A MÚSICA NA ALFABETIZAÇÃO



A MÚSICA NA ALFABETIZAÇÃO

 

 

RESUMO

 

A palavra “MÚSICA” é derivada de “arte das musas” mitologia grega, desde os tempos primórdios vem desempenhando um papel importante na vida do ser humano. Contribui na aquisição de valores e hábitos que ajudam na formação do cidadão. Poucos vestígios musicais houve na pré-história, a música era de caráter religioso e mágico. Começaram a bater em madeiras, para produzir sons, surgindo então os primeiros instrumentos. Através da música, esperavam alcançar a perfeição e atribuíam-na aos deuses. Aos poucos a mesma foi cultivando a inteligência, não no aprender a tocar instrumentos musicais, mas em estudar a escrita. Com o desenvolvimento do pensamento grego a música se expandiu. Antes da era Cristã, já tinham cantos salmodiados, hinos e batiam paus, discos e bastões para cantar. A Igreja católica, na Idade Média, interessou-se pela música e levaram-na para todos os lugares do mundo. A música foi dividida em seis períodos. No Brasil, os jesuítas utilizaram a música para alfabetizar. A música brasileira sofreu várias influências. A música foi alvo de críticas, teve propostas para inovar o ensino musical. Pesquisas relatam que se o educador se apropriar de músicas em suas aulas pedagógicas, vai estimular, contribuir na capacidade afetiva e cognitiva do educando.

 

Palavras-chave: música, alfabetização, motivação, aprendizagem e educando.

 

 

Ana Maria Libardi, natural do Estado do Rio Grande do Sul, licenciada em Pedagogia, Universidade Federal de Mato Grosso, Psicopedagoga, Curso de Especialização em Educação “LATO SENSU”, Tangará da Serra, MT.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

A música na Idade Média teve destaque nas escolas. Com o passar dos tempos, a música aparece como fator importante na formação do cidadão.  Com o objetivo de sanar as dificuldades de aprendizagem dos alunos do I e II ciclo, da ESCOLA ESTADUAL PATRIARCA DA INDEPENDÊNCIA, DISTRITO DE PROGRESSO, MUNICÍPIO DE TANGARÁ DA SERRA, MT, (escola do campo) realizou-se um projeto para alfabetizar e letrar através da música. Foram utilizados recursos didáticos, como: vídeo com as músicas, cartazes e instrumentos musicais da bandinha.        

Percebeu-se que a música como instrumento pedagógico estimulou o raciocínio, a concentração, trocas de ideias, a sensibilidade rítmica e auditiva. Motivou os alunos a terem senso crítico, deu oportunidades aos alunos tímidos a participarem, ajudando-os na assimilação das atividades musicais e se tornarem ativos do seu próprio aprendizado. De acordo com Avellar (1995), a música é excelente e contribui como recurso para estimular os alunos no desenvolvimento da leitura e escrita. Além disso, a musicalidade é um processo que desenvolvem o sensorial e o cognitivo, envolvendo o mundo sonoro e a percepção rítmica, melódica e harmônica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Música na alfabetização


            A música, ao longo da história, vem desempenhando um papel importante no desenvolvimento do ser humano, tanto no aspecto moral, social, como também no religioso. Contribui na aquisição de valores e hábitos que são indispensáveis na formação da cidadania de cada indivíduo. Estudos relacionados à música abordam que na pré-história, quase não tem vestígios arqueológicos a respeito aos sons musicais e que a música, era de caráter religioso, mágico, ou seja, ritualístico, batendo as mãos e os pés, definindo um ritmo, agradeciam aos deuses ou pediam proteção para a caçada ou guerra. No mesmo período os homens passaram a bater na madeira, produzindo um som ritmado, surgindo assim o primeiro instrumento de percussão a ser usado.

