PRÁTICA SEXISTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O PRECONCEITO INTRÍNSECO ÀS QUESTÕES DE GÊNERO



PRÁTICA SEXISTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O PRECONCEITO INTRÍNSECO ÀS QUESTÕES DE GÊNERO

 

Driele Isaura Aparecida Marques

Pós-graduanda do Curso de Psicopedagogia na FAINC – Faculdades Integradas Coração de Jesus

Graduada em Pedagogia na Universidade Anhanguera de Santo André

Professora na C.E.I. Iguaçu – Centro de Educação Infantil - em São Paulo

 

 

RESUMO

 

 Esta pesquisa consiste em refletir as práticas educacionais da Educação Infantil no que se refere à construção da identidade de gênero das crianças. Ela permeia pelos caminhos das práticas sexistas, do preconceito intrínseco à prática educacional e sobre o papel do profissional, o professor, em prol à extinção desses mecanismos de polarização e sujeição.

Diante dessas constatações este artigo tem como expectativa elucidar aos professores, alunos e a sociedade em geral que a escola, bem como a própria sociedade, deve ser um local neutro de transmissão mediada de valores, bons valores, e não uma reprodução diuturna de estereótipos que correspondem ao espectro social.

 

Palavras-chaves: Práticas Sexistas, Gênero, Educação Infantil, Equidade.

 

INTRODUÇÃO

 

Esta pesquisa provém da necessidade de se extirpar das salas de Educação Infantil a prática sexista. O preconceito de gênero é alimentado subconscientemente nas salas de aula quando, militarmente, determinamos que a menina que usa um vestido rosa deve brincar com a boneca, contrapondo o menino de bermuda azul que deve brincar com o carrinho. Este estudo tem o intuito de contribuir para a prática do Professor de Educação Infantil, a fim de que ele se posicione neutro e sem preconceitos diante dessas situações para que então formemos sujeitos completos e não meras reproduções determinadas. E ainda nos responde, o preconceito de gênero é alimentado através das práticas pedagógicas na Educação Infantil?

 

 

OBJETIVOS

 

Este trabalho visa analisar:

û  A presença do estimulo à prática sexista na Infância.

û  Expor a atual situação de incentivo ao preconceito de gênero a que a escola está sujeita.

û  Contribuir para a prática do professor da Educação Infantil, a fim de subverter o preconceito de gênero inerente.

 

 

A presença do estimulo à prática sexista na Infância

 

O cenário atual a que vemos o preconceito de gênero crescendo é um cenário um tanto teso, desde o nascimento meninas e meninos são expostos consciente e/ou inconscientemente à construção social determinante, em que em um conjunto, a sociedade, a escola e algumas vezes até a família contribuem para essa padronização que dita que meninos e meninas são diferentes, não só biologicamente, o que nos é óbvio, mas elevam uma diferenciação psicológica e filosófica, pois adentram as preferências e linhas de pensamento que cada qual deve seguir e basear seus comportamentos.

Quando na infância a mãe ou a tia presenteiam a menina em seu aniversário de 1 ano com uma linda boneca, ou ainda em seu aniversário de 3 anos com a cozinha rosa e toda equipada elas estão, talvez inconscientemente, incentivando ou dizendo entrelinhas que tal menina deva se preparar para no futuro ser mãe, esposa, dona de casa, e o mesmo fazem quando presenteiam o menino com bonecos fortes e másculos e carrinhos, já que no futuro a sociedade espera que ele seja uma reprodução desta força e coragem. Em um futuro será difícil cobrar destas mesmas crianças, que não assediem moralmente uma mulher que decida jogar futebol ou um homem que opte por ser cozinheiro, pois suas construções sociais foram imparciais quanto a isso, para eles essa estrutura é anormal e por isto não é aceita.

Por este motivo cabe a sociedade, aos pais, mas principalmente a escola apagar essas demarcações do que cabe aos meninos ou meninas, e assim trabalhar a equidade de gênero desde a infância.

 

 

 

 

Atual situação de incentivo ao preconceito de gênero a que a escola está sujeita.

 

 

Para quem acredita que o incentivo à prática sexista é uma exclusividade da sociedade, está enganado, a escola também faz parte desta cadeia de paradigmas o que é bem grave, já que a Educação Infantil consiste em ser um dos primeiros espaços com que meninos e meninas lidam com a educação formal e socializada, e o que aprenderem neste espaço não só levaram para suas vidas, mas fará parte da estruturação de seus valores e caráter.

É certo que esse incentivo à prática sexista pode não ser consciente, mas existe, e parte do maior instrumento de aprendizagem do processo educacional infantil, o professor. Através de minucias acometidas em seu comportamento, o professor pode, e estará insinuando que existe uma estrutura pré-determinada aos gêneros e que está deve ser seguida.

