Como Entender a Epistemologia Crítica em Kant



A Crítica de Kant. 

Ele nasceu em 1724- 1804 na Alemanha, após certo  tempo de estudo ficou muito interessado pela Ciência desenvolvida por Newton, que já estava muito bem elaborada naquela época.

Kant estava muito atento a um equívoco conceitual, a respeito do fundamento do conhecimento científico, ao que se refere o saber a respeito da natureza.

A questão levantada por Kant se é possível ou não  o conhecimento por uma razão pura independente do mundo da experiência.

Exatamente a grande interrogação desenvolvida por Kant, a razão não poderia desenvolver o conhecimento apenas por meio do método dedutivo aristotélico aplicação da lógica formal, esse método estava sendo profundamente questionado na época e substituído por outro, o método indutivo.

O método desenvolvido por Kant foi denominado de criticismo, o conhecimento não pode ser independe da realidade sensível, ou seja, da experiência. Ao desenvolver esse método ele despertou do sono dogmático que até então todos os filósofos estavam mergulhados.

Eles não questionavam naquele tempo a existência da realidade, muito menos duvidavam se as ideias da razão correspondiam ou não com a verdade, era particularmente descartável o método empírico, a prevalecencia ainda do antigo método formal, a velha lógica aristotélica.

Kant influenciado por Hume faz a seguinte pergunta, qual o verdadeiro sentido do nosso conhecimento, é possível ou não o ato do conhecimento?  Qual o verdadeiro razão  dele, ou toda forma de  saber seria apenas metafísico.

Ele coloca um tribunal para julgar o que pode ser conhecido legitimamente, o que pode de fato ser conhecido com fundamento, quando que a lógica aplicada é realmente verdadeira.

Com esse propósito ele pretende superar o grande antagonismo entre dois sistemas filosóficos, racionalismo fundamentado pela filosofia desenvolvida por Descartes  e o empirismo por John Locke.

Ele condena a princípio o aspecto radical do empirismo ao afirmar que toda forma de conhecimento vem apenas dos sentidos, ou seja, da experiência.

 Por outro lado, do mesmo modo ele não aceita o principio fundamental do racionalismo, que defende que toda a forma de conhecimento vem de nós mesmos. Ideias inatas.

Então a ideia defendida, que  o conhecimento deve constar tão somente de juízos universais, do mesmo modo particularmente deriva dos sentidos ou do campo da experiência, a epistemologia de Kant era superar em definitivo essa dicotomia.

Para superar esse antagonismo Kant teve que dar a seguinte explicação, todo conhecimento a priori é constituído de matéria e forma. Com efeito, a matéria de nosso conhecimento, são as coisas, ou seja, o mundo material que relaciona diretamente com o campo empírico.  A forma representa  nós mesmos.

Então para conhecer precisamos, necessitamos da experiência sensível, mas essa experiência não será absolutamente nada, se não for organizada por nós, essa organização chamamos de forma que é o entendimento racional do objeto empírico. As formas são sujeitos racionais a priori e anteriores a qual objeto ao campo empírico.

Existe uma condição para o desenvolvimento a qualquer experiência, para conhecer qual objeto é necessário primeiro a sua organização, do ponto de vista racional, isso significa que a experiência não pode desenvolver por si mesma.

Toda organização para o desenvolvimento do conhecimento  deve se dar a partir de forma a priori do tempo e do espaço. Para Kant os mesmos não existem como realidade externa, são antes de tudo formas postas pela o sujeito a lógica racional.

Com efeito, não tem como dissociar as duas realidades, ou seja, a  racionalidade e o  empírico, não se conhece nada pelo mundo das ideias, ou seja, o conhecimento das ideias pelas ideias. Primeiro mérito de Kant.

 Do  mesmo modo não tem como desenvolver conhecimento a experiência pela  experiência, as ideias são necessárias não apenas para expressar o conhecimento, mas sobretudo, para fundamenta-lo.  Segundo mérito de Kant.

As ideias serão eternamente metafísicas se não existir nelas mesmas o campo experimental para dar sentido à realidade. Para Kant, o tempo e o espaço não existem  como realidades externas, algo como imaginaçao,  são formas que o sujeito pelo mecanismo racional coloca nas coisas. Esse aspecto é fundamental ser considerado no campo empírico.

  Na perspectiva da conciliação do racionalismo com o empirismo, afirma categoricamente Kant, quando afirmamos que uma coisa é uma coisa e que outra coisa é outra coisa, ou que tal coisa, causa certas reações ou que determinadas coisas existem.

Temos coisas que percebemos pelos sentidos afirma Kant, mas evidentemente outras coisas não ou apenas parcialmente, portanto, o ato do conhecimento é muito difícil, pois as coisas que escapam dos sentidos eles precisam de outros elementos a sua compreensão.

