A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E O ENSINO COMO ATIVIDADE CRÍTICO-REFLEXIVA



A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E O ENSINO COMO ATIVIDADE CRÍTICO-REFLEXIVA

 

RESUMO: O presente artigo tem o intuito de mostrar brevemente a situação do ensino no Brasil, o porquê da desvalorização da profissão docente e de que maneira a formação qualificada para professores pode influenciar no progresso educacional. Apresenta como embasamento teórico os estudos de José Carlos Libâneo. Conlui-se que é preciso haver uma boa formação docente, a fim de que haja valorização desta classe profissional.

Palavras-chave: Formação de professores. Ensino crítico-reflexivo.

 

 

INTRODUÇÃO

A classe docente, atualmente, vive num surto de pessimismo por conta da grande desvalorização que o governo atribui aos salários do professorado.

            Com a má remuneração dos professores, consequentemente, há falta de profissionais docentes qualificados no mercado. Esta escassez de professores competentes  ocorre pela má formação acadêmica, pois se não tem profissionais qualificados não há valorização da profissão e nem a procura dos cursos de licenciatura, por isso, este problema educacional é oriundo da grande desvalorização do governo.

             Portanto, muitos estudiosos da área buscam métodos para solucionar os problemas educacionais e um desses métodos é a idéia do professor crítico-reflexivo, que é o profissional que reflete sobre sua própria prática, a fim de aprimorar com excelência o seu trabalho e realizar com sucesso o ensino-aprendizagem.

 

 

 

 

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES COMO ATIVIDADE CRÍTICO-REFLEXIVA E OS PROBLEMAS QUE AFLIGEM A CLASSE DOCENTE

 

A classe docente no Brasil encontra-se numa fase de grande desvalorização e este problema provém, em maior parte, da má formação de professores.

Como aponta Libâneo (24, p. 83):

 

[...] o professorado enfrenta críticas depreciadoras vindas de vários pontos, levando a um incômodo desprestígio da sua profissão. Entretanto, é certo que a formação geral de qualidade dos alunos depende de formação de qualidade dos professores.

 

Então, para se ter uma valorização do professorado é preciso que estes sejam competentes no exercício de suas atividades profissionais, ou melhor, é necessário que haja qualificação na sua formação acadêmica, que seja levado em consideração tanto o estudo teórico como também o prático, a fim de que haja experiência e possa se pensar na melhoria da educação.

Quando Libâneo diz que a qualidade de formação de alunos depende da qualidade de formação de professores, isto faz refletir sobre a formação docente. Realmente se a educação é um fracasso, se os alunos não têm um ensino de qualidade este problema é oriundo da formação acadêmica de professores, pois desqualificados no mercado como irão formar pessoas competentes? Como a educação pode progredir em termos de ensino?

É necessário que o governo invista mais na formação qualificada da profissão docente, a fim de que tenha um ensino melhor, que a educação seja fruto de grandes mestres, pois sem o professor e sua grande qualificação não poderemos mudar o país sem que a educação tenha bases fortes na vida das pessoas. Portanto, sem professor qualificado, não há qualidade de ensino e, consequentemente, não há pessoas capacitadas no mercado.

Inúmeros estudiosos da educação com o objetivo de encontrar uma solução para os problemas educacionais relacionados à formação docente pensaram na prática de ensino como atividade crítico-reflexiva. Em que Libâneo (2004, p.85 e 87), apresenta com clareza:

 

A idéia é a de que o professor possa “pensar” sua prática, ou em outros termos, que o professor desenvolva a capacidade reflexiva sobre sua própria prática. Tal capacidade implicaria por parte do professor uma intencionalidade e uma reflexão sobre seu trabalho. [...] Pensar é mais do que explicar, e para isso as escolas e as instituições formadoras de professores precisam formar sujeitos pensantes, capazes de um pensar epistêmico, ou seja, sujeitos que desenvolvam capacidades básicas de pensamento [...].

 

 

Portanto, o professor refletindo sobre sua própria prática pode solucionar em partes alguns problemas, pois repensando sobre a metodologia de ensino usada em sala, sobre os conteúdos trabalhados pela turma, sobre o desempenho individual dos alunos e levando em conta o fator social e psicológico de cada estudante é possível, desta forma, ter uma melhoria considerável no ensino, porque ao refletir sobre o exercício de sua profissão estará buscando aprimorar suas competências e, consequentemente, o ensino se torna mais qualificado.

            Contudo, a grande maioria do professorado não adere a esta teoria, apenas os mais conscientes. Então, a falta de professores que busquem o aperfeiçoamento de sua prática torna-se mais difícil um ensino melhor. Faltam professores no mercado que “[...] aprendam a pensar, de modo que eles próprios necessitam dominar estratégias de pensar e de pensar sobre o próprio pensar.” (LIBÂNEO, 2004, p.86).

