TERAPIA OCUPACIONAL: ESTRESSE OCUPACIONAL



TERAPIA OCUPACIONAL: REFLEXÃO SOBRE OS SINAIS E SINTOMAS EM PROFESSORES COM INDICATIVOS DE ESTRESSE OCUPACIONAL.

Rosangela Rocha Soares ; Esther Mazzini Ribeiro ; Tania Fernandes Silva .

RESUMO: O artigo trata dos resultados obtidos quando de intervenção terapêutica ocupacional no contexto empresarial. A demanda fora trazida pela Direção de Instituição de Ensino Fundamental, cujo público alvo envolve o treinamento de professores e o tema “Educação – Pró Atividade e Trabalho em Equipe”. O objetivo da narrativa, é o uso da ótica terapêutica ocupacional para levantar os sinais e sintomas do estresse, bem como seus fatores causais, por meio de pesquisa dos níveis de estresse, seus complicadores percebidos quando do treinamento e avaliação dos colaboradores, hipotetizamos se há comprometimentos no desempenho ocupacional da equipe. Os procedimentos metodológicos tem caráter quali quantitativo. O levantamento dos dados e intervenção, ocorreram em Julho de 2012, no Colégio Girassol - RJ. A intervenção identificou que a comunicação e expressividade fluíram de maneira favorável a execução das atividades, no que concerne à saúde e bem estar, além das dinâmicas individuais, em grupo, dos exercícios laborais de alongamento e da observação terapêutica ao longo do evento, foi aplicado um instrumento de avaliação que mensura o nível de estresse ocupacional cujos percentuais de estresse encontrados para “moderado” foi de 90% e para “intenso” 10%. De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, pode-se verificar que a menor parte da amostra encontrava-se com estresse moderado, sendo que, há presença do nível de estresse intenso.

Palavras - Chave: Estresse Ocupacional; Contexto Escolar; Saúde do Trabalhador; Terapia Ocupacional.

INTRODUÇÃO
As condições de proveniência e emergência do campo saúde do trabalhador e a análise de seus desenvolvimentos, de seus impasses, vêm sendo satisfatoriamente tratadas na literatura (MINAYO-GOMES, 2011). Muitas empresas estão visivelmente engajadas na globalização, buscando o aumento da produtividade e a promoção de constantes mudanças, com vistas a melhorar seu desempenho e manter a competitividade no mercado (ALBUQUERQUE E LIMONGI – FRANÇA, 1998).
Entende-se por saúde do trabalhador, um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, a promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho abrangendo a participação em estudos e pesquisas no processo de saúde, existentes no contexto de trabalho (SUS, Lei 8080/1990).
O ser humano está submetido a mudanças rápidas e significativas em diferentes setores de sua vida. O ajustamento a essas mudanças vai requerer do indivíduo uma desenvolvida capacidade adaptativa. Haverá forte necessidade de mobilização de energia física, mental e social para que essa adaptação ocorra. No entanto, pode acontecer acentuada incongruência entre sua capacidade de adaptação em relação à velocidade das transformações, gerando uma situação de conflito e desequilíbrio e instalando-se, assim, as situações de estresse.
Segundo Lipp e Malagris (2001), o estresse representa um processo complexo do organismo, envolvendo aspectos bioquímicos, físicos e psicológicos, que são desencadeados a partir da interpretação que o indivíduo dá aos estímulos externos e internos - os chamados estressores - causando desequilíbrio na homeostase interna que exige uma resposta de adaptação do organismo para preservação de sua integridade e da própria vida. As pesquisas acerca do estresse têm incluído o estudo dos efeitos negativos do mesmo, no que se refere à profissão do indivíduo. Algumas profissões parecem predispor seus profissionais a situações mais estressantes que outras. Por sua natureza, o magistério é, reconhecidamente, uma profissão estressante.
No seu cotidiano de trabalho o professor se depara com muitas variáveis que podem contribuir para o desequilíbrio de sua saúde física e mental, levando-o a desenvolver o processo de estresse. Com o objetivo de contratar treinamento à equipe de funcionários, o Colégio Girassol/J. E. Comecinho de vida, entrou em contato com nossa equipe de profissionais a fim de melhor obter informações sobre a Terapia Ocupacional no contexto empresarial. Desta forma, a demanda fora trazida pela Direção de Instituição de Ensino Fundamental, cujo público alvo envolveu o treinamento de professores. Nesta oportunidade, procedemos às informações devidas, e apresentamos a constituição de nossa equipe, que é formada por Terapeutas Ocupacionais graduados e pós-graduados, devidamente registrados no Conselho Regional de Terapia Ocupacional, e apoio técnico-logístico, que criam e desenvolvem atividades no contexto empresarial, voltadas para o desenvolvimento e fortalecimento do comportamento empreendedor de seus colaboradores frente a um tema específico, com o objetivo de atualizar o conhecimento e atender as necessidades focalizadas, estabeleceu-se o tema do treinamento: “Educação - Pró Atividade e Trabalho em Equipe”.
Após entrevista com a direção e levantamento das necessidades da escola, os objetivos delineados pela nossa equipe, para o efetivo treinamento foram: estimular a qualidade de vida no trabalho; situar a terapia ocupacional no segmento educação e recursos humanos; promover atividades terapêuticas ocupacionais em forma de treinamento, investigar sinais e sintomas da presença de estresse ocupacional, com a intervenção nos eixos: auto cooperação, bem-estar físico e mental, comprometimento profissional, comunicação verbal e não verbal, confiança, criatividade, ética, expressividade, liderança, poder de persuasão e influência, resolução de problemas e tomada de decisão, respeito a valores pessoais, profissionais e união. A culminância do treinamento objetivou o levantamento de sinais e sintomas que evidenciam a presença de estresse e consequente comprometimento no desempenho ocupacional dos professores, o que, futuramente, contribuirá para avanços nas informações sobre a saúde dos colaboradores e, com isso, poder sugerir intervenções adequadas para a melhoria da qualidade de vida desses funcionários, já que exercem a função fundamental de multiplicadores do ensino.

