Resenha Sobre O Livro Cinema O Mundo Em Movimento



1. O início

Segundo ARAÚJO (2002, p. 14), após assistir a um filme, geralmente vem à mente a pergunta: "Quantas horas terá levado para fazer esse filme?".

Se as filmagens fossem em ordem cronologia, uma casa, por exemplo, deveria ficar disponível para as tomadas durante meses, assim como os atores de tais cenas. Se estas são feitas de uma só vez, os participantes e o local podem ser liberados rapidamente.

O espectador fica alheio a quantas vezes o diretor pensa, antes de tomar a melhor decisão na escolha do cenário, da distribuição dos atores, das câmeras, etc.

2. A idéia e a escrita

O filme começa antes da produção, quando surge a sua idéia, o escritor, o diretor ou o produtor a coloca no papel, esta é chamada de argumento, redigida em três ou quatro páginas, deve tratar do que acontece, por que e quem são os personagens.

Caso alguém se interesse em produzir a história, esta passa para um estágio mais avançado, chamado roteiro.

2.2 O roteiro

Neste passo, o diretor e o roteirista devem tentar produzir uma obra original.

Pois ao assistir a um filme que trata de algo que já é conhecido, ou que a técnica empregada é inadequada àquele filme, o interesse por ele diminui.

No filme, tenta-se contar uma história capaz de interessar, de informar, de sensibilizar as pessoas.

Para ARAÚJO (2002, p. 22), "o cinema é uma arte em que a obra-prima e o filme medíocre distinguem-se freqüentemente pelos detalhes".

2.3 O filme certo

Algo que se deve fazer ao escrever um roteiro é ter algo a dizer em imagens, que são a base do cinema.

A maneira como os personagens são compostos devem fazer com sejam reconhecidos neles seres humanos e não apenas personagens, ou seja, este trabalho deve ficar longe da convenção.

A riqueza de um bom filme consiste na sua capacidade de assimilar o gênero que pratica, quando oferece algo que é novo.

2.4 Roteiro, direção, fotografia

Em Hollywood, nos anos 20, havia um sistema de estúdios que impunha uma rígida divisão do trabalho, com o fim deste sistema, a partir dos anos 50, muitos diretores se tornaram produtores, possuindo assim um controle maior sobre o resultado do trabalho.

Atualmente, o roteirista se dedica a criar situações, o aspecto geral das cenas, enquanto que o ao diretor cabe buscar detalhes que transformem o texto em imagens, que serão a realidade do filme.

Ao fotógrafo, no entanto, cabe a iluminação da cena, criar a luz mais adequada aos significados e ao tom desejado pelo diretor.

2.5 As regras do roteiro

Não são exatamente regras, visto que o filme vive da capacidade de surpreender os espectadores, contrariando as regras, mas os tipos de cena existentes são: Exposição, Evolução, Interesse, Transição, Reviravolta, Recomeço, Pré-clímax, Apogeu, Clímax e Encerramento.

Estas são relativas, cada um pode utiliza-las a sua maneira, mas para chegar a um bom resultado é necessário conhece-las, mesmo que seja para modifica-las.

3. A arte de iludir o olhar

Em 28 de dezembro de 1895 o industrial Antoine Lumière alugou o Salon Indien do Grand-Café, em Paris, para mostrar ao público a invenção dos filhos Auguste e Louis, o cinematógrafo. Por primeira vez foram transmitidas imagens reais registradas mecanicamente.

Mas foi com as histórias curtas de Méliès, ilusionista parisiense, que o cinema aprendeu a fazer ficção.

Aos poucos começaram a surgir outros gêneros, como documentários, ficção científica, comédia, seriados, desenha animado, etc. O primeiro grande faroeste surgiu em 1903 e se chamava O grande assalto ao trem, realizado pelo norte-americano Edwin S. Porter.

4. O cinema vira linguagem

Grande parte da evolução do cinema se deve ao norte-americano D. W. Griffith, ex-ator de teatro, sua principal contribuição foi distinguir cinema e teatro.

Mesmo com a resistência dos atores, que vinham do teatro, em terem filmados somente os rostos, Griffith buscou convencer-lhes de que um plano mais próximo do rosto não era mutilação do corpo.

Graças à nova luz, aos planos aproximados e às novas técnicas de maquiagem, mudou também a interpretação dos atores, que passaram a gesticular menos exageradamente. Entretanto, Griffith foi ainda mais audacioso, desenvolveu a técnica da montagem paralela, chamada de travelling, quando duas cenas que se desenvolvem ao mesmo tempo são alternadas na tela.

 

5. A autonomia do cinema

Griffith foi o primeiro a desenvolver plenamente a idéia de montagem e criou a tradição americana. Ente os anos 10 e 20, ela foi o grande fator de evolução do cinema.

Com ela foi possível estruturar melhor a ação, no momento da montagem, suprime-se aquilo que o montador e o diretor consideram desnecessário, procurando encontrar o ritmo do filme. Sua importância era maior ainda no cinema mudo.

6. O cinema adulto

Para Griffith a montagem era um elemento, antes de mais nada, narrativo, já na escola russa que surge, ela se torna um elemento de significação, o que dá sentido às imagens é a maneira como elas se articulam.

Griffith inventou um tipo específico de montagem, variando planos mais próximos e mais distantes assegurou a capacidade de contar histórias sem que ficassem monótonas.

Já Eisenstein, discípulo de Griffith, procura enfatizar o papel da razão durante a sua montagem: a emoção era um meio para o espectador compreender mais amplamente a realidade que o circundava.

Atualmente, diversos teóricos afirmam que a montagem é a única criação realmente original do cinema.

