O Silêncio Gritou



Houve tempos em que sentimentos não eram exprimidos. Tempos, em que o silêncio falava por nós. Muitas coisas ficaram por se dizer. Filhos querendo dizer: " amo-te pai", e pais querendo abraçar e dizer: "tudo que faço é por ti", mas não souberam. Hoje já se pode. Finalmente, o silêncio rompeu-se. Gritou. É incrível como já se fala de tudo, e ainda bem. Mas, temo que sentimentos já não existam. Nos ferimos uns aos outros, esquecemos o significado de uma família, de um lar. A tão almejada emancipação da mulher chegou, mas a confundiu também. Ficamos sem tempo de cuidar, amar. As grandes metrópoles esmagam nosso tempo de amar, de cuidar, de ouvir. Ninguém ouve ninguém. Todos falam em simultâneo. Eu só oiço ruídos e não conversa. Nossos maridos estão quase sempre com outros maridos. A maçaneta da porta partiu, ele chama outro marido, para um breve concerto. Pobre coitado, ficou sem tempo. Tempo para olhar para o filho e perguntar: "o que aprendeste hoje?". Pobres coitados de nós, ainda achamos que vivemos. Há quem diga que a culpa é das coisas materiais. Pode ser. Não digo que não. Mas, cá comigo pergunto: Então, não somos nós que vamos atrás delas? Que dirá se formos atrás de uma verdadeira família? Sim, pois, é preciso por pão a mesa claro, mas pão a mesa e nossos filhos drogados, e nossas filhas com o velhote lá da esquina? O silêncio rompeu, que bom, mas há algo que se perdeu nesse percurso. Que faço eu como filha, mãe ou pai? Fico impávida? Vejo meu lar se descarrilar? Se calhar, depende daquilo que eu acho ser a minha felicidade.


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