RESENHA SOBRE O FILME: “O NOME DA ROSA”.



A expressão "O nome da Rosa" foi usada na Idade Média significando o infinito poder das palavras. A rosa subsiste seu nome, apenas; mesmo que não esteja presente e nem sequer exista. A “rosa de então”, centro real desse filme baseado num romance, é a antiga biblioteca de um convento beneditino, na qual estavam guardados, em grande número, códigos preciosos: parte importante da sabedoria grega e latina que os monges conservaram através dos séculos. Em 1327 estranhas mortes começam a ocorrer num mosteiro beneditino localizado na Itália durante a baixa idade média, onde as vítimas aparecem sempre com os dedos e a língua roxos. O mosteiro guarda uma imensa biblioteca, onde poucos monges tem acesso às publicações sacras e profanas. A chegada de um monge franciscano interpretado por (Sean Conery), incumbido de investigar os casos, irá mostrar o verdadeiro motivo dos crimes, resultando na instalação do tribunal da Santa Inquisição. A Igreja não aceitava que pessoas comuns tivessem acesso ao significado de seus dogmas (fundamentos da religião) nem questionassem e fossem contra os mesmos e, por esse motivo, para definir o poder sobre o povo, houve a instauração da Inquisição que foi criada para punir os crimes praticados contra a Igreja Católica que se unia ao poder monárquico. No mosteiro, sete monges morrem estranhamente, isto aborda muito a violência. Há também uma violência sexual, no qual mulheres se vendem aos monges em troca de comida. O período Renascentista que se desenvolveu na Europa entre 1300 e 1650, época em que se desenrola o filme (1327), vinha de encontro a Igreja, exatamente porque o Renascimento pregava a valorização do homem e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural. Dessa forma, o Monge Franciscano e Renascentista, William de Baskerville, utilizava-se da Ciência e consequentemente da razão para dar solução aos crimes do mosteiro e desagradava, em muito, a Santa Inquisição, na figura do Inquisidor Bernardo Gui que realmente existiu e foi considerado um dos mais severos inquisidores. Neste período a Ciência teve ascendência sobre a religião, pois através da razão vários mistérios eram desvendados, inclusive o poder desenfreado da Igreja que, na verdade, só contribui para o misticismo e o entrave do desenvolvimento intelectual de todo um período histórico, principalmente o da Idade Média, cercado pela Inquisição e seu poderio absurdo e desmedido. Acredito que a religião, seja qual for, é um meio através do qual se pratica a fé, se repensa valores, se faz reflexões sobre o que é bom e o que é para o bem da sociedade. Sendo as diferentes religiões, assim como os estados, governada por homens, creio que as religiões ficam a mercê de ideias de poder, dominação e imposição. Foi o que acontecera com a católica durante grande período de sua história. Talvez, até hoje ela esconda informações que possam contradizê-la frente aos seus preceitos. Como saber a verdade? Tenho minhas convicções e fé, e creio que a igreja, por mais próxima que esteja dos preceitos estabelecidos quando fora criada (crendo também que estes preceitos estavam próximos aos preconizados por Jesus), foi governada por homens e para mim, nisto está, a principal razão de tantas heresias.


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