ENSINAR A PENSAR: DESAFIO DA ESCOLA E O DESAFIO DE SER PROFESSOR



Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas de Processo Educativo no Contexto Histórico; Psicologia da Educação I; Teoria Geral do Conhecimento; Sociologia da Educação. 

Prof. Bernadete Strang; Carlos Eduardo Gonçalves; Marcia Bastos; Okçana Battini. 

 

1 INTRODUÇÃO 

       Neste trabalho iremos verificar o contexto escolar nos dias atuais, de que como a mesma esta inserida na sociedade sua função de repassar ao aluno uma visão aberta e critica referente ao mundo. Com o tempo histórico em movimento, a Escola tem redefinido sua missão atualizando perante as exigências da globalização. Hoje a Família tem procurado a Escola, como um refúgio, para “tapar” um vazio que se situou em seu meio. Diante disso o espaço escolar modificou-se para receber e realizar este compromisso. Das exigências que o mercado de trabalho e das relações recíprocas humanas, a Escola obrigou-se a uma determinação de que a classe discente necessita de um aprofundamento ético, moral e crítico para suportar as demandas.  Em cima disso, a figura do professor tomou conta, onde deste é solicitado uma responsabilidade maior. O Professor vem sofrendo muita difamação e preconceito. Muitas das soluções que se tem procurado para a Escola e a Educação centraliza-se no papel do Professor, em seus direitos. O professor é alienado, a sala de aula tem sido distante e este é o retrato atual daquilo que Boff chamaria de “luz”. 

2 A ESCOLA SOCIAL, O ALUNO CRÍTICO E O PROFESSOR ALIENADO.  

       Atualmente vivemos um tempo de transformação em nossa sociedade, tanto que afeta todos os níveis, tais como, social, político, cultural e, sem dúvida, educacional. Inserido num contexto capitalista, o ser humano modifica seu modo de pensar, interagir e comunicar e busca valores e bem-estar, e um alto status. Acorda, vive e dorme sob uma única ótica, que é o trabalho, ou seja, o homem não imagina uma vida além do trabalho.

       Em meio a este caminhar social, a Escola vive sua realidade em sua função variável. Devido aos conflitos familiares, à falta de diálogo pais e filhos, aceleração tecnológica onde os jovens estão inseridos e familiarizados, a Escola tornou-se legitimadamente os “segundos pais” cobrando uma educação e uma postura que antes não havia. Os pais, ocupados em suas tarefas diárias na sociedade exigente, recorrem a Instituição Escola como uma alternativa e/ou compromisso para com seus filhos.

       Desta forma a Escola obriga-se a possibilitar um ambiente mútuo de vários setores, para que os alunos se sintam estruturados e confiantes daquilo que vão encontrar: “Alguns ambientes escolares são vivos, felizes, acolhedores... Cada Escola tem sua própria atmosfera. O clima,..., exerce uma forte influência sobre aqueles que ali trabalham...” (THURLER, 2001, p. 89). Não apenas aqueles que ali trabalham, mas as crianças e jovens também.

       Conforme a Escola vai tornando-se o mais autêntico espaço na sociedade moderna para a formação de sujeitos éticos, ela terá de ser antes de mais nada um local aberto à alegria, ao diálogo, à franqueza, à beleza, com as condições devidas para que tanto os alunos como os professores sintam-se valorizados, respeitados e amparados. Logo a escola deve ser, não apenas, o lugar de escolarização, mas, sobretudo o da formação humana e o da formação do sujeito ético.

