Cuidado Com A Dengue!



Paiva Netto

Com a proximidade do verão, o receio de outra epidemia da dengue volta a inquietar a mente de autoridades sanitárias e do povo. E a preocupação tem fundamento. Julguei oportuno, então, novamente tratar do assunto com vocês. Muita gente viaja pelo país.

No Informe Epidemiológico da Dengue, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, tomamos conhecimento de que, "de janeiro a abril de 2008, foram registrados 230.829 casos suspeitos de dengue, 1.069 casos confirmados de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e a ocorrência de 77 óbitos por ela. Também foram notificados 3.298 casos de dengue com complicação, com 53 óbitos. Neste período, foram notificados 27.966 casos de dengue a menos que no mesmo período de 2007, com uma redução de 10,8%. Houve aumento de casos nas regiões Norte (49,34%), Nordeste (30,54%) e Sudeste (19,82%) e redução nas regiões Sul (72,6%) e Centro-Oeste (71,72 %). Em função da circulação de três sorotipos do vírus da dengue, o número de casos de FHD vem aumentando no país. Em 2008, 64,2% dos casos confirmados de FHD estão concentrados no Estado do Rio de Janeiro, 10,2% no Ceará, 6,4% no Rio Grande do Norte e 5,7% no Amazonas".

Ainda segundo o informativo, "na região Sul, apenas o Estado do Paraná registrou transmissão autóctone. Não houve caso de FHD confirmado na região, sendo o sorotipo DENV3 o único identificado no monitoramento viral. (...) Embora o Estado do Rio Grande do Sul tenha notificado os primeiros casos confirmados de dengue autóctone em abril de 2007, em 2008, os 344 casos notificados são importados. O Estado de Santa Catarina continua sem transmissão autóctone de dengue e registrou 317 casos importados".

Dentre todas as regiões, o Sudeste, com 104.051 mil notificações – das quais 85.511 contabilizadas no Estado do Rio de Janeiro – foi o local mais afetado pela epidemia, correspondendo a 37% dos casos em todo o país.

Focados na solução do problema

Em entrevista à Super Rede Boa Vontade de Rádio, o dr. Ricardo Ciaravolo, pesquisador científico, técnico da superintendência do controle de endemias (SUCEN), foi enfático ao afirmar: "(...) Temos de estar focados em resolver o problema da dengue os 365 dias do ano, porque os ovos do mosquito podem resistir por muito tempo. Daí a necessidade de, em todas as estações, realizar vistorias para identificar esses criadouros e eliminá-los. Eles estão muito próximos da gente, dentro das nossas residências, nos locais onde trabalhamos, ou nas áreas externas, nos quintais, áreas comuns. Temos que colocar o tema dengue em todas as reuniões que fizermos, ou seja: reuniões de condomínio, de pais e professores, Cipas nas empresas, nos encontros da sociedade e melhoramentos de bairros. Assim, estaremos sempre discutindo as ações contra o mosquito da dengue. Como é transmitida pelo vetor mosquito Aedes aegipty, a densidade se eleva justamente nessas épocas com temperaturas mais altas; porém, como em várias regiões do país, o inverno se dá com temperaturas elevadas, temos municípios que apresentam casos de dengue durante todo o ano, mas o número sempre aumenta em épocas de verão, fim de primavera e no começo do outono. (...) Outra atuação, não menos importante, é a da pessoa: ao sentir algum dos sintomas que são de dengue (febre alta, dores no corpo, dores na cabeça, fadiga, vermelhidão, manchas na pele), procurar rapidamente uma unidade de saúde para fazer o diagnóstico, porque só um médico terá condições de verificar se é dengue ou não, e se pode evoluir para um caso grave, a chamada dengue hemorrágica".

Atitudes simples

Diante do que foi exposto pelo dr. Ciaravolo, atitudes simples podem evitar tragédias. A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde aponta algumas maneiras de eliminar o Aedes aegypti: "Encha de areia até a borda os pratinhos dos vasos de planta; lave semanalmente, por dentro, com escovas e sabão, os tanques utilizados para armazenar água; jogue no lixo todo objeto que possa acumular água, como embalagens usadas, potes, latas, copos, garrafas vazias etc; mantenha a caixa d'água sempre fechada, com tampa adequada; mantenha o saco de lixo bem fechado e fora de alcance dos animais até o recolhimento pelo serviço de limpeza urbana; coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira bem fechada. Não jogue lixo em terreno baldio; remova folhas, galhos e tudo o que possa vedar a água correr pelas calhas; não deixe a água da chuva acumulada sobre a laje; entregue seus pneus velhos ao serviço de limpeza urbana ou guarde-os sem água em local coberto e abrigados da chuva".

Estamos na primavera, uma romântica estação, mas é preciso que cheguemos antes dos problemas, de modo a impedir que ocorram. Portanto, entremos em 2009 esclarecidos e tomando parte no combate aos focos da doença. Trata-se de questão nacional. Resolvê-la é dever do Estado e do cidadão.

José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.

[email protected]

www.boavontade.com


Autor: Álida Santos


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