A palavra MÚSICA deriva de “arte das musas,” em uma referência à mitologia grega, mousiké que designada, junto com a poesia e a dança, fundiam em uma só e fundamentalmente marca a cultura da antiguidade ocidental. Os gregos tinham paixão pela música, atribuíam-na aos deuses, esperando alcançar a perfeição. Desde as civilizações primórdios a música para eles era considerada uma arte, uma maneira de pensar e de ser (Loureiro, 2003 p.34). Segundo a autora, a música aos poucos, foi cultivando a inteligência, não no aprender a tocar instrumentos musicais, mas estudar a escrita, artes liberais, a matemática, o desenho, a declamação, a física e a geometria, saber cantar em um coro e pelo menos tocar um instrumento, tendo como objetivo a formação do caráter do indivíduo e não de adquirir somente conhecimento, por isso à educação se constituía na ginástica e na música. Com o desenvolvimento do pensamento grego a música se expandiu, incorporando poesias e letras. Segundo Bauab, citado por Loureiro,

                  

A poesia, o drama, a história, a oratória, as ciências, e a própria música estavam incluídos na extensão do termo música. Os poemas, compreendidos e memorizados, eram entoados com acompanhamento da lira. Portanto, mais importante do que a destreza técnica era o saber improvisar um acompanhamento com o pensamento expresso no trecho recitativo. Por ser ensinado com música (o ritmo facilita a memória), o ensino era atraente, agradável. (Bauab 1960, PP. 58-59).

 

 

            Platão aborda que a música contribui, para a formação harmoniosa da alma, ela  não abrange apenas o que se refere ao tom e ao ritmo, mas também, a palavra falada, o logos, ou seja, segundo o filósofo, a música introduz no espírito do ser humano o ritmo e a harmonia, pois quando a educação é feita pela música e ao assimilar a mesma, o indivíduo sente dentro de si desabrochar uma satisfação pelo belo e repugnância pelo feio, Loureiro (2003, p.35), citando (Jaeger 1986, p. 546).

Pitágoras relata que a música e a matemática têm tudo haver uma com a outra, indispensável ao homem, conhecida como fonte de sabedoria. Como também, a música de Anatólia entrou na Europa através da cultura grega, constituindo o ponto de partida da identidade da música ocidental, bastante diversa no Extremo Oriente.

Já na Ásia, a cultura foi determinante, através da influência de filosofias, correntes religiosas, como: islamismo, budismo, entre outras. Antes da era cristã e indiana no terceiro milênio, as civilizações chinesas também tiveram focos de propagação musical. Como também, foram encontrados na antiguidade registros pictóricos e escultóricos de instrumentos musicais e de músicas acompanhadas de dança. Vários milênios antes da era cristã, a cultura sumeriana nascida na mesopotâmica, tinham cantos salmodiados, hinos, influenciado pela sociedade babilônica.

Por volta de 4.000 a. c. no antigo Egito, as pessoas batiam discos e paus, utilizavam bastões de metal e cantavam. Posteriormente, os sacerdotes ensaiavam coros de cânticos contendo música harpa flautas entre outros instrumentos. Os romanos copiaram teorias musicais e técnicas de execução dos gregos, mas inventaram instrumentos novos como o trompete reto, a que chamavam de tuba. Usavam freqüentemente o hydraulis, o primeiro órgão de tubos; o fluxo constante de ar nos tubos era mantido por meio de pressão de água.

Segundo Beyer, citada por Loureiro (1999, p. 25), a cultura romana aceitava muito mais a modalidade do conhecimento musical como saber científico, porém rejeitava a modalidade desse conhecimento como saber prático.

A igreja católica, durante a Idade Média interessou-se pela música, acreditando que a música pudesse ter grande influência sobre os homens. Segundo Loureiro (2003, p. 38), padres, missionários aprendia músicas religiosas católicas, para levar a todos os lugares do mundo.

Por volta dos 500 anos D.C. começa para a civilização ocidental o período chamado de Idade Escura. Por 10 séculos, a Igreja católica recentemente emergida dominaria a Europa, enquanto administrando justiça, instigando "as Cruzadas Santas" contra o leste, estabelecendo Universidades, e geralmente ditando o destino da música, arte e literatura.  Classificando a música conhecida como canto gregoriano, música aprovada pela Igreja.

