CONSEQUÊNCIAS DE A INALAÇÃO DE FUMAÇA POR BOMBEIROS MILITARES...



CONSEQUÊNCIAS DE A INALAÇÃO DE FUMAÇA POR BOMBEIROS MILITARES NO COMBATE Á INCÊNDIO SEM O USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA – EPR.
FERRAZ, Joelson Ap. da Silva1
RESUMO
A fumaça é responsável por grande parte da lesão das vias aéreas, podendo causar câncer e problemas respiratórios. Os Bombeiros Militares inalam grande quantidade de fumaça durante o combate á incêndio tanto urbano quanto rural, porém um agravante neste cenário é a não utilização dos equipamentos de proteção respiratória. Para uma diminuição da lesão inalatória por fumaça seria necessário à cobrança efetiva para a utilização de proteção respiratória, treinamento para a correta utilização dos EPR´s, conscientização dos usuários a respeito dos perigos que podem ser causados pela a exposição á fumaça.
Palavras Chave: BOMBEIRO. FUMAÇA. INALAÇÃO.
ABSTRACT
The smoke is responsible for much of airway damage, may cause cancer and respiratory problems. The Military Firefighters inhale large amounts of smoke will fire during combat both urban and rural, but an aggravating factor in this scenario is the failure to use respiratory protection equipment. For a decrease of smoke inhalation injury would be necessary for the effective charging for the use of respiratory protection, training for proper use of EPR's, user awareness about the dangers that can be caused by exposure to the smoke.
Keywords: FIREMAN. SMOKE. INHALATION.
SINOP/MT
2012
1 Graduado em Biomedicina pela Faculdade de Sinop.
Especializando Em Citopatologia e Líquidos Corporais.
Soldado do Corpo de Bombeiros Militar de Sinop
Analista de Processo Preventivo de Combate á Incêndio (PPCI) – Sessão de Serviço Contra Incêndio e Pânico - Corpo de Bombeiros Militar de Sinop.
Email:[email protected]
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INTRODUÇÃO
A lesão inalatória é a principal patologia ocorrida pela inspiração de fumaça, ou seja, inalação de substâncias incompletas da combustão que caracterizada por apresentar um processo inflamatório acometendo as vias aéreas do individuo1.
A mucosa é lesada decorrente da queimadura causada pela exposição á fumaça devido às temperaturas incompatíveis para as exigências fisiológicas dos tecidos levando a lesão celular, este distúrbio ocorrido na mucosa da via respiratória pode desencadear alterações no parênquima pulmonar levando a Pneumonia, também pode ocasionar a síndrome do desconforto respiratório agudo, estes mecanismos são causados por agentes que modificam o tecido, tanto pela ação do calor, frio ou elementos químicos e físicos2.
È válido saber que a lesão causada pela inalação de fumaça, é conhecida como Traqueobronquite Química, esta é mais grave quando há queima de materiais plásticos e sintéticos, estes elementos possuem partículas que são altamente corrosivas para a mucosa do trato respiratório, entretanto, qualquer outro material em combustão é prejudicial às vias aéreas, porém a sintomatologia é diferenciada, por esse motivo o combate á incêndio dever ser realizado somente por Bombeiros treinados, protegidos e equipados adequadamente1; 4.
METODOLOGIA
Trata-se de uma abordagem bibliográfica2, por meio de bibliografia já publicada em relação ao tema estudado por meio de adequação apropriada do material obtido, que nesta pesquisa foi por meio de publicações avulsas, livros, monografias, artigos e teses, logo, estes elementos juntos fornecem a linha de percepção deste trabalho, onde são identificadas quatro estâncias executadas na pesquisa: identificação, localização, compilação e fichamento.
Quanto ao tipo de pesquisa é exploratória, apresenta novas ideias relativas ao fato pesquisado, trata-se de um estudo abrangente que contribuirá para novos conhecimentos5.
