Desafios Profissionais II



Vamos retratar a história de Allan, um jovem filho de um mecânico da cidade, conhecido como o Sr. Silver e de Dona Lenyna, que nunca trabalhara fora, sempre dona de casa, e o tempo que podia, costurava e fazia pequenos reparos em roupas da vizinhança, e de uns tempos para cá, vem pressionando o menino para conseguir um emprego. Passando dificuldades, e Allan prestes a concluir o ensino fundamental, necessitando aumentar a renda familiar, ostenta um grande sonho; ingressar numa faculdade. Mas para ingressar em um curso superior não seria tão simples assim, por ter sido um aluno pouco dedicado e um tanto quanto relapso.

 Sem um bom histórico escolar, e sempre passando às margens da média mínima, estudando em escola pública, sabia que suas chances seriam remotas, e que teria de contar com muita sorte para freqüentar uma universidade, mesmo que particular, pois se dependesse do resultado do ENEM, as chances seriam remotas.

 Sempre esperançoso, seu grande desejo: Cursar Administração, Ciências Contábeis, ou algo na área de Computação, o que estiver mais próximo das suas reais condições.

Certo dia, Allan saiu perambulando pela cidade. Caminhava lentamente, cabisbaixo, de rua em rua, sem um rumo certo, mas com um propósito: Encontrar um trabalho que pudesse garantir uma renda, e possibilitasse perspectivas para o seu futuro. Andando de lá para cá, desfilando de um lado para outro... Sabia que algo lhe faltava, coragem. Pois sua timidez era exagerada. Isso mesmo faltava-lhe coragem, para chegar e pedir um emprego. Mas isso não era tudo, tinha que decidir aonde e como chegar.

 Depois de muito “anda para lá, anda para cá...”, de uma empresa a outra, de porta em porta, sem coragem de chegar. Pensamento negativo, e um sentimento de impotência martelavam a sua mente. Procurava convencer-se:

-  “Poxa meu! nesta empresa não adianta, vou perder meu tempo. Não pegarão um cara como eu!”.

Caminhou o dia todo. Idas e vindas de uma rua a outra. Ganhara alguns incômodos buracos nas solas de seus sapatos, muito judiados por sinal. Detalhe; sem entrar em lugar algum.  Olhares desconfiados o cuidavam quando passava pelos estabelecimentos. Mal sabia que seu jeito de vestir, o tornava um sujeito suspeito. Faltava-lhe atitude e algo mais.

 Chega o fim do dia e pensa na volta para casa,quando percebeu que algo caíra de uma carrocinha carregada de papéis, puxada por um menino franzino de pele amarelada, cabelos duros, escorridos e pretos, que atravessava a rua.

Gritou para o menino avisando que algo havia caído, e teve como resposta:

- “Fica pra você!”

 Fora isto, tivera as conversas com os amigos para marcar jogo de futebol, pescaria e bate papo na internet na casa do amigo Eric, seu vizinho. Allan não tinha computador, quanto menos internet em casa, e quando podia usava a Net do amigo.

 No caminho de volta para casa, triste e com pena si próprio, pensava: - Não adianta, não tenho sorte, quem dará emprego para um cara como eu?

 De volta, sentou-se numa grande pedra esverdeada, fincada às margens do riacho que corta o caminho de casa. Juntou algumas pedrinhas e começou a jogá-las sobre a água cristalina que corria branda, até uma pequena queda logo adiante. Depois de certo tempo ali parado, com olhar tristonho e desiludido da vida, levou um susto ao ser tocado em seu ombro, por um senhor, com idade um pouco avançada. Um instante de silêncio e medo tomou-lhe conta, pois não tinha idéia de quem era. Muito calmo, postou-se ao lado e ficou à espera de uma reação de Allan, que relutava em olhá-lo, e tomado de uma coragem que até então não tinha, virou-se fitando os olhos do estranho, de rosto judiado,      barbas  brancas e cabelos grisalhos, um pouco longos e amarrados,

olhos verdes encravados numa pele cheia de rugas, porém brilhavam intensamente em direção ao menino.

Tirando-lhe a mão do ombro, dirigiu-lhe a palavra, perguntando:

-            Que se passa, filho?

-            Nada não meu senhor! Apenas pensando na vida.