Quanto à música americana pré-colombiana acentua-se parentesco com a chinesa e a japonesa em suas formas e escalas, trazidas pelas migrações de tribos asiáticas e esquimós através do estreito de Bering, em tempos remotos. Finalmente, a cultura musical africana não árabe peculiares por complexos padrões rítmicos e não apresente desenvolvimento equivalente na melodia e na harmonia.

Diante do exposto, podemos dividir a história da música em períodos distintos, cada qual identificado por um estilo. É claro que um estilo musical não se faz da noite para o dia. É um processo lento e gradual, sempre com os estilos sobrepondo-se uns aos outros.

Costuma-se dividir a História da Música do Ocidente em seis grandes períodos:

Música Medieval até cerca de 1450, sistema esse que é usada até hoje nos canto gregoriano. Era cultivada por transmissão oral, foi quando surgiu o sistema de escrita no século IX e assim apareceu, pela primeira vez, a pauta musical.

No Brasil, em 1549, o ensino da música teve iniciou com a chegada dos jesuítas, religiosos que surgiu na Europa deflagrada pela Reforma Protestante e com misturas de outras culturas, como: os colonizadores portugueses (europeu), os nativos (indígenas) e os escravos (africanos). Foram abertas as primeiras escolas no Brasil, em 1549.

De acordo com Loureiro (2003, p. 42), por dois séculos os inacianos (Inácio de Loyola) foram praticamente os detentores do sistema educacional vigente na Colônia. Os Jesuítas foram os primeiros professores de música no Brasil, catequizaram os indígenas e foram para o sul do país, construíram as chamadas Missões, aculturaram os índios guaranis, ensinaram a religião católica e a trabalhar na agricultura. Como também, ensinavam a elite da sociedade européia.

O padre mais famoso da época era o José de Anchieta. Loureiro relata que (2003, p. 44), a importância atribuída á música na catequese fez com que ela integrasse o currículo das “Escolas de ler e escrever”. Além disso, em 1759, fizeram cartilha musical, usadas pelos mestres nas aulas de músicas e para alfabetizar. No Rio de Janeiro, no século XVIII, foi criada uma escola para os filhos dos negros, de onde surgiram vários talentos na música, aprenderam a tocar instrumentos e a cantar.

A música sempre esteve presente na educação das camadas dominantes daquela época e fez com que fundassem, em 1841, o Conservatório Musical do Rio de Janeiro, primeira escola musical do Brasil, hoje é chamada de Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Devido à falta de recursos, suspensão de obras e a morte de seu idealizador fecharam suas portas, reabrindo somente no regime republicano. De acordo com abordagem de Loureiro (2003, p. 50), crônicas da época (Gazeta Musical 1891, 1892, 1893, apud Fuks 1991a, p. 29) o ensino da música foi alvo de crítica pela forma que era conduzida, pois professores antigos não sabiam a música e os mais novos lhe atribuíam pouca importância.

Com a chegada da Proclamação da República, o ensino de artes teve mudanças no cultural, social e no econômico no final do século XIX.

A música na Europa sofreu influência no início do século XX, através do movimento escolanovista, músicos e pedagogos de vários países, fizeram propostas para inovar o ensino de música e através dela escolarizar crianças oriundas de classes sociais desfavorecidas.

Com revolução de 30, houve intensas mudanças no plano social, político e econômico, no Brasil, dando forças a esse movimento e tendo a Escola Nova, como alicerces para formar cidadão capaz de enfrentar a sociedade, pois a Escola Nova afirmava a importância da arte na educação, para o desenvolvimento da imaginação, da intuição e da inteligência da criança e que a mesma pudesse se expressar livremente, Loureiro (2003, p.53).

Em São Paulo, João Gomes Júnior, redigiu um movimento para renovar a música nas escolas públicas. Inspirado nas ideias do Frances Jacques Dalcroze e nas escolas da França e da Suíça, propôs um novo modelo de ensino para a música, destacando o canto coletivo, com várias vozes, acompanhado ou não de instrumentos musicais. Essas ideias limitaram-se somente no Estado de São Paulo, mas o governo brasileiro encorpou como recurso importante para a formação da cidadania e a construção da nacionalidade.

