A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA A ESCOLA



UNIVERSIDADE TIRADENTES

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA A ESCOLA

 

 

 

 

                                   

                    RITA DE CÁSSIA DIAS DE OLIVEIRA CARVALHO

 

 

 

 

 

                                 ORIENTADOR

                            Prof. Espc. JOAQUIM FRANCISCO SOARES GUIMARÃES

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Estância/SE

Dezembro/2003

 

UNIVERSIDADE TIRADENTES

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA A ESCOLA

 

 

Monografia apresentada como um dos pré-requisitos para a obtenção do grau de Licenciatura Plena em Pedagogia.

 

 

 

 

                                                      RITA DE CÁSSIA DIAS DE OLIVEIRACARVALHO

 

 

 

                                                 ORIENTADOR

                                       Prof. Espc. JOAQUIM FRANCISCO SOARES GUIMARÃES

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Estância/SE

Dezembro/2003

 

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO PARA A ESCOLA

 

                                

RITA DE CÁSSIA DIAS DE OLIVEIRA CARVALHO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DATA______/______/______

 

 

 

 

 

 

BANCA

 

 

 

 

 

1º) Orientador (a):________________________________________________

      Prof. Espc. Joaquim Francisco Soares Guimarães

 

2º) Examinador (a):_______________________________________________

        Prof. Espc. Maryluze Souza Santos Siqueira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Não basta que exista educação para que um povo tenha seu destino garantido. É preciso determinar o teor educacional para que se saiba em que educação está caminhando ou deixando de caminhar uma nação”.

 

Arduini

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dedico este relatório a Deus por ter dado a oportunidade de realizar  meu  objetivo; a minha família pelo apoio que recebi e às pessoas que me ajudaram direta ou indiretamente para a realização dos meus ideais.

AGRADECIMENTOS

 

 

 

 

 

 

A DEUS,

 

Agradecemos a Deus ser onipotente, providenciador de tudo que acontece em nossa vida, que nos deu força, capacidade e sabedoria para concluirmos este trabalho.

 

A MEUS PAIS,TIOS, IRMÃOS, SOBRINHOS, AVÓS E AMIGOS, ENFIM AOS QUE AMO,

 

Vocês são o troféu na minha existência.

Como agradecer o apoio, a paciência e a compreensão que nos dedicaram.

Como preencher a lacuna, a renúncia que muitas vezes se abriu entre nós porque precisávamos voltar todos os nossos pensamentos, atenção e olhar para os estudos?

Só encontrei uma forma para corrigir tudo isso: Compartilhar essa vitória com vocês e dizer que os amo e que sou eternamente grata.

 

AOS MESTRES,

 

“Saudades vão ficar do tempo em que comecei a caminhar almejando a vitória”.

Obrigada pelas experiências e conhecimentos que recebi. Sei que levei um pouco de cada, pois me marcaste pelo amor, sabedoria, compreensão.

 

AO PROFESSOR JOAQUIM,

 

Você que em todos os momentos, foi não apenas orientador, mas alguém que me compreendia e me aconselhava. Sua maneira de ser é ímpar, a minha gratidão.

 

A CARLOS VALDEMAR DE CARVALHO ARAÚJO,

 

Contar com você foi à coisa mais gratificante que a vida me reservou.

A você que sempre serviu de estímulo para continuar essa árdua jornada; mesmo relutando entendeu minha ausência. Jamais esquecerei! Eu te amo!

 

AOS COLEGAS,

 

Que contribuíram na realização da construção do saber.

A distância não existe. Podemos não estar presente, mas nunca  esquecerei daqueles que deixaram marcas profundas de amizades, companheirismo e dedicação.

 

 


MENSAGEM

 

 

APRENDI ...

 

Aprendi que se aprende errando;

Que crescer não significa fazer aniversário;

Que o silêncio é a melhor resposta,quando se ouve uma bobagem;

Que trabalhar significa não só ganhar dinheiro;

Que amigos a gente conquista mostrando o que somos;

Que os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim;

Que a maldade se esconde atrás de uma bela face;

Que não se espera a felicidade chegar,mas se procura por ela;

Que quando penso saber de tudo ainda não aprendi nada;

Que a natureza é a coisa mais bela na vida;

Que amar significa se dar por inteiro;

Que um só dia pode ser mais importante que muitos anos;

Que se pode conversar com estrelas;

Que se pode confessar com a lua;

Que se pode viajar além do infinito;

Que ouvir uma palavra de carinho faz bem a saúde;

Que dar um carinho também faz ...

Que sonhar é preciso;

Que se deve ser criança a vida toda;

Que nosso ser é livre;

Que Deus não proíbe nada em nome do amor;

Que o julgamento alheio não é importante;

Que o que realmente importa é a paz interior;

E finalmente, aprendi que não se pode morrer, para se aprender a viver ...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 SUMÁRIO

 

 

 

 

 

RESUMO............................................................................................................................ 11

 

INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12

 

CAPÍTULO I...................................................................................................................... 13

 

1. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL ................................ 13

1.1   Administração e seus aspectos gerais                                

 

CAPÍTULO II ................................................................................................................. 22

 

2. PLANEJAMNETO EM EDUCAÇÃO – DEFINIÇÕES E PONTOS COMUNS    

 

2.1 Projeto Político-Pedagógico da Escola e a Gestão da Escola: Uma Construção Coletiva..............................................................................................................................25

2.2 Conceituando Projeto Político-Pedagógico..................................................................26

2.2.1  Meios e Fins no Processo Decisório...................................................................30

2.2.2   Conflito Organizacional.....................................................................................31

2.2.3   Implementação do Projeto Político-Pedagógico................................................31

2.3 Projeto Político-Pedagógico: Dimensões Indissociáveis do Fazer Educativo..............33

2.3.1   A Instituição: Ponto ainda Desconhecido..........................................................39

2.3.2   Projeto Político-Pedagógico: Uma Moda, um Remédio ou Uma Necessidade.41

 

 

CAPÍTULO III ............................................................................................................... 45

 

3. PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO NA ESCOLA

3.1 Fase do Planejamento Participativo.............................................................................46

3.2 Projeto Político-Pedagógico: O desafio e Organização dos Educadores.....................47

3.3 A Crise de Paradigmas Impulsores de Mudanças na Educação e na Escola................49

       3.3.1  A dimensão e o caminho da mudança...............................................................50

3.4 Passos para a Construção do Projeto Político-Pedagógico...........................................51

      3.4.1   1° Passo – Marco Referencial............................................................................51

3.4.2        Partes do Marco Referencial............................................................................52

3.4.3        2° Passo – Diagnóstico....................................................................................54

3.4.4        3° Passo – Programação...................................................................................55

3.4.5        4° Passo – Avaliação........................................................................................56

3.5 A Importância do Projeto Político Pedagógico para a Escola......................................56

 

CONCLUSÃO................................................................................................................... 63

 

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 66

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RESUMO

 

 

 

O presente trabalho tem como objeto de estudo “A importância do Projeto Político Pedagógico para a escola” onde este tem sido peça investigatória e de estudo para professores, pesquisadores e instituições educacionais que buscam melhoria da qualidade de ensino.Um projeto nada mais é do que a atividade de pensar a ação. Esta é mais uma característica do homem: a capacidade de projetar suas ações no tempo, de antecipar, teoricamente, a realização das atividades necessárias para a execução de suas obras. A escola, enquanto instituição, deve levar em consideração o perfil de cidadão que se compromete a formar, bem como os anseios da comunidade frente aos desafios impostos pelo mundo globalizado em que vivemos. Neste âmbito, percebemos a importância da participação da comunidade de forma autônoma, em todas as decisões tomadas pela escola, principalmente, na construção de seu Projeto Político-Pedagógico. Não se pode esquecer que a escola e principalmente a sala de aula são espaços em que se concretizam as definições sobre a política e o planejamento que as  sociedades estabelecem para si próprios, como projeto ou modelo educativo que se tente por em ação. (AZEVEDO, 1997,p.59).É nesse contexto de transformação que encontramos nesse trabalho monográfico, as evoluções no pensar e no fazer pedagógico no tocante ao planejamento em educação pois “todo fato educativo se situa num processo que atende a um fim. Estes fins obedecem a finalidades gerais. E estas finalidades são essencialmente ditadas pela sociedade (...). mas também o produto das vontades e das escolhas subjetivas dos participantes no ato educativo como dos fins comuns para que atenda a coletividade. Marcar uma finalidade na educação não é investi-la ou naquela função, mas é mostrar que as funções que lhe são próprias devem exercer finalidade que as transcedam”.(FAURE, 1974, p.227). Assim, para construirmos os projetos de nossas escolas devemos planejar o que temos intenção de fazer e de realizar. Lançar para adiante com base no que tem, buscando o possível. Desta forma, estaremos prevendo um futuro diferente do presente.Para isso, precisamos envolver todos os que contribuem como o ambiente da escola, pais, alunos, educadores, funcionários, direção e comunidade social, os quais, num processo de coletividade, encontrem os fundamentos e as necessidades que nortearão o Projeto Político-Pedagógico. Temos a escola como um ambiente de construção de conceitos, transmissão dos conhecimentos historicamente acumulados e de formação da cidadania de maneira critica e atuante da sociedade.Concluímos que a escola precisa ser dinâmica, flexível e atraente. Precisa estar preparada para formar cidadãos criativos e críticos e que estejam dispostos para assumir desafios.

 

 

INTRODUÇÃO

 

 

O Projeto Político-Pedagógico tem sido objetivo de estudos para professores, pesquisadores e instituições educacionais em nível nacional, estadual e municipal, em busca da melhoria da qualidade de ensino.

 

O presente estudo tem a intenção de refletir a cerca da construção e importância do Projeto Politico-Pedagógico para a escola, entendendo como a própria organização do trabalho pedagógico da escola como um todo.

 

A escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto educativo, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico com base em seus alunos. Nessa perspectiva, é fundamental que ela assuma suas responsabilidade, sem esperar que as esferas administrativas superiores tomem  essa iniciativa, mais que lhe deem mais condições necessárias para levá-la adiante.