-            Pensando? Enquanto você pensa, muitos fazem acontecer. Você deve pensar sim, mas também tem que agir (atitude) rapidamente, assim poderá alcançar os seus objetivos. Ficar aí, com um olhar tristonho não vai resolver nada. Você deve analisar a sua situação e sair em busca de alternativas, de solução para o seu problema. Atitude!

-            Mas, quem é o senhor? Como posso agir se não sei o que fazer?  Estou desnorteado, sem rumo, sem um caminho certo a seguir!        

-     Claro, está certo! Para início de conversa, pode me chamar de Conselheiro, mas, qual é o seu problema?

-            Preciso urgentemente encontrar um emprego.

-            Ótimo, trabalhar faz bem, e daí?

-            Daí? O Senhor Ainda pergunta? Ocorre que não tenho coragem de pedir emprego para ninguém, oras bola! Não sei fazer nada!

-            Não creio! Vejo que o problema não está na falta de coragem, mas sim por você achar que não reúne conhecimentos necessários que atendam às expectativas do mercado de trabalho, mas penso que você deve saber fazer  muita coisa sim, só precisa trabalhar sua auto-estima. Lembre-se, ninguém nasceu sabendo coisa alguma, na verdade, percebo que você ainda não encontrou a forma correta para resolver o seu problema, não é mesmo?

          - É... Pode ser. O que o senhor me aconselha?

          - Bom meu jovem, existem alguns passos importantíssimos, que podem ajudá-lo demasiadamente, numa situação como esta!

          - Passos? Como assim?

          - Aqui está o livro que pode ajudá-lo.

          - Mas senhor; não tenho como pagar este livro.

          - Fica tranqüilo, depois que o tenha ajudado, apenas repasse-o a outra pessoa, lembre-se sempre:

 “Que o sucesso depende das nossas cooperações, pois só assim o universo conspirará ao nosso favor. Quanto mais cooperamos, mais rápido o alcançamos. Esta é a lei da natureza divina, a lei do retorno”, assim tudo anda na mais perfeita e divina ordem.

 De posse do livro, o jovem Allan começou a folheá-lo imediatamente, ficando um longo tempo totalmente estático. Voltando em si, olhou para o lado, o simpático velhinho havia sumido, da mesma forma que aparecera. Certamente foi pela estreita rua que margeava o pequeno riacho, sumindo naquela curva a diante.

 Ficou um tanto intrigado, mas voltou a olhar para o livro, cujo título “O futuro começa agora”.     Conversou cá com seu

Botões e resolveu ir para casa, e dedicar-se à leitura. Chegando lá, de cara levou aquela alfinetada de dona Lenyna, sua mãe;

-          E daí moleque, conseguiu emprego?

-          Não mãe. Não foi desta vez. O silêncio pairou no ar.

 

Sem dizer mais nada, e fazendo de conta não ter percebido a expressão de decepcionada da mãe, entrou no quarto, trancou a porta de madeira com uma tramela enorme e frouxa, e sentou-se à cabeceira da velha cama. Olhos em lágrimas, uma frase estampada na capa do livro, e dita pelo inusitado mestre, ecoava em sua mente:

- “O futuro começa agora”

- “O futuro começa agora”

- “O futuro começa agora”  

Muito atento, começou então a leitura do intrigante livro. A brisa do vento que passava por uma pequena fissura da parede sem pintura e mal acabada, feita de costaneira, sobre uma pequena mureta de tijolo avista de meio metro talvez, naquele pequeno quarto, provocava-lhe continuados calafrios.

 Daquele ar fresco, dava-lhe a impressão de ter a presença do inusitado mestre. Parecia que ali estava, para ensinar-lhe passo a passo, de cada um dos tópicos relacionados. O jovem Allan percebeu então, que começara naquele instante, uma grande viagem... A viagem para o futuro. Aquele que segundo o simpático mestre “Começa agora!”

 “O futuro começa agora”!


Autor:


Artigos Relacionados


O Ter E O Ser Se Coadunam?

Descansando Em Deus

Por Tras Desses Olhos

Arquivos Mentais Abertos

Lágrimas De Felicidades

Tem Um Bicho Debaixo Da Minha Cama

Relatividade Do Tempo