Isto ocorre quando o professor, por exemplo, determina que as plaquinhas na chamada que ficará afixada à parede devem ter cor azul para os meninos e rosa para as meninas, ou ainda quando estrutura os cantos, na sala de aula, em que subdivide os cantos com bonecas e panelinhas são para as meninas, e os cantos com carrinhos e bonecos másculos para meninos, e ainda quando faz a divisão das filas para a locomoção no prédio escolar, em que divide os meninos para um lado e as meninas para o outro. E assim, em uma visão democrática e de equidade levantam-se os questionamentos, mas e se a cor preferida daquele menino for rosa? Isso pode interferir em sua masculinidade? Mas e se aquela menina não quiser brincar no canto das bonecas, mas sim no canto dos carrinhos? Será que ela é revolucionária, nesta idade? E ainda se estes optarem por tais brincadeiras “irregulares” a seus gêneros devem fazer parte de qual fila?

E é assim que se inicia a divisão rija e a intolerância resultantes ao preconceito de gênero, conceitos que serão plantados no jardim da infância e em sua grande maioria colhidos na fase adulta.

O professor, a escola, a direção, enfim todos que fazem parte deste processo educacional, devem ter claro em suas mentes que contribuindo com estas práticas sexistas estão segregando possíveis “diferentes” no futuro, e desviando o intuito precípuo da escola que é a transmissão mediada de valores, bons valores, de forma laica e neutra, juntamente com a contribuição ao desenvolvimento cognitivo e social, e não ser um local depositário de estereótipos e modelos cujos comportamentos e atitudes são pré-determinados. Cada qual deve ser do jeito que é e não da forma que a sociedade viabiliza ser melhor, isto sim é coerência mostrando que a diversidade não implica em inferioridade.

 

 

Qual a prática do professor da Educação Infantil, a fim de subverter o preconceito de gênero inerente?

 

 

Após constatar a origem do preconceito intrínseco na sociedade, pode-se a partir daí buscar uma forma de subvertê-lo a fim de que ele não se torne algo permanente em nossa história. E não há melhor lugar nem melhor profissional para iniciar esse “reset” nas novas mentes do que a escola e o professor.

O Professor da Educação Infantil, assim como a classe em geral, deve manter-se continuadamente em formação, revendo sempre suas práticas a fim de que elas não estejam, subtendidas, incentivando algum tipo de preconceito postumamente.

O professor deve ser o primeiro a apresentar uma postura neutra para que assim suas práticas sejam coerentes a sua postura, pois o exemplo é a prática de assimilação mais presente para esta faixa etária. Se o professor não incentivar por meio de brincadeiras, histórias e expectativas, as práticas sexistas é bem provável que seus alunos não as tenham.

É por isso que a escola se faz esse local tão importante e até decisivo na formação de pessoas, pois cada atitude errada dentro desta instituição pode acarretar em um problema social vasto e vice-versa, assim como uma boa e pensada ação, um bom plano pedagógico, boas estratégias também podem incentivar um o crescimento de um cidadão

 

 

CONCLUSÃO

 

O estudo das práticas sexistas na Educação infantil demonstra que este é um problema mais comum do que pode-se imaginar. Atrás das atitudes sexistas estão estereótipos pré-determinados por uma sociedade discriminatória que reluta em aceitar cada qual como deseja ser. Gostos e preferências passam a ser privilégio dos que consegue afastar-se e relutar contra esse preconceito que parece ser inerte à civilização. Se tratando do preconceito de gênero o mesmo vem atrelado a termos como androcentrismo, machismo e falta de equidade. A sociedade em geral alimenta esses preconceitos nas atitudes e disposição com que o cotidiano caminha, através de pequenas e inofensivas falas caminha crescendo um preconceito que parece se alastrar a cada segundo.

A criança sabe muito bem quem ela é e seu papel na sociedade, ela não precisa de falsos incentivos que ditem que ela como homem ou mulher deva se portar de forma máscula ou delicada, se deve usar roupas rosa ou azul e muito menos que deva padronizar-se a seu semelhante de gênero, pois uma mulher não nasce com o desejo de lavar pratos e nem um homem com o anseio de sustentar uma família, estes são apenas papéis que lhe caíram de uma sociedade polarizada tornando-os vítimas da civilização.

 

 

BIBLIOGRÁFIA

 

FINCO, Daniela, Socialização de Gênero na Educação Infantil. Florianópolis, 28 de agosto de 2008. Disponível em: Acessado em 05/09/2012.

 

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Acessado em 05/09/2012.

 

SANTOS, Patrícia de Jesus, SOUZA, Edmacy Quirina, Práticas Sexistas na Educação Infantil: Uma questão de gênero, Bahia, Junho de 2010. Disponível em:

Acessado em 10/09/2012.

 

RIBEIRO, Marcos. Menino Brinca de Boneca? 2ª edição, Salamandra, 2001.

 

ROSA, Sônia. O menino Nito, 1ª edição, Pallas, 2002.

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