METODOLOGIA
População: A amostra foi constituída de 10 indivíduos do sexo feminino, com idade entre 18 e 44 anos, atuando como professoras do ensino pré-escolar e fundamental, com carga horária de aproximadamente 40 horas/semanais.

Procedimentos Utilizados:
Os dados foram coletados, em etapas distintas:
1) Por meio da observação participante, que segundo Martins (1996), permite ao observador "olhar" para o processo de apropriação de conhecimento dos vários segmentos que estão inseridos nas atividades, o que significa analisar a existência do fazer. Ou seja, na observação do grupo em ação, ele poderá averiguar o que é convergente, o que é divergente ou contraditório, nas diversas formas de agir do grupo observado quando da realização dos diálogos, vídeos, escuta terapêutica individualizada, mensagens de reflexão e dinâmicas de grupo realizadas pela equipe que buscou o aperfeiçoamento e as novidades do mundo das ocupações, inovando e promovendo estratégias profissionais utilizando como ferramenta a estimulação da subjetividade, por meio de atividades expressivas (ANEXOS). As intervenções terapêuticas ocupacionais foram ministradas no próprio Colégio, no formato “seu território”.
2) Foi realizada entrevista individualizada previamente elaborada pelos terapeutas, que buscou a ocorrência de sinais e sintomas que sugiram a presença de estresse, que de acordo com Ballone (2005) incluem o levantamento de:
a) manifestações físicas que podem resultar em transtornos psicossomáticos, que normalmente se referem à fadiga crônica, frequentes dores de cabeça, problemas com o sono, úlceras digestivas, hipertensão arterial, taquiarritmias, e outras desordens gastrintestinais, perda de peso, dores musculares e de coluna, alergias, etc.
b) manifestações comportamentais: probabilidade de condutas aditivas e evitativas, consumo aumentado de café, álcool, fármacos e drogas ilegais, absenteísmo, baixo rendimento pessoal, distanciamento afetivo dos amigos e companheiros como forma de proteção do ego, aborrecimento constante, atitude cínica, impaciência e irritabilidade, sentimento de onipotência, desorientação, incapacidade de concentração, sentimentos depressivos, frequentes conflitos interpessoais no ambiente de trabalho e dentro da própria família.

Pesquisa do estresse: A pesquisa do estresse foi realizada pelo levantamento dos sinais e sintomas de acordo com Ballone (2005) cujo objetivo foi à identificação da sintomatologia apresentada pelo sujeito, avaliando se o mesmo possui sintomas de estresse, o tipo de sintomas existentes (se somáticos ou psicológicos). Tal entrevista é composta pela sintomatologia, disposta em três quadrantes: o primeiro referente à ausência dos sintomas, o segundo a presença ocasional dos sintomas, e ao terceiro a presença frequente dos sintomas. Para cada quadrante atribui-se um valor, que identifica a totalidade do nível em que se encontra o indivíduo (sem estresse, estresse moderado, estresse intenso ou estresse muito intenso).

Aspectos éticos: Todos os participantes foram esclarecidos acerca dos objetivos do estudo e dos procedimentos metodológicos da pesquisa. Portanto, aqueles que concordaram em participar, assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para Andrade e Clifford (2003), o estresse é uma condição que resulta quando as interações de uma pessoa com seu ambiente levam-na a perceber uma discrepância – quer real ou não – entre as demandas da situação e os recursos dos sistemas biológico, psicológico ou social.
No que concerne à saúde e bem estar, além das dinâmicas realizadas em caráter individual e em grupo, dos exercícios laborais de alongamento e da observação terapêutica ao longo do evento, foi realizada uma entrevista que mensura o nível de estresse ocupacional, de cada participante, nas escalas (Gráfico 1): Sem estresse (menos de 4 pontos), Estresse moderado de (4 a 20 pontos), Estresse intenso (de 20 a 30 pontos) e Estresse Muito Intenso (acima de 30 pontos). De acordo com a investigação, os percentuais encontrados para o seu público foram: 90% da amostra apresentaram “Estresse moderado”, 10% “Estresse Intenso”.

