Defendendo Interesses



Defendendo interesses 

Não há quem não o faça. É próprio do ser humano. Toda ação humana tem essa característica: defender os interesses. Fazemos o que fazemos porque, com isso, defendemos os nossos interesses.

Porque estou falando disso? Porque estou defendendo meus interesses... que, são os mesmos de inúmeros outros professores. Estou, portanto, defendendo nossos interesses.

Ocorre que os meios de comunicação – claro que em matéria paga pelo governo – apregoa a prioridade da educação. São inúmeras as chamadas institucionais falando sobre a importância do professor e dos inúmeros programas favorecendo os estudantes. E com isso constatamos: muito gasto feito em nome da educação. Mas isso ocorre sem consultar quem de fato está no dia a dia da escola. Tudo é feito de forma massificada, como se o Brasil todo fosse uma só realidade, como se não houvesse situações e necessidades específicas.

Por isso podemos dizer que há muito gasto e pouco investimento em educação. O gasto é despesa, é um peso no orçamento; o investimento é uma aposta no futuro. E, como se gasta muito, com pouco investimento, nosso futuro é duvidoso, incerto... não por ser futuro – e todo futuro é incerto – mas porque sem investimento sério, mata-se as expectativas dos jovens que estão começando a construir seu futuro...

E o que se diz relacionado aos estados e municípios, aplica-se também à esfera federal. O governo federal, que devia apostar nas universidades federais, faz propaganda do dinheiro destinado às instituições particulares. E isso no mesmo período em que os professores das universidades federais – de todo o país – fazem greve em defesa de melhores condições de trabalho, por mais investimento nas universidade, por melhores condições salariais...

Então, o que vou dizer equivale a afirmar que o poder público não prioriza a educação. É dizer que o discurso do poder público é um engodo para amaciar a consciência da população.

O que vou mostrar, agora, me vaio pela internet. É possível que você já tenha até lido a mensagem que circulou por e.mail com o título de “aula de matemática”. Começou a circular quando o governo federal anunciou o piso salarial dos professores.

O e.mail propõe alguns problemas de matemática. Preste atenção, depois a gente conversa!

“Problema nº1

Um professor trabalha 5 horas diárias em 5 salas com 40 alunos cada. Quantos alunos ele atenderá por dia? Resposta: 200 alunos dia. Se considerarmos 22 dias úteis. Quantos alunos ele atenderá por Mês? Resposta: 4.400 alunos por mês.

Consideremos que nenhum aluno faltou (hahaha) e, que cada um deles, resolveu pagar diariamente ao professor R$ 0,80 (oitenta centavos) do dinheiro da pipoca que seria comprada na hora do lanche. Quanto seria a fatura do professor por dia? Resposta: R$ 160,00 reais diários.

Se considerarmos 22 dias úteis, a serem trabalhados por mês, quanto será faturamento mensal do mesmo professor? Resposta: Ao final do mês ele terá faturado R$ 3.520,00.

Problema nº2

O piso salarial estabelecido para os professores é de R$ 1.187,00 reais, para o professor atender 4.400 alunos mensais. Quanto o professor fatura por cada atendimento? Resposta: aproximadamente R$ 0,27 (vinte e sete centavos) mensais – acham que valemos menos que um pacote de pipoca...

Problema nº3

Um professor de padrão de vida simples, solteiro e em atividade numa cidade do interior, tem as seguintes despesas mensais fixas e variáveis: Sindicato: R$ 12,00 reais; Aluguel: R$ 350,00 reais (pra não viver confortável); Água/energia elétrica: R$ 100,00 reais (usando o mínimo); Acesso à internet: R$ 60,00 reais; Telefone: R$ 30,00 reais (com restrições de ligações); Instituto de previdência: R$ 150,00 reais; Cesta básica: R$ 500,00 reais; Transporte: sem dinheiro; Roupas: promocionais (mas já está sem dinheiro...)... Quanto um professor gasta em um mês? Resposta: R$1202,00 Qual o saldo mensal de um professor? Resposta: R$ 1202,00 – R$ 1187,00 = saldo devedor de R$ 15,00...”

Agora pense um pouco: quanto custa a propaganda sobre educação, na TV? Quanto se perde nos ralos da corrução e das falcatruas de deputados e senadores que “metem a mão” no dinheiro destinado aos serviços públicos? E, por outro lado, já pensou como seria o aprendizado dos alunos se os professores pudessem se dedicar somente à pesquisa e ao ensino, sem ter que dobrar horários para completar a renda mínima?

Portanto, quando os professores fizerem greve, cobrarem melhores condições de trabalho, exigirem leis que priorizem a educação.... vê se presta atenção no que estamos falando e não fica ai se deixando levar por quem está prejudicando seu filho. Lembre-se, somos seus aliados, nosso trabalho é pelo seu filho.

Os inimigos estão do outro lado... nosso interesse é trabalhar e receber dignamente por isso...

Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador.

Rolim de Moura - RO

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Autor: Neri P. Carneiro


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