O significado da reflexão na prática docente e na produção dos saberes profissionais do/a professor/a



O significado da reflexão na prática docente e na produção dos saberes profissionais do/a professor/a

O debate sobre a formação de professores/as tem proporcionado uma intensa reflexão, numerosos questionamentos e muitas dúvidas, nas discussões a respeito da formação e da pratica pedagógica de docentes, especialmente devido ao acelerado processo de transformação que afeta a sociedade, a educação e a escola.

Podemos modificar a forma de ensinar e de aprender. Um ensinar mais compartilhado. Orientado, coordenado pelo professor, mas com profunda participação dos alunos, individual e grupalmente, onde as tecnologias nos ajudarão muito, principalmente as telemáticas. Tornam-se indispensáveis novas práticas, outros saberes e formas de ensinar e aprender. Trabalhar em sala de aula nos dias atuais requer muito mais do que uma formação profissional. Para Brito (2005), o processo formativo por si só não assegura a afetiva preparação profissional do professor/a.

Ensinar e aprender exige hoje muito mais flexibilidade espaço-temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de pesquisa e de comunicação. Uma das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos, menos engessados. Temos informações demais e dificuldade em escolher quais são significativas para nós e conseguir integrá-las dentro da nossa mente e da nossa vida. De acordo com Marques (2003: 207) “significa possibilitar a articulação entre a atuação do professor na sala de aula e o espaço para a reflexão coletiva e o aperfeiçoamento constante das práticas educativas, refundando-se sempre de novo na produção do saber/competências requeridas”.

As mudanças dependem também dos/as professores/as, de que ele esteja pronto, maduro, para incorporar a real significação que essa informação tem para ele, para incorporá-la vivencialmente, emocionalmente. Enquanto a informação não fizer parte do contexto pessoal - intelectual e emocional - não se tornará verdadeiramente significativa, não será aprendida verdadeiramente.

Hoje temos um amplo conhecimento horizontal - sabemos um pouco de muitas coisas, um pouco de tudo. Falta-nos um conhecimento mais profundo, mais rico, mais integrado; o conhecimento diferente, desvendador, mais amplo em todas as dimensões. A convivência dentro da sala de aula possibilita alguma dessas construções de conhecimentos profissionais necessários no cotidiano do trabalho docente. Segundo Brito (2005), essa formação em sua dinâmica e complexidade é demarcada por diferentes trajetórias formativas, por experiências pessoais/profissionais e por diferentes interações vivenciadas pelo docente no dia-a-dia de sua prática profissional.

Quando falamos em formação profissional docente, logo associamos aos cursos que preparam para o exercício da profissão. Certamente durante esta preparação formal, obtemos conhecimentos básicos e indispensáveis para a atuação, mas é certo também afirmar, que a formação docente não se dá exclusivamente no âmbito acadêmico.

Adequar a prática à necessidade de ensino que a sociedade atual exige, requer uma mudança de mentalidade e uma percepção que estamos sempre em construção. É a consciência do “inacabamento”, pois nossa própria experiência de vida nos torna inconclusa, disposta à mudança. Para Freire (1996:154) “o sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma como inquietação e curiosidade, como inconclusão em permanente movimento na História”.

De um professor espera-se, em primeiro lugar, que seja competente na sua especialidade, que conheça a matéria, que esteja atualizado. Em segundo lugar, que saiba comunicar-se com os seus alunos, motivá-los, explicar o conteúdo, manter o grupo atento, entrosado, cooperativo, produtivo. Para isso buscar conhecimentos científicos específicos sobre a área de atuação e uma sistematização a cerca das reflexões sobre a prática. Amparados nas teorias tem-se condições de justificar e argumentar o trabalho docente, e principalmente possibilitar a coautoria na construção de novas teorias.

Na educação escolar precisamos de pessoas que sejam competentes em determinadas áreas de conhecimento, em comunicar esse conteúdo aos seus alunos, mas também que saibam interagir de forma mais rica, profunda, vivencial, facilitando a compreensão e a prática de formas autênticas de viver, de sentir, de aprender, e de comunicar-se. Ao educar facilitamos, num clima de confiança, interações pessoais e grupais que ultrapassam o conteúdo para, através dele, ajudar a construir um referencial rico de conhecimento, de emoções e de práticas. Uma atitude reflexiva entre práticas da escola e contextos socioculturais mais amplos.   Segundo Brito apud Pimenta (2002), A atitude reflexiva implica na análise da prática cotidiana considerando as condições sociais em que ela ocorre.

