A relação da alma e do corpo em Maurice Merleau-Ponty



 

Maurice Merleau-Ponty, publicou em 1942 a estrutura do comportamento. Na qual expõe sua epistemologia baseada no perspectivismo, ou seja, o conhecimento enquanto ângulos de visão. Segundo Maurice, o sujeito é incapaz de captar a totalidade do objeto em seus mínimos detalhes, pois o sujeito do conhecimento capta apenas parte do objeto. O autor exemplifica a partir da experiência do mesmo diante de sua escrivaninha, pois do objeto, o sujeito cognoscente apreende apenas alguns elementos que intuitivamente são percebidos, deixando outros na obscuridade.   Essa percepção do objeto varia de sujeito para sujeito, embora o objeto seja o mesmo. As imagens mentais provenientes da percepção do objeto factual, não correspondem a esta realidade fidedigna, pois segundo o pensador Francês existem um mundo real (fora do corpo) e um mundo para mim (imagem mental), pois há uma recriação da realidade. No quarto capítulo, o autor trata sobre a relação da alma e do corpo, refutando a ideia de Descartes acerca da existência de duas substâncias, a “res cogita” e “res extensa”, esta vinculada ao corpo, aquela vinculada a alma, Merleau-Ponty não considera essa dualidade defendida por René Descartes, pois não aceita a prerrogativa de que alma e corpo sejam duas substâncias distintas, mas como níveis de comportamento diversos. Ele exemplifica mostrando que a fome e a sede – ambas ligadas ao corpo – impedem o pensamento e os sentimentos (ligadas a alma). A relação da alma com o corpo não é de ordem causal, pois a alma não se utiliza do corpo, mas se faz através dele. A percepção que a consciência tem do mundo é condicionada pelo corpo, visto que o ponto de vista do mundo é determinado pelo corpo. Esta percepção segundo Maurice é resultado da interação entre o objeto com o corpo e do corpo sobre a alma, o objeto se apresenta para o corpo, contudo esta não o capta na sua totalidade devido aos entraves do próprio corpo e do ambiente ao qual o objeto está inserido, a imagem mental será a consequência deste contato do corpo com o objeto do conhecimento. A mudança de ângulo visual ou de ambiente ao qual o objeto está presente acarretará mudança de perspectiva. Portanto, com sua epistemologia Merleau-Ponty demonstra a impossibilidade da verdade absoluta, visto que o conhecimento reduz-se a simples perspectiva e que a imagem mental do objeto é determinada pelo corpo. 

referência bibliográfica

MERLEAU – PONTY, Maurice. A estrutura do comportamento. tradução Márcia Valéria Martinez de Aguiar. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 287-345.


Autor: Daniel Leite Da Silva Justino


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