 

“O educador, na tarefa de planejamento do ensino, ao organizar sua ação, escolhe caminhos, usa recursos, dinâmicas, faz perguntas, propõe atividades que mobilizam o repertório dos educandos enquanto grupo cultural. O educador escolhe, seleciona o conteúdo, faz um recorte do conhecimento que vai ser trabalhado segundo sua visão da importância para o grupo de alunos. Ele escolhe uma maneira de tratar esse conhecimento (tempo, recursos). Ou seja, atribui também o seu sentido ao conhecimento. Ele também é sujeito histórico e cultural. Não é um mero transmissor de um conhecimento supostamente neutro e verdadeiro. O educando, por sua vez, vai aprender e discutir esse objeto de conhecimento do jeito que sabe. Esse objeto é assim transformado pelo educador e pelo educando. A forma como aquele propõe o exercício ou a atividade muda o processo de apropriação e construção do conhecimento por parte dos educandos. É a intenção que determina que se realizem determinadas mediações; ela vai definindo caminhos, escolhas, perguntas, respostas, relações. A mediação opta por um tipo de educação e não de outra, favorece a construção de um determinado projeto político e não de outro. Assim, não é possível entender a mediação como elemento neutro, pois ela é organizada a partir da intencionalidade. (FERREIRA e de SOUZA, 2010, p. 09)”.

 

         A Escola deve contribuir para o processo de humanização das crianças e jovens, auxiliandos-os a serem futuramente homens com autonomia e com um senso crítico em meio à sociedade, com responsabilidade e confiança, para que elas não sejam manipuladas pela mídia ou por informações que surjam sem contexto. Esse é o grande objetivo para fazer com que os alunos avancem e desenvolvam intelectualmente no próprio conhecimento pessoal.

       No Dizer de Leonardo Boff (2004) as escolas são no dia a dia desafiadas quanto à maneira de transmitir o conhecimento, pois “educar não é encher uma vasilha vazia, mas acender uma luz. Em outras palavras, educar é ensinar a pensar e não apenas ensinar a ter conhecimentos”. Educar é acender uma lamparina que para ser mantida acessa precisa de óleo da leitura, da dúvida, da crítica, da criatividade e do cuidado.

        As crianças de hoje serão os futuros políticos, donos de escolas, diretores, gestores de amanhã. E, se estes forem conscientes e agirem com ética e moral, por terem sido conscientizados por seus professores, serão mais zelosos com os benefícios voltados para a educação. Mas, em grande número dentro das Escolas, a indisciplina destas crianças e jovens modifica os rumos que professores e Escolas devem tomar. A disciplina dos alunos em sala sempre estará relacionada com a qualidade do vínculo entre o professor e eles.

         Professores que não são valorizados pelo seu trabalho e dedicação deixam-se abater no seu profissionalismo, criando grandes enfermidades no saber dos alunos. Ele é o centro de tudo na Educação. A aprendizagem vem dele, vem da forma como ele se prepara, da forma missionária como ele encara seu papel, da forma competente como ele procura transmitir conhecimento, procura provocar nas crianças a vontade de aprender sempre, de buscar conhecimento.         

       Se gasta muito, hoje, com instalações e equipamentos para as escolas e se esquece de valorizar o profissional da educação na mesma proporção.

 

A sociedade brasileira tem como discurso a importância da educação, mas não há ainda a percepção dessa temática como uma questão de urgência, prioritária, que deve ser, portanto, objeto de políticas incisivas por parte do poder público e de ações diretivas capitaneadas por organizações civis e sindicatos” (GATTI, 2010, p. 1372).

 

       Gatti também afirma que há algumas mudanças nas estruturas e nas instituições, que poderiam acontecer se a classe docente fosse valorizada (GATTI, 2010) e também expõe algumas sugestões:

  • O governo deve confiar nos professores, para que tenham maior participação no desenvolvimento da carreira;
  • Carreira do docente deve ser uma carreira profissionalizante;
  • Pensar numa progressão de carreira para que o professor não saia da sala de aula;
  • Melhorar o ambiente escolar;
  • Revitalizar o clima e a cultura da Escola;
  • Criação de políticas de formação continuada com foco nas necessidades dos professores;
  • Estruturar a formação de Professores em um Centro, Faculdade ou Instituto;
  • Reformular a jornada de trabalho, garantindo aos professores a maior permanência em cada escola;
  • Planos de carreira com piso digno e progressão não burocrática, baseada no desempenho do docente e nos desafios do contexto em que trabalha;

Quem pretender modificar o quadro lamentável da sociedade brasileira precisa começar pensando em modificar a educação, pois o que se torna urgente reside na prioridade a ser dada aos agentes do processo de aprendizagem.