  O papel do professor atualmente, não está mais centrado na racionalidade técnica, neste contexto torna-se de suma importância que o professor, seja também um pesquisador. Uma vez que, a prática da pesquisa concede-lhe uma autonomia e criticidade, já que, amplia sua consciência sobre sua própria prática, a da sala de aula e a da escola como um todo, o que pressupões os conhecimentos teóricos e críticas sobre a realidade. “Em sua análise isso implica refletir criticamente sobre o que ensinar, como ensinar e para que ensinar. Implica também, na reflexão sobre a postura docente nas relações com alunos/as, bem como nas inter-relações no sistema social, politico econômico e cultural.” Brito(2005) 

            Deste modo, o professor torna-se um importante protagonista na transformação da qualidade social dos estabelecimentos de ensino.

            Percebe-se, que, o docente tem uma função social no processo ensino aprendizagem do aluno, para isso este profissional deve desenvolver uma postura intelectual crítica, e possibilitando, deste modo, aos discentes a chance de tornarem, também, produtores de conhecimento e de assumirem uma postura crítica. Ao adotar esta postura o docente contribui para a ruptura de antigos paradigmas vigente no sistema educacional. Pois, rompe com o tradicionalismo impera em várias instituições de ensino superior e propõe uma prática docente crítica, autônoma e mais democrática.

Sendo assim, para o exercício pleno da docência o profissional deve possuir algumas habilidades básicas, tais como: pesquisa, domínio na área pedagógica, didática, trabalhar em equipe, seleção de conteúdos, desenvolverem atividades multidisciplinares e principalmente, saber integrar no processo de aprendizagem o desenvolvimento cognitivo e afetivo-emocional.

            O papel do docente requer a utilização de estratégias para facilitar a aprendizagem dos alunos/as. Nas contribuições que o texto traz refere-se que o ser humano é capaz de criar e não apenas reproduzir ideias e são capazes de pensar e refletir, devido ao conhecimento sobre a prática se constrói os saberes.

             Assim, a análise ao trabalho docente é que o professor/a assuma uma postura constante de reflexão sobre a sua prática em sala de aula. Pois, o professor precisa ser crítico, reflexivo, pesquisador, criativo, questionador, interdisciplinar e saber praticar efetivamente as teorias que propõe a seus alunos. A formação do professor é constante. Os docentes precisam refletir em conjunto os sabres sobre as distintas praticas pedagógica. E ir além da formação acadêmica lembrar a importância da própria natureza do saber e do fazer humano, como práticas que se transformam constantemente.

A prática metodológica também pode ser repensada e aperfeiçoada de modo que possa acompanhar as transformações ocorridas na sociedade e que possa adequar a sua pratica para atender essas demandas do ensino superior.

Bibliografia

ALARCÃO, Isabel (2003 ): professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo, Cortez.

BENASSULY, Jussara Sampaio(2002): “ A formação do professor reflexivo e inventivo” , in LINHARES, Célia, e LEAL, Maria Cristina (orgs.): Formação de professore uma crítica à razão e às politicas hegemônicas. Rio de Janeiro, DP&A.

CONTRERAS, José (2002): A autonomia de professores. São Paulo, Cortez.

GHEDIN, Evandro (2002): “Professor reflexivo: da alienação da técnica à autonomia crítica” in PIMENTA, Selma Garrido, e GHEDIN, Evandro: Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito.  São Paulo, Cortez.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MARQUES, Mario Osório. A formação do profissional de educação. Ijuí: Unijuí, 2003.

PIMENTA, Selma Garrido, e GHEDIN, Evandro( orgs) (2002): Professor reflexivo no Brasil gênese e crítica de um conceito.  São Paulo, Cortez.

LIBÂNIO, José Carlos (2002): “Reflexividade e formação de professores: outra oscilação do pensamento pedagógico brasileiro?” in PIMENTA, Selma Garrido, e GHEDIN, Evandro( orgs) (2002): Professor reflexivo no Brasil gênese e crítica de um conceito.  São Paulo, Cortez.

SCHON, Donald (2000): Educando o profissional reflexivo: um nove design para o ensino e  a aprendizagem. Porto Alegre, Artes Médicas.


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