 

Para tanto, é importante que se fortaleçam as relações entre escola e sistema de ensino.

 

Para isso, iniciamos com o primeiro capítulo, fazendo um breve histórico  da educação no Brasil. Em seguida, no segundo capítulo abordamos nossas reflexões sobre o planejamento em Educação, no terceiro e último capítulo partimos para uma discussão dos  elementos básicos, da organização do trabalho pedagógico, necessário à construção do Projeto Político-Pedagógico, onde é abordada a sua importância para a escola e sua relevância para a sociedade.

 

Desta forma, buscamos fazer uma pesquisa bibliográfica tendo como colaboradores necessários para fundamentar a nossa pesquisa os seguintes autores: Carmem Castro , Pedro Demo, Paulo Freire, Moacir Gadotti, Antonio Carlos Gil, Henry Giroux, Célia Guimarães, Ilma Veiga, Dermeval Saviani, Anna Santiago, Elisabete Pereira, Vera Lopes, Maria de Fátima Nascimento, Agnes Heller e José Matias Alves. Observamos que os mesmos contribuíram de forma veemente para que pudéssemos ter sucesso em nossa pesquisa

 

CAPÍTULO I

 

1-BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL.

 

 

 

 

 

 

Não se pode esquecer que a escola e principalmente a sala de aula são espaços em que se concretizam as definições sobre a política e o planejamento que as sociedades estabelecem para si próprios, como projeto ou modelo educativo que se tente pôr em ação. (AZEVEDO, 199, p.59).

 

 

 

A Educação é inerente ao homem desde o seu nascimento, o seu dia-a-dia é uma constante aprendizagem.

 

 

A cada dia surgem novas descobertas, o homem vai aprendendo com elas, aperfeiçoando e transmitindo seus conhecimentos.

 

O objetivo da educação nos povos primitivos era ajustar a criança ao meio pela aquisição de experiências das gerações passadas, que era  realizada através da imitação.

 

No oriente, a visão de educação objetivava o domínio da linguagem e da literatura, que já acontecia nas escolas. A educação grega visou primordialmente ao desenvolvimento individual, esta característica  deu início à educação liberal. Em Roma a educação fundamentou-se nos conceitos de direitos e deveres. A partir do período imperial, surgiram as escolas de diversos graus, inclusive as universidades.

Na Idade Média, a educação tinha caráter cristão, o que era oposto a educação desenvolvida na liberal, dos Gregos e dos Romanos. No final da Idade Média, surge a educação humanista, que se caracteriza pela volta à cultura clássica.

 

A partir da Reforma de Lutero, a educação moderna tem início, e propõe uma educação realizada pelo Estado, e designada a todos os povos sem exceção. Com a Contra Reforma da Igreja Católica, onde atuava com a companhia de Jesus, a juventude tinha atenção especial. Foi implantado, no entanto o regime absolutista de governo, que permaneceu durante a Idade Moderna e com isso a educação passou-se a atender e privilegiar os nobres, e conseqüentemente a grande maioria da população ficou na ignorância.

 

A educação de acordo com a época teve diferentes objetivos, como o da Reconstrução Social, após o término de uma revolução. A educação transmitida pelos filósofos a seus discípulos, onde pregava a purificação, a perfeição, à iniciação moral. Pregavam o fortalecimento da alma ou o fortalecimento do corpo, até a junção dos dois ao desenvolvimento do intelecto.

 

Houve a educação opressora e discriminante, onde apenas os filhos da classe alta recebiam aulas, os dos camponeses não precisavam, pois para trabalhar na lavoura não necessitavam de muitos conhecimentos. Nesta mesma linha surgiram o autoritarismo dos feudos e o domínio cultural e literário por parte dos monges e sábios, os únicos que tinha acesso aos livros.

 

Avançando um pouco mais na história, temos a invenção da Imprensa por João Gutemberg o que transformou o privilégio dos sábios em algo de acesso ao povo.

Assim mais gente analisa os fatos, comenta e critica e se dá uma nova etapa: A Educação Reflexiva. Até os ensinamentos divinos eram transmitidos de maneira que melhor conviesse a igreja, sempre de forma amedrontadora, para manter o povo submisso. Mas, com a tradução da Bíblia para o alemão feita por Martinho Lutero, mais gente teve acesso a Palavra de Deus e foi se educando diferente, novas religiões surgiram, eram os pensamentos divergindo, criando novas concepções.

 

Novos métodos filosóficos e científicos nascem. A religião deixa aos poucos de ter o poder total sobre as consciência e ações dos homens. Surgem novos filósofos, intelectuais revolucionários, e nova educação se dá, nas escolas, nos campos, no dia-a-dia, trazendo mudanças, políticas, econômicas e sociais. Podemos citar Jean Rousseau que defende uma sociedade mais racional, com a educação para a liberdade do indivíduo, afirmando que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe.

 

Com a Revolução Industrial, exige-se mais aperfeiçoamento do homem. A produção exige gerentes, técnicos, contadores, administradores, escriturários, etc, assim fica estabelecida a importância da escola para a formação desta nova sociedade, surgem as escolas profissionalizantes. Um dos pioneiros para esse fim foi John Dewey, discípulo e mentor que vincula Escola e Sociedade para a busca dos objetivos comuns.

 

A Educação no Brasil deu-se com a chegada dos Padres Jesuítas, trabalhavam para promover a doutrina das mentes. Criam as escolas de  primeiras letras, e até o ensino secundário superior, onde ofereciam três cursos: Cursos de Letras considerado de nível secundário, que abrangia estudos de Gramática Latina, Humanidades e Retórica. Curso de Filosofia e Ciência de nível secundário, abrangendo estudo de Logia, Metafísica Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais de duração de 3 anos. Curso de Filosofia e Ciências Sagradas de nível superior e destinado à formação de sacerdotes.sempre objetivando os interesses da igreja.

 

A educação no Brasil segue seu rumo, não fugindo aos parâmetros de outros países, vem agora e duração para a formação das elites dirigentes (Academia da Marinha, Academia Real Militar, etc.)

 

Com a revolução de 30, a primeira iniciativa no campo da educação foi a criação do Ministério da Educação e saúde Pública e das secretarias de Educação nos Estados.

 

Com o golpe do Estado Novo, em termos de legislação educacional específica, o governo deu continuidade ao processo iniciado com a revolução de 30, que foi de elaborar uma regulamentação federal, válido para todo o país, que abrangesse todos os graus e modalidades de ensino.

 

A constituição de 1946, que restabeleceu o regime democrático do país, em seu capítulo sobre a educação reintroduziu alguns princípios que haviam sido supridos pela carta ditatorial de 1937. Entre esses princípios, a educação como direito de todos, a escola primária obrigatória, a assistência ao estudante e a gratuidade do ensino oficial para todos os níveis primário e, aos níveis superiores, para quantos provassem falta ou insuficiência de meios.

 

Apesar da mudança  de regime e da nova Constituição, a legislação educacional herdada do Estado Novo vigorou até 1961, quando teve início a vigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

A primeira Lei brasileira a estabelecer as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em todos os níveis, do pré-primário ao superior, foi a Lei n° 4024, de 20 de dezembro de 1961 (embora fosse promulgado apenas nesse ano, o seu projeto chegou ao Congresso Nacional ainda em 1948, onde foi discutido durante 3 anos).

 

O ensino técnico profissional foi marginalizado pelo próprio poder púbico. O curso de  formação de professores era o mais precário. Como poderia se desenvolver a educação em um país, se os responsáveis pela transmissão de conhecimentos são mal preparados?

 

Hoje, apesar dos diversos projetos de prioridade a educação, ela continua precária, faltam professores qualificados, a classe é mal remunerada, faltam salas de aula e etc.

 

A educação se transformou ao longo dos anos, seus objetivos mudaram, buscam agora o desenvolvimento do ser humano, seus métodos se aperfeiçoaram muito, com a evolução. A abordagem tradicional do ensino está sendo criticada, hoje o aluno não mais se limita a ouvir passivamente o professor, ele tem liberdade para questionar. A didática tradicional de “dar a lição” e “tomar a lição” não mais existe. Novas técnicas e recursos são empregados hoje em sala de aula.

 

 É visível a evolução da educação, com o uso da pesquisa, do diálogo, da tecnologia, mais é visível também que esta evolução se dá nas classes menos favorecidas. A maioria da população do interior, das grandes metrópoles continua ainda utilizando material alternativo, sentindo a falta de professores, tendo em sala de aula muitas vezes alguém bem intencionado sem formação nenhuma, que para não deixar as crianças crescerem analfabetas, alheia ao mundo ao seu redor, se propõem a ensiná-las. É visível o desenvolvimento da educação com a área da informática, porém continua sendo visível a falta de vontade política  dos governantes com a população menos favorecida.

 

Nessas circunstâncias o educador eficiente busca seguir a teoria de Rogers, ou seja, desenvolver um estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos alunos, desenvolvendo a curiosidade e promovendo todo o tipo de recursos.

 

A teoria Piagetiana implica técnicas, programas, horários suficientemente flexíveis e adaptáveis às condições dos alunos, respeitando o nível individual do trabalho, de assimilação e a atividade grupal com tarefas diversificadas.

 

Essas características refletem no ensino à distância, necessário e em evidências atualmente, já apesar de ter surgido nos anos 60 como uma modalidade não convencional de educação, não se ouvia falar muito, sua origem recente está nos cursos por correspondência,  de propagandas do Instituto Universal Brasileiro, nas revistas, oferecendo cursos profissionalizantes. O meio utilizado para a efetivação dos estudos: os correios. Hoje utilizamos o correio eletrônico muito mais rápido para a comunicação entre professor e o aluno que precisa de tempo flexível para concluir seus estudos. O rádio  a TV, como também, os computadores são utilizados como recursos no ensino à distância.

 

A educação está em constante transformação, pois o mundo evolui rapidamente, e mais rapidamente evoluirá se for de boa qualidade e direcionada ao bem comum,combatendo  a desigualdade social, deixando no limite inferior do  mundo e do trabalho, os operários e filhos de operários, e permitindo que minorias reduzidas cheguem ao seu limite superior.

