OPUS



OPUS SINFÔNICO No. 1

em Amor Sustenido Maior

(Rondó - Adagio sostenuto molto apasionato - Allegro cantabile - Vivace)

Regente: Minha Musa

Solista:   Eu (Pena d´amore)

Primeiro movimento

Rondó

Como é possível expressar em palavras

a música do amor, a música do espírito,

se toda expressão é vã, a letra, o conteúdo,

e tudo o que possa macular o sentimento

que brota do peito de quem ama, ...do peito...

De que forma se diz o que se sente

a quem não escuta com físicos ouvidos,

a quem não sabe o que lhe dizem

por haver transcendido a material

essência dos sentidos, ...pura essência...

Por que é que a nota, a musical nota,

que surge de dócil e tangível instrumento,

não é dada a aparecer da vibração da alma,

ondulando em invisíveis pentagramas,

como o verso que te escrevo, ...como o verso...

E flutuando pelo espaço do universo

onde tudo se confunde, se encontra e se amalgama,

onde a física vida não importa, o poema sutil

que meu espírito redige, vai célere ao encalço teu

para permanecer contigo, eternamente, para sempre.

Como é possível, dizia, expressar em palavras

a música do amor, a música do espírito,

para que saibas que te lembro e que te quero,

e que um dia o meu amor te alcançará de novo,

alvo imaculado, pureza virginal, espírito de luz.

Segundo movimento

Adagio sostenuto molto apasionato

Te amei, muito te amei antes até da aurora da vida,

antes que a carne fosse carne e o espírito flutuante

buscasse a matéria para sentir o pulsar do sangue,

que acelerado em remoinho de infértil existência

procurava um coração para expressar-se logo.

Como Drummond, desesperado, chorava tua falta.

Hoje não mais a choro, não há falta em tua ausência.
A tua ausência é um estar comigo, para dentro,
e aprendi no sofrimento, que essa ausência partilhada,
ninguém rouba mais de mim.

Lembras, por acaso, dos três amores que te dei?

Aqueles que continham em si, inteiro o universo?

Claro que te lembras, como irias esquecê-los?

Agora meus poemas, expressão do amor sem culpas,

partirão pelo mundo louvando tua essência pura.

Esse corpo finito que nos nasce envelhecido,

é da alma a moradia, é do espírito o crisol.

Esse corpo que acostuma nossos olhos,

nossa mão acaricia, toque místico, amoroso,

esse corpo, de meus olhos, de meus toques, já se foi.

Juntos caminhando pela estrada, nevoa fina nos feriu.

Lado a lado projetávamos o presente, o futuro, e vós

à minha direita caminhavas, sorridente, sem presa...

Mas a nevoa nos cobriu e eu, sentindo a presença tua,

nunca mais te vi com meus olhos cansados, nunca mais.

Fecho os olhos para não mais ver nada, para que?

Ao espelho, te refletes; eu mesmo sou você

imitando-te, imitando-me, confluindo em almas,

musicando em versos, almejando reencontros próximos,

esperando a eternidade transformar-se em lágrimas.

É verdade que estas dentro, amalgamada em meu espírito.

Minha mão sente a tua, meu peito pulsa junto ao teu,

mas meus olhos não te vêm, que infortúnio, que desdita.

Sei que os olhos d´alma não precisam das pupilas, porém,

que saudades do teu jeito, que saudades, que saudades...

Terceiro movimento

Allegro cantabile

Senti tua presença em noites mal dormidas,

quando viestes ao encalço de meus sonhos

sonhados sem presa, buscando a luz que um dia

iluminara meu sendero, aquele mais tarde compartido

por tua exótica figura, mescla de anjo e de menina.

O ar de alegre cumplicidade que trazias desvelou o sopor

que meu corpo sentia; e acordei, abri meus olhos,

sacudi o resto da letárgica modorra que acompanha o sono,

atentei para Handel e seu Messias tocando suave

na calada da noite escura, e te chamei, como antes, como sempre.

Sei que me ouviste porque o mundo parou para escutar-me,

para ouvir a voz que jazia postergada pela ausência,

para esquadrinhar a sombra de teu espírito imortal,

para sentir a fragrância que acompanha tua alma.

Então falaste a língua dos anjos, e eu te ouvi!

Quarto movimento

Vivace

 

(INACABADO!)


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