Análise Qualitativa do Curso de Engenharia de Computação do CEFET/MG Campus Timóteo



Análise Qualitativa do Curso de Engenharia da Computação no CEFET-MG Campus Timóteo

Daniel G. Oliveira1, Elias L. S. Júnior1, Gabriel M. C. Silveira1, Guilherme S. Freitas1

1Engenharia da Computação – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) Timóteo, MG – Brasil

Av. Amazonas 1193 - Vale Verde Timóteo - MG - Brasil CEP: 35.183-006

 [email protected], {daniel22390, eliasluiz_jr, guisfreitas}@hotmail.com

 

Resumo. Elaborou-se um trabalho apresentando as análises feitas ao curso de Engenharia da Computação do CEFET-MG Campus Timóteo, onde foram colocadas comparações ao Curso de Engenharia de Computação de outras instituições e feita uma simulação da Avaliação do MEC pelos alunos, através da qual se concluiu que o Curso oferecido tem uma boa infraestrutura, um bom corpo-docente e está ao mesmo nível de algumas grandes faculdades federais do Brasil, porém deixa a desejar em algumas disciplinas que poderiam ser ofertadas como obrigatórias e na falta de estímulo da instituição para o Doutorado do corpo docente.

Palavras-Chave: MEC. CEFET-MG. Avaliação. Engenharia da Computação.

 

1.   Introdução

Com o crescimento do acesso à tecnologia e da importância da mesma na vida das pessoas, muitos têm voltado sua atenção para esse ramo, que cresce mais a cada dia e evolui em um ritmo acelerado, gerando margem para o desenvolvimento de novas tecnologias, que possuem, por sua vez, um maior grau de importância na economia e na sociedade.

Isso se torna mais palpável quando se percebe que as empresas mais importantes atualmente estão ligadas a tecnologia e o número de empresas no ramo não para de crescer, gerando muitas oportunidades de trabalho, o que tem fomentado um interesse grande pela área.

Dentre os Cursos disponíveis na área da computação no Brasil, se destacam os cursos de Ciência da Computação (também chamado de Bacharelado em Informática), Engenharia da Computação e Sistemas de Informação (também conhecido como Análise de Sistemas).

O Curso de Ciência da Computação é mais focado na área de programação, fazendo com que o egresso seja capaz de criar programas de alta complexidade e implantar e gerenciar bancos de dados.

Já o Curso de Sistemas de Informação prepara o aluno para lidar diretamente com o mercado, criando novas tecnologias, gerenciando redes de dados e tendo fortes noções de empreendedorismo.

Semelhante a Ciência da Computação, ao ponto de em vários países serem um só curso, a Engenharia de Computação se destaca pelo conhecimento mais robusto na área de eletrônica, diferenciando-o dos outros cursos e se colocando em uma posição entre os cursos de Ciência da Computação e Engenharia Elétrica.

O Engenheiro da Computação é um profissional capaz de lidar tanto com o software, a parte virtual, quanto com o hardware, a parte física, o que abre uma grande gama de possibilidades, podendo atuar em diversas áreas, como na automação industrial e robótica, setor que tende a crescer conforme o país se desenvolve economicamente e se torna mais industrializado. Assim como o cientista da computação, o engenheiro também é capaz de desenvolver programas e aplicativos de alta complexidade, tratando inclusive de redes e bancos de dados, de forma tão eficiente quanto outro profissional.

Somado a isso, o engenheiro da computação também é capaz de desenvolver e fabricar peças de hardware, já que possui um forte embasamento em elétrica e eletrônica e pode criar os drivers necessários para o devido funcionamento das mesmas, integrando o hardware e o software.

Devido a todas essas capacidades, o engenheiro da computação torna-se hábil para prestar suporte nas mais diversas áreas da computação, desde o reparo de computadores à manutenção de redes e bancos de dados, fazendo dele um profissional vital para o funcionamento das diversas empresas de tecnologia e telecomunicações, ramos que tendem a crescer cada vez mais no Brasil, gerando uma forte demanda por profissionais deste tipo.

O Curso de Engenharia da Computação do CEFET-MG foi projetado visando suprir essa demanda do mercado, treinando profissionais com uma forte base teórica e prática, capazes de aplicar conceitos da matemática, física e princípios da computação na resolução de problemas, de planejar e desenvolver novas técnicas e tecnologias, considerando os impactos sociais e econômicos das mesmas.

A questão levantada por este trabalho é se o curso disponibilizado pelo CEFET-MG Timóteo é capaz de preparar estes profissionais para o mercado de trabalho ou para a carreira acadêmica, seguindo o perfil proposto no projeto pedagógico do curso e os requisitos impostos pelo MEC.

Para isso foram comparadas as grades curriculares do CEFET-MG com a de outras instituições de ensino superior que também disponibilizam o curso de Engenharia da Computação, cujos resultados estão na próxima seção.

Também foi simulada uma Avaliação do MEC, baseada nos parâmetros descritos no Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação, documento do SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) que explicita os quesitos considerados na avaliação de um curso de ensino superior e os fatores que levam a cada conceito, sendo avaliados de 0 (zero) a 5 (cinco). As Dimensões avaliadas foram a Organização Didático-Pedagógica, disponível na seção 3, o Corpo Docente, descrito na seção 4, e as Instalações Físicas, que se apresentam na seção 5. Por fim, na seção 6 podem ser vistas as conclusões obtidas ao decorrer do trabalho.

2.   Grade Curricular

Devido à grande taxa de obsolescência no setor da computação, a grade curricular do curso foi proposta para fornecer ao aluno uma base sólida nos conteúdos teóricos abordados, propiciando o entendimento do funcionamento básico das tecnologias e permitindo a fácil compreensão de aperfeiçoamentos futuros na mesma, em vez de simplesmente apresentar as tecnologias atuais, que já estarão ultrapassadas ao fim do curso.

Tendo-se isso em mente, as disciplinas foram divididas em 9 eixos (conforme quadro 1), sendo bastante similar a outros cursos de computação, tanto ciência quanto engenharia, disponíveis nas instituições espalhadas ao redor do país.

Quadro 1 - Síntese dos Eixos de Conteúdos e Atividades

 

 

Eixo

 

Obrigatórias

Ofertadas

 

Optativas

Ofertadas

 

Optativas Necessárias por Eixo4

Área de Formação Resolução CNE 11/02

 

1

 

Matemática

 

450

 

120

 

330

 

Básica

 

2

 

Física e Química

 

240

 

150

 

Básica

 

3

Fundamentos de Engenharia de Computação

 

870

 

210

Básica / Profissional / Específica

4

Redes e Sistemas Distribuídos

300

60

5

Engenharia de Software

390

180

Profissional / Específica

6

Sistemas Inteligentes

300

360

 

7

 

Sistemas e Processos Produtivos

 

180

 

330

Profissional / Específica

Específica

Específica

 

8

Humanidades e Ciências Sociais

Aplicadas

 

240

 

210

 

90

Complementar / Humanística

 

9

Prática Profissional e Integração

Curricular

 

120

 

870

 

450

 

Suplementar

 

 

 

3090

 

2490

 

870

 

Fonte: CEFET-MG

 

Apesar de ser uma grade que exige bastante empenho do aluno e propiciar um amplo conhecimento em engenharia de software e fundamentos da engenharia da computação, ao ser comparado com a grade curricular de outras instituições, como o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), certas disparidades puderam ser aferidas, principalmente no eixo Sistemas e Processos Produtivos e nas outras matérias relacionadas à eletrônica de maneira geral, que possuem uma parcela considerável de seu conteúdo tratado como optativo, enquanto nessas outras instituições são disciplinas obrigatórias.

3.   Organização Didático-Pedagógica

A primeira dimensão da avaliação proposta pelo SINAES e adotada pelo MEC é a Organização Didático-Pedagógica, que avalia a metodologia e filosofia de ensino da instituição.

É dividida em 12 indicadores, sendo eles: Implementação das políticas institucionais constantes do Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI, no âmbito do curso; Autoavaliação do curso; Atuação do coordenador do curso; Objetivos do curso; Perfil do egresso; Número de Vagas; Conteúdos curriculares; Metodologia; Atendimento ao discente; Estímulo a atividades acadêmicas; Estágio supervisionado e prática profissional e Atividades complementares, conforme o quadro:

 

Quadro 2 – Avaliação da Organização Didático-Pedagógica

 

Fonte: Os Autores

 

Nestes quesitos o CEFET-MG obteve média 4 (quatro), tendo como fatores de maior destaque positivo a atuação efetiva do coordenador do curso, a quantidade de vagas abertas anualmente, que correspondem às condições de infraestrutura do campus, e o atendimento ao aluno, com a distribuição de auxílio moradia e alimentação e acompanhamento psicológico.

Os fatores que mais se destacaram negativamente foram o pouco estímulo às atividades complementares e acadêmicas, a escassa oferta de disciplinas optativas e a quantidade de projetos previstos que ainda estão na fase de realização.

4.   Corpo Docente

O quadro docente da Engenharia de Computação do CEFET-MG / Campus VII Timóteo é composto por 14 professores conforme o quadro abaixo:

Legenda: Azul – Membros do NDE; Branco – Efetivos; Salmão – Substitutos.

Quadro 3 – Corpo Docente da Engenharia da Computação

Docentes da Computação

Titulação

Elder Oliveira Rodrigues

Doutor

Rodrigo Gaiba de Oliveira

Doutor

Aléssio Miranda Junior

Mestre

Leonardo Lacerda Alves

Mestre

Marcelo de Sousa Balbino

Mestre

Maurílio Alves Martins da Costa

Mestre

Bruno Rodrigues Silva 

Mestre

Deisymar Botega Tavares

Mestre

Luciano Nascimento Moreira

Mestre

Adilson Mendes

Especialista

Douglas Nunes

Mestre

Leonardo Paiva

Mestre

Thiago Gualberto

Mestre

Thiago Miranda

Mestre

Fonte: CEFET-MG

 

O NDE (Núcleo Docente Estruturante) é formado por seis professores, onde apenas 33,3% são doutores (dois professores) e todos possuem titulação acadêmica obtida em programas de pós-graduação stricto sensu.

Do atual quadro docente da computação, apenas cinco professores são substitutos, onde apenas um não possui titulo de pós-graduação stricto sensu.

Com base nessas informações, a segunda dimensão da avaliação do MEC, referente ao corpo docente, foi avaliada pelo grupo com média 4 (quatro), conforme o quadro:

Quadro 4 – Avaliação do Corpo Docente

 

Fonte: Os Autores

 

As menores notas foram devido à pequena porcentagem de doutores entre os docentes e à insuficiência de desenvolvimentos de pesquisa envolvendo os estudantes.

5.   Instalações Físicas

A terceira dimensão da avaliação do MEC, referente às Instalações físicas do campus, foi avaliada pela situação atual do Campus Vale Verde e do Campus Centro.

Atualmente podemos dizer que 90% das atividades são realizadas no Campus Centro, mas algumas instalações, principalmente laboratórios e biblioteca ainda se localizam no Vale Verde, sendo que futuramente, realizando-se a construção de um novo prédio no Centro, todas as atividades passarão a ser realizadas no mesmo e o Campus Vale Verde será desativado.

No geral, com base nas pesquisas feitas e pelos parâmetros avaliados pelo MEC, as instalações físicas foram avaliadas com média 3 (três), como ilustra o quadro:

Quadro 5 – Avaliação das Instalações Físicas

 

Fonte: os Autores

Com isso, podemos perceber que pontos como o acesso aos laboratórios de informática e salas de aula atendem perfeitamente às necessidades do campus. O registro acadêmico e as bibliografias básicas e complementares