 

Diante desse contexto histórico da educação conclui-se que:

 

  • As propostas educacionais, em quase todos os tempos, são elaboradas em função do contexto sob os aspectos político, econômico e social, de tal forma que contemplavam as elites privilegiadas.
  • Em nenhuma dessas propostas considerou-se o educando como um projeto político da sociedade em que vive;
  • As propostas educacionais visam a conservação da estrutura das sociedades, sendo, dessa forma, conservadoras.

 

1.1  Administração e seus Aspectos Gerais

 

As sociedades humanas mais primitivas, extinguiram determinadas formas de administração em face da necessidade de resolverem problemas de interesse comum. Propostas de administração foram surgindo a partir da família, da tribo, da igreja, do exército ou do Estado.

 

Na antiguidade, os egípcios  apresentam princípios administrativos que norteiam seus projetos arquitetônicos, enquanto que os babilônios elaboram o código de Hamurabi, que orientou o povo no princípio de trabalho.

Aristóteles, na Grécia, estabeleceu princípios para o desenvolvimento de atividades científicas. Em Roma, estabeleceram princípios de governo fundamentados no conceito de ordem.

 

É neste contexto de transformação que encontramos relevantes evoluções no que diz respeito ao planejamento, ao currículo, a formação e preparação do cidadão para a vida. Encontramos também uma política educacional voltada para a democratização social onde evidencia-se as novas formas de pensar e fazer a educação com relevância importante na política administrativa do planejamento escolar. A igreja católica romana estabeleceu diretrizes para sua atuação doutrinária e os princípios da hierarquia.

 

É de fundamental importância a existência da administração e da organização em todos os aspectos, pois sem esta parceria não existe um progresso.

 

Os estudos formais no campo da administração foram exigências, tanto do setor público como no privado. A primeira publicação dos princípios da administração científica foi realizada por Frederick W. Taylor, que estabelece a eliminação de desperdícios. Na Europa, Henri Fayol introduz a administração como ciência, propondo a previsão, a organização, a coordenação e o controle como suas fases fundamentais. Em seguida surgiram outros estudos: Max Weber, criou a burocracia; Elton Mayo e outros apresentam o surgimento da computação.

 

Na linha do pensamento de Frederick W. Taylor administração é um processo de planejar, organizar e controlar recursos humanos, materiais, financeiros e informacionais visando à realização dos objetivos.

 

Apesar de serem tarefas semelhantes, a administração de empresas e administração da educação diferem em muitos aspectos.

 

Peter F. Drucker, citado por (LACERDA, 1977,p.2) afirma:

“Uma empresa distingui-se de todas as demais organizações humanas pelo fato de levar ao mercado produto ou serviços. Diante desta afirmação, conclui-se que a igreja, o exército e a escola fazem esta prática”.

 

Qualquer organização que se realize pela colocação de um produto ou um serviço no mercado é um negócio ou empresa. As organizações que se opõem a esta atividade, não serão um negócio e nunca poderão  ser administrado como se fosse.

 

Sintetizando a administração escolar não deve ser comparada com a administração de empresas, pois cada uma desenvolve processos diversificados de organização.

 

 

 

 

 

 

 

                                           CAPÍTULO II

 

2- PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO – DEFINIÇÃO E PONTOS COMUNS

 

 

 

 

 

“Todo fato educativo se situa num processo que tende a um fim. Estes fins obedecem a finalidades gerais. E estas finalidades são essencialmente ditadas pela sociedade (...). Mas também o produto das vontades e das escolhas subjetivas dos participantes no ato educativo como dos fins comuns para que atende a coletividade. Marcar uma finalidade na educação´não é investi-la nesta ou naquela função, mas é mostrar que as funções que lhe são próprias devem exercer finalidade que as transcedam.” (FAURE, 1974, p.227)

 

 

 

O planejamento está relacionado com a vida do homem. Vive planejando. De forma empírica ou científica, o homem planeja. O planejamento tem sido algo natural na vida humana, pois está sempre buscando determinados fins e relacionando-os alguns meios necessários para atingi-los.

 

Em nosso cotidiano enfrentamos situações que exigem planejamento, no entanto nem sempre é formalizado.

 

Pelo pensamento, o homem desenvolve níveis cada vez mais aprimorados de distinguir, compreender e julgar a realidade, o que lhe favorece uma conduta  comprometida com novos séculos da vida. Através do planejamento, o homem organiza e disciplina a ação torná-la a mais responsável, portando sempre para ações mais complexas, produtivas e eficazes, tendo presente que “a crítica permanente em que impede o planejamento, transforma-o em instrumento que possibilita a superação das rotinas, dando à ação humana uma organização contínua e consciente”. (ELAP, 1977, p.85).

 

Para uma compreensão abrangente do significado de planejamento, abordaremos uma seqüência de suas definições:

 

* (GARNDIN 1983, p. 18-19):

 

Planejar é transformar a realidade numa direção escolhida;

Planejar é organizar a própria ação (de grupo, sobretudo);

Planejar é implantar ‘um processo de intervenção na realidade’;

Planejar é agir racionalmente;

Planejar é dar clareza e precisão à própria ação (de grupo, sobretudo);

Planejar é explicitar os fundamentos da ação de grupo;

Planejar é pôr em ação um conjunto de ações, propostas para racionalizar a ação;

Planejar é realizar um conjunto de ações, propostas para aproximar uma realidade de um ideal;

Planejar é realizar o que é importante (essencial) e, além disso, sobreviver... .”

 

  • PARRA (in ENRICONE et ali, 1988, p. 11):

 

“Proporcionar meios para que possam tomar decisões corretas, dentro de uma estrutura, sem colocar em segundo plano a peça determinante da própria estrutura. Eis o ponto central do planejamento”.

 

* (CASTRO, 1989, p. 16):

 

“Tentativa de antecipar e ordenar decisões que deverão ser tomadas, visando atingir algum conjunto de objetivos especificados”.

 

* DROR (in ENRICONE et aliii, 1989, p. 13).

 

“O planejamento é um processo que consiste em preparar um conjunto de decisões, tendo em vista o agir, posteriormente, para atingir determinados objetivos”.

 

*( COROACY, 1972, p. 79):

 

“Planejamento é um processo que se preocupa com “para onde ir e quais” as maneiras adequadas de chegar lá; tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto às necessidades do desenvolvimento da sociedade, quanto as do indivíduo” .

 

Analisando as várias definições, constatam-se alguns pontos comuns.

 

Todo o planejamento possui teoria. Da mesma forma que a técnica, a teoria não é neutra, porque há um objetivo a alcançar e uma realidade a transformar; O ato de planejar exige uma tomada de decisão, o que se propõe a fazer e quais as alternativas prioritárias dentro da estrutura; O planejamento é um processo. Esta característica parece ser a mais importante, pois planejar não é algo estanque, mas uma ação contínua e globalizante; Todo planejamento encerra “ação”, sem a qual não teria sentido. Este agir visa um produto melhor, isto é, transformar a realidade.

 

Diante do esboço, percebemos a extensão e a profundidade do planejamento nas teorias  mencionadas.

 

A partir da compreensão, da extensão e da profundidade do planejamento, percebe-se o quanto de verdade encerra a afirmação da Equipe Latino-Americana de Planejamento: 

 

O homem que assume o planejamento situa-se na mística do escutar a realidade e de ser fiel à resposta pessoal e comunitária, constituindo-se, assim, em um processo de conversão e compromisso pessoal e comunitário, a partir da realidade” (ELAP, 1977, Anexo I, nº 27).

 

 

 

Não há dúvidas de que planejar significa transformar, revolucionar. Só consegue seus objetivos quem realmente assume um processo de planejamento.

 

2.1- Projeto Político-Pedagógico da Escola e a Gestão da Escola : Uma Construção Coletiva

 

Vivemos uma época da “cultura de Projetos” em nossa sociedade, onde as condutas de antecipação para prever e explorar o futuro fazem parte de nosso presente. Essa influência do futuro sobre nossas adaptações cotidianas só faz sentido se o domínio que tentamos desenvolver sobre as diferenças cumpre a função de melhorar as condições de vida humana.

 

A escola é o lugar de concepções, realização e avaliação de seu projeto educativo, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico com base em seus alunos.

 

Nessa perspectiva, é fundamental que ela assuma suas responsabilidade, sem esperar que as esferas administrativas superiores tomem essa iniciativa, mas que lhe dêem as condições necessárias para leva-la adiante. Para tanto, é importante  que se fortaleçam as relações entre escola e sistema de ensino.

 

2.2-Conceituando Projeto Político Pedagógico

 

No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim projectu, particípio passado do verbo projicere, que significa lançar para diante.

 

Denomina-se projeto porque faz uma projeção da intencionalidade educativa para futura operacionalização, a teleologia, ou seja, a finalidade de cada organização educativa expressada nos seus processos e metas propostos.

 

“O projeto busca um rumo, uma direção. Ao definir a sua proposta pedagógica, cada organização educativa estará, portanto, determinando sua finalidade, meta e direção”.(VEIGA, 1998, p.13).

 

 

 

O projeto denomina-se político, porque é coletivo, porque é consciente, porque define uma posição do grupo, porque expressa um conhecimento próprio, contextualizado e compartilhando. Enfim, Político, porque supõe uma proposta coletiva, consciente, fundamentada e contextualizada para a formação do cidadão. Pedagógico porque define a intencionalidade formativa, porque expressa uma proposta de intervenção formativa, refletida e fundamentada, ou seja, a efetivação da finalidade da escola na formação da cidadania.

 

Referendando a  estes conceitos podemos afirmar que qu o projeto pedagógico é uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade.

 

Assim, para construirmos os projetos de nossas escolas devemos planejar o que temos intenção de fazer, de realizar. Lançar para adiante, com base no que tem, buscando o possível. Desta forma, estaremos prevendo um futuro diferente do presente. Segundo (GADOTTI,1994, p.579) expressa que,

 

“Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, em função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores.