3 CONCLUSÃO 

Portanto, diante da realidade social e mecânica, num ambiente em que a família deixou seus valores de lado, a Escola situa-se de forma cada vez mais evidente em meio a este interesse das classes distintas com necessidades distintas.  A sociedade atual exige um novo trabalhador para fazer frente a estas transformações, capaz de pensar e agir de maneira mais dinâmica e eficaz, estando em constante aperfeiçoamento pessoal e profissional. A Escola promove o acesso aos conhecimentos produzidos pela humanidade a fim de possibilitar ao aluno as condições de uma emancipação humana e sua participação na sociedade, que está exigente e pretendida. Dentro da Escola, no ambiente da sala de aula, é o lugar adequado para que professores e alunos construam uma visão crítica de mundo, através de questões simples, mas intencionadas a uma crítica constante, capaz de reconhecer no homem crítico, o caminho para a reconstrução de um mundo novo. A escola deve proporcionar um ensino de qualidade, buscando a formação de cidadãos livres e conscientes de seu papel na construção e/ou transformação da sociedade. Para que esta formação ocorra, toda a escola precisa estar comprometida com o aluno, principalmente o professor que torna-se o mediador entre o aluno e o conhecimento. Esta mediação deve ocorrer de maneira consciente, critica e intelectual. O professor pode adotar uma postura critica frente à realidade que aí está, atuando de forma responsável, participando do contexto social no qual estão inseridos não meramente como críticos, mas como sujeitos reflexivos, capazes de perceber a realidade e a partir dela assumir coerentemente uma postura educativa, capaz de promover transformações educacionais e sociais, a postura de intelectual transformador, capaz de pesquisar e produzir o próprio conhecimento. Mesmo que o papel do Professor tem sido aviltado, diante de tantas alienações e preconceitos, ele não deve esquecer que ser professor como qualquer outra profissão, exige muita paixão, romantismo, vontade, interesse de fazer sempre o melhor.

 

REFERÊNCIAS

BOFF, Leonardo. Críticos, criativos, cuidantes. 2004. Disponível em: <http://leonardoboff.com/site/vista/2004/abril23.htm >. Acesso em: 09 out. 2012. 

FERREIRA, Amanda de Oliveira; SOUZA, Maycon Jefferson José de. A Redefinição do papel da Escola e do professor na sociedade atual. 2012. 12 f. – Campos dos goyatacazes. Disponível em Acesso em 09 out. 2012 

GADOTTI, Moacir.  Pensamento pedagógico brasileiro.  8 ed. São Paulo: Ática, 2009. 

GATTI, Bernardete A. Formação de professores no Brasil: características e problemas. 2010. 24 f. - Unicamp, Campinas. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/es/v31n113/16.pdf >. Acesso em: 09 out. 2012. 

MELO, Alessandro de.  Fundamentos socioculturais da educação. Curitiba: Ibpex, 2011. 

__________________.  Relações entre Escola e comunidade.  Curitiba: Ibpex, 2011. 

THURLER, Monica Gather. Inovar no interior da Escola.  Porto Alegre: Artmed, 2001.

VIEGAS, Lilian Mara Dela Cruz; OSÓRIO, Alda Maria do Nascimento. A Transformação da Educação escolar e sua influencia na sociedade contemporânea. 26 f. - UFMS, Campo Grande, 2007. Disponível em: <http://www.intermeio.ufms.br/revistas/26/Intermeio_v13_n26_Lilian%20Mara.pdf >. Acesso em: 18 set. 2012.


Autor: Jaime Roberto Thomaz


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