O grupo apresentou-se solícito e participativo em todas as atividades, qualificando como de importância relevante para sua atuação e crescimento profissional, a realização de eventos de treinamento com maior assiduidade. Esta e outras informações, foram obtidas em “formulário de avaliação/sugestões” quando do preenchimento no término do evento por parte dos participantes.

A comunicação e expressividade fluíram de maneira favorável e vantajosa a execução das atividades, sem nenhuma ocorrência que mereça destaque, salvo a normal controvérsia de ideias, propositalmente estimulada, ao longo do debate em grupo (distribuída pela equipe). Cumpre informar, que obedecendo a contratualidade verbal entre equipe de terapeutas e participantes, que estabeleceu e firmou o sigilo e a ética para com as particularidades e confidencialidades de cada indivíduo, trazemos alguns temas que foram demarcados pelo GRUPO. Temas estes, que podem ser analisados, ou re-analisados pela Direção da Escola: Necessidade de reconhecimento do trabalho realizado (isto difere de remuneração material); Falta de Motivação e Revindicação de liderança/comando mais assertivo.
Desta forma, sugere-se adotar e/ou dar continuidade, a uma “política de premiação” que seja baseada em fatos quantificáveis, como por exemplo: índice de pontualidade, estabelecimento de índices de produtividade, e outros que possam ser medidos e comprovados. Consideramos que a obtenção de fatos e dados mensuráveis, funciona como indicadores de desempenho de grande relevância para a otimização da administração da escola, estabelecimento de metas, bem como a criação de ações preventivas e reparadoras dos níveis obtidos.
Assim, torna-se mais elucidativa a forma de premiação bem como, a observação evolutiva com acompanhamento do perfil de cada integrante da empresa para possível mudança no quadro e estrutura de liderança.

CONCLUSÕES
Treinamentos e capacitação continuada destacam-se em empresas que se preocupam com o bem estar de seus colaboradores. Pode-se observar quando da realização de dinâmicas ao logo do treinamento, que o estresse pode ser benéfico em doses moderadas, pois em momentos de tensão libera-se a adrenalina (ou a dopamina), que proporciona ânimo, vigor, entusiasmo e energia. Este trabalho aborda a temática, da Educação, Pró Atividade e Trabalho em Equipe, com relevância na pesquisa dos sinais e sintomas de estresse ocupacional em professores do Pré Escolar ao ensino fundamental. De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, pode-se verificar que a menor parte da amostra encontrava-se com estresse moderado, sendo que, há presença do nível de estresse intenso. Espera-se, com o presente estudo, acrescentar contribuições para avanços nas informações sobre a saúde dos professores do pré escolar ao ensino fundamental e, com isso, poder sugerir, futuramente, intervenções terapêuticas adequadas para a melhoria da qualidade de vida desses trabalhadores.
AGRADECIMENTOS
As Professoras do Colégio Girassol/J. E. Comecinho de Vida, participantes do treinamento; A Diretora do Colégio Girassol/J. E. Comecinho de Vida, Pedagoga Fernanda Alves e Ao apoio técnico logístico de Michael Alves – Profissional de Informática.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, L.G. & LIMONGI – FRANÇA, A.C. Estratégias de Recursos Humanos e Gestão da Qualidade de Vida no trabalho: o stress e a expansão do conceito de qualidade total. Revista de Administração da USP, 1998, 2, 40-51.

ANDRADE C.K., CLIFFORD P. Massagem – técnicas e resultados. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003.

BALLONE, G. J. Síndrome de Burnout - disponível. http://www.sindpdpr.org.br/artigo-saude-do-trabalhador/sindrome-burnout> acesso em 11 de Setembro de 2012 às 18:55h.
Disponível em: acesso em 11 de Setembro de 2012 às 16:30h.

GUERRA, A. SUS – Sistema Único de Saúde: LEI 8.080 de 19 de Setembro de 1990, sancionada pelo Presidente Fernando Collor de Mello.

LIPP, M. E. N., & MALAGRIS, L. E. N. O stress emocional e seu tratamento: Psicoterapias cognitivo comportamentais. Rio de Janeiro: Artmed, 2001.

MARTINS, J .B. Observação participante: uma abordagem metodológica. Semina: Ci. Sociais/Humanas, Londrina, v. 17, n. 3, p. 266-273, set. 1996.

MINAYO-GOMEZ, C. et. al. Saúde do Trabalhador na Sociedade Brasileira Contemporânea. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2011.

Download do artigo
Autor: Tânia Fernandes Silva


Artigos Relacionados


PrudÊncia Acerca Do Estresse No Trabalho

O Estresse Do Enfermeiro Na Sala De Trauma

O Estresse Do Enfermeiro Na área De Emergência

O Estresse No Âmbito Educacional

O Estresse Nos Profissionais De Enfermagem

Estresse Do Enfermeiro Em Ambiente Hospitalar

Síndrome De Burnout