Entre 1932 a 1941, Loureiro (2003, p. 56) Villa-Lobos, era diretor do Sema, preparou com afinco e dedicação textos, aulas e métodos para auxiliar as crianças no âmbito escolar.  No dia 18 de abril de 1992, o presidente Getúlio Vargas, assinou o decreto nº 18.890, tornando obrigatório o canto orfeônico nas escolas do Rio de Janeiro, criando no mesmo ano, o Curso de Pedagogia de Música, Canto Orfeônico e o Orfeão dos Professores do Distrito Federal, com o intuito de facilitar aos professores do magistério público a prática da teoria musical e a técnica dos processos orfeônicos, que mais tarde seriam colocados em práticas nas escolas municipais. Loureiro: (Villa-Lobos, apud Fuks 1994ª, p. 175).

Loureiro, (2003, p. 57) citando Contier, (1998, p. 22),

 [...]o caráter disciplinador implícito no projeto para a oficialização do ensino do canto orfeônico nas escolas, interessava aos educadores e agentes políticos, uma vez que a música poderia trazer as massas á cena política onde os políticos assumiriam o papel de sepultar a   República Velha, instaurando, no lugar desta a Nova República (1930) e o Estado Novo (1937).

 

                De acordo com o autor, o ensino de canto orfeônico nas escolas, era de interesse dos políticos e dos educadores, com a finalidade de disciplinar, concentrar e para exercer o patriotismo, além disso, fazer a população a prestigiar os acontecimentos políticos da época.  Nessa mesma época, adotaram medidas para favorecer a ampliação e divulgação da música.

Com o fim do autoritarismo de Vargas, (Loureiro, p. 63) na metade da década de 1940, terminou o movimento modernista, que foram grandes momentos na educação musical. Em seguida deu-se início a outro movimento, com novas maneiras de fazer arte e ensinar música. Já em 1960, a música baseou-se na nova forma de expressão, ou seja, cada um podia fazer o que queria, não precisava conhecer as notas músicas e sim ser criativo, dando mais ênfase ao aluno, sendo ele o centro do processo de ensino-aprendizagem.

Mas, a música sofre um novo abalo, na década de 1970, o governo da época, promulgou a lei de ensino (lei nº 5.692/71), para uma nova organização educacional no país. A disciplina “música” passaria a integrar junto com a disciplina de artes plásticas, o teatro e a educação artística. Loureiro (2003, p. 68).

Magdalena Tagliaferro propôs em 1994, reorganizar o ensino musical no Brasil, principalmente na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro. Assim como, em 1994, Villa-Lobos saiu da direção do Sema. Além disso, com o fim do Estado Novo, foram diminuindo a prática do canto nas escolas.

De acordo com Fuks (1999, p. 124), citada por Loureiro (2003,p. 62)

            

 Pouco a pouco as escolas, principalmente as públicas, foram calando seu canto. Mas em silêncio musical também o término do modernismo, de cuja efervescência viera o brilho que a educação musical dos anos 30 e parte dos 40 tivera.

De acordo com a autora, o canto foi desaparecendo das escolas e junto à modernização, já não tinha mais a maravilhosa intuição musical por parte das crianças, dos anos 30 e 40, ou seja, não se submetiam a rigorosa disciplina musical, como era naquela época.  

Com o modernismo diminuindo, surge uma nova maneira de fazer arte e de ensinar música, baseadas nas tendências da pró-criatividade, com uma nova metodologia, organizado por Antônio Sá Pereira e Liddy Chiaffarelli Mignone. Já não apresentava a mesma eloquência dos anos anteriores.

Quanto às escolas conservatórias e escolas de músicas alicerçaram-se nos padrões europeus dos séculos XVIII e XIX, enquanto, as escolas públicas mantinham o canto orfeônico, com hinos que exaltavam civismos nacionalistas.

Temos também, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que trazem orientações sobre cada área de conhecimento, estabelece uma política de ensino, favorecendo reestruturações de propostas educacionais, proporcionando ao aluno um conjunto de práticas pedagógicas planejadas, possibilitando aos mesmos, apropriação de forma construtiva e crítica, no que aprende tanto no social, quanto no cultural, e assim, passa colaborar na construção de uma sociedade mais humana, justa e feliz. 

