Ansiedade infantil X Aprendizagem



ANSIEDADE INFANTIL X APRENDIZAGEM 

INILCÉIA  APARECIDA  GUIDOTTI  CONSONI 

RESUMO:

Nesse artigo será abordado o tema ansiedade infantil com o objetivo de mostrar a pais e educadores, o quanto a criança sofre com esse transtorno emocional e, se não for diagnosticado e tratado com seriedade a criança poderá ter tanto problemas sociais quanto prejuízos escolares.

Com a era da modernidade a ansiedade nos dias de hoje não é um problema exclusivo dos adultos, muitas crianças e adolescentes também sofrem com esse transtorno.

            PALAVRAS-CHAVE: ansiedade infantil, transtorno emocional, sentimento.

ABSTRACT:

This article will address the theme childhood anxiety in order to show parents and educators, as the child suffers from this disorder and emotional, if not diagnosed and treated seriously the child may have as much damage as school social problems.

With the era of modern anxiety these days is not an exclusive problem of adults, many children and adolescents also suffer from this disorder.

 

KEYWORDS: anxiety children, emotional disorder, feeling.

 

Vamos saber inicialmente o que significa a palavra ansiedade. “Ansiedade é um estado emocional angustiante acompanhado de alterações somáticas (cardíacas,respiratórias, etc.) e em que se prevêem situações desagradáveis, reais ou não.” (Mini Aurélio, 2009)

È necessário levar a sério o assunto ansiedade infantil, pois se não for detectada e bem tratada rápido, poderá ser carregada para a vida adulta, acarretando maiores problemas de comportamento como fobias, timidez e até isolamento devido ao medo de situações reais ou imaginárias.

           Quando os pais perceberem que a criança está se limitando em fazer atividades que seriam normais para a sua idade ou está tendo dificuldades em se relacionar ou enfrentar situações, eles precisam procurar um profissional especializado, para diagnosticar e tratar o problema.

Segundo o médico psiquiatra Marot (Psicosite, 2004) “A ansiedade é um sentimento de apreensão desagradável, vago, acompanhado de sensações físicas como vazio (ou frio) no estômago (ou na espinha), opressão no peito, palpitações, transpiração, dor de cabeça, ou falta de ar, dentre várias outras.”

A ansiedade é um sentimento natural em qualquer idade do ser humano. Mas quando percebemos que algo está modificando o nosso comportamento é porque tem alguma coisa errado acontecendo.

Em relação ao comportamento das crianças podemos observar que não é normal uma criança ser ou estar preocupada em excesso com acontecimentos do dia a dia, ou apresentar queixas freqüentes de dores de cabeça, dificuldades para se concentrar, medos constantes, etc. Se isto acontecer é um indício que seu filho está precisando de ajuda. Os pais tem um importante papel para que o tratamento de seu filho tenha sucesso.

Quando uma criança é ansiosa demais, os pais precisam dar apoio e esperanças positivas, mostrando a ela que tudo vai ser solucionado , fazendo com que a criança sinta confiança em desabafar o que está acontecendo com ela, o que está perturbando tanto.

Depois de ouvi-la é necessário que os pais com todo carinho e compreensão converse com a criança, mostrando o que deve ser feito naquele momento para poder superar o problema e através de muita paciência fazer com que ela confie em si mesma para poder modificar o que está te incomodando e a fazendo sofrer.

 

"O importante da educação é o conhecimento, não dos fatos mas dos valores"

 

Dean William R. Inge

 

De acordo com Rodrigues, (citado por Hollander, 2004). “Os medos infantis podem ser divididos em duas categorias: Fobias Simples e Ansiedade de Separação.”

