Pedagogia do MST



Pedagogia MST

(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)

 

Vivemos em um tempo de novas sensibilidades para questões que se referem aos processos de formação humana e á relação entre a pedagogia e o cultivo de valores, entre educação e humanização. Exatamente porque estamos em um momento da história em que o ser humano aparece em perigo ;em tão estamos sendo convocados a fazer algumas escolhas de decisivas  sobre como será o futuro da humanidade de todos nós.O capitalismo , sistema social ainda hegenômico no mundo , vem se mostrando cada vez mais desumanizador e cruel em sua lógica.Por isso, estão de volta as grandes questões sobre nosso destino em quanto seres humanos, em quanto modelo se sociedade ,em quanto projeto de país,de pessoas concretas. Também estão de volta as angustias sobre o sentido de nossa pratica como educadoras e educadores comprometido com essas questões de fundo. É momento de lançar novamente o olhar para o horizonte e de abrir nosso ser educador para compreender as experiências que se colocam na perspectiva de construir alternativa para o ser humano. Há valores saberes e afetos de outra ordem produzidos bem ao  nosso lado, ou entre nós. É preciso ficar atento, porque eles podem ser as bandeiras de luta que decidiremos        empunhar neste novo século, neste novo tempo da história.  Como se tornaram esta coletividade com nome próprio que aos poucos passa a ocupar um lugar de destaque na luta de classes que se desenrola no Brasil contemporâneo? O que significa para cada um desses homens dessas mulheres, desses jovens, dessas crianças, fazer parte de uma luta social, historicamente sempre tão carregada de significados, políticos e culturais, como é a luta pela terra?  Como entender que  tantas pessoas, incluindo aquelas que não têm vinculo direto com a questão da Terra ou da Reforma agrária, passem a se identificar   com os Sem Terra, comprometendo – se com o seu destino e movimento? E por que esta luta e seu movimento nos convida a pensar em questões de educação e de formação humana? O que estou propondo neste artigo é que olhemos para a história da formação deste novo sujeito social chamado Sem Terra, buscando enxergar nela uma pedagogia, ou seja, um modo de produzir gente, seres humanos que assumem coletivamente à condição de sujeitos de seu próprio destino, social e humano. Trata-se de uma pedagogia que tem como sujeito educador principal o MST, que educa os sem –terra enraizando –os em uma coletividade forte, e pondo-os em movimento na luta pela sua própria humanidade. Nesta dialética entre raiz, movimento e projeto, é possível ler algumas importantes lições de pedagogia. E penso que elas nos ajudam  a refletir sobre as grandes questões pedagógicas do nosso tempo. O primeiro elemento diz respeito ao contexto social objetivo em que se insere o nascimento do      MST como um todo, com o componente especifico da situação educacional brasileira, e particularmente da realidade do meio rural. Assim como não é            possível compreender o surgimento do MST fora da situação agrária e agrícola brasileira, também é preciso considerar a realidade educacional do país para entender por que um movimento social de luta pela terra acaba tendo que se preocupar  com a escolarização de seus integrantes.Há um desafio pedagógico específico, pois ,em vincular mais            diretamente a reflexão sobre a escola d           o MST e a pedagogia do  movimento que forma os sem-terra no processo histórico e no cotidiano de sua luta e de sua organização. E isso tem a ver com o próprio jeito de fazer a discussão sobre a escola, tanto com as famílias sem-terra como com as educadoras e os educadores dispostos a trabalhar nela; porque essa discussão também precisa acontecer como parte do ambiente educativo que é possível produzir para fazê-la. E,se o princípio educativo for mesmo o movimento,essa discussão nunca estará terminada,porque o processo exige novas sínteses cada vez que a realidade se move,e isso sim é algo permanente. Uma das formas de enfrentar esse desafio talvez seja dando maior intencionalidade política á projeção do que serão os desdobramentos das tendências apontadas para a dimensão da educação neste atual momento histórico do processo de formação dos sem terra. E do ponto de vista da reflexão especifica sobre lugar da escola no projeto pedagógico do Movimento, uma das iniciativas a potencializar, me parece é a da articulação por uma educação básica do campo, também como um processo pedagógico que ajuda os sem terra a olhar os problemas e as preocupações de seu dia-a-dia em outra perspectiva.

 

  Eduarda Carvalho Camargo, Cursando Licenciatura em Historia.

 

Download do artigo
Autor:


Artigos Relacionados


Notas Sobre Os Trabalhos. Brasil 500 Anos De Luta Pela Terra E O Pontal Do Paranapanema

Educação Do Campo: Distâncias, Limitações E Seduções No Curso De Pedagogia Da Uefs

A ContribuiÇÃo Da EducaÇÃo Ambiental Para A EducaÇÃo Do Campo

“e Por Que NÃo Repensar Novos Temas E SistematizÁ-los Na Cultura Corporal De Movimento?“

EducaÇÃo No Mundo ContemporÂneo

As Expectativas Dos Alunos Da EducaÇÃo De Jovens E Adultos Quanto A GestÃo Escolar

A Primeira República E O Movimento Anarquista