MINERAIS UTILIZADOS PARA A FABRICAÇÃO DE FERTILIZANTES AGRÍCOLAS



MINERAIS UTILIZADOS PARA A FABRICAÇÃO DE FERTILIZANTES AGRÍCOLAS 

Mariana Novaes

Graduanda em Engenharia Agrícola e Ambiental

Juazeiro - Ba

 

Desde 1855 o alemão Justus von Liebig provou que os minerais essenciais para as plantas, provinham do solo, em sua maioria.  Postulou a Lei dos mínimos provando que solos que apresentam deficiência em algum desses minerais, limitam o crescimento da planta, mesmo com abundância dos demais, podendo ser corrigidos por adubação ou uso de fertilizantes.

Os fertilizantes estão definidos na legislação brasileira, conforme Decreto nº 86.955, de 18 de fevereiro de 1982, como “substâncias minerais ou orgânicas, naturais ou sintéticas, fornecedoras de um ou mais nutrientes das plantas”. Os fertilizantes têm como objetivo principal devolver nutrientes já absorvidos pelas plantas e que não são restituídos ao solo para assim aumentar a capacidade de produção das plantas.

Segundo Francisco Rego C. Fernandes, no Brasil 60% das organizações agropecuárias não empregam qualquer tipo de fertilizante. Sendo que mais de 50% dos fertilizantes consumidos no país são importados. Fertilizantes estes que são responsáveis por cerca de 30% das emissões de gases do efeito estufa da agroindústria. Diante desse cenário, fica claro a importância de se estudar as rochas como uma fonte alternativa e de baixo custo para a fabricação de fertilizantes, logo que dispõem dos macronutrientes[1] e micronutrientes2 essenciais para as plantas.

Os macronutrientes utilizados para a fabricação de fertilizantes são: Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S).

1. Nitrogênio:

O Nitrogênio é o único os macronutrientes que não provém de fonte mineral. Sua utilização na produção de fertilizantes provém de fontes orgânicas (Guano e Turfa) e inorgânicas (NaNO3 obtido a partir do gás natural ou derivados do petróleo).

2. Fósforo:

De acordo com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) as reservas brasileiras de rochas fosfáticas estão concentradas principalmente nos Estados de Minas Gerais com 67,9% desse total, seguido de Goiás com 13,8%, São Paulo com 6,1%, que juntos participam com 87,8% das reservas do País. O restante está nos Estados de Santa Catarina, Ceará, Pernambuco, Bahia, Paraíba e Tocantins, e entre outros estados como, Maranhão, Piauí, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte com possibilidades possíveis verificadas por trabalhos e pesquisas realizadas.

Os produtos obtidos através das rochas fosfatadas, principalmente a apatita, são os superfosfatos [Ca(H2PO4) . H2O + CaSO4 . 2H2O], termofosfatos e fosfatos aciculados com composição variada. Dentre estes, os termofosfatos apresentam melhores resultados logo que são insolúveis em água, mas solúveis em solução do solo, o que dificultaria o escoamento do íon fosfato, micronutrientes como o magnésio podem ser incorporados diretamente ao termofosfato. A desvantagem do termofosfato é que para sua produção demanda-se alto gasto energético e econômico, devido à falta de investimento em tecnologias mais baratas.

O aumento do mercado consumidor de fertilizantes fosfatados no Brasil é muito superior ao que se produz. A tímida participação brasileira na produção de fosfato deve-se ao monopólio das grandes empresas que controlam a extração do minério e sua distribuição aos agricultores. Porém segundo análise do DNPM, o governo está exigindo dos grandes grupos investimentos em pesquisas para melhorar a extração das reservas brasileiras já descobertas em nome do interesse nacional. Projeta-se que em cerca de quatro ou cinco anos o país já será auto-suficiente nesse mineral, podendo o Brasil vir a se tornar um exportador.

3. Potássio:

Os solos brasileiros são genuinamente pobres em potássio. Como o potássio é um dos principais elementos da cadeia de NPK, vê-se necessário a busca por fontes alternativas para a fabricação de fertilizantes. Segundo Oliveira & Souza oficialmente as reservas de sais de potássio no Brasil são de cerca de 14,5 bilhões de toneladas na forma do minério silvinita, uma mistura de silvita (KCl) com halita (NaCl), e do mineral carnalita (KCl . MgCl2 . 6H2O). Essas reservas ficam nos Estados de Sergipe e Amazonas. Há também uma pequena reserva no Estado do Tocantins.

A jazida em Sergipe pertence à Companhia Vale, única a apresentar números significativos na extração mineral do potássio no Brasil. Como sua produção não é suficiente para suprir as necessidades nacionais isso provoca um déficit considerável no mercado brasileiro, logo que o Brasil precisa comprar potássio. O Brasil é atualmente o terceiro maior comprador de K do mundo.

