FATO DINÂMICO EXISTENCIAL



Nem é preciso dizer que o nosso cotidiano encontra-se esfacelado, dividido ou fragmentado pela dimensão temporal que, por sua vez, é uma dimensão imposta, primordialmente, a toda e qualquer simplicidade psíquica (ESI) que, criada para desenvolver-se paulatinamente, será submetida às provas do Tempo-Evolução, ou seja, pela natureza mesma das coisas, encerradas que estão nas circunvoluções rotacionais e translacionais do orbe terreno. 

Tais imposições criaram, e criam, em nosso psicológico, a falsa noção de que o tempo existe, e, chegamos mesmo a afirmar que a sua existência é real, conquanto tratar-se de uma criação estritamente psicológica, ou seja, estabelecida em função do que se nos impõe desde o nosso surgimento neste mundo. Dir-se-ia, entretanto, e, paradoxalmente, que somos a criação divina que gerou o tempo, seja ele passado, presente ou futuro. 

Eis o que somos: a geração do tempo. Vivemos pelo, e, em função do tempo, conquanto tratar-se de uma dimensão estritamente psicológica, inexistente e, portanto: irreal. Noutras palavras: o tempo existe no paradoxo de sua inexistencialidade. 

Assim, desde a nossa mais ínfima condição psíquica, de Espíritos Simples e Ignorantes (ESI), até atingir a nossa mais pura e distante condição de Espíritos Puros e Conscientes (EPC), isto é, dotados de uma consciência inimaginável aos nossos atuais padrões de entendimento, o Espírito consolida uma longa viagem pelo tempo, evoluindo e progredindo incessantemente, pois que a Evolução caracteriza-se como o maior de todos os fenômenos universais, como a Lei de todos os mundos, de todos os sistemas estelares que formam as galáxias, as nebulosas desconhecidas de nossas mentes juvenis.

Todavia, reafirmando o anteriormente exposto, quero crer que, realmente, o tempo não existe, ou melhor, o passado e o futuro não existem, pois o que se destaca de nossas vidas é o presente existir, nos assegurando que o passado já passou e que o futuro ainda está por se dar, por acontecer, se é que acontecerá.

Portanto, tudo quanto laboramos, nós o fazemos no presente instante de nossa existencialidade. Seria tal como se o passado não tivesse uma existência própria e específica. Tudo quanto existe no que se refere a tal, são simplesmente marcas ou lembranças de nossas experienciações, de tudo quanto fora do nosso labor, da nossa atividade, do nosso trabalho, em suma, do nosso existir.

E, quanto ao futuro, este só existe em sua virtualidade, como algo potencial e como conseqüência dos presentes instantes, dos exercícios e dos procedimentos ora perpetrados. E, por isso, o futuro, como conseqüência do presente, que tornar-se-á passado, terá de ser vivido e experienciado em outro presente, ou seja, em outra situação do nosso presente mesmo e pelo bem mesmo de nossa sabedoria e mais alta espiritualidade.

Ratifico, portanto, que: 

Tudo quanto existe, para todos nós: Espíritos presos à gleba terrena, ou dela desenfaixados, só houvera ou haverá de verificar-se a um tempo presente, e nunca noutro tempo: passado ou futuro. 

Ora, até mesmo o passado, que já se desfizera com o seu passamento, fora vivido e experienciado a um tempo que, existencialmente, fora um tempo presente em nós mesmos; e mesmo o futuro, por sua vez, também haverá de acontecer a um tempo que, em nossa captação psíquica, será da mesma forma presentemente vivido e experienciado.

Ou seja: o dia de ontem acontecera a um tempo presente em mim mesmo; e, à noite, quando estivera adormecido pelo sono, eu estivera adormecido, também, a um tempo presente; e, o dia de hoje, quando acordo, me abasteço com o café da manhã e saio correndo para as labutas do trabalho profissional, também só o faço a um tempo da dinâmica presentemente vivida e experienciada.

Pode-se, pois, repisar, afirmar e reafirmar, que o tempo presentemente vivido e experienciado nada mais é que uma dinâmica de nós mesmos, um movimento entre o passado e o futuro que não existem por si mesmos, porquanto só acontecem e se verificam ao âmbito, repito, de um presente estado de existencialidade. 

Portanto, filosoficamente expressando, e, por sua transcendência aos tempos passados, e mesmo aos tempos futuros, dir-se-ia que: 

-O Espírito É o existir, ou seja: o fato dinâmico existencial. 

E, com isso, pergunta-se: 

Onde está o passado? Onde está o futuro? 

Filosoficamente, ou mesmo cientificamente, respondo: 

Eles estão dentro de nós mesmos e como conseqüências de nós mesmos pelos atos presentemente praticados em nossa infindável existencialidade.

Autor: Fernando Rosemberg Patrocínio

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