Tecnologia: Elemento Essencial No Desenvolvimento Educacional Do Educando. Por Que Resistir?



Mestranda: Clenice Paulino da Silva Batista

Desde os tempos remotos (do homem da caverna) que o ser humano sente a necessidade de mudança; é o que acontece com a nossa sociedade hoje, momentos marcados por profundas contradições, onde ao grande desenvolvimento científico e tecnológico se opõem os reflexos de uma grave crise econômica, política, social e ecológica que atingem dimensões planetárias. Em meio a essa crise generalizada está a nossa educação, que sofre historicamente problemas estruturais e metodológicos pela aparente incapacidade de acompanhar o desenvolvimento científico e tecnológico. Mas, como fazer dessa importante ferramenta que nos causa medo nossa aliada?

Costuma-se definir tecnologia como uma técnica avançada resultante do conhecimento científico. Uma técnica é qualquer instrumento que amplie o domínio da humanidade sobre a natureza; e moderna que tem íntimas relações com as ciências. É por esse motivo, pelo intenso uso da ciência e da tecnologia, que se fala em “revolução técnico-científica”, para designar a Terceira Revolução Industrial. É a passagem do fordismo para o pós-fordismo, também denominado capitalismo social.

Mesmo sabendo o rumo que devemos seguir, o caminho não é simples assim, já que convivemos com os contrastes decorrentes de uma sociedade que convive cada vez mais com paradoxos. Vivemos níveis de acesso a informação/conhecimento que vão desde os tempo antigos até concepções delirantes de um presente e um futuro tecnologicamente sofisticado. Em uma realidade em que personaliza o conhecimento e se valoriza o autodesenvolvimento, tendo como alicerce a tecnologia.

A centralização do conhecimento (conteúdo) dentro de uma perspectiva acumulativa de informações e o modo metodológico do educador, tem sido o eixo da resistência a qualquer tipo de enfoque inovador. Mesmo com o poder da mídia e avanço das comunicações, ainda existem grupos culturais que resistem ao processo de globalização, através da manutenção de costumes, religiões e da luta por autonomia.

A prática educativa atual tem sua dimensão sobre a concepção de educação voltada para ensinar conteúdos, partindo da premissa que a retenção a qualquer custo de informações, como se cada ser humano fosse uma enciclopédia ou um banco de dados, cabendo ao educador/professor a tarefa de injetar o máximo possível de informação nos iniciados, preparando-os para corresponderem a um modelo preestabelecido pelo contexto social onde se insere.

Diante desse novo mundo virtual é preciso que a educação caminhe em passos não muito lento, os adolescentes estão aí cheios de informações. Já que o discurso hoje em educação é formar um aluno crítico reflexivo, que seja capaz de participar de mudanças na sociedade, ajudarem sua comunidade a posicionar-se criticamente frente às situações problemas que surgem no seu dia-a-dia.

Sabemos que se tratando da tecnologia há resistência em adaptação, principalmente nas nossas escolas, no nosso sistema educacional, onde deveria ser diferente. Existe os contra e os afavores, como lado positivo e negativo da história tecnológica.

– Em plena era da informática, existem pessoas que preferem continuar vivendo sem os equipamentos eletrônicos, vejamos alguns casos:

“Nós criamos as pessoas treinando-as para amar as máquinas e usar as pessoas. Isso é terrível, é uma perversão da relação, do ser humano com outro ser humano e do ser humano com as ferramentas. Muitas crianças se relacionam bem com o computador e não se relacionam bem com outras crianças”.

“O celular só atrapalha, tem mania de tocar na hora errada, não uso, é interessante e vicia”.

“Notebook é complicado, não tenho paciência ao lhe dar com ele, prefiro lê um livro ou uma revista em vez de ficar horas em frente de um computador”.

Estudos atuais feitos por educadores destaca que o celular e o computador deixaram de ser objetos supérfulos para se tornarem instrumentos básicos e indispensáveis ao mundo moderno e globalizado, usados na dose certa ajudam até a diminuir a carga de estresse do dia-a-dia e até casos de depressão.

Pensar nos pontos positivos que a tecnologia exerce sobre nossas vidas é bem mais prático, como viver sem essas ferramentas tecnológicas nos dias atuais?

Vivemos uma realidade na qual somos contaminados por uma gama de informações de diferentes origens e de diferentes graus de integridade estrutural, fazendo com que os blocos de conteúdos se tornem voláteis e só permaneçam aqueles para os quais o indivíduo tenha desenvolvido estratégias especiais de absorção.