Segundo Francisco Rego C. Fernandes espera-se que até 2030 exista uma considerável diminuição na dependência das culturas brasileiras aos exportadores de potássio, através de investimentos em tecnologias capazes de extrair o potássio que se encontra em profundidade nos locais citados acima e que pesquisas agronômicas possibilitem a diminuição do consumo dos fertilizantes potássicos, aumentando o aproveitamento dos fertilizantes aplicados.

 4. Enxofre

O ácido sulfúrico e o enxofre elementar, utilizados como fertilizantes para as plantas são em maioria obtidos através dos rejeitos metalúrgicos e dos combustíveis derivados de petróleo, porém assim como no caso do potássio, o Brasil não apresenta números significativos na produção de enxofre. Em 2005 foram importados aproximadamente 1,8 milhões de toneladas de enxofre, a um custo superior a US$ 100 milhões.

Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral, o enxofre também é obtido através da extração de sulfeto de cobre, zinco e ouro, com a concentração de enxofre variando de 1,56% indo de até 8,62%. No sul do país o ácido sulfúrico e o enxofre elementar estão sendo obtidos através dos rejeitos produzidos pela intensa utilização da queima do carvão mineral, para fins energéticos ou metalúrgicos. Um dos rejeitos formados é a pirita (FeS2) que apresenta 53% de S em sua composição. A utilização dos rejeitos do carvão mineral também minimiza a formação de drenagens ácidas, um dos mais graves impactos ambientais associados à utilização do carvão mineral.

 5. Cálcio e Magnésio

Nos solos brasileiros, a quantidade de cálcio disponível é o suficiente para as necessidades das plantas, porém como são, em sua maioria solos ácidos para o desenvolvimento vegetal, necessitam então do uso de cálcio para a correção do pH do solo e não para a produção de fertilizantes. Os insumos mais comumente usados nesse processo são calcita (CaCO3), dolomita [CaMg(CO3)2] e a gipsita (CaSO4.2H2O).

 Segundo Rezende o magnésio além de ser um dos condicionantes para o controle do pH ideal do solo para as plantas é também bastante fundamental para a fabricação de fertilizantes, logo que os solos brasileiros não apresentam a quantidade de Mg2+ necessários para as plantas. A prática mais comum de suprir a deficiência de magnésio em um solo é utilizar calcário magnesiano, ou calcário dolomítico, no processo de calagem que tem como objetivo eliminar a acidez do solo e fornecer suprimento de cálcio e magnésio para as plantas.

 

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

REZENDE, Nélio das Graças. Insumos Minerais para Agricultura e Áreas Potenciais nos Estados do Pará e Amapá – Belém: CPRM, 2001.

RIBEIRO, L. Paulo César. Fábrica de fertilizantes nitrogenados e produção de etanol no norte Fluminense. Biblioteca digital da câmara dos deputados. Brasília – DF, 2007.

FERNANDES, Francisco R. C. LUZ, Adão, CASTILHOS, Zuleica C. Agrominerais para o Brasil.  Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2010.

REVISTA CAATINGA, Uso do gesso mineral em latossolo cultivado com cana de açúcar. Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Mossoró – RN, 2007.

RAVEN, Peter H.; EVERT, Ray Franklin; EICHHORN, Susan E. Biologia vegetal. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

OLIVEIRA, L.A.M. DE; SOUZA, A.E. (2001) Balanço Mineral Brasileiro 2001: potássio.

Disponível em:  http://www.dnpm.gov.br/assets/galeriadocumento/balancomineral2001/potassio.pdf

Departamento Nacional de Produção Mineral. Disponível em:

https://sistemas.dnpm.gov.br/publicacao/mostra_imagem.asp?IDBancoArquivoArquivo=4003

Artigo disponível no site:

http://www.cetem.gov.br/publicacao/serie_anais_XV_jic_2007/Bernardo.pdf

Artigo disponível no site: http://seer.bce.unb.br/index.php/geografia/article/view/3077/2674

http://www.igc.usp.br/index.php?id=308

http://www.agrolink.com.br/fertilizantes/Adubos.aspx

http://www.magnesita.com.br/minerais/oxido-de-magnesio

 http://www.lapes.ufrgs.br/discpl_grad/geologia1/peroni/apostilas/5mineralogia_2003.pdf

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fertilizantes/fertilizantes.php

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S01006832003000200016&script=sci_arttext

http://www.petrobras.com.br/pt/produtos/para-o-seu-negocio/industrial/

http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/canadeacucar/arvore/CONTAG01_34_711200516717.html 

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