Submissão Da Besta
SUBMISSÃO DA BESTA
De onde vens,
Ignóbil criatura?
Quem és tu,
Nefando ser,
Que em meus delírios
Mais violentos
Apenas a ti contemplo?
Qual o ventre que,
Em meio a abomináveis contrações
Teve a má sorte de gerar-te?
Existirá,
Sobre a superfície deste planeta,
Criatura tão miscigenada,
Tão digna de pena?
Digo pena,
Quando qualquer outra definição
Cheia de asco
Encaixa-lhe soberbamente?
O corpo,
Tens o daquele que,
Ao rastejar,
Trouxe desgraça a uma raça.
A bocarra,
Que de tão pestilenta
Mantém escancarada,
Pela ferocidade
E volúpia assassina
Lembra a do animal
Que usa a coroa.
Os olhos
Mantêm vazios de qualquer expressão
Excetuando o ódio,
Lembrando os daquelas criaturas
Que, ao fazer das trevas seu habitat,
Tudo inverte.
Encimando a abjeta cabeça
Apresenta cornos,
A exemplo daquele
Que é hoje usado
Em rituais do mal.
Mas eu tenho a Espada Flamejante
Aquela que selou a passagem
Quando o mal se fez.
E com ela esmagarei
Aquele que a Senhora do Manto Estrelado,
Um dia, esmagou sob seu calcanhar.
Com a Espada
Transformarei o selvagem rei
Em dócil felino
Tal qual fez aquele
Que, em fenda cavada na rocha
Transformou-os em doces servos.
Com a Espada
Farei luz onde existiam trevas
E cegarei tão estranha criatura.
Com a espada
Deceparei os cornos dessa besta
E a transformarei em símbolo
Do que há de mais puro
Por que tenho em minhas mãos
A Espada Flamejante.
Autor: Carlos H.O. Filipe
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