Silêncio



" Uma vida inútil é uma morte prematura" (Von Goethe).

 

Que terei eu, afinal, desta vida?

No fim das contas, e as contas faço de dedos, devo aceitar minha condição..

Lembro de ter escrito algo num papel, não me lembro de o ter publicado. E assim se repetiu por anos e anos.

O sol fazia mal a minha vista. As cortinas mantinham-se fechadas. Vivíamos nós nesse silêncio. Mas que silêncio! Era um silêncio falador. Sim, o cheiro de úmido, de antigo, de maciço. Que divindade! O cheiro de úmido! De maciço, de antigo. Ou seria talvez esse o meu odor?

Oh, sim, é o meu odor. Sou uma caixa pútrida, agora. Ou já fui antes?

Procurei há tanto tempo descobrir o que se passava!  De início, que estou me lembrando, ele estava lá. Depois não estava mais.

Aí que começou o fim da eternidade; o silêncio não fala mais comigo e as divindades.

Com o badalar das noites que se seguiram, fui repetindo o que costumava fazer. Vejo agora que nada tem significado. É só rotina.

Agora eu me pergunto: Quem aqui há de segurar minha mão em meu leito? Nunca me importei com mais nada, senão o silêncio; e a única mão que me consolaria, consolei há muito.

No fim das contas, e as contas faço de dedo, devo aceitar minha condição.

Não fiz nada da minha vida. Não fiz nada da minha morte, e esta ronda meu tempo.

Uma coisa apenas é certa: sinto falta do meu silêncio.


Autor: Bianca Braga De Carvalho


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