TEORIA DA CRIAÇÃO ESPIRITUAL (PARTE 2)



             TEORIA DA CRIAÇÃO ESPIRITUAL (parte 2)

 

Assim, vimos na primeira parte desta teoria, que as Doutrinas de Kardec e de Ubaldi se destoam num ponto capital, pois:

 

-Para Kardec: a criação dos Espíritos é incessante, para todo o sempre; e

 

-Para Ubaldi: a criação é única, de infinitos Espíritos, ao âmbito de Deus.

 

E havia esclarecido ainda que tal problema me perseguira por quase três décadas. E, por qual razão? Se eu os estimava e os estimo tanto, tendo-os como os dois maiores propagadores do Espiritualismo filosófico e científico? Se eu os admirava e os admiro mais que todos os grandes gênios da humanidade terrena? Se eu os estudara e ainda os estudo quando me sobra tempo para tal? Então por que, se os venero, se os tenho em tal alta conta, por que eles se destoam e se conflitam em pontos capitais e tão importantes de suas doutrinas? E, por que Deus, que os enviara para relembrar Sua Doutrina; por que Jesus, seus magnânimos prepostos, não os instruíra com maior clareza quando libertos nos altos planos espirituais, e, portanto, não os fizera recordar quando na vida física, e, de, portanto, se encaixar e se convergir em um ponto tão crucial, dos mais relevantes, na minha precária opinião?

 

E, por mais buscasse, não conseguia a solução para tão intrigante problema. E, como já o disse, eu matutava, eu discutia, exigia respostas ante tão distintas assertivas, mas, dos amigos espirituais, aos quais me socorria, só obtinha o silêncio de uma não revelação.

 

Mas eu insistia: Como entendê-las? Como conciliá-las?

 

Uma diz uma coisa e a outra parece dizer outra coisa que me parecem bem claras e mui distintas para o meu pobre entendimento. Mas, se o Espiritismo Integral tivera o êxito de mostrar a correlação e o desenvolvimento de um pelo outro, tais aspectos (da criação espiritual) reclamavam e ainda reclamam resposta mais precisa e adequada neste panorama tão vasto das idéias espiritistas e monistas que, tão somente agora, principiamos adentrar.

 

 

Ora, não se tem conciliar tais elementos se a obra de Kardec diz que: Deus há criado sempre, cria incessantemente e jamais deixará de criar, e, a de Ubaldi afirma, categoricamente, ter havido uma única criação, de infinitos elementos EPCs em Deus, e onde a iniqüidade de uma parte de seus componentes fizera surgir o grande fenômeno da Involução, uma espécie de desconstrução psíquica do Ser que, a partir de tal ponto de desfazimento na matéria, e, como matéria (ESI), vai ter de progredir e se salvar consolidando sua reconstrução psíquica nas normas penosas engendradas pela Evolução.

 

 

Que a obra de Kardec, Codificação e demais de sua autoria, precisava e precisa ser complementada, disso não há a menor dúvida, pois que tal consta de suas palavras mesmas de que a “revelação espírita é incessantemente progressiva”, e, por isto, Kardec, como já vimos, aguardava o seu complemento concedendo a ela um todo harmonioso, de base forte, segura e duradoura. Por se achar ainda incompleta, seus desenvolvimentos sucessivos acabariam por abrilhantar a Doutrina ao cerne do que ele mesmo denominara: “Espiritismo Completo” e aguardava esperançoso pelo seu importantíssimo complemento. (Vide: “Constituição do Espiritismo” na “Revista Espírita”, dezembro de l868).

 

 

Assim, se Ubaldi completa Kardec com o referido Binômio Fenomênico, como então conciliar amistosamente aqueles componentes aparentemente inconciliáveis da criação espiritual de um que difere da criação espiritual do outro, consoante Esquema Incógnito da Criação que explicita perfeitamente as dúvidas até então levantadas na seguinte desigualdade (=/=) doutrinária:

 

 

    ------------------------------------------------------------------

 

                 KARDEC                            UBALDI                        

 

        [(Criação Contínua)]    =/=     [(Criação Única)]

 

    ------------------------------------------------------------------

 

 

Mas, dos escritos de Mateus, temos:

 

“Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos abrirá; porque todo aquele que pede recebe, quem procura acha, e se abrirá àquele que bater à porta”. (Jesus).

 

Se assim é, no início de Março de 2011, obtive o maior dos contentamentos de minha vida no insight de que a solução do problema residia nele mesmo, nas duas retro-citadas assertivas dos “Espíritos Superiores” que instruíram Kardec no século dezenove, e, de “Sua Voz”, que estivera com Pietro Ubaldi logo mais adiante, no século vinte. Sua solução encontra-se, paradoxalmente, no inacreditável da tão simples e tão indevassável sentença que surgira tal como relâmpago em meu cérebro tão pobre de virtudes mentais:

 

“A criação é única conquanto caracterizar-se incessante por estruturar-se em dimensionalidade espacialmente infinita e insubordinável a termos definitivos de conclusividade”.