Considerando importante a música no ensino das séries iniciais, os participantes do Sinapem, solicitaram, em 1987, aos Conselhos Estaduais de Educação, cursos técnicos em educação musical, pois, não existiam elementos capacitados á docência de música. Loureiro (2003, p. 82).  A Semana de Arte Moderna, em 1992, denunciou a situação das artes no Brasil, como também, trouxe renovação, novas maneiras de entender o fazer artístico, pois era para considerar a expressão espontânea e verdadeira da criança. Loureiro (2003, p. 54).

Entre 1988 até 2002, a Anppom e outras entidades congêneres, como a Anped e a Abem, promoveram em diferentes cidades brasileiras, treze (13) encontros anuais, com a temática, definida de acordo com a carência de informação ou com as tendências da pesquisa em música que vem estimulando a produção científica da área e contribuindo para a compreensão da realidade do ensino musical e cultural do país. (Loureiro, 2003, p.83).

Os problemas que a educação musical defronta são peculiar ao momento atual um deles é a falta de sistematização do ensino fundamental e a falta de conhecimento do valor que a mesma tem como disciplina no currículo escolar. Pois, como disciplina, daria prioridade à aprendizagem, apontando para a aquisição do conhecimento, através da intenção sujeito-objeto, ou seja, levaria o aluno a construir seu próprio conhecimento, deixando de ser um receptor de informações, até Pestalozzi e Froebel, enfatizaram, que a música seria um precursor fundamental na alfabetização musical, dando possibilidades, de despertar habilidades, emoções, sensibilidades, linguagem e de livre expressão. Loureiro (2003, p. 126).

Estudos demonstram que a música através de ritmos e melodias atua no sujeito, favorecendo os aspectos cognitivos e criativos do indivíduo, possibilitando a aprendizagem na leitura e na produção de textos, ou seja, a música constitui um excelente recurso estimulador para o desenvolvimento da leitura e das hipóteses da escrita. Acredita-se que a música poderá influenciar positivamente no desenvolvimento da escrita, aproximando o sujeito de seu objeto de conhecimento, de maneira diferente da situação formal de alfabetização escolar, (Avellar, 1995).

A música pode estimular o desenvolvimento da capacidade afetiva e cognitivo. Desperta também, um mundo prazeroso e satisfatório, para a mente e o corpo, fazendo com que o indivíduo possa melhorar a concentração em qualquer campo de pesquisa e do pensamento filosófico, além de desenvolver as habilidades estéticas e musicais específicas e que todos estes aspectos contribuirão para o desenvolvimento da escrita, (Vieira e Leão, 2003, Campos, 2001; Figueiredo, 2001; Avellar, 1995). E é nesse embalo da musicalidade que muitos educadores conseguem prender a atenção dos alunos, embalo que levam os alunos a conseguir compreender melhor as aulas.

A música é um estímulo para o aprendizado e é uma grande aliada educacional. Foi constatado também que a música não serve só para acalmar e disciplinar aquela turma desatenta e desobediente, mas serve ainda para diversas áreas do cérebro e facilita o aprendizado. A música atua nos dois hemisférios do cérebro. Pois, o hemisfério esquerdo é racional, verbal, lógico, matemático e pensa de modo analítico, específico e redutor, toma consciência das sequências temporais e da linearidade e o hemisfério direito toma consciência das informações simultâneas e vísuo-espaciais, é intuitivo, não-verbal, artístico e pensa de modo sintético, holístico e difuso, LIMA (2003, p. 17).

Portanto, a música jamais pode ser vista como um passatempo, é uma maneira de se expressar, deve ser trabalhado de forma contextualizada, explorando o que tem nela de melhor, considerando também, sua poesia, melodia, encanto e perceber o caráter social e ideológico que estão presentes nela e melhorar a nossa prática pedagógica.

