PARADOXAL FUNÇÃO BIOPLASMÁTICA



   PARADOXAL  FUNÇÃO  BIOPLASMÁTICA

 

Ora, sabemos bem que o Espiritismo nada mais é que o desenvolvimento dos princípios sintetizados no Cristianismo e, sobretudo, no que se refere aos aspectos éticos, pois que aquele não ensina uma nova moral, mas sim, a mesma e altíssima moral cristã preconizada pelo Mestre Jesus.

 

Para tais doutrinas, portanto, o que é o Homem?

 

Nada mais, nada menos, que um Complexo Psicobiofísico, isto é, um complexo constituído por Espírito (Ser Psíquico imortal em seu envoltório perispirítico), e, fisicamente falando, de Matéria Biológica (Biomatéria), cuja expressão assim poderia equacionar-se nos seus distintos termos:

 

   [( Homem ) = (Espírito + Biomatéria)]            

 

Esta tão simples “Equação Psicobiofísica do Homem”, de caráter nitidamente metafísico, pois que adota o aspecto psicológico-humano como fator espirítico-imortal, afrontou o materialismo positivista dos tempos de Kardec, que entendia e entende ser o homem não mais que matéria biológica pensante, uma matéria, pois, sem alma, todavia, e, paradoxalmente, com atributos éticos, racionais e sentimentais, e que, portanto, por ser matéria, não implicaria e não implica em quaisquer formas de anterioridade ou de imortalidade aos despojos físico-químicos da estruturação orgânica, que se consome e desaparece por completo nos inevitáveis trâmites da “inconsolável” morte corporal.

 

Para este materialismo trôpego e farsante: a vida se inicia no berço e tudo se acaba no túmulo, tal qual beco sem saída de algo que pudesse recompor-se espiritualmente noutro estado existencial. Inobstante, a maior prova da imortalidade humana, não está nas atas e nos manuscritos dos mais diversos sábios que a estudaram exaustivamente em seus laboratórios e centros de pesquisas da época. Isto é secundário! Em primeiro lugar, penso que a maior prova está na consciência do Homem, que o acusa quando ele se torna um transgressor da Lei, e que o felicita com uma consciência tranqüila quando a tal Lei observa e a vivencia na prática cotidiana do mundo, trabalhando honestamente, com perseverança no bem.

Ora, por que a consciência nos penaliza pelos maus atos, pelo nosso transgredir da Soberana e Divina Lei?

 

E porque ela nos felicita pelos nossos bons procedimentos, nosso labor consciencioso e nosso serviço desinteressado ao próximo?

 

Se tal consciência existe em todos nós, nos penalizando ou nos felicitando, isto quer dizer que alguma forma de Justiça impera no mundo consciencial humano e bastaria isto para provar ao Homem que nós não somos apenas e tão somente matéria decomponível, mas sim criaturas imortais, filhos de um Deus que nos recompensa pelo trilhar do bom caminho e nos penaliza pelo nosso transviamento da Lei.

 

Não bastasse tal dinâmica de nossa consciência vigil, atuante como tribunal vivo de nossa interioridade essencial, de nossos pensamentos, atos e palavras, deve-se dizer, para confirmar-se tal jurisdição, que as mais modernas pesquisas ligadas ao contexto humano, ratificam e dão ênfase à mesma verdade eterna de nossas consciências. É que, uma nova visão do homem, e de seus intrincados mecanismos, já se estabeleceu nos brilhantes trabalhos dos mais avançados e dos mais renomados cientistas e pesquisadores de todo o mundo, como já recordava linhas atrás.

 

De Kardec a Banerjee, todos eles confirmaram e sustentaram a verdade contida naquela nova equalização espiritual do ser humano que, ter-se-ia evidenciado, não como estruturação estritamente de ordem material, mas sim, como organização que associa alguma forma de espiritualidade em si mesma, ou seja, como a possibilidade científica de haver nela mesma uma consciência que é de característica imorredoura e, mais ainda, que o homem, acima de tudo quanto dito, se constituiria de um Ser palingenésico, capaz de ter incorporado outras existências no passado e capaz de novamente corporificar-se, física, intelectual e moralmente.

 

Assim, temos por algumas simples operações: mudança de termos e alteração de sinais, daquele notável equacionamento espiritista e cristão, que:

                 [( Homem BioMatéria ) = ( Espírito )]     

 

E que, portanto, se retirarmos a Biomatéria do Homem, sobra-lhe evidentemente o Espírito, ou seja, o Ser dotado de Consciência imortal:

 

   [( Consciência ) = ( Espírito )]                    

 

Pois que tais termos são sinônimos e que, portanto, em sendo a mesma coisa, eles são iguais entre si mesmos, podendo, pois, equacionar-se, assim como um é igual a um (1 = 1), ou como ‘x’ é igual a ‘x’ (x = x), e assim por diante, matematicamente.

 

Mas o que é o Espírito? O que é uma Consciência imortal?

 

E poder-se-ia responder que: o Espírito é o existir, isto é: o Espírito é tudo quanto somos em nossa vida comportamental, em nossa capacidade pessoal e consciencial, dotada de padrões éticos, de inteligência, de emotividade.

 

Mas o que é o Espírito substancialmente?

