Casos de Resistência aos Antihelmínticos no Rebanho de Ovinos em Roraima



Casos de Resistência aos Antihelmínticos no Rebanho de Ovinos em Roraima

Ramayana Menezes Braga¹

Nos últimos dez anos, a criação de ovinos vem despertando o interesse de diversos produtores rurais, principalmente no sentido de diversificar a produção e obtenção de receitas. O maior atrativo pela ovinocultura está no preço, onde o peso vivo é comercializado variando entre R$ 4,00  e R$ 6,00, enquanto a carcaça pode chegar a valores superiores a R$ 15,00, dependendo da qualidade e do mercado varejista interessado em sua aquisição.

Nesse cenário estão desde pequenos criadores em sítios, chácaras e pequenas propriedades agrícolas até produtores com rebanhos superiores a 300 cabeças que utilizam reprodutores e matrizes de raças como Santa Inês e Dorper. Os sistemas de criação são os mais diversificados possíveis, desde as criações extensivas até semi-extensivas.

A produção de animais para abate, em menor espaço de tempo e com cerca de 30 kg de peso vivo vai depender do sistema de exploração adotado, em que fatores como padrão genético e regime alimentar estão diretamente relacionados ao desempenho dos animais.

Independentemente de qual seja o sistema de produção adotado, um dos problemas enfrentados pelos criadores está relacionado ao controle da verminose nos ovinos, um dos fatores mais limitantes na exploração desses animais em todas as partes do mundo.

Do ponto de vista produtivo e econômico, os vermes mais importantes dos ovinos encontram-se no estômago e intestino, os chamados vermes gastrintestinais. Dentre esses, destaca-se um, cujo nome científico é Haemonchus contortus. Este verme que se alimenta de sangue (hamatófago) é considerado um dos principais causadores da anemia, papeira (edema submandibular) e morte na criação.

A principal e, praticamente, única alternativa dos criadores para o controle da verminose em Roraima é pelo uso de produtos comerciais denominados de vermífugos ou antihelmínticos. São produtos químicos encontrados nas lojas de produtos agropecuários sob diversos princípios-ativos.

O uso frequente e indiscriminado dos vermífugos tem sido um grave problema visto que, com o passar do tempo, os vermes adquirem resistência aos vermífugos, ou seja, não mais morrem pelo uso de determinado produto. Como os vermes não são vistos pelo criador, fica difícil saber se o vermífugo aplicado foi ou não eficiente no controle dos vermes dentro do animal.

Na realidade, quando os vermes apresentam resistência aos vermífugos, o que muitas vezes acontece é o criador achar que está controlando os vermes, quando na verdade os parasitas não morreram.  Assim, o benefício do tratamento para os animais é muito baixo ou mesmo inexistente e, desta forma, o que parecia ser um fator positivo é, na realidade, prejuízo tanto para os animais quanto para o bolso do criador.

Acompanhamento feito em 2012, em diversas propriedades com criação de ovinos em Roraima, tem demonstrado a baixa eficácia de alguns princípios ativos de vermífugos no combate aos vermes gastrintestinais. Tem-se observado, por exemplo, que animais tratados com determinado produto continuavam morrendo devido à verminose, mesmo depois da aplicação de determinado vermífugo.  Essas constatações foram feitas por meio do exame de fezes dos ovinos, antes e após o tratamento com vermífugo.

Tendo em vista existirem, conforme foi dito anteriormente, diversos produtos comerciais com diferentes princípios ativos, a dúvida maior de um criador é saber se aquele produto que ele está utilizando está sendo eficaz no combate aos vermes.

Diante dessa situação, recomenda-se que o criador procure a orientação de um Médico Veterinário. O ideal seria fazer o exame de fezes de alguns animais, antes e após o tratamento com alguns dos princípios ativos encontrados no mercado local para saber a real eficácia de um vermífugo. Na impossibilidade da realização do exame de fezes, como outra opção, o produtor deve mudar o princípio ativo que vem utilizando nos últimos. Vale ressaltar que a mudança de um produto para outro é apenas uma tentativa de sanar o problema. Sem a devida orientação técnica talvez o problema não seja contornado e o produtor continuará tendo prejuízo e, até mesmo, desistindo da atividade, como se tem observado em Roraima.

¹Médico Veterinário e Pesquisador da Embrapa Roraima[email protected]

Boa Vista, Roraima (Outubro/2012)


Autor: Ramayana Menezes Braga


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