A Prática Sistêmica Na Extensão Rural
Esses serviços vêm sendo prestados por técnicos que geralmente introduzem novas técnicas, ou fórmulas prontas para serem trabalhadas pelos agricultores, com o intuito de resolver problemas práticos da propriedade rural, os agricultores tornam-se agentes passivos durante o processo de assistência técnica. Neste caso, segundo Pinheiro (2000, p.29) prevalece a visão reducionista de desenvolvimento rural, o agricultor, ator mais interessado neste processo, em geral, não participa, acaba recebendo orientações técnicas inadequadas a sua realidade.
Com o intuito de minimizar os impactos do reducionismo na agricultura, emergiu a visão de sistemas, inicialmente trabalhada na perspectiva hard-systems, que segundo Pinheiro (
Diante o desafio de promover a harmonia entre os seres humanos e a natureza surge a necessidade de implementar estratégias de produção agropecuária que sejam compatíveis com os ideais do desenvolvimento sustentável, para isso, os atores de assistência técnica terão que transformar sua prática convencional e introduzir outras mudanças institucionais, para que possam atender às novas exigências da sociedade (PNATER, 2004).
A assistência técnica, deve dar lugar a extensão rural visando estender, ao povo rural, conhecimentos e habilidades, sobre práticas agropecuárias, florestais e domésticas, reconhecidas como importantes e necessárias à melhoria de sua qualidade de vida.A justificativa para a existência de um serviço de extensão é o de estimular a população rural para que se processem mudanças em sua maneira de cultivar a terra, de criar o seu gado, de administrar o seu negócio, de dirigir o seu lar, de defender a saúde da família, de educar os seus filhos e, por fim, de trabalhar em favor da própria comunidade.
Os objetivos da Extensão Rural são de natureza educacional, por isso destinam-se a provocar mudanças de comportamento do povo rural. A extensão rural deve objetivar o desenvolvimento social comunitário, economico-financeira, promovendo a educação rural; o diagnóstico participativo como processo de obtenção, sistematização e análise de informações; a articulação da Pesquisa e Extensão e instalação de unidades de observação como estratégias para o desenvolvimento rural.
Unidades de observação é um método da extensão utilizado para comprovar, no local que será aplicada, tecnologias geradas e testadas em condições distintas ou para provar linhas de exploração que tiveram êxito em outros lugares e verificar sua adaptação sob o ponto de vista agrotécnico e econômico. O pesquisador, o extensionista e os produtores em cuja propriedade é montada a unidade de observação, participam de todas as fases do método: planejamento, implantação, acompanhamento e análise dos resultados.
A prática sistêmica, torna essencial para este processo de extensão rural, evoluindo da visão hard-systems para soft-systems, onde numa perspectiva construtivista ocorre a interação entre agricultores, extensionista e demais interessados. Ambos são agentes ativos no processo de construção do conhecimento, os resultados são construídos coletivamente (PINHEIRO, 2000). O objetivo principal é entender as relações estabelecidas entre o homem e a natureza.
Schlindwein (2005) elenca algumas características da prática sistêmica, dentre elas que o foco está no processo de aprendizagem e que a ética presente é o da responsabilidade, já que considera o mundo resultado do ato de distinção de seres conscientes.
O processo de extensão rural deve ser realizado considerando as relações inrterpessoais e as relações com o meio ambiente em que o agricultor está inserido, o diálogo deve ser encarado como instrumento importante para construção de conhecimento. Assim, o processo de extensão será realizado,voltado para a libertação dos agricultores, em vez de ser mais um instrumento de domesticação popular (Freire, 2002).
Os limites da abordagem sistêmica para a prática do extensionista [1], seria a falta de conhecimento e o uso de técnicas prontas para o trabalho com o agricultor, as possibilidades, são muitas, se for trabalhada a abordagem sistêmica na visão s soft-systems, com a prevalência da ética e da responsabilidade com a construção de um desenvolvimento rural sustentável, com o intuito de melhoria de qualidade de vida da população rural.
Referências Bibliográficas
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação?. 12ª edição, Paz e Terra, 2002.
PINHEIRO, Sérgio L. G. O enfoque sistêmico e o desenvolvimento rural: uma oportunidade de mudança da abordagem hard-systems para experiência com soft-systems. Revista de agroeclogia e desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre, v.1.n.2.abril/junho. 2000. (Textos)
SCHLINDWEIN, Sandro Luiz. Prática sistêmica para lidar com situações de complexidade. Universidade Federal de Santa Catarina. NUMAVAM- Núcleo de Estudos em Monitoramento e Avaliação Ambiental. Programa de Pós-Graduação
Texto da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural.
http://www.economiabr.net/economia/3_desenvolvimento_sustentavel_conceito.html, (acesso em: 13/05/2006)
http://www.ambientebrasil.com.br/agropecuario/extensao.html - (acesso em 15/03/2004).
Autor: Odair José Moura de Araújo
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