 

Não sabemos! (Vide: “Incógnitas e Paradoxos do Espírito” - webartigos). Mas poder-se-ia responder, mesmo sem o saber-se e o compreender-se satisfatoriamente, que o Espírito é um princípio diretivo imortal, uma centelha anímica de caráter pensante, que emite suas potencialidades tal como foco de luz que se irradia para todos os pontos possíveis e imagináveis que se possa conceber. Mas qual a mecânica mesma do pensamento, do funcionamento mental e de sua dinâmica incessante, tão incompreensível aos padrões psíquicos do homem moderno e contemporâneo? Para um dos mais respeitáveis autores da Espiritualidade:

 

“No cérebro humano, gabinete da alma erguida a estágios mais nobres na senda evolutiva, ela (a corrente mental) não se exprime tão só à maneira de impulso necessário à sustentação dos circuitos orgânicos, com base na nutrição e reprodução. É pensamento contínuo, fluxo energético incessante, revestido de poder criador inimaginável. Nasce das profundezas da mente, em circunstâncias por agora inacessíveis ao nosso conhecimento, porque, em verdade, a criatura, pensando, cria sobre a Criação ou Pensamento Concreto do Criador”. (Vide: “Mecanismos da Mediunidade” – cap. 10 – André Luiz - Feb).

 

Vemos, pois, que nos círculos espirituais de mais nobre evolução, André Luiz também consolida estágios culturais de constante aprendizado. E, como vemos, ele apenas sabe que o fluxo energético do pensamento contínuo nasce das profundezas da mente, ou seja, do Espírito em si mesmo, mas que o conhecimento aprofundado de tais processos lhe é ainda inabordável, cumprindo-nos, pois, por enquanto, estudarmos, ainda, o envoltório perispirítico, deixando que os processos da produção e irradiação dos nossos pensamentos fiquem para mais tarde quando, então, estaremos aptos ao conhecimento de coisas tão complexas e, portanto, mais satisfatórias às nossas indagações.

 

Estudemos, pois, ainda, o organismo perecível de matéria, do qual já temos razoáveis conhecimentos, bem como o perispírito, ou corpo espiritual do qual depende, pois que aquele fora por este plasmado, construído e organizado (Vide: “Perispírito e Complexidades Somáticas” – webartigos). E deixemos a Alma e as profundezas do pensamento contínuo para depois. Ou seja, para bem depois de conhecermos e aprendermos um tanto mais ainda de nós mesmos, da natureza biologicamente humana que surgira neste mundo a partir de uma matriz de natureza bioplasmática semimaterial.

 

Ora, no aspecto exclusivamente material, de que somos inicialmente decorrentes?

 

De uma célula zigoto constituída por 46 cromossomos, sendo metade da mãe e metade do pai. Mas, em tal célula, constituída por proteínas diversificadas, onde estariam os tecidos, os mais distintos órgãos e suas respectivas funções; onde estariam, pois, os sistemas nervoso, circulatório e linfático, e, mais ainda, toda a complexa parafernália orgânica de que se constitui o Homem em sua estrutura completa como ser característico da espécie? Onde estariam, pois, tudo isso, se a célula zigoto, absolutamente, não tem tudo isso?

 

E insistiriam os notáveis, e incrédulos positivistas de plantão, que tudo isso já se encontra no material genético da célula-zigoto cedida pelos pais! Mas falar é fácil, difícil é provar tão sábia argumentação!

 

Ora, onde estão as provas cabais de que, definitivamente, é assim? Onde estão os materiais evidentes e incontestáveis de tal afirmativa? Ora, afirmações sem provas são apenas e tão somente balelas para negar-se o evidente, o fato bioplasmático perispiritual, organismo comprovado pelos maiores sábios do mundo e hoje detectável pela instrumentalidade científica que avança rumo ao paranormal.

 

Com efeito, onde estaria e onde estará tudo o que constitui e integra o magnífico edifício corporal da criatura senão em tal matriz pré-existente, que tratara de dirigir a célula primordial num sentido pré-determinado, aonde, materialmente, mais órgãos vão surgindo de menos órgãos, porém, espiritualmente, trata-se de uma necessária recapitulação do passado transposto levando o Ser ao ápice das conquistas efetivadas e fazendo surgir aos nossos olhos maravilhados, o maior de todos os milagres do universo concebível: a materialização psicobiofísica de um novo indivíduo da superior espécie que ainda retorna ao mundo para o desempenho de novos trabalhos e de novas metas a se realizarem no mundo das formas.

 

Assim, a mais perfeita e rigorosa lógica há que adotar uma “idéia diretriz” para a formação do organismo biofisiológico; e, de que existe, de fato, alguma matriz potencialmente criativa da vida, da constituição física e biológica do organismo material, sem a qual não se produziria a maior das façanhas visíveis a olho nu e que se constitui o grande milagre da vida, do existir e do pensar por meio de uma avançada criação perispirítica, que vem a se corporificar no mundo das formas quantas vezes for preciso, para o nosso aprendizado, esse constante progredir para muito além do que hoje representamos, até o infinito mais distante de nossa perpetuidade espiritual.

 

Eis, para mim, o grande paradoxo da função bioplasmática do perispírito, que é coisa comum, da natureza mesma das coisas, não obstante a miraculosidade de se produzir novas materializações biofisiológicas, que tanto maravilha estes meus olhos de ver, de constatar, de aplaudir e se encantar com o majestoso espetáculo da criação divina. (Vide: “Deus É o Agente Iniludível Para a Explicação da Vida” – Jorge Hessen).

 

Articulista: Fernando Rosemberg Patrocínio

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Blog: fernandorpatrocinio.blogspot.com.br

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