, quem está estudando para arrumar emprego, está dispensado das minhas aulas. Aliás, pode trancar a matricula”

Feitas estas considerações, é claro que os alunos além de ficarem chocados, criam um pequeno tumulto dentro da sala. E, evidentemente, pedem explicações. E pedem explicações argumentando: “Todos dizem e todos os professores afirmam que devemos estudar, porque só você vem nos desencorajar?”

Preciso de um grande esforço de eloquência para, não só conseguir silêncio, mas para justificar minha orientação. Depois de um tempo, quando a ordem se impõe sobre o tumulto, retomo a palavra: “Não estou dizendo que não se deva estudar. Mas também não estou brincando. Minha orientação é séria: todos os que estão aqui, estudando para arrumar um bom emprego, estão perdendo seu tempo”. E em seguida, dou meus motivos. Faço, então, uma brevíssima análise da conjuntura econômica.

Primeiro mostro que a economia não cresce na mesma velocidade em que aumenta a população. Anualmente entram milhares de jovens no mercado de trabalho, mas as empresas não criam, na mesma proporção tantos postos de trabalho. Daí que não precisa ser gênio para saber que se tem mais gente procurando emprego do que vagas oferecidas o numero de desempregados tende a crescer. Mesmo ocorrendo aposentadorias e falecimento de trabalhadores, o numero de ingressantes no mercado de trabalho é maior do que o potencial econômico. Portanto não há emprego para todos e a tendência é de aumento do desemprego. Quem deseja “se dar bem na vida” tem que criar outras alternativas.

Depois acabo dizendo que não existe “bom emprego”. Na verdade qualquer trabalho é bom, desde que nos realizemos nele; desde que gostemos do que fazemos. Claro que todos devemos nos empenhar para melhorar nosso ganho, mas não adianta nada receber um “rio de dinheiro” por mês, se diariamente sofremos e não nos realizamos naquilo que estamos fazendo. O ideal, portanto, não é ganhar milhões, mas realizar-se no trabalho e, se possível, ganhar milhões fazendo-se o que se gosta. Quanto mais gostamos do que fazemos mais nos dedicamos ao trabalho e a recompensa financeira quase sempre virá como consequência, pois a realização profissional acaba nos levando para a realização econômica.

Um terceiro elemento a ser considerado é o fato de que a pessoa que estuda para ser empregado está confessando que deseja ser subordinado. Está confessando que lhe falta a capacidade da iniciativa. Falta-lhe a capacidade do empreendedorismo. E num mundo em que cresce o desemprego, há espaço não para quem deseja ser empregado, subordinado, mas para quem deseja criar oportunidades de trabalho ou alternativas de produção. O mercado de trabalho cobra capacidade de iniciativa e não de subordinação.

Trata-se portanto de um problema de mentalidade, de cultura. Muitas escolas e muitos professores dedicam sua capacidade de ensino não em desafiar o estudante para que seja criativo, inventivo, empreendedor, mas para que seja submisso, repetidor de tarefas, dependente. Assim sendo, se as escolas e os mestres não ensinam a superar desafios os estudantes aprenderão que seu destino é o emprego. Faz-se, portanto, necessário quebrar os modelos. Romper os paradigmas. Como se faz isso? Desafiando os jovens. Aprende-se mais com os desafios do que com as respostas prontas. Só tem sucesso quem sabe enfrentar – e tirar vantagem – dos desafios. As grandes descobertas e realizações não foram feitas pelos submissos, mas pelos que foram capazes de apostar no irrazoável.

Então refaço meu discurso das primeiras aulas. Quem está estudando para arrumar um bom emprego, deve parar de gastar dinheiro, pois sua motivação está condenada ao fracasso, pois baseia-se num equivoco. Por isso, antes de ficar investindo no insucesso, vá procurar o tal emprego. Deve procurá-lo  enquanto tem algum por aí. Mas quem deseja sucesso na vida profissional deve estudar, não para ser empregado, mas para inventar o sucesso criando novas oportunidades.

E você, o que move a tua vida? Você busca o emprego ou o sucesso?

 

Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Rolim de Moura – RO

 

 

 

Texto do governador

fazer trabalho educacional sem recursos

heroísmo dos professores negligência do pode público

 

Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Rolim de Moura – RO

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Autor: Neri P. Carneiro


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