As categorias de substância, causalidades e de existência. Essas categorias e outras  essencialmente não vem do campo experimental, são postas em forma da análise pelo sujeito cognoscente.

Sobre esse aspecto que Kant influenciado em parte por Hume, desencadeou uma forma diferente de reflexão, nosso conhecimento experimental é formulado por impressões, Hume, a própria faculdade no ato do conhecimento de si mesma, retira esse conhecimento por meio do campo das  impressões.

Exatamente por essa razão afirma Kant, não é possível conhecer as coisas, exatamente como elas são em si, de certo modo toda forma de conhecimento é aproximativo, seja ele do qual campo especifico for,  depende exatamente de  pequenos processos de sínteses relativas.

Então Kant chegou a seguinte conclusão, não são possíveis conhecer as coisas tais quais são, o que denomina em alemão de noumenon, o que é  da coisa em si, o conhecimento de certo modo na sua natureza objetiva é inacessível ao sujeito.

Apenas podemos conhecer os fenômenos, o que etimologicamente significa, o que aparece, muitos aspectos de uma realidade no campo empírico não parece ao sujeito cognoscível, razão pela qual os paradigmas não são eternos.

Com efeito, a realidade não é um dado exterior objetivo dado de forma sistemática ao sujeito no qual o intelecto deve se conformar.

 Na  verdade o mundo fenomenológico só é real na medida que aparece para nós. Nessa lógica de certa forma o que conhecemos  é construído dentro do seu tempo histórico e da produção cultural desse tempo. 

A grande questão que as construções como sempre pelo menos em parte são ideológicas, porque não existe ideologia pura, isso não significa que uma coisa seja inteiramente ideológica, mas parcialmente, do mesmo modo a empiria, completamente objetiva.

 Tanto  numa coisa como na outra, existe uma lógica de proporcionalidade, será tanto mais verdadeira, quanto mais for proporcional, afirmou com sapiência essa lógica Nietzsche.

O que é a verdade a proporcionalidade dela, refiro isso dentro do campo empírico ou da realidade emocional das outras ciências como aquelas que referem ao campo puramente humano. Edjar.

Prosseguindo a análise de Kant, ele depara as dificuldades referentes às tais verdades metafísicas insolúveis do ponto de vista da realidade.

 Como por exemplo, a existência de Deus, a imortalidade  da alma, a liberdade, como a ideia cosmológica da infinitude do universo. Esses aspectos não tem materialidade então não temos como saber se corresponde ou não a verdade.

Retomando a Kant, o que é interessante colocar, para ele toda forma de conhecimento, é constituído a priori pelo espírito e pela matéria fornecida pelo campo da experiência, não se pode conhecer dissociando um dos aspectos. Nesse sentido a metafísica é completamente descartada, isso porque não se conhece negando uma das possibilidades.

Tudo aquilo que não tem experiência sensível não se pode afirmar como verdade, exemplo Deus, o recurso é apenas metafísico.

 Trata se de um agnosticismo etimologicamente, o que significa essa explicação, não a gnosis quer dizer conhecimento, não refere especificamente a essa forma de entendimento.

Agnóstico quando consideramos a razão incapaz de afirmar alguma coisa. Entretanto, apesar do agnosticismo em geral levar ao ateísmo, não significa a mesma coisa, isso porque também se aplica relativamente ao mecanismo do processo de construção do conhecimento.   

A grande crítica a Kant, apesar do seu desenvolvimento de conciliação entre racionalismo e empirismo, o procedimento epistemológico kantiano, remonta a defesa de uma filosofia idealista que influenciou muito o sistema filosófico do desenvolvimento da dialética de Hegel.

Apesar de reconhecer e esse é o seu grande mérito, da experiência como campo empírico fundamental a matéria fornecedora do conhecimento.

 O espírito humano por meio da estrutura a priori da razão e sua lógica de constituição das sínteses relativas, devido a essa estrutura,  é o intelecto de forma idealistamente que constroi a ordem não apenas do universo, mas sua formulação do entendimento.

 De certo modo para Kant essa ordem sobre o mundo da realidade material,  não é em ultima instância determinada pelo campo empírico, o que significa a imposição idealista. Kant relativamente volta pela porta do fundo parcialmente o que procurou negar inicialmente.

Karl Marx ao perceber essa realidade, e como ela volta de forma idealisticamente a metafísica, mesmo que seja parcialmente, tenta com isso fundar o verdadeiro  materialismo histórico.

 Na tentativa de desenvolver a verdadeira superação, defendendo que o homem não é fruto da consciência apenas, mas das realidades históricas das condições reais da vida.

Não é a consciência que determina o que o homem é, mas a mesma é determinada pela realidade histórica, dentro dos devidos tempos do desenvolvimento, entender o mundo é necessário entender o tempo das relações humanas. Isso Kant não foi capaz de perceber. 

Edjar Dias de Vasconcelos.


Autor: Edjar Dias De Vasconcelos


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