 

 

 

O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO é um processo de reflexão dos problemas para encontrar soluções e viabilizar ações que possibilitem a todos os participantes alcançar os objetivos traçados na busca de uma escola autônoma e de identidade própria. Essas ações acontecem na estrutura pedagógica e administrativa e abordam aspectos que influem na organização do trabalho em si e na escola como um todo, bem como na atitude de tornar a escola como público de discussões e reflexões que tenha como princípio identificador à  visão da coletividade.

 

Os princípios que norteiam  o PROJETO POLÍTICO - PEDAGÓGICO estabelecem relações com os aspectos de igualdade de condições, gestão democrática, liberdade e valorização do magistério.

 

Neste contexto, os princípios contribuem para uma escola pública de qualidade, onde os educandos têm direito às condições iguais da escola e possam ter uma experiência educacional de qualidade que, por sua vez, passam assegurar a permanência na escola, acabando com a evasão escolar.

 

Segundo (VEIGA 1995, p.39) os elementos que causam reflexões positivas em um  Projeto Político Pedagógico, estão descritos de forma que se segue:

 

Finalidades, que são as pretensões, os objetivos do grupo; estrutura organizacional (administrativa e pedagógica) que é a interação  política, nas questões de ensino-aprendizagem e no currículo; currículos que é o responsável pela organização dos conteúdos relações com os contextos sociais em torno de uma idéia integradora; tempo escolar, refere-se a organização do trabalho escolar de como sejam criados espaços para reflexões e discussões que estimulem a participação de todos no processo de decisão;  relações de trabalho que devem ser mediadas por atitudes recíprocas e coletivas em contraposição aos princípios de divisão do trabalho; avaliação dinâmica, que procure entender, explicitar e detectar os problemas para encaminhar ações para suas soluções.

Em síntese, é preciso que se pense coletivamente como o primeiro passo para quem se almeje uma qualidade total na construção de um Projeto Político-Pedagógico.

 

A necessidade e o desafio de cada escola construir seu próprio projeto político-pedagógico e administrá-lo são razões pedagógicos e técnico-administrativos inerentes ao compromisso da escola com a educação e o ensino. Não se trata meramente de elaborar um documento, mas, a construção do Projeto Político-Pedagógico requer fundamentação teórica ampla e atualizada e conhecimento da prática e do contexto escolar para que a proposta seja operacionalizada, integrando a teoria pedagógica à prática pedagógica, lembrando que a inovação na prática educativa constitui um processo em contínua renovação, indagação e adequação em que, flexibilidade, dinamicidade, criatividade e criticidade são as características essenciais. Esses pressupostos estão presentes na proposição da educação continuada, considerando o aspecto dialético da realidade, do sujeito e, conseqüentemente, do cotidiano elaborado que os significa.

 

A condição de cada escola construir seu projeto político-pedagógico lhe confere autonomia na construção coletiva de sua identidade. Essa construção  exige de todos os profissionais o envolvimento, o compromisso de educador e de cidadão na construção de uma sociedade mais democrática, crítica, criativa e consciente. É   através dessa coletividade, que é oferecida uma garantia visível  da qualidade esperada no processo educativo.

 

Encomendar um projeto a terceiros é inadmissível, ou seja, este deve ser elaborado por pessoas envolvidos no contexto da escola, portanto não é construído por qualquer pessoa ou mesmo profissional da educação. Elaborar o projeto pedagógico, sempre faz reiniciar a discussão no meio-termo “envolvimento e criatividade crítica”, “avaliação e aperfeiçoamento”. Na construção do projeto pedagógico, é exigida a função precípua da equipe diretiva ou coordenadora no sentido de administrar e liderar sua consecução, em sintonia com o grupo.

 

2.2.1 - Meios e fins no processo decisório

 

A reciprocidade entre meios e fins é uma das características do ser humano, e permite afirmar que toda administração administra fundamentalmente a satisfação de suas necessidades. Isso é processo administrativo numa abordagem contigencial que considera a relação, a sintonia com o meio com vistas para a organização. Ao contrário de uma visão fechada, que faz com que a organização volte-se para dentro de suas paredes, a administração evolui ao considerar que todos os componentes organizacionais procedem do ambiente e o resultado do que se produz na organização retorna ao meio.

 

A organização escolar, que se quer democrática, em que a parte opção é elemento inerente à consecução dos fins, em que se busca e se deseja prática coletivas e individuais baseadas em decisões tomadas e assumidas pelo coletivo escolar, exige-se da equipe diretiva, liderança e vontade para coordenar, dirigir e comandar o processo decisório como tal e seus desdobramentos de execução.

 

Ter liderança e firmeza é fundamental para encaminhar e viabilizar decisões com segurança, como elementos de competências pedagógica, ética e profissional. Para assegurar que decisões tomadas de forma participativa e respaldadas técnicas, pedagógica e teoricamente sejam efetivamente compridas por todos.   

 

2.2.2 - Conflito organizacional

 

É uma realidade sempre presente no dia-a-dia da organização e, sem dúvida, um grande desafio para os administradores.Através da ciência administrativa o conflito tem sido estudado desde a década de 1930, sendo concentrado a maior parte da atenção dos estudiosos da administração.

 

O conflito sempre existiu e sempre existirá, mudaram apenas as estratégias de tratamento desse conflito. No início pensou em eliminá-lo, depois se buscou  abrandá-lo e conviver com ele, já que este é o caminho mais democrático para a escola.

 

2.2.3 - Implementação do Projeto Político-Pedagógico

 

É um grande desafio articular, elaborar e construir o projeto pedagógico próprio, implementá-lo constantemente, envolvendo de forma criativa e prazerosa os vários segmentos constitutivos da comunidade escolar, com suas perspectivas e competências, num processo coletivo.

 

Quando a educação é envolvida no contexto, onde inverte as prioridades, altera a lógica de que educação também desenvolve economicamente, nos deve visar à dignidade e a qualidade de vida, fazendo com que a escola, especialmente a escola pública, assuma uma importância cada vez maior como espaço-tempo em que as prioridades socioeducacionais dos cidadãos podem se concretizar.

A implementação de projeto político-pedagógico próprio é condição para que se afirme a identidade da escola, como espaço pedagógico necessário à construção do conhecimento e da cidadania.

 

A gestão do sistema de ensino e das escolas é, essencialmente, administrar em níveis diferentes a elaboração e o acompanhamento do projeto de qualidade da educação que se deseja, ou seja a Proposta Educacional, fundamentada num paradigma de homem e sociedade.

 

Um dos sentidos da existência da gestão escolar é viabiliza um projeto político-pedagógico globalizado e interdisciplinar, e deve prever formas democráticas de organização e funcionamento da escola, incluindo as relações de trabalho no seu interior, estas relações devem devolver a escola, seus principais agentes ou atores, alunos e professores, coadjuvados diretos e permanentemente pelos  pais, que representam e trazem consigo a realidade.

 

De acordo com (VEIGA, 1995 p. 48) para que aconteça uma construção coletiva do Projeto Político-Pedagógico, faz-se necessário observar algumas exigências e suposições, tais como:

 

* Rompimento com estruturamentos  organizacionais fragmentados;

* Definição clara de princípios e diretrizes contextualizados, que projetem o vir-a-ser da escola;

* Envolvimento e vontade política da comunidade escolar para criar a utopia pedagógica que rompe com os individualismos e estabelece a parceria e o diálogo franco;

* Conhecimento da realidade escolar baseado em diagnóstico sempre atualizado e acompanhado;

* Análise e avaliação diagnóstica para criar soluções às situações problema da escola, dos grupos, dos indivíduos;

* Planejamento participativo que aprofunde compromissos, estabeleça metas claras e exeqüíveis e crie consciência coletiva com base nos diagnósticos: geral, das áreas, por componente curricular, por setor escolar, por grupos de professores, por pessoas nos grupos;

* Clarificação constante das bases teóricas do processo com revisão e dinamização contínuas da prática pedagógica à luz dos fundamentos e das diretrizes do currículo, da mitologia, da avaliação, dos conteúdos, das bases da organização escolar, do regimento, dos mecanismos de participação, do ambiente e do clima institucional, das relações humanas, dos cronogramas de estudos e de reuniões etc;

* Atualização constante do pessoal docente e técnico (funcionários de todos os setores: secretária, bibliotecária, merendeira) inserida num processo de formação continuada;

* Coordenação administrativo-pedagógica competente e interativa que estimule, planeje, comande, avalie, apóie e dialogue sempre, continuamente.

 

2.3 - Projeto Político-Pedagógico: Dimensões Indissociáveis do Fazer Educativo

 

É comum ouvirmos de educadores que as decisões a serem tomadas na escola acontecem após um consenso, ou seja, após uma discussão que envolva opiniões próximas ou mesmo deferentes, em que a maioria de forma democrática e autônoma, indique a melhor maneira de encaminhar as ações referentes ao processo ensino-aprendizagem. Alguns se referem ao Projeto Político-Pedagógico, tendo convicção de que a sua construção deve basear-se naquilo que a escola possui de particular e  acima de tudo em sua história.

 

Procedendo dessa maneira estaria agindo com base em sua realidade como no sentido de identificar suas reais necessidade e com maior transparência. A partir dessa idéia encontra-se nos educadores maior aceitabilidade, pois os mesmos não concordam com as imposições que vêm de “cima para baixo”, ou seja por pessoas que desconhecem a realidade escolar.

 

A ausência de uma política mais efetiva, os recursos de forma gerais, tempo e muitos outros fatores é motivo para gerar um clima de insatisfação entre os educadores, que por sua vez deixa “o que se faz” e “o que se deseja fazer” em nível desejável, gerando uma aprendizagem de menor qualidade.

 

No que se refere ao quadro escolar ainda encontramos  especialistas de educação e administradores que normalmente têm uma postura generalizada marcada pelo ativismo, pelo burocratismo, pela efetividade e pelo democratismo. É válido ressaltar que a competência técnica e política ainda sobrevivem, mas não com essa postura generalizada e  quando esta prática existe de fato no ambiente escolar são vistas pelos demais como os que “remam contra a maré”.