Em muitas escolas públicas o uso do computador ainda é uma realidade que está longe de acontecer. Há falta de investimentos dos órgãos institucionais, carências de investimentos em equipamentos tecnológicos com objetivos de se criar laboratórios de informação para a comunidade escolar. Em algumas escolas a quantidades de computadores é insuficiente para o número de alunos, e para um grande contingente de professores é algo que ainda incomoda. Observa-se que muitos docentes ainda tem resistência para utilizá-lo, não dominam o equipamento sentindo-se incapazes. Preparar os educadores para enfrentar o desafio é uma tarefa urgente, já que espaço escolar deve ser visto como espaço de mudança, onde o aluno possa ficar a par do que está acontecendo a sua volta, interagindo assim no processo ensino aprendizagem.

A internet é uma fonte diversificada de pesquisa com variedades de informações, por isso, é de grande importância que o corpo docente e discente da escola tenha clareza de qual o objetivo do uso do computador como um recurso pedagógico, e uma arma poderosa na construção do conhecimento.

Hoje, a quantidade e a fragmentação nos dados recebidos dos multimeios existentes exigem uma capacidade reintegradora em cada indivíduo, que só será desenvolvida se a relação ensino-aprendizagem se libertar de sua excessiva preocupação com o conteúdo e se encontrar no desenvolvimento de mecanismos mentais que estimulem este tipo de capacidade. E é no trabalho cotidiano que percebemos esse aglomerado de informações afetando a vida das pessoas, são mudanças constantes, percebemos a dificuldade de professores e professoras em convencer os alunos da necessidade de organizar o tempo e o espaço. Podemos assim afirmar que a tecnologia, também nosso modo de pensar modifica-se, absorvendo os mesmos mecanismos expostos pela modernização.

Obrigar a nossa geração aceitar uma metodológica arcaica é criar seres humanos para enfrentar os desafios oriundos de uma sociedade irreversível, que tem na tecnologia o principal recurso de libertação do homem. Também sabemos que toda tecnologia traz um receio inicial. Muitos professores assustam-se a deparar-se com a diferente linguagem dos adolescentes usadas na net, cabe ao orientador esclarecer que há um código para situações formais e outro para a comunicação on-line. Esclarecer também que os recursos tecnológicos podem e devem serem utilizados de forma eficaz e prazerosa, com os quais os alunos possam interagir, possibilitando o desenvolvimento do educando.

Sabemos que não basta ensinar uma linguagem de computador a cada movimento de mudança, mas sim, transmitir a lógica, deixando claro que as linguagens divergem na forma de estabelecer uma rotina de operação para um computador, mas que são essencialmente iguais no que se refere a sua estrutura estratégica. O que se percebe nos dias atuais é que a tecnologia coloca a disposição os meios necessários para a criação de vínculo entre cada indivíduo e o processo de ensino e aprendizagem contínua. Precisamos compreender que a educação contínua é uma questão pessoal de sobrevivência não podendo ser só imposta pelo sistema.

A escola, como fenômeno global que é, tem visto o seu desenvolvimento e afirmação fortemente influenciados pela localização dos países e das regiões no sistema mundial, como todos fenômenos globais, a escola tem uma raiz local. E nesse espaço de mudanças o educador precisa dar condições para que o indivíduo aprenda a dominar estratégias de soluções de problemas em vez de conteúdos específicos, prontos e inacabados, assim, ele estará não só respeitando a capacidade do educando, como também oferecendo condições para que ele saiba o que fazer diante das transformações ocorrida no seu cotidiano, sabendo como resgatar os elementos importantes relativos dos conhecimentos adquiridos. Ele aprenderá a aprender, e quando necessário a esquecer, descartando as informações que não lhe são mais úteis para a sua sobrevivência.

A tecnologia e as necessidades oriundas do meio já estão na nova concepção da sociedade e do indivíduo, deixando claro que o novo paradigma é irreversível. Por outro lado, o ser humano e o seu processo educativo continua vigente ao paradigma anterior com uma concepção linear.

Na verdade, não se escolhe o que é tecnologia boa ou ruim. No momento que o conhecimento é gerado as pessoas vão usá-lo da maneira que puderem e que acharem melhor. Ninguém sabe o resultado com antecedência, apenas há uma hipótese, mas não se pode deixar de continuar pesquisando e entendo as coisas dentro de princípios de precaução imperantes.

O que realmente sabemos, é que o mundo tornou-se pequeno, é possível ficarmos a par do que está acontecendo em outras cidades, estados, regiões, países e continentes, com imagens e comunicações dos recantos mais distantes do planeta, e a escola não pode ignorar esse círculo de mudança, assim, tendo a tecnologia cada vez mais ao nosso favor podemos ter um melhor desenvolvimento educacional em nosso país.



Clenice Paulino S. Batista
Autor: Clenice Paulino


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