Arte Terapia



Nise da Silveira foi pioneira em associar arte nos tratamentos psiquiátricos e terapêuticos

Letícia Veloso

A alagoana Nise da Silveira tornou-se uma psiquiatra diferenciada, utilizou métodos menos agressivos que eletrochoque no tratamento de pacientes com problemas mentais. Nise manteve uma relação amigável com essas pessoas tachadas de puramente " malucas" e "desequilibradas". A psiquiatra foi capaz de descobrir e incentivar o potencial artístico dessas pessoas ignoradas pela sociedade da " perfeição" e "completa sanidade".

Nise foi responsável por fundar o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro(RJ). No local é possível apreciar as obras produzidas por pacientes que passaram por tratamento psiquiátrico com base no desenvolvimento artístico.

No acervo do museu consta cerca de 350 mil obras variadas, muitas dessas peças já estiveram em exposições realizadas no Brasil e Exterior. Vale ressaltar que o conteúdo artístico produzido já atraiu e, aliás, continua atraindo muitos artistas e curiosos.

Um exemplo claro da potencialidade dos pacientes em relação às atividades artísticas é a Exposição realizada no Sesc Pompéia (São Paulo-SP) em 1998. Este evento expôs trabalhos feitos pelos internos do Hospital Psiquiátrico do Juqueri em Franco da Rocha (SP). As obras mostraram a arte consciente aliada às manifestações entre o contexto racional, emotivo e conflitos internos de seus autores e contexto que o cercam.

"Felizmente, eu nunca convivi com gente muito ajuizada," disse a psiquiatra em entrevista para o site Uol (Junho/2001). Trata-se da fiel representação do jeito Nise de ser,autêntica, revolucionária e apaixonada pela profissão. Nise é umas dessas pessoas que realmente fazem e deixam suas trajetórias cravadas por tempos na história de um país.

Outros profissionais, que ao lado de Nise souberam utilizar a arte na terapia, merecem devido destaque como Osório César e Ulysses Pernambuco.Esses psiquiatras apaixonados pela arte e militantes das causas sociais implantaram técnicas benéficas e altamente estimulantes no desenvolvimento das pessoas que passam por tratamentos mentais.

Ulysses Pernambuco por muito tempo trabalhou com crianças e jovens num processo de reaproximação entre pacientes e respectivas famílias. Nise engajada nos movimentos sociais foi presa durante O Estado Novo, no governo de Getúlio Vargas em 1932.

Osório César, neste período, filiou-se ao partido comunista e esteve casado por alguns anos com a pintora Tarsila do Amaral, referência do modernismo brasileiro. A influência de Tarsila o envolveu nas questões sociais e o incentivou a integrar arte nos tratamentos terapêuticos.

Graças a esforços de nomes como esses, especialmente Nise da Silveira, pessoas com alterações mentais,de alguma forma, têm certo reconhecimento.Obviamente a discriminação perdura, todavia ocorreram avanços, atualmente há inúmeros cursos universitários de especialização na área de psicologia e psiquiatria.Sem mencionar, instituições como APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) que realizam trabalhos interessantes com pessoas que possuem necessidades especiais.


Autor: Letícia Veloso


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