 

As tendências e práticas pedagógicas são resultados de valores e princípios acumulados ao longo da experiência vivencial de cada profissional. No entanto, não é que as posturas pedagógicas sejam impossíveis de alterar, mas não serão estas propostas produzidas pelas instancias, mesmo que seja bem elaborado, que irão promover as mudanças.

A importância de se conhecer a vida cotidiana está principalmente, no fato de que tudo aquilo que normalmente é determinado pelas esferas superiores, como orientações metodológicas, níveis de autonomia social e outros, produz-se e constrói-se, na verdade, do e no cotidiano, ou seja, tudo que é criado deve vir do cotidiano e retornar a ele para ser confirmado e validado.

 

Todos os estudos sobre a cotidianidade apontam a complexidade e a contraditoriedade de seu conteúdo.  Isto porque o termo sugere entre outros aspectos, a reflexão sobre a vida dos gestos, das atividades rotineiras, do mundo privado de cada um, em todos as suas ambivalências.

 

A relação do homem com a cotidianidade é direita, propiciando um processo de amadurecimento ao indivíduo, que se reproduz diretamente como indivíduo e indiretamente como membro de um complexo social. Segundo Heller,

 

“O homem nasce já inserido em sua cotidianidade. O amadurecimento do homem significa, em qualquer sociedade, que no indivíduo adquire todos as habilidades imprescindíveis para a vida cotidiana da sociedade. (...) É adulto quem é capaz de viver por si mesmo a sua cotidianidade. (1972, p.18).”

 

 

 

Trazendo estas afirmações para escola, é preciso que as decisões tomadas pelas instituições, para que se tenha efeito, faz necessário partir da prática cotidiana, sendo, portanto, é preciso conhecê-la, identificar suas características e formas de expressão.

  

Alguns educadores consideram comprometedor e até revelador desvelar o cotidiano e suas relações de poder, pois isso é motivo para “ameaçar” a já tão frágil estrutura da escola. E , talvez, por tudo que existe de receio e polêmica, pode caracterizar-se como uma das feridas expostas da escola e por isso merece que se assuma o desafio.

 

A discussão sobre paradigma não é nova, porém nos últimos anos tem se intensificado. Por este motivo existe o risco de transforma-se em mais um modismo, pela forma como ele é utilizado, pelo significativo prestígio e por certos abusos.

 

A noção de paradigma pode ser entendida tanto numa conotação embrionária e clássica, como em Platão. Na primeira  visão, um paradigma tem caráter de modelo, um tipo exemplar, pertencente a um mundo abstrato. A segunda visão, possui diferenças na direção da ampliação da concepção, pois busca a realidade captada, vivida e não apenas modelar e abstrata.

 

A ânsia do homem pelo progresso da ciência impediu-o de refletir, ao mesmo tempo, o caráter científico e social dos fenômenos. Cientistas que trabalham paradigmas emergentes buscam a superação da fragmentação da ciência e ainda suas conseqüências para o homem e a sociedade.

 

Uma análise mais profunda e séria sobre paradigma torna-se a cada momento mais importante para que se possa compreender as crises dos grandes interpretativos que vêem perdendo a capacidade de explicar uma realidade cada vez mais complexa, plural e heterogênea.

 

Sintetizando, a falha da pretensão racionalista de organizar os vários aspectos do real acabou provocando o que alguns teóricos chamam de crise do paradigma dominante ou clássico. A exigência de um rigor cientfico deixou de fora tudo o que não pode ser explicado pela razão.

 

Nesta mesma linha de pensamento, vêem surgindo diversas críticas ao paradigma clássico e conseqüentemente a possibilidade de outros paradigmas que estão em construção, os quais são chamados de emergente, que permitem uma abertura para a transdisciplinaridade que se é contraditório ao paradigma clássico.

 

Dizemos que a revisão de paradigmas exige coragem pela falha de evidencia sobre o acerto da mudança e também pelo fato de que valores podem ser dolorosamente desalojadas e velhas certezas à prova. Isto porque a visão de mundo, de sociedade que norteiam as concepções como verdadeira direção, nem sempre tem consciência, pois excede ao próprio discurso.

 

Já é possível observar nos dias atuais, que o homem não tem mais tanta resistência às mudanças, como em outras épocas, podendo ser atribuído a decorrência da agilidade  de mudanças e a conseqüente necessidade do homem viver a atualidade.

 

Apesar de tudo é possível encontrar pessoas e instituições caracterizada da “paralisia paradidática”, que é a certeza absoluta, típica, considerada imutável e inquestionável. Há uma tendência para mudar estas teorias que foram assimiladas em cada história de vida, e que pode ultrapassar e superá-las, porém não nos damos conta da situação. Isto é , desde quando as realidades das escolas são dinâmicas  e que há uma necessidade de discussão que é variada de acordo com os novos níveis de alunos não é admissível, portanto escolas e pessoas portadoras das características citadas anteriormente.

As relações sociais em torno do poder transitam entre os dois pólos paradigmáticos, o conservador e o emergente ou da natalidade. Em um eixo encontramos aquele educador que considera o conhecimento como transmissão de uma saber pronto e no outro eixo aqueles que concebem o conhecimento como um processo de construção.

 

Tendo em vista que a posição dos educadores não é estática, é portanto processual, ou seja, durante o percurso profissional vivem experiências que promovem alterações conceituais e práticas, mais ou menos lentas.

 

Estas posturas dos profissionais da educação são evidenciadas no âmbito de cada sala de aula e, mais especificamente, na postura de cada educador no cotidiano da escola.

 

O Brasil  possui um processo político que ainda está em andamento, pois a revolta, as críticas e os descompassos provocados por ações repletas de incoerência são marcantes.

 

A luta quando parte de uma cidadania coletiva pelos seus direitos é um sinal de que esta sociedade está amadurecida, e isso só é possível quando a escola é autônoma e oportuniza a todos exercer sua cidadania com dignidade.

 

Definir modelos é sonegar os conteúdos pela justificativa das condições sociais envolvidas. É a partir de uma proposta pedagógica referente ao aluno, ao professor e ao grupo social concreto em interseção com o saber elaborado que necessita ser dominado.

 

As propostas pedagógicas têm sua definição, que na maioria das vezes são elaboradas por órgãos superiores, os quais se julgam democráticos, e tudo isso acaba queimando uma etapa essencial, que é a identificação das matrizes teóricas e das ações em cada escola em particular. Gerando dois eixos, de um lado os professores que desejam clareza no ”que fazer” e do outras técnicas pretendendo justificar a adoção de uma outra proposta pedagógica.

 

A compreensão dos paradigmas e das relações de poder é cada vez mais importante para que a crise dos grandes sistemas interpretativos seja mais avaliada, tendo em vista que através desta relação que são fornecidos os padrões de conduta aos educadores.

 

Para um caminhar consciente, as relações de poder na escola, na extremidade, teriam que ser analisadas e repensadas, se é que em algum momento isto ocorreu de maneira séria e voltada para as necessidades do aluno. É preciso

 

(...) captar o poder em suas extremidades, em suas últimas ramificações, lá onde se torna capilar; captar o poder nas suas formas e instituições mais regionais e locais, principalmente no ponto em que, ultrapassado as regras do direito que o organizam e delimitam, ele se prolonga, penetra em instituições, corporifica-se em técnicas e se mune de instrumentos de intervenção material, eventualmente violento.(FOCAUL,1979,p.182)

 

 

 

Desta forma, analisar o projeto político-pedagogico, é analisar, também, as relações de poder que se efetivam no interior da escola.

 

2.3.1 - A Instituição: Ponto Ainda Desconhecido

 

A cultura interna de cada instituição não pode e nem deve ser desconsiderada, já que é realizado um controle detalhado e minucioso sobre seus integrantes.

 

A realidade da escola mostra, que a maioria das pessoas que atuam fora da sala de aula, como diretora, vice-diretora e etc, são acima de tudo burocratas, ou seja, adquirem um verniz de conhecimento técnico, com pouca formação científica. E conseqüentemente seus métodos  não são inovados, não possuem respaldo teórico para atender a escola e justificar suas ações. Além disso suas presenças na escola são ignoradas, mesmo sabendo que a existência de seus cargos é para melhorar a qualidade do ensino, esta citação não deve ser generalizada, é apenas uma forma de mostrar  porque a direção escolar ainda é ignorada.

                                                        

Segundo (FERGUSON,1998, p. 196), a “burocracia é um lindo mecanismo para a evasão de responsabilidade e de culpas”. Portanto, o culto ao legalismo e a burocracia tem contribuído para reduzir as competências profissionais.

 

A escola está mergulhada em uma hierarquia agonizante, que está totalmente divorciada da realidade. Daí a importância da influência das histórias de vida.

 

A possibilidade de surgir um novo pensar sobre a realidade está ligada ao próprio cotidiano das pessoas, onde os atos são criados e recriados em movimentos historicamente situados. Não é necessário buscar em outros contextos a resolução dos problemas de uma dada realidade; basta compreendê-la em sua pluralidade . Este é  o ponto de partida e o ponto de chegada.

 

 

2.3.2 - Projeto Político-Pedagógico:Uma moda, um Remédio ou uma Necessidade.

 

Pensar um projeto de educação implica pensar o tipo e qualidade de escola, a concepção de homem e de sociedade que se pretende construir.

 

A percepção de somos do e no  mundo, é fundamental para que tornemos capazes de dar uma aula por exemplo, estamos compartilhando com nosso aluno multiplicidade de elementos, tais conhecimentos, valores, sentimentos, imaginação, memória, enfim, o ser todo em ação. À medida que a escola conseguir (inter) relacionar subjetividade, permitirá e provocará a construção e a reconstrução do saber. Para isto, este processo exige uma (re) elaboração teórica/prática.

 

Ultimamente temos observado uma correria enorme por parte de escolas e sistemas educacionais na busca da construção de seus projetos político - pedagógicos. As discussões vão desde a importância de um projeto para escola até mesmo a louca corrida pela execução da antiga pedagogia de projetos, mais só agora descoberta por algumas autoridades da educação que a todo custo, mais uma vez tentam as pressas implantá-la, como se esta fosse novamente o ovo de Colombo da educação brasileira, que no decorrer da sua história já descobriu outros ovos que também a todo custo tentaram empurrá-los garganta a dentro dos professores.