“As Fobias Simples são os medos opressivos de animais, pessoas ou objetos específicos, para os quais não há nenhuma explicação lógica. Estas fobias são muito comuns entre as crianças pequenas. Frequentemente esses medos desaparecem naturalmente. São poucas as crianças que sofrem desse tipo de medo que precisam de tratamento. Cada criança tem seu próprio rítmo e tempo para se adaptar á vida, conhecer o mundo e deixar de encará-lo como ameaçador. Ansiedade de Separação é a intensa ansiedade, podendo chegar ao nível do pânico, diante de pequenas separações do pai, mãe ou de alguém amado. Geralmente esse tipo de desordem aparece repentinamente em uma criança que não havia demonstrado nenhum sinal prévio do problema. Esse tipo de ansiedade interfere com as atividades normais da criança.” (Hollander, 2004)

Para Freud (1976), existem dois modos de diminuir a ansiedade. O primeiro modo seria lidando diretamente com a situação. Resolvemos problemas, superamos obstáculos, enfrentamos ou fugimos de ameaças, e chegamos a termo de um problema a fim de minimizar seu impacto. Desta forma, lutamos para eliminar dificuldades e diminuir probabilidades de sua repetição, reduzindo, assim, as perspectivas de ansiedade adicional no futuro.

A outra forma de defesa contra a ansiedade deforma ou nega a própria situação. O Ego protege a personalidade contra a ameaça, falsificando a natureza desta. Os modos pelos quais se dão as distorções são denominados Mecanismos de Defesa. A ansiedade representa importante papel no processo de adaptação e equilíbrio do indivíduo. Ela é provocada por um aumento, esperado ou previsto da tensão ou desprazer e pode desenvolver-se em qualquer situação (real ou imaginada), quando a ameaça a alguma parte do corpo ou da psique é percebida e não pode ser ignorada, controlada ou descarregada.

Segundo Paiva (1989), o termo ansiedade, juntamente com outras palavras como angustia, aflição, raiva derivam do mesmo termo “amhs” do sanscrito antigo que significa tristeza, dor. E seu correspondente em latim seria ”anger”  que tem o sentido de estrangulação, angústia; e que foi uma tradução livre de Freud do termo em latim, que deu origem ao termo inglês (anxiety) ansiedade. 

Tillich (1976), propõe uma distinção entre medo e ansiedade, onde evidencia que o medo é criado e localizado em um objeto específico que pode ser enfrentado ou evitado. A ansiedade, por sua vez, não tem objeto, ou melhor, seu objeto é a negação de todo objeto. O desamparo no estado de ansiedade pode ser observado da mesma forma em animais e humanos. Expressa-se pela falta de direção, reações inadequadas, falta de "intencionalidade". A razão deste comportamento é a falta de um objeto (um estado de ansiedade) no qual o sujeito possa concentrar-se. O único objeto é a própria ameaça, mas não a fonte da ameaça, porque a fonte da ameaça é o "nada". Medo e ansiedade são distintos mas não separados. "São imanentes um dentro do outro: o acicate do medo é a ansiedade, e a ansiedade se esforça na direção do medo".

Como vimos alguns estudiosos citados acima, a pessoa ansiosa vive num estado de alerta constante, pensando em alguma situação que pode aparecer de repente e causar dor e sofrimento. Por isso que o medo e a ansiedade andam juntos, a única diferença entre eles é que na ansiedade, o motivo de preocupação está no futuro e no medo a ameaça está mais próxima.

O que podemos dizer também é que existem pessoas que tem uma maior predisposição para ser mais ou menos ansioso, devido as influências ou experiências traumatizantes ou não que tenham vivenciado.

Nos dias atuais a ansiedade tem um papel de vilã, pois ela pode atrapalhar qualquer situação, seja na escola, no trabalho, nas relações pessoais.

O que podemos afirmar é que na era da modernidade em que vivemos não tem como fugir da ansiedade, pois é através da informação que hoje recebemos com maior rapidez sobre todos os acontecimentos do mundo é que ficamos sabendo das notícias sobre diversos assuntos os quais muitos nem sempre são agradáveis.

 

 

O QUE PODE ACARRETAR A ANSIEDADE INFANTIL NA ESCOLA

 

“Paciência e perseverança tem o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem.”

John Quincy Adams

 

Muitas vezes pais e educadores confundem a ansiedade infantil com birras ou mal comportamento. Por isso é de grande importância deixar claro para pais e educadores que esse distúrbio quando não é tratado com seriedade, acarretará sofrimentos para a criança que sem dúvida refletirá não somente em seu meio social como também na escola.