            É preciso ser inserido nas formações acadêmicas e também dentro das escolas a idéia do professor crítico-reflexivo, daquele profissional que traz consigo ideologias, métodos para melhorar a sua metodologia de ensino, esta que seja atrativa ao aluno, que busque se relacionar da melhor forma com os colegas de trabalhos resultando um trabalho coletivo e amigável. Ser crítico-reflexivo é preciso “[...] o professor promover na sala de aula situações em que o aluno estruture suas idéias, analise seus próprios erros e acertos, resolva problemas, numa palavra faça pensar [...]” (LIBÂNEO, 2004, p.87) e, dessa maneira, a relação professor-aluno seja de respeito e igualdade, havendo um vínculo afetivo e o aprendizado seja efetivado com sucesso.

            Mas como o professor poderá ser crítico-reflexivo, refletir sobre sua própria prática, buscar metodologias que melhor se adéqüem a necessidade de cada aluno se não há um estímulo e muito menos reforço? O problema está no governo que não investe na valorização desta classe profissional, se a qualificação docente fosse melhor, se o salário correspondesse justamente ao trabalho que o professor tem tanto dentro da sala de aula como em casa, se a formação docente nas universidades fossem mais qualificadas, tivessem um certo rigor em selecionar profissionais competentes para o ensino, talvez a situação fosse outra, não se estaria vivendo um surto de pessimismo.

            Como diz Libâneo (2004, p.90): “Se é verdade que sem profissionalização fica difícil o profissionalismo, sem profissionalismo torna-se cada vez mais inviável o ensino de qualidade.” Portanto, sem o profissional capacitado que tenha tido uma formação teórico-prática de qualidade, que tenha saído da universidade apto, competente para exercer sua profissão fica difícil o profissionalismo, ou seja, o compromisso com o ensino-aprendizagem, a dedicação ao ensinar, respeito à cultura dos alunos, preparação de aulas, assiduidade e etc. Portanto, sem estas características do profissional docente a qualidade do ensino é um fracasso.

            E este profissionalismo só é mantido se o governo valorizar o trabalho dos professores, estes que formam outros professores e profissionais. E sem esta valorização, a profissão docente fica desacreditada, como diz Libâneo (2004, p.90, 91):

 

Com o descrédito da profissão, as conseqüências são inevitáveis: abandono da sala de aula em busca de outro trabalho, redução da procura dos cursos de licenciatura ou pedagogia como última opção [...], falta de motivação dos alunos matriculados para continuar o curso. [...] As universidades formam mal os futuros professores, os professores formam mal os alunos. [...] Os professores saem despreparados para o exercício da profissão, com um nível de cultura geral e de informação extremamente baixo, o que resulta num segmento de profissionais sem competências pessoais e profissionais para enfrentar as mudanças gerais que estão ocorrendo na sociedade contemporânea.

Portanto, com todas as conseqüências vindas da grande desvalorização docente, um dos motivos maiores desse descaso educacional é a má formação de professores.

Formam-se mal os professores por não serem bem remunerados no mercado, ou melhor, não serem reconhecidos como profissional de excelência e com esta imagem errônea o próprio governo desvaloriza a profissão não remunerando-os bem, resultando assim, na escassez destes profissionais.

Desta maneira, culmina no desinteresse da classe docente em qualificar-se, em investir na profissão e resultando, dessa forma, falta de professores competentes nas universidades em que o governo se obriga a contratar profissionais sem profissionalismo e muito menos sem profissionalização, isto é, incompetentes, incapazes para assumir um cargo com tanto valor e responsabilidade, pois é o professor que forma pessoas de bem e os capacita.

               

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Este trabalho traz a idéia de que é preciso conscientizar o profissional docente em aprimorar sua prática refletindo sobre ela. Uma das maneiras mais eficazes em estimular e incentivar o professor a ter profissionalismo é sendo valorizado tanto socialmente como financeiramente, o governo precisa melhorar a remuneração da classe docente.

            E o problema está mesmo na valorização social, pois a sociedade valorizando o professor, consequentemente, o governo valorizará com boa remuneração, afinal a sociedade é extremamente capitalista e competitiva. Com a boa remuneração do professorado, com o reconhecimento social resultará na gama de profissionais interessados em investir na profissão e assim terem grandes e competentes professores no mercado. E dessa maneira, com grandes profissionais docentes conscientes, de seu exercício, no mercado é mais viável realizar um ensino de qualidade.

            Logo, realizando um ensino de qualidade, a formação acadêmica nas universidades também irá melhorar.

            Portanto, sem grandes pretensões espera-se que este trabalho sirva de fonte de estudo para outros estudantes de licenciatura.

 

 

 

REFERÊNCIA

LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, Adeus professora!: Novas exigências educacionais e profissão docente. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 2004.

 


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