É sabido que o cinema nasceu na França, mas a "pátria" do cinema são os Estados Unidos. Isto se explica em parte por este ser o país mais rico do mundo e o cinema ser uma arte industrial, por isso o fato de se estabelecer neste país; mas outro fator é a tradição literária, teatral e pictórica incipiente em relação aos países europeus, mas já possuíam uma mobilidade (inclusive social). Então o cinema se torna não somente um meio de expressão, mas também um aglutinador das diferenças que compunham o país.

7. O som chegou

A passagem do cinema mudo ao sonoro foi um novo e importantíssimo capítulo na evolução do cinema.

A Warner Bros passava por sérios problemas financeiro, e apostou em filmagens que uniam imagem e som. Por isso, tudo teve de começar do início, bons atores do cinema mudo não sabiam declamar um diálogo e os roteiristas não sabiam escrever as falas. Foi então que surgiu o musical.

Entretanto para alguns, acrescentar som às imagens do cinema significava roubar a sua natureza e sua alma.

8. Decupar

Decupagem é a última elaboração dos roteiros, que ganhou peso com a chegada do som. Neste momento, o filme vai para a produção, quando são colocadas todas as indicações de diálogos, som e música.

Esta palavra vem do francês, découper, que significa cortar em pedaços. É quando o diretor e o roteirista dividem cada cena em planos.

9. Do clássico ao moderno

Nos anos 30 houve um momento de encontro com o público e de amadurecimento da obra dos principais cineastas, sobretudo nos Estados Unidos. Neste momento, filmes de gângster se aproveitaram dos efeitos sonoros (com suas metralhadoras) e os diálogos ganharam dramaturgos de peso.

Nesta fase, a linguagem do cinema é reconstruída, há uma busca em compatibilizar som e imagem. Cria-se a dublagem, que permite gravar os diálogos da filmagem, facilitando correções na interpretação e na voz.

Segundo ARAÚJO (2002, p. 75) "O cinema, como todas as outras expressões artísticas, muda, acompanhando a evolução dos tempos. As artes em geral, e o cinema em particular, são feitas a partir de um longo diálogo entre os que fazem e os que o assistem".

No filme clássico o enquadramento coloca os atores no centro da imagem e por conseqüência, da ação. Na nova estética, os atores podem, por exemplo, sair e cena, deixando a paisagem vazia. Na era moderna, um filme não precisa obedecer certas convenções, nem a história deve acabar em um final feliz

10. O clássico e o Moderno

O período clássico foi quando surgiram as regras do cinema, quando se inventou a maior parte da linguagem cinematográfica, com Griffith, Lumière ou Mélies. Este tipo de filme fazia com que o público se identificasse com os problemas e os sentimentos do herói da história.

O moderno consiste em atualizar o antigo, aquilo que já se conhece, que já foi visto, aparece de outra maneira, e trata de outras coisas. Filmes modernos como o de Orson Welles e Rossellini contam uma história, mas evitam a identificação total do público com o que se vê na tela.

Como características do moderno se tem a saída dos estúdios para as gravações, maior liberdade narrativa e o abandono da narrativa fundamentada nos pontos "altos", dando maior atenção ao cotidiano.

11. A imagem no Brasil

No início dos anos 60 o cinema brasileiro começa a se destacar internacionalmente, com os filmes do Cinema Novo. Iniciou-se a produção de filmes baratos, mostrando o Brasil de forma realista e abordando problemas sociais da população a partir da união de jovens intelectuais do Rio de Janeiro.

Esta característica do Cinema Novo de se voltar para o Brasil foi o que deu força ao seu trabalho e que constituiu uma estética brasileira. O Brasil foi o primeiro país de terceiro mundo a realizar esta proeza, e acabou por influenciar outros países latino-americanos.

12. Na era da TV

Com o surgimento e a popularização da televisão, toda a idéia de tempo criada pelo cinema deixou de fazer sentido. Enquanto o cinema mostrava acontecimentos de semanas atrás, a televisão transmitia tudo ao vivo.

A principal diversão das massas deixa de ser o cinema, a primeira forma de arte popular, acessível a maior parte das pessoas se transformou. Nos anos 60, somente as pessoas mais ricas possuíam o aparelho de TV.

Da mesma forma que a TV alterou o habito dos espectadores e produziu mudanças no cinema a partir dos anos 50, nos anos 80 surgiu um novo fenômeno: o vídeo.

13. Última sessão

Para finalizar o seu trabalho ARAÚJO (2002) faz uma listagem dos principais gêneros, descrevendo-os, que seriam a Comédia, o Drama, o Policial, a Aventura, o Faroeste, o Filme histórico, o Musical, o Fantástico, o Horror, o Documentário e o Seriado.

O autor retoma também as escolas cinematográficas, como a do Expressionismo, que surge pós-Primeira Guerra, na Alemanha e a do Neo-realismo, que surge no pós-Segunda Guerra, na Itália, entre outras.

Conclusão

Em seu livro, CINEMA o mundo em movimento, INÁCIO ARAÚJO faz uma ficha técnica do cinema, tratando desde os principais elementos que o compõem, como o Diretor, o Produtor, os Atores, etc. Além de fazer um breve comentário dos os gêneros do cinema.

Entretanto, o trabalho de ARAÚJO não se resume a isto, ele resgata o cinema desde o seu surgimento, abordando cada evolução sofrida pelo mesmo, chegando até os dias de hoje. O autor aborda ainda o desenvolvimento do cinema no Brasil e o surgimento do aparelho televisor, que veio para modificar esta realidade.

Por fim, esta é uma obra do cinema, de sua história e de sua evolução, que pode ser utilizada por estudantes ou pesquisadores, preocupados conhecer a sétima arte muito além do seu produto final, que são os filmes reproduzidos nas telas de cinema.


Autor: Tania Regina Martins Machado


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