No início do ano escolar, na volta das férias ou em feriados prolongados, muitos alunos choram sem ter um motivo específico, onde relatam dores de cabeça, dores de estômago, náuseas, etc.

Depois descobrimos que a causa de todos esses sintomas é a ansiedade. A separação dos pais para ficar na escola é muito difícil, pois pensam que durante esse tempo poderá acontecer algo com eles ou então que eles não retornaram para buscá-los. Com esse pensamento a criança não consegue direcionar a sua atenção nas atividades, onde ficará atrasado em relação as outras crianças.

È nesse momento que o educador tem um papel importante, onde apesar de toda a correria do dia, com a grande quantidade dos conteúdos para passar, é necessário somente um olhar mais detalhado para esse aluno, para compreender o que está acontecendo com essa criança e perceber que não é uma simples birra e sim uma ansiedade muito grande que está gerando um sofrimento enorme.

Na escola é comum encontrarmos crianças ansiosas, e tudo o que elas procuram e precisam é encontrar alguém que elas possam confiar para conversar e tentar compreender o que estão sentindo, onde todos os sintomas que estão tendo poderão ser aliviados com uma boa conversa, onde a criança explicará qual é a razão do seu medo. Quem não tem esse distúrbio ás vezes fica difícil entender o medo que uma pessoa com ansiedade sente.

 

Como educadores e pais podem ajudar a criança ansiosa na escola

 

“Professor, uma profissão! Educador, a mais nobre de todas as missões!”

Antonio Gomes Lacerda

 

           O educador deve tentar relaxar, acalmar, conversar e estimular a autoestima da criança, respeitando a sua individualidade e o seu próprio tempo. Quando o educador se aproxima de seu aluno e tenta ajudá-lo a entender o que está acontecendo, faz com que a criança se sinta segura e protegida.

           Para Oliveira, (citado por Bonfatti, 2008) “O papel dos pais também é muito importante, e podem ajudá-los da seguinte forma: demonstrando confiança pela escola; cumprindo a promessa de buscar ou de esperar a criança sempre no local combinado; dando espaço para a criança contar tudo sobre a escola.”

           Os pais devem prestar muita atenção como estão cobrando os rendimentos escolares de seus filhos, pois a ansiedade interfere no desempenho do aluno, dificultando assim a capacidade de fixar o conteúdo. Isso acontece porque eles são obrigados a realizar as atividades pensando nas exigências que serão impostas pelos pais, onde acabam se estressando e o seu desempenho fica comprometido. Por isso os pais necessitam estar a par da vida escolar de seu filho, incentivando, elogiando e cobrando quando necessário, mas de maneira com que seu filho sinta todo o seu apoio e não o amedrontando e o deixando desesperado e cada vez mais ansioso.

           Pais e educadores devem sempre agir com disciplina constante mais muito lúcida e com muita coerência em suas ações, pois crianças e adolescentes precisam de disciplina e não de maus tratos. Por isso é preciso ter paciência e autocontrole para lidar com uma criança ansiosa ou estressada, reduzindo suas exigências, sentando com ela e conversando sobre o que está lhe deixando tão preocupada, sem fazer críticas, apenas deixando-a falar.

 

“É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais.”

Coelho Neto

 

Como bem salientado por Negrello (citado por Lipp, 2011)

“Nota vermelha no colégio, problemas na família, excesso de atividades, ausência dos paisem casa. Esses‘probleminhas’ sempre fizeram parte do dia-a-dia das crianças. Mas, atualmente, eles têm tomado proporções exageradas, transformando em pequenos estressados crianças que deveriam brincar mais, dormir mais e se preocupar menos. As crianças se tornaram pequenos adultos. Cada vez mais cedo, elas assumem responsabilidades, disputam a melhor posição em qualquer atividade e correm atrás de múltiplas competências. Estão desprotegidas e recebem de forma direta a influência de uma sociedade que exige seres perfeitos. Como se isso não fosse suficiente, muitos pequenos sentem o peso de exigências e angústias maduras, como a falta de dinheiro ou o problema do desemprego na família.”