 

Já estamos cansados de compreender que as mudanças na educação dependem fundamentalmente de vontade política, no que diz respeito a encará-la como prioridade nacional – não enquanto lema, mas praticamente – e da vontade e empenho dos professores, que são de fato os responsáveis para no dia-a-dia tornar em prática os projetos e concepções de educação que sempre foi idealizado por alguns e não por eles, o que contribui para que tenhamos tantas propostas interessantes no papel, mas que no fazer pedagógico se mantém a uma distância enorme do idealizado.

 

As nossas escolas num sentido amplo e os dirigentes políticos, poucos se preocupavam com a existência de um projeto político - pedagógico, já que a nossa educação ao logo do tempo, salvo raras exceções, sempre foi um dos caminhos mais fáceis para se praticar os desvios de recursos para outros setores e em muitos casos para o enriquecimento ilícito, o que nos surpreende essa busca geral em que se encontram os sistemas de ensino para concretizarem os seus projetos.

 

A necessidade de um projeto político - pedagógico na escola antecede a qualquer decisão política ou exigência legal, já que enquanto educadores e enquanto membros da instituição escolar, devemos ter claro a que horizonte pretendemos chegar com os nossos alunos, com a comunidade e com a sociedade, caso contrário não estaremos exercendo o nosso papel de educador, mas simplesmente de "aventureiro", que não sabe onde quer chegar.

 

Como na educação a moda é uma constante, principalmente por parte daqueles que na verdade ficam esperando um pacote pronto de técnicas e métodos de ensino, em vez de buscarem desenvolver a criatividade e na prática irem recriando a sua própria prática pedagógica, questionamos: será mais uma moda? Será que na educação educadores e dirigentes dos sistemas educacionais  acordaram e resolveram de fato assumirem o pacto pela qualidade da educação? Ou será apenas mais uma corrida para que cumpramos mais uma vez as exigências legais e dos acordos internacionais? Será que cada escola vai assumir ou ter apenas um projeto escrito? Ou continuaremos com as mesmas e velhas práticas autoritárias e alienantes dos nossos alunos e no dia seguinte, com o peito aberto sairmos profetizando a mudança, pregando a demagogia e falando de formação para a cidadania e para o viver da democracia?

 

Não é  acreditável a mudança da educação quando elas acontecem de cima para baixo. Se a escola é fruto da sociedade, é conseqüência dos saberes construídos socialmente, culturalmente, subjetivamente pelas pessoas que estão fora e dentro da escola, como podemos pensar em mudanças a partir daqueles que não estão diretamente ligados a esta realidade? Alunos, professores, comunidades, não podem figurar apenas nos papéis e nas propostas, devem fazer parte do sistema de reformulação do pensar a educação e a escola.

 

Sendo assim, a mola principal das mudanças é a postura e crença do educador num repensar a educação e a sua própria caminhada.

 

O trabalho coletivo é defendido por (GUERDEZ,1982, P.89) como um recurso teórico-metodológico que explica os propósitos, as normas e os suportes epistemológicos de uma concepção educativa. Este trabalho deve ser flexível e apoiar a tradução das ações a quem serve.

 

Um projeto político-pedagógico corretamente construído não garante a escola que a mesma transforme magicamente em uma instituição de melhor qualidade, mas certamente permitirá que seus integrantes tenham consciência de seu caminhar, interfiram em seus limites, aproveitem melhor as potencialidades e equacionem de maneira coerente as dificuldades identificadas. Assim será possível pensar em um processo de ensino-aprendizagem com melhor qualidade e aberto para uma sociedade em constante mudança;a escola terá aguçado seus sentidos para captar e interferir nessas mudanças.

Concluímos que falar da construção do projeto político-pedagógico é falar de planejamento no contexto de um processo participativo, onde a mola principal das mudanças é a postura e a crença do educador.

 

CAPÍTULO III

3 - PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO NA ESCOLA

 

 

 

 

 

A escola é um segmento da sociedade. Portanto pode-se dizer que a escola está comprometida com a manutenção dos esquemas relacionais do mundo atual. Ou seja, a escola está compromissada com a continuidade das relações de dominação e de exploração vigentes, alienando, constantemente a opressão e a injustiça.

 

Segundo (SANTIAGO,1990, p.56), a transformação desta sociedade é um enfoque primeiro da educação libertadora. A vivência de uma metodologia participativa na qual as relações solidárias de convivência  pontificam, provoca, mesmo que lentamente a concretização de uma ordem social, iniciando pela parcela menor que é a escola.

 

Nestes termos observamos o princípio de propiciar as pessoas a possibilidade de poder vivenciar uma nova dimensão da vida social, na qual não participe só na execução, mas também, na discussão dos rumos da instituição escolar.

 

O planejamento participativo da escola não deve comprometer-se apenas na integração escola-família-comunidade, é fundamental ter uma visão ampla da realização das pessoas e a transformação da comunidade, na qual a escola está inserida.A tradição educativa firmou-se verticalmente, o que não possibilitava a educação ir além. Não havia uma prática educativa na posição horizontal, não permitido que a escola tivesse um horizonte, e conseqüentemente permanecia tradicionalmente.

Observa-se, no entanto, que é dificultoso transformar esta realidade, porém não é impossível, para superar esta dificuldade supõem-se a construção de planejamento participativo. Quando a escola propõe um encontro de pessoas, por meio do diálogo e assumem as realidades comuns, ela está provocando um crescimento não só pessoal mais comunitário, o que estará contribuindo para uma educação escolar mais humana e participativa.

 

Tendo em vista que a educação formal, encontra-se em situação difícil,  para enfrentar esta crise, a participação da comunidade em geral através de uma ação dialógica, integradora  e participativa é possível superá-la.

 

O planejamento participativo, assumido como processo de crescimento pessoal e de transformação social, talvez seja o único caminho para se conseguir a renovação profunda das estruturas e das relações na educação formal.

 

3.1 - Fases do Planejamento Participativo

 

O planejamento responde a três perguntas básicas. De acordo com (Santiago, 1990, p.101)

  • O que se que alcançar?(UTOPIA)
  • A que distância se está do que se quer alcançar?(DIAGNÓSTICO)
  • O que será feito para diminuir a distância? (PROGRAMAÇÃO)

 

Durante o processo do planejamento há uma integração entre, execução, elaboração e avaliação, ou seja, na medida em que se elabora, se executa e simultaneamente se avalia.Com relação à metodologia, precisamos seguir a quatro etapas para asua vivência, que são: Fixação de diretrizes gerais; Diagnóstico; Programação e Avaliação. Executadas as fases entramos no processo de confronto permanente com os resultados que se vai conseguindo, observando porém que não é a última coisa a ser feita, pois o projeto Político-Pedagógico é um constante processo.

 

3.2- Projeto Político-Pedagógico:Desafio à Organização dos Educadores

 

 

 

Segundo (SANTIAGO, 1990, p. 157) o empenho dos educadores na estruturação de projetos político-pedagógicos que confiram unidade e coerência à ação educativa escolar torna evidente que a preocupação com as práticas escolares desça-se hoje, da especificidade didática metodológica para questões mais amplas, relativas ao modelo paradigmático que sustenta a estrutura organizativa da escola.

 

Diante desta afirmação, fica claro que as discussões na área da educação não estão restrita apenas às denúncias sobre o fracasso escolar. Estas discussões voltam-se para questões estruturais e epistemológicas em busca da adequação da instituição escolar às mudanças sócio - culturais e político - econômicas que foram conseqüências do desenvolvimento científico e metodológico surgido neste século.

 

Este empenho pode ser atribuído à existência da reorganização da produção e as mudanças na base técnica do trabalho, que foram provocadas pela tecnologia, e que conseqüentemente gerou uma crise no projeto político-pedagógico que vem sustentando a organização escolar como um todo desde o século XVII, devido a utopia liberal que designou a escola pública como formadora de cidadãos e da força de trabalho, a qual se adequava a sociedade da época.

 

Daí o surgimento dos paradigmas e a necessidade de rever a fundamentação teórica das práticas educativas, que superem o currículo escolar e atividades improdutivas na sala de aula.

Com relação a importância do conhecimento no mundo moderno, Pedro Demo diz:

 

“Decisivo torna-se o reconhecimento de que manejo e produção de conhecimento são os instrumentos primordiais da cidadania e da economia, levando a rever radicalmente a proposta educacional vigente, por ser esta absurdamente arcaica, inclusive na universidade. Como regra,,pratica-se didática marcada pelo mero ensino e pela mera aprendizagem. De um lado, aparece um pretenso sujeito chamado professor, que apenas ensina, no sentido surrado de copiador de cópias, já que definido como ministrador de aulas, sem qualquer compromisso construtivo. De outro, aparece um típico objeto de aprendizagem, o aluno, cuja função é ser cópia da cópia” (DEMO 1994, pp. 13-14). 

 

 

 

A autor afirma que felizmente críticas como esta tem encontrado eco em muitas escolas, induzindo à busca de alternativas.

 

A maneira atuante do ensino tem provocado discursões a respeito e incentivando a construção de projetos político-pedagógicos que confiram a identidade e coerência às práticas escolares.

 

 

3.3 - A crise de paradigmas impulsores de mudanças na educação e na escola.

 

 

 

 

Na concepção de (KUHN, 1962, p.119) paradigma é um conjunto de “crenças, valores e técnicas que caracterizam um sistema de pensamento determinando uma visão de mundo que confere homogeneidade à produção científica e a organização da sociedade”.

 

Uma crise de paradigmas carrega grandes revoluções científicas, que forçam a busca de alternativas, provocadas pelo esgotamento das concepções teóricas, que sustentam a organização e conseqüentemente exigem uma reorganização.

 

Nesta lógica, as mudanças estruturais da sociedade, impõem verdadeiras revoluções nas relações de trabalho, nas concepções de conhecimento e conseqüentemente nas instituições educativas.