DESENVOLVIMENTO
A lesão inalatória é dividida em quatro mecanismos associada ao incêndio:
2 Uma revisão bibliográfica mostra a evolução de conhecimentos sobre um tema específico, aponta as falhas e os acertos dos diversos trabalhos na área, fazendo críticas e elogios e resume o que é, realmente, importante obre o tema6.
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· Deficiência de oxigênio;
· Temperatura elevada;
· Partículas encontras na fumaça;
· Gases associados ao incêndio.
Em todos os casos acima a prevenção para os Bombeiros será efetiva através da utilização de equipamento de proteção respiratória, onde, sem este equipamento os Bombeiros estarão se expondo a condição de grande perigo.
Produção e a formação da fumaça
A queima de qualquer material combustível propicia a liberação de partículas e gases em suspensão, esta mistura é denominada de fumaça, sendo que a produção de fumaça é resultante de dois processos, a pirólise e a oxidação. A pirólise é decorrente da liberação de partículas que compõem o combustível que através da temperatura leva a fervura ou derretimento matéria. A oxidação é o fenômeno decorrente da interação quimicamente do oxigênio com moléculas do combustível, esta reação faz com que as moléculas de combustíveis sejam quebradas em componentes menores liberando luz e calor, neste contexto podemos exemplificar alguns componentes da reação de oxidação: o dióxido de nitrogênio, o monóxido de carbono, acroleína, ácido cianídrico, ácido clorídrico, metano, amônia e o dióxido de enxofre1.
A fumaça pode ser dividida quanto a sua constituição em material particulado e gases, as duas formas causam lesões nas vias respiratórias, porém diferem quanto ao mecanismo de ação e também por atingir territórios diferentes. O material particulado devido o seu tamanho leva a obstrução das vias aéreas através da indução do brocoespasmo, onde as partículas maiores que cinco micrômetros depositam nas vias aéreas superiores. As partículas menores que um micrômetro chega a atingir até os sacos alveolares propiciando problemas respiratórios. Os gases liberados pela fumaça são divididos em dois grupos: os irritantes e os asfixiantes. Os gases irritantes quanto mais solúveis em água provocam lesões na parte superior das vias aéreas, como exemplo são os gases a base amônia e dióxido de enxofre. Os gases asfixiantes são denominados assim por retirar o oxigênio do ambiente, como exemplo o dióxido de carbono e principalmente o monóxido de carbono que possui forte ligação com hemoglobina diminuindo a oferta de oxigênio nos tecidos1.
A fisiopatologia por inalação de fumaça
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A exposição de Bombeiros no combate á incêndio sem a utilização de equipamentos de proteção respiratória faz com seja inalado grande quantidade de fumaça que provoca grave lesão na mucosa respiratória, à gravidade do quadro depende do tempo exposto, podendo ser brando ou levar a formação de edema de pulmão, produção de secreção e até a obstrução das vias aéreas inferiores, também ocorre comprometimento das células dos pulmões que por deposição de fluído rico em proteína nos espaços alveolares faz com que acelere a formação de fibrose3.
O mecanismo da falta de oxigênio no individuo
Quando o individuo está exposto a fumaça, a tendência é diminuir a disponibilidade oxigênio, quando esta concentração ficar abaixo 18% o organismo reage, começa a surgir os sinais e sintomas mais aparentes: diminuição da coordenação motora, tontura, desorientação, dor de cabeça, exaustão, inconsciência podendo evoluir para morte4.
Não somente nos incêndios propriamente dito o individuo está exposto à diminuição de oxigênio, mas também, em várias situações onde a presença de Bombeiro faz necessária como em ambiente de espaço confinado3: silos e locais protegidos por sistema de extinção de incêndio por gás carbônico, locais estes são indicado a entrada somente de pessoas altamente treinadas, mesmo no caso de Bombeiros Militares e principalmente devidamente equipados.
