OS PAÍSES INEXISTENTES (adaptação)
OS PAÍSES INEXISTENTES
- Queres partir comigo para países muito distantes,
Para países que dormem,
Embalados por oceanos que ninguém conhece?
Oh! Vamos juntos! Vamos partir para esses meus
mundos misteriosos!
Levar-te-ei a planícies brancas, cobertas de neve
como as do Alaska.
Verás que há na altura um sol gelado, envolto na poeira
nívea da neve.
E verás que um vento - um vento que uiva nos montes alvos -
Vem beijar teus cabelos cheirosos.
Levar-te-ei a montanhas encantadas, onde habitam
dragões de olhos de fogo.
Verás que no céu as estrelas se desfazem,
Mandando raios doirados coroarem tua fronte serena.
Levar-te-ei às ilhas paradisíacas,
Que estão dormindo no ritmo das ondas mansas.
Lá as árvores dormindo no ritmo das ondas mansas.
Lá as árvores cheias de sombras são feitas de humanas ternuras
E os pássaros que cantam têm uma voz límpida como violinos.
Levar-te-ei a esses mundos estranhos,
A esses mundos formosos que nunca ninguém viu.
E tu hás de repousar a cabeça no meu peito,
Deslumbrada pelos meus países inexistentes.
(João Ribeiro - Poesias, 1949.)
Lá não haverá, com certeza, o triste trinar de monstros escuros,
Que se escondem por trás de nomes ribombantes,
Quais arautos que trazem intrincadas mensagens que nada dizem,
Mas que tiram o encanto do momento. De todos e cada um dos nossos momentos...
Lá não haverá meninos sem roupas e sapatos, necessários de vestir,
Nem senhoras caducas a quem dedicar vãs atenções,
A fim de prolongar seus últimos prazerosos anos de vida,
Nem contas de bucólicos bancos, nem de ávidos fornecedores,
Nem pessoas querendo, ás vezes sem sabê-lo, levar nossa últimas energias,
Nem cantos de sereias que pretendem dourar o mundo a seu modo,
Nem sequer sonhos mal sonhados nem sonos mal dormidos.
Perderemos, é claro, todo o “encanto” que o mundo nos oferece,
Tal qual se estivéssemos mortos, no antimundo, na ante-sala do odnum,
Lá, meu anjo, seriamos você e eu, como era num princípio, antes de todo ser,
A fim de fazer valer as palavras ditas em sussurros,
Colocando definitivamente toda a verdade e todo o coração,
Sem subterfúgios nem necessidades inventadamente necessárias,
De mais ninguém, de mais nada...
Mas o mundo quis o contrário, não é?
E ainda não inventaram um momento nem lugar especial
Onde e quando tu hás de repousar a cabeça no meu peito,
Deslumbrada pelos meus países inexistentes do novo odnum.
(Complementação Eu, 2002)
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