 

A sociedade está cada vez mais exigente, onde as crianças estão sendo cobradas pela perfeição, onde não se pode errar e tem que ser o melhorem tudo. Comisso estamos transformando os nossos pequenos em adultos antes do tempo, fazendo com que eles “pulem” etapas preciosas de vida, as quais são de grande importância para o seu desenvolvimento emocional como: brincar, passear, divertir, para quando se transformarem em adultos, estejam preparados para enfrentarem essa sociedade que exige tanta responsabilidades.

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

 

Como a ansiedade virou um mal do mundo moderno, devemos tentar descobrir os motivos dessa inquietação, para depois enfrentar diretamente o problema, pois quando conseguimos dar de frente com a situação que está nos ameaçando, a ansiedade começa a diminuir e conseguimos ter pensamentos positivos que nos ajudarão a solucionar o problema com maior tranqüilidade.

Com todas as mudanças constantes que o mundo está passando, cada vez fica mais difícil acabar com a ansiedade em nossas vidas.

Será mais coerente se invés de lutar contra todo esse progresso, irmos em busca de soluções mais agradáveis e eficazes, como os especialistas (psicólogos e psicanalistas), que hoje dispõem de técnicas eficientes para tratar a ansiedade.

No que diz respeito aos pais e educadores é válido ressaltar que tudo pode ter um melhor resultado se houver mais dedicação e afetividade. Quando se demonstra no dia a dia para uma criança que ela é capaz de aprender e que você confia na sua capacidade e o que for necessário você estará ao lado dela, sabendo ouvir, observar, elogiar, respeitar seu tempo e também dar limites quando houver necessidade, com certeza ela terá mais confiança em si mesma, apresentando um bom rendimento escolar e emocional que levará para toda a sua vida, tendo assim uma melhor qualidade de vida.

 

“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível.”

São Francisco de Assis

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

FREUD, Sigmund. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

MAROT, Rodrigo. Psicosite, 2004. Disponível na internet via WWW URL: http://www.psicosite.com.br/tra/ans/ansiedade.htm

MINI AURÉLIO. O dicionário da língua portuguesa, 2009.

NEGRELLO, Liliana. Infância "adultizada" 2011. Disponível na internet via WWW URL: http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0083.asp

OLIVEIRA, Andréa Sepoloni do Carmo. Ansiedade infantil e os prejuízos na vida escolar, 2008. Disponível na internet via WWW URL: http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:Snd-4YaTuiAJ:www.crda.com.br/tccdoc/23.pdf+ansiedade+infantil+sintomas&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEEShoxLRcoiMEOEjz_hI4Clefe7RtChTDL9Gm8kntrC_AHDkXz_LpcEmKilBnSoHHJ1ErBk8KDEMSS5kB9wyvpMe_2ZWXvXZ7HsCFTDdeZ8rIuAvyYvKogyT5V1tF6LP-6adgWIzB&sig=AHIEtbT2Mep2ljudPWXkkVFk0WQr4_fJew

PAIVA, Miller de.  Psiquiatria Infantil, 1989. Disponível na internet via WWW URL: http://www.psiquiatriainfantil.com.br/teses/ionecolety/pagina4.html

RODRIGUES, Patrícia Barbosa 2004. MALES DA MODERNIDADE: A ANSIEDADE INFANTIL. Disponível na internet via WWW URL: http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:8ZHrmUPq8HkJ:www.colsantoantonio.com.br/santoantonio/downloads/Ansiedade%2520infantil.doc+HOLLANDER,2004+MEDOS&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESg_hWwzmYmf-7JVMpoW-eb7bTdlwyCqNOjPG50DPawn7FNgcQZpOguAwES_9FuBBS2OyFXB4tXwTjX4ylOYyxaPQ2yqZfnh73OlR6LefZo4aNtHulGJZx6vNJxSxUqlwmHm6b3o&sig=AHIEtbSdxK_mOd_P7PBI7-hI7s0UbRCn_Q

TILLICH, Paul. O Conceito de ansiedade em Paul Tilliche na psicanálise, 1976. Disponível na internet via WWW URL: http://br.monografias.com/trabalhos/conceito-ansiedade-paul-tillich-psicanalise/conceito-ansiedade-paul-tillich-psicanalise2.shtml


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