Reflexão Crítica na Prática Educativa



Sabemos que a atividade educativa é algo complexo e desafiador. Complexo pelo fato de que a educação é composta por diversas variáveis que em conjunto – pelo menos era para ser – se articulam na busca por objetivos estabelecidos. Desafiador, pois o objeto de estudo da educação é o ser humano que é multifacetado e singular. Assim, os vários elementos constitutivos do processo educativo carregam com si responsabilidades particulares que auxiliarão o sistema educativo no processo de formação.

Fazendo uso de uma visão panorâmica do sistema educativo percebemos que: educadores, pais, responsáveis, coordenadores pedagógicos, diretores, supervisores, orientadores etc. são os grandes agentes educativos mesmo que não tenham contato direto em sala de aula com os discentes. No entanto, não raramente percebemos que esses agentes atuam de maneira isolada sem coesão e sem foco. Adotam ações isoladas em detrimento do fortalecimento do sistema.

Contudo, também percebemos que alguns elementos do processo educativo – falo do professor e da coordenação pedagógica – adotam posturas muitas vezes sem algum tipo de critério e reflexão, dando ênfase ao senso comum pedagógico. Acreditar que o educando não é responsável por seu aprendizado; que ele é um agente passivo no processo de ensino-aprendizagem; que o educador é um “semi-deus” em sala de aula detentor de todo o conhecimento, são posturas que muitas vezes se fazem presentes no cotidiano escolar.

As posturas mencionadas vão tomando corpo diariamente no ambiente educativo reforçando ainda mais alguns mitos estabelecidos. Para a mudança deste quadro acredito que deva haver uma maior aproximação da Educação com o pensamento filosófico. Muitas pessoas ainda possuem enormes dúvidas em relação à Filosofia, questionam se ela serve para alguma coisa já que é muito abstrata. Porém percebo que uma conduta filosófica serve com um dos grandes sustentáculos da prática educativa

A Filosofia através do ato de refletir, por exemplo, dá condições para que os educadores revisem nossas posturas e ações, tanto no espaço escolar como em diversas esferas da vida social. Mas acredito que refletir não é um exercício abstrato e intangível – ou seja, um verbalismo sem ação prática – percebo que a reflexão crítica em um ambiente educativo pode conceder subsídios valorosos para que os educadores possam se tornar de fato agentes de mudança. O ato reflexivo se caracteriza por um ciclo interminável de: reflexão-ação-reflexão.

Mas, a reflexão crítica possui um árduo “inimigo”: da rotina. Acredito que quando as ações educativas entram em um estágio constante de repetição, reduz-se a capacidade dos educadores e das pessoas em geral estranharem as ações empreendidas em seu cotidiano e acabam sendo muitas vezes confundidos pelo exercício sistemático das atividades. Planos de aulas antigos são reaproveitados; – como se todos os educandos fossem iguais – programas de cursos são rígidos e também reaproveitados; atividades operacionais em sala de aula são as mesmas de um ano para outro. Assim, a rotina diária de trabalho pode gerar uma acomodação nos profissionais da educação que nem se darão contam se os que estão fazendo é coerente ou não.  

Creio que o bom uso da capacidade reflexiva docente pode proporcionar condições para que melhor se compreenda as identidades dos educandos brasileiros – identidades estas peculiares e em constante transformação em decorrência da alteridade – para que melhor analisemos as diversas variáveis que compõem complexidade do processo educacional.

A reflexão desvinculada da ação prática torna-se teoria vazia. Já a prática sem a reflexão ficará distante do que deveria ser. Portanto, a reflexão crítica não pode ser semelhante a espasmos que ocorrem de vez em quando, o exercício da crítica reflexiva deve ser algo constante, visceral na pessoa do educador e de todos que de alguma forma estão diretamente ou não ligados ao processo educativo.

 

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Autor: Cheyenne Fernandes Duarte


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