Instrumentos como: reco-reco, coco, sino, pandeiro, castanhola, afoxé, caxixi, clavas, tambor, guizo, lixas, agogô, ganzá, bangô, triângulo, mararacas, chocalhos, pratos, xilofone e atabaque, formam a bandinha rítmica, são instrumentos folclóricos (sem altura definida) que uso na escola, com os alunos da alfabetização ou com alunos com dificuldades na aprendizagem, percebesse que trabalhar com música ajuda os mesmos a se soltarem, motiva-os e aos poucos vão desenvolvendo a aprendizagem, pois, ao desenvolver o senso rítmico, estético, da percepção musical, da coordenação motora, contribui com o desenvolvimento da atenção, da concentração e do desenvolvimento de hábitos sociais (capacidade de se trabalhar em grupo, respeito ao colega, confraternização,...).

Nos respaldos de HEILAND e FROBEL, (p.116, 2010) relatam que através de canções a criança demonstra seus sentimentos, sem fins moralizadores, dando-lhe liberdade interna que é tão necessário para o desenvolvimento e fortalecimento do mesmo. Sempre que trabalho música com esses alunos, escolho músicas relacionadas ao tema, ou músicas do conhecimento deles, escrevo-a no cartaz e vou mostrando palavra por palavra e escutando como é cantada, em seguida, cantamos lendo, batemos com os pés, palmas, para pegar o ritmo, quando estão no ritmo pegamos os instrumentos, também são realizadas outras atividades que estimulam e dão prazer aos alunos.

Para STABILE citado por ESTEVÃO (2002, p. 34) “a música e a dança permitem a expressão pelo gesto e pelo movimento, que traz satisfação e alegria. A criança aprende e se desenvolver através dela”.

Entretanto, trabalhar com música, desperta o educando para o mundo dos sons, emoções, sentimentos e a capacidade de percepção, para que o mesmo possa assimilar o sentido rítmico dos sons, como instância do processo de socialização e de alfabetização.

Dessa forma, a escola visa incentivar o desenvolvimento da criança nos aspectos cognitivos, linguísticos, psicomotores e sócio-afetivos e ao mesmo tempo garantir a aquisição de novos conhecimentos. Além disso, desperta e desenvolve harmonia, sintonia, concentração, ritmo, vocabulários compartilhadas e trocas de ideias, criando possibilidades de memorização. Pois as experiências rítmicas auxiliam o movimento físico e psíquico da criança: liberam os seus impulsos, facilitando a auto-expressão e a criatividade. É como nos relata GAINZA (1988), a música é fundamental, um elemento muito importante, pois mobiliza, movimenta, contribui com o desenvolvimento e a transformação do educando.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

AVELLAR, Rosa Maria Gentil de. O Desafio de continuar a alfabetização. São Paulo. JM

Editora: 1995.

 

CAMPOS, D. A.; FIGUEIREDO, E. L. A Educação integrada a uma proposta contemporânea da alfabetização formal. Revista Anais, 10° Encontro Anual da ABEM, 2001.

FIGUEIREDO, Eliane Leão. Por que estudar Música? Revista da Adufg. Nº6,

Jan/fev/mar/abr/2001 (p.35 – 4).

 

ESTEVÃO, Vânia Andréia Bagatoli. A importância da música e da dança no

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(Especialização em Psicopedagogia) – Centro Técnico-Educacional Superior do

Oeste Paranaense – CTESOP/CAEDRHS.

 

GAINZA, V. Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. São Paulo:

Summus, 1988.

 

HEILAND, Helmut.

Friedrich Fröbel / Helmut Heiland; tradução: Ivanise Monfredini.- Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.

 

LIMA, Reginaldo Naves de Souza

Matemática. Contactos matemáticos do primeiro grau.

Fascículo 1 Cuiabá, EdUFMT, 2003

 

LOUREIRO, Alícia Maria Almeida

O ensino de música na escola fundamental/ Alicía Maria Almeida Loureiro – Campinas. SP: Papirus, 2003. –(coleção Papirus Educação)

 

VIEIRA, Edna; LEÃO, Eliane. Música: sua influência na leitura e no processo de alfabetização.

55ª reunião anual da SBPC, 2003.

 


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