 

“educação e conhecimento são eixos, tanto do desafio econômico, quanto do desafio da equidade” (DEMO 1994,p.11)

 

 

 

Vivemos em uma época, onde a democracia exige clareza de opções e coerência nas ações.

Diante das mudanças enfrentadas pela sociedade, os educadores precisam identificar os propósitos que definem a intencionalidade e a dimensão das transformações, que deverão ocorrer necessariamente nas salas de aula.

 

O descompromisso nas práticas educativas deixa claro o mesmo que não contribui para o desenvolvimento desta tão almejada democracia. Através das teorias reflexivas, os professores tomam posse da criatividade, autonomia nas ações, além de lhe possibilitar capacidade de gerenciar.

 

Como gestores em suas práticas pedagógicas, os professores estarão comprometidos e serão os responsáveis pela ação educativa conduzida pela escola. Através deste processo, os professores tornaram verdadeiros agentes históricos e intelectuais. E essencial, portanto que haja uma organização coletiva dos educadores na construção de projetos pedagógicos, necessárias para realidade escolar. E que estas estejam baseados em concepções claras, pois serão elas que conduzirão as mudanças escolares.

 

3.3.1 A Dimensão e o Caminho da  Mudança

 

A expressão Projeto Político-Pedagógico é comum perante educadores, no entanto, observa-se que nas práticas pedagógicos, que é onde há o intuito de mudança, onde exercita a cidadania e onde existe construção de conhecimentos, nem sempre se consegue superar a dicotomia entre as dimensões política e pedagógica.

 

A educação escolar propõe objetos de conscientização e emancipação dos sujeitos subalternos, dando ênfase à intencionalidade política, buscando sustentação teórica através de concepções que comprometem a ação educativa com um projeto histórico ideologicamente definido.

 

Observa-se também que em outras circunstâncias, as escolas promovem mudanças em currículos, desenvolvimento de atividades em sala de aula. Porém, as pessoas responsáveis, que seriam os educadores, não têm conhecimento dos objetivos que serão almejados.

 

3.4 - Passos para a construção do Projeto Político-Pedágógico.

 

  De acordo com (VEIGA,1995,P. 48) é fundamental que todo projeto seja construído com a participação coletiva de todos.

 

Existem várias indagações quando se pensa em construir o projeto político- pedagógico da escola. É importantes termos consciências de que não há uma “receita” para construí-lo, de forma que um não serve para todos as escolas, isso porque cada escola possui uma realidade diferente.

 

O Projeto Político-Pedagógico é composto, basicamente, de quatro grandes partes articuladas entre si: Marco Referencial, Diagnóstico e Programação e Avaliação.

 

3.4.1- 1° passo – Marco Referencial

É a tomada de posição da instituição que planeja em relação à sua identidade, visão de mundo, utopia, valores, objetivos, compromissos. Expresso a horizonte, a direção que a instituição escolheu, fundamentado em elementos teóricos. No Marco Referencial procuramos expressar o sentido do nosso trabalho e as grandes perspectivas para a caminhada.

 

3.4.2 - Partes do Marco Referencial

 

 

De acordo com (EYNG, 1998,P.65):

*Marco Situacional que é um do grupo que planeja sobre a realidade em geral. É portanto, o momento da análise da realidade mais ampla na qual a instituição está inserida. Ele expressa a percepção que o grupo tem do mundo atual e da Escola.

 

É importante, por situar, todo o pano de fundo, os elementos estruturais que condicionam a instituição e seus agentes. Neste Marco o que se visa é uma visão geral da realidade e não uma análise da instituição.

 

É comum, quando vamos fazer, considerados sobre a realidade, enfatizar apenas os pontos negativos, pois são estes os que incomodam. Porém, é necessário os perceber os aspectos positivos, só assim poderemos apontar caminhos e fortalecer a esperança.

 

*Marco Doutrinal (ou filosófico), que corresponde à direção, ao horizonte maior, ou seja, ao ideal geral da instituição. É a proposta de sociedade, pessoa e educação que o grupo assume. Nele está contido todo o critério geral de orientação da instituição, se não, seria impossível expressar as grandes opções do grupo.

 

A educação se baseia numa visão de homem e de sociedade, observa-se que nas escolas estas visões não são explicitadas e muito menos discutidas, o que pode gerar distorções na formação dos que estarão num momento preciso da constituição de seu caráter e personalidade.

 

O processo de elaboração do Marco Doutrinal das oportunidades tanto de explicitação, quanto nas discursões em busca de um consenso mínimo.

 

*Marco Operativo – É a proposta dos critérios de ação para os devidos aspectos relevantes da instituição, tendo em vista aquilo que queremos ou devemos ser.

 

É o momento da tomada de decisões concretos. Ao elaborarmos o Marco o Marco Operativo, precisamos estar atentos a sua compatibilidade com o Marco Situacional, em especial, com o Marco Doutrinal, não ocorrendo isso, pode ficar desarticulado relativamente à realidade geral e as grandes finalidades assumidas.

 

O Marco Operativo é orientação importante que vai continuar a indicar por onde se vai caminhar junto, após ter escrito o plano.Para (VEIGA, 1995, p.52) fica concluído que:

 

“diante de um mundo assim... (Marco Situacional)

-propõem-se condições assim... (Marco Doutrinal)

-por isto, a nossa escola funcionará assim... (Marco Operativo)”

 

3.4.3 - 2° Passo - Diagnóstico

 

Segundo (VEIGA, 1995,p.68) é a comparação entre o que se pensou como ideal (Marco Doutrinal e Marco Operativo) e a realidade educativa da escola. É um julgamento sobre a realidade da escola à luz do (Marco Referencial), procurando estabelecer relação entre os fatos e as situações, com visão de homem, de sociedade e de Educação.

Através do Diagnóstico, o grupo determina a que distancia está entre a realidade e a utopia, isto é procura descobrir a real situação em que a Comunidade Educativa se encontra na sua aproximação ao ideal estabelecido.

 

Para a realização de um bom Diagnóstico, é necessário seguir alguns passos concretos:

a) Avanços – identificar os avanços transformadores conseguidos e as forças que ajudaram e foram de apoio.

 

b) Limites – Constatar os limites, as faculdades e os problemas que atrapalham os avanços. Há força, de resistência, que contribuem desfavoralmente para se conseguir avanços. Num processo de planejamento participativo transformarmos problemas se tornam desafios;

 

c) Necessidades – a partir dos avanços e dos limites, determinar as necessidades mais urgentes, considerando a importância de reforçar os avanços e superar as limitações, ou seja trata-se de definir as prioridades.

 

“O Diagnóstico é à parte de um plano que profere um juízo sobre a instituição planejada em todos ou em alguns aspectos tratadas no Marco Operativo (que descreveu o modo ideal de ser, de se organizar, de agir da instituição), juízo este realizado com critérios retirados do mesmo Marco Operativo e, sobretudo, do Marco Doutrinal. (...) O Diagnóstico é o resultado da comparação entre o que se traço como ponto de chegada (marco Referencial) e a discrição da realidade da instituição como ela se apresenta. (GANDIN, 1983, p.29)”.

 

 

 

 

3.4.4 - 3° Passo – Programação

 

 

 

“Programar é dizer o que fará dentre o que é necessário, levando em conta o que é possível fazer, com os recursos de que dispõe naquele tempo de duração do plano” (SANDRINI et alii, 1988, p.31)

 

 

A programação é o conjunto de ações concretas assumidas pela instituição, naquele espaço de tempo previsto no plano, que tem por objetivo superar as necessidades identificadas.

 

Ela precisa ser viável, dando-se prioridade ao que é mais urgente. A programação é o resultado técnico das decisões que envolvem a fixação dos objetivos, políticos e estratégias.

 

Objetivos → é a expressão concreta do que se quer alcançar e sua afinidade. São proposições concretas que visam aproximar a realidade existente da realidade desejada.

 

Político → são as linhas de ação, princípios norteadores, atitudes básicos assumidas como necessários para o desenvolve do plano.

 

Estratégias →  são sugestões de ações propostas a níveis diversos para levar à realização da política escolhida.

 

3.4.5 - 4° Passo - Avaliação

 

 

 

A avaliação é um processo que confronta permanentemente o resultado que se vai conseguindo. Ela completa  o processo de planejamento.

 

A escola deverá assumir uma postura de avaliação contínua e sistemática de todas as suas ações, lançando um permanente “OLHAR” crítico sobre a sua prática, para que correções de rumos ou mudanças necessárias possam ser imediatamente introduzidas.

 

Portanto, a avaliação é parte intrínseca de um processo dinâmico de construção permanente do Projeto Político-Pedagógico, devendo refletir-se em disposição permanente para estudar, pesquisar, conhecer outras experiências,, buscar caminhos novos e investir em mudanças significativas para a escola.

A avaliação confronta os resultados alcançados com os resultados desejados (objetivos), para analisar as causas dos acertos ou dos desvios ocorridos.

 

 

3.5 - A importância do projeto Político – Pedagógico para a escola.

 

 

 

 

A construção de um Projeto Político-Pedagógico (P.P.P.) necessita ser em conjunto, entre professores, alunos, pais, funcionários e direção, com base na realidade escolar e da comunidade que a cerca. Essa produção deve ser fruto de um trabalho coletivo, que vivendo num contexto em transformação, decide unir forças no sentido de organizar o projeto da escola, a qual os sujeitos estão envolvidos. Essa diversidade de valores é diagnosticada nas práticas desenvolvidas no interior da escola, permitindo assim a reflexão deste movimento cotidiano, o resgate destas experiências e a identificação da identidade de uma proposta pedagógica, administrativa e financeira para a escola.

 

É a partir do diálogo coletivo de interrogação da prática e do diagnóstico destas experiências significativas no cotidiano escolar, que se consegue iluminar as relações pedagógicas estabelecidas neste ambiente. A necessidade de construir uma direção, um eixo norteador na escola.

 

A escola é muito mais do que um mero processo de ensino. “A escola é o espaço privilegiado de totalidade do desenvolvimento humano, ela é espaço de socialização, de cultura de saídas pedagógicas, de rituais e celebração”. (GADOTTI, 1993, p. 43).

 

O diálogo sobre a prática desenvolvida permitiu uma reflexão no sentido de questionar o seguinte: O atual currículo das Escolas atende, consegue dar conta do pleno desenvolvimento humano? É a partir deste pensamento que se destaca aqui, um movimento coletivo de ação – reflexão sobre os currículos escolares, entendidos como um movimento que tem faces diversas, encontra-se vivo e é expresso cotidianamente na prática, nas relações dos sujeitos neste espaço. Neste processo de construção coletiva, “o currículo é menos como um programa oficial pronto e acabado, é mais como criação, dinâmica, movimento, conflito, contradição, um território contestado”. (SILVA, 1990, p. 23).

 

A escola tem muito a refletir sobre sua organização curricular, a começar pela compreensão de que a sua ação passa a ser uma intervenção singular no processo de formação do homem na sociedade atual.

 

Vivemos um novo período na história da humanidade. O mundo mudou. As pessoas mudaram. A simples constatação da velocidade com que ocorrem transformações em nossa vida cotidiana, já nos mostra que estamos diante de uma nova sociedade, uma outra realidade que nos envolve e nos desafia.

 

A forma linear e progressiva com que compreendíamos a vida e tudo que acontecia, já não parece ser o que prevalece em nosso meio. Estamos vivendo uma nova era, onde o conhecimento que tínhamos como entendimento de se estar no mundo (algo pronto e acabado), não é mais aceito e absorvido pela maioria da humanidade.

 

Isto significa que a sociedade está a exigir uma prática pedagógica que garanta a construção da cidadania, possibilitando a criatividade e criticidade.

 

Estas reais exigências cognitivas e atitudinais requeridas nos levam a interrogar o que tem a educação a refletir sobre as relações sobre estas transformações em curso e a formação do homem.

 

A educação e a escola, por sua importância política, merecem um papel de destaque e uma proposta de reforma. Neste esforço de reorganização da vida social e política, velhas instituições e antigos conceitos são redefinidos de acordo com essa lógica e com interesses e novos conceitos são introduzidos. Portanto, “o que está em jogo não é apenas uma reestruturação das esferas econômicas, sociais e políticas, mas uma re-elaboração e redefinição das próprias formas de representação e significação social” (SILVA, 1990, p. 56).

 

Neste sentido, a reflexão que se coloca em termos de educação escolar é a seguinte: Como a escola tem se posicionado, reagido frente às mudanças ocorridas na  sociedade? Quais as iniciativas pensadas e executadas em busca da construção de um novo cidadão? Qual está sendo a intervenção educativa no sentido de repensar este novo homem, com novos saberes, novas habilidades, novas aptidões cognitivas?

 

A educação neste meio passa a ser questionada: Qual é a verdadeira ou específica função da escola hoje? Formar a quem? Para quem? E para quê?

 

Dentro desta perspectiva, em meio a conflitos pedagógicos, resgatando uma filosofia de trabalho na escola, resignificando-a mediante a leitura crítica do atual contexto, surge a necessidade de sistematizar o Projeto Político-pedagógico por meio de um trabalho coletivo, tornando-se assim, o desafio de toda comunidade escolar. 

Coletivo, que em sua interação vai construindo suas alternativas. Este espaço de conquista no cotidiano escolar proporciona a concretização de uma relação dialógica no grupo.

Em seus escritos, VEIGA (1996), traz reflexões acerca da construção do projeto político-pedagógico nas escolas. Destaca-se a construção de um projeto em busca da real qualidade de ensino, em acordo com as especificidades presentes em cada comunidade escolar.

 

Para isso, precisamos envolver todos os que contribuem com o ambiente da escola pais, alunos, educadores, funcionários, direção e comunidade social, os quais, num processo de coletividade, encontrem os fundamentos e as necessidades que nortearão o Projeto Político-Pedagógico. Temos a escola como um ambiente de construção de conceitos, transmissão dos conhecimentos historicamente acumulados e de formação da cidadania de maneira crítica e atuante da  sociedade.

 

Além desse aspecto, a escola  é também uma instituição burocrática, a qual, possui profissionais de cunho administrativo, prestam contas de seus investimentos e manutenção  do prédio escolar.

 

Todo esse conjunto que forma  a escola busca, através do projeto político-pedagógico, além de qualidade e organização do trabalho pedagógico, uma autonomia que a fortaleça enquanto o sistema de ensino pela comunidade que a cerca e pela assistência que lhe atende as instâncias superiores.

 

A construção coletiva do Projeto Político-pedagógico é algo evidente neste processo: 

“(...) busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explicito, com um compromisso definido coletivamente. (...) o projeto político-pedagógico como um processo permanente de reflexão e discussão dos problemas da escola, na busca de alternativas viáveis à efetivação de sua intencionalidade, que não é descritiva ou constatativa, mas é constitutiva.” (VEIGA,1996, p.23). 


              Conscientizar-se de que a escola é um local de desenvolvimento crítico e real, onde se almeja acontecerem esses ideais fora do papel, abrangê-lo nas ações da escola como um todo, juntamente com suas finalidades de: cultura, política, sociedade humana, profissional e de formação. Todo esse conjunto que compõe este ambiente faz-se identificar e detalhar seus objetivos a um significado, atingindo de forma eficiente suas determinações enquanto instituição de ensino.

 

Permeiam assim todas as questões que circundam os ambientes escolares, presentes no Projeto Político-pedagógico, desde sua estrutura, planejamento, interação e currículo, efetivando uma ação ideológica presente no contexto social existente, comprometendo-se com o desenvolvimento do indivíduo e sua autonomia, preocupando-se também, com um calendário escolar bem estruturado para organizar toda essa construção.

 

Necessita determinar, em questões temporais, reflexões entre grupo escolar, formação e oportunizar aos alunos outros espaços, para fazer a escola acontecer dentro de seus interesses pressupostos em seu trabalho de ensino.

 

Esses momentos reflexivos devem considerar uma autocrítica de todo esse envolvimento, sua construção enquanto projeto, confronto de interesses pela escola e o encontro de solucionar as necessidades presentes.

 

Ao se conhecer a realidade escolar, nos acionamos em destacar uma avaliação dentro de uma visão crítica, percebendo os resultados de toda a ordem do trabalho pedagógico pois, ao se ter conhecimento dos problemas que existem em todo o ambiente escolar, compreender e coletivamente diagnosticar tais situações enquanto aluno, educador, sociedade, busca-se o desenvolvimento das capacidades dos alunos, ser consciente das mudanças necessárias à comunidade escolar e do  ser cidadão.

 

O Projeto Político - Pedagógico implica de maneira significativa na organização do trabalho pedagógico e sua reflexão acerca do  cotidiano da escola. Por ser um processo de construção coletiva, permite assim, que se amplie o encontro entre todos os envolvidos com a  escola e as mudanças que urgentemente são necessárias em todo o seu meio.

 

O Projeto Político-Pedagógico não deve cumprir uma burocracia e nem ficar registrado num monte de papel escrito estocado numa gaveta, é um instrumento essencial na construção da escola. 

CONCLUSÃO

 

 

Pensar a educação no terceiro milênio é uma tarefa de compromisso por aqueles que se dizem educadores. Ou assumimos um comportamento revolucionário no sentido de trabalharmos a pluralidade cultural no mundo contemporâneo, reconhecendo que o universo cultural não é somente o capital, mas sim, a formação de um cidadão que se integre a sociedade de forma solidária, crítica, no sentido de transformação, ou trabalhamos no sentido de mantermos a reprodução das injustiças e desigualdades sociais em nosso país. A opção é nossa!

 

Organizar a escola  não somente como um estabelecimento de regras e limites, oportunizando a convivência com respeito, num espaço onde as pessoas tenham prazer em estar e em aprender, onde todos possam aprender juntos. Uma educação integral e integrada.

 

O projeto político-pedagógico precisa se encontrar nestes aspectos, neste território de construção, sua essência encontra-se presente neste campo de interação e coletividade, sua presença precisa ser constante e significativa para a escola , permitindo sua democratização e sua autonomia. 

 

Neste contexto evidencia-se que a construção de um Projeto Político-Pedagógico necessita ser um conjunto, entre professores, alunos, pais, funcionários e direção, com base na realidade escolar e da comunidade que a cerca. Essa produção deve ser fruto de um trabalho coletivo, que vivendo num contexto em transformação decide unir forças no sentido de organizar o projeto da escola, a qual os sujeitos estão envolvidos.

Assim diz (GADOTTI, 1993, p.43).

 

“A escola é muito mais do que um mero processo de ensino . A escola é o espaço privilegiado de totalidade do desenvolvimento humano, ela é espaço de socialização, de cultura de saídas pedagógicas, de rituais e celebrações.”

 

Observa-se no texto de Gadotti e, analogicamente em todos os autores citados neste trabalho, que a escola ultrapassa a função de ensinar e permeia a socialização cultural e pedagógica dando assim um novo rumo ao saber do aluno e uma nova caracterização da instituição, pois fica evidente a vivência democrática estabelecida no processo.

 

 

Porém, a escola tem muito ainda o que refletir sobre sua organização curricular, a começar pela compreensão de que a sua ação possa a ser uma intervenção singular no processo de formação do homem na sociedade atual.

 

 

A humanidade vive um novo período em sua história. O mundo mudou. As pessoas mudaram. A simples constatação em velocidade com que ocorrem transformações em nossa vida cotidiana, já nos mostra que estamos diante de uma nova sociedade, um a outra realidade que nos envolve e nos desafia.

 

 

Isso significa que a sociedade está a exigir uma prática pedagógica que garanta a construção da cidadania, possibilitando a criatividade.

 

 

Assim para nós, o motivo maior desse trabalho é resgatar o papel da escola na comunidade desde os seus primórdios , para que todos que tiverem acesso ao mesmo, contemplem e reflita seu papel como cidadão, e que as novas gerações possam marcar um encontro com as idéias dos vários autores aqui citados de onde sairão enriquecidos, ao ter conhecimento da importância do Projeto Político-Pedagógico para sociedade escolar e local.

 

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