 

Ora, o leitor ou o espiritista que me lê despreocupadamente, talvez nada tenha entendido desta tão simples e tão complexa sentença doutrinária. Assim sendo, é obvio que vou explicar melhor, dilatar seus conceitos passo a passo nestes escritos que também poderiam denominar-se: “Teoria do Mecanismo Uno-Contínuo da Criação”. Mas seu título, seja o que encima estas páginas, seja o do Mecanismo Uno-Contínuo, não importa. Mas sim, o seu entendimento que, agora, viera à luz, provando e demonstrando que, de fato, Kardec e Ubaldi não se destoam, mas se juntam e se unem numa só palavra e numa só voz, a do Cristo Salvador que vem sabiamente nos instruir ainda e sempre, na sua terna presença amorosa e consoladora.

 

Destarte, trêmulo de emoção eu não só registrei tal sentença, mas também, interessando-me pela intuição e descrição resolutiva do problema em sua síntese conceitual, também percebi, no jato de luz que me envolvia, que a Visão de Deus no infinito é estável e absolutamente presente em Tudo, e, a nossa, é instável e evolutivamente relativa por situar-se no tempo, e daí nossas contradições. Enquanto somos variáveis, diversos e discordantes, Deus, ao contrário, não varia, não é diverso e tampouco discordante. Ora, Deus é Deus, e, portanto, é Invariável, é Uno e tende para o mesmo fim.

 

E então vi que, se Kardec e Ubaldi se resolvem numa simples conexão de suas doutrinas para a solução e o entendimento dos problemas levantados no processo evolutivo, que parecem, e só parecem conflitantes, pude atinar que o problema das origens também se resolve numa mesma e simples conexão de seus pareceres na conformidade do Esquema Conclusivo da Criação e que darei, obviamente, mais amplas explicações:

 

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         KARDEC                            UBALDI                 RESULTADO

 

                                                                                         Mecanismo

   [(Criação Contínua)] (=c=) [(Criação Única)] ( = ) (Uno-Contínuo)

                                                                                          da Criação

  -------------------------------------------------------------------------------------

 

 

Portanto, tudo quanto afirmarei a partir desse instante decorre da feliz intuição que obtivera do meu (nosso) instrutor espiritual e que considero como uma das mais importantes revelações espirituais à minha pessoa; intuição esta que me impressionara intensamente, deixando-me algo perplexo e assustadiço por perceber um fenômeno nitidamente superior à nossa cotidiana visão das coisas e que, portanto, e obviamente, não considero como uma visão divina, e sim, como a captação instrutiva de um Ser que me é notadamente superior, o que já é muito para esta minha alma desvalida e inferior.

 

Assim, bem mais que as idéias já expostas relativamente ao Binômio Fenomênico Involutivo-Evolutivo, devo dizer que terei de ir um tanto mais fundo e, conseguintemente, um tanto mais além das usuais e costumeiras cogitações de ordem filosófica e doutrinária de nossos contemporâneos espiritistas e monistas ou que albergam, tal como eu mesmo, as duas justas concepções. Penso que o Espiritismo Completo, de Kardec, ou Integral, no sinônimo de minha cogitação, é parte unitária, e tão somente parte de um Todo Complexo de extremamente difícil conceituação que, em tese, poderia justificar-se a partir de uma sentença espiritista já codificada de que:

 

“Deus há criado sempre, cria incessantemente e jamais deixará de criar”.

 

Ora, Deus é um trabalhador incansável, mas que, em certas circunstâncias, quiçá, Lhe autorize alguma pausa, para novamente “despertar-Se” e prosseguir nos paradoxos da Incomensurável Jornada de Sua Incessante Criação que não obstante se Lhe apresenta Única e Completa em Si mesmo, em Sua Altíssima Concepção.

 

Portanto, mais uma vez, espicaço a curiosidade de quem, porventura, estiver me acompanhando os novos raciocínios que, doravante, não são mais meus, mas da Vontade Superior de quem me guia os vacilantes passos na senda desta viagem sagrada da vida que Deus nos concedera.

 

Portanto, que nos preparemos para tal, para uma forma de pensamento não usual do nosso cotidiano que nos parece esfacelado e mobilizado pelo Tempo-Evolução, pois que vamos penetrar o Uno-Completo Além do tempo, escapando, um tanto, de nossas contingentes mesmices estafantes e incompletas, pois que sempre falta alguma coisa em nós, configurando o parece ser uma eterna angústia existencial, resultante de uma possível decadência de altíssimos planos que nos albergavam a alma livre, leve e solta, mas insatisfeita com os planos de Deus.

 

(fim da parte 2)

 

Teorizador: Fernando Rosemberg Patrocínio

Email: [email protected]                        

Blog: fernandorpatrocinio.blogspot.com.br

 

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