A Elevação da temperatura
Quando os pulmões recebe ar quente repentinamente pode ocorrer queda da pressão sanguínea e consequentemente falha no sistema circulatório, porém, uma causa muito grave que pode ocorrer é o edema de pulmão, ou seja, ocorre acumulo de fluidos levando ao inchaço do pulmão, evoluindo para morte da pessoa por asfixia4.
A Toxicidade dos gases inalados
Toxicidade é dada pela virulência com que certa substancia é para o organismo humano, assim a inalação de gases tóxicos pode causar vários danos no tecido humano, sendo certos tipos de gases causam problemas diretos ao tecido pulmonar e alguns gases
3 Espaço confinado é um local que possui entradas e saídas com aberturas limitadas, possuem pouca ou nenhuma ventilação natural, costumam ter um nível de oxigênio baixo ou até mesmo não ter oxigênio, sendo muito comum também a presença de produtos tóxicos8.
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não atingem os pulmões, porém caem na corrente sanguínea afetando principalmente as hemácias diminuindo a capacidade de transportar o oxigênio.
Durante um incêndio a liberação de gases depende:
· Tipo de combustível;
· Calor produzido;
· A temperatura dos gases liberados;
· Porcentagem de oxigênio.
Monóxido de carbono
Esta substancia é a responsável por grande parte de morte durante os incêndios, por ser um gás incolor e inodoro e que está presente em todos os incêndios, porém, sua presença é maior em fumaça mais escura, isto acontece quando a combustão esta incompleta levando a produção severa de monóxido de carbono.
O monóxido de carbono possui 200 vezes mais afinidade pelo ferro da hemoglobina do que o oxigênio, portanto, quando o monóxido entra na corrente sanguínea faz uma ligação com o ferro da hemoglobina denominada de carboxihemoglobina diminuindo drasticamente o transporte de oxigênio. Mesmo em locais onde há baixa concentração de monóxido de carbono o Bombeiro não pode esperar o aparecimento dos sinais e sintomas como dor de cabeça, náuseas, vomito, pele avermelhada, para deixar o local, a instalação do quadro clínico pode ocorrer de forma individual e em concentrações variadas de monóxido de carbono, o correto é está sempre equipado e pretegido4.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No sentimento do dever cumprido, o Bombeiro durante o combate á incêndio podem inalar fumaça e uma vasta quantidade de produtos químicos, embora a máscara de respiração proteja bastante, quase a totalidade dos profissionais deixam de usá-la no momento do incêndio e pós-incêndio fazendo-se assim de grande importância a utilização de proteção respiratória que é recomendada em todas as situações de incêndio, seja, incêndio florestal ou urbano. Talvez fosse necessário à cobrança de forma incisiva4 por parte da corporação para que todos os militares utilizem equipamento de proteção individual (EPI), proteção autônoma (PA) de forma correta, principalmente no combate á incêndio.
4 Conciso e mordaz, que vai direito ao objetivo7.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÉFICAS
1. SOUZA, Rogério et. al. Lesão por Inalação de Fumaça. Jornal Brasileiro de Pneumologia, 2004.
2. SPINELLI, Jorge et. al. Lesão inalatória grave: tratamento precoce e reversão do quadro. Relato de caso e revisão de literatura. Revista Brasileira de Queimaduras. Vol.9 nº1. 2010.
3. Moino, Elaine De Oliveira. Principais complicações respiratórias em queimados associadas á inalação de fumaça: abordagem fisioterapêutica em UTI. Hospital Nossa Senhora Da Penha. São Paulo, 2003.
4. BRASIL. Manual básico de combate a incêndio. Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Brasília-DF, 10 de novembro de 2006.
5. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. 7. ed. São Pulo: Atlas, 2010, p.297.
6. VIEIRA, Sonia; HOSSNE, W. Saad. Metodologia Científica para a Saúde. 7ª ED. Rio de Janeiro: Livro 2001. 169 p.
7. BRASIL. Dicionário Aurélio. 2012.
8. FILHO, João Carlos P. NR-33 Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados. Portaria GM n.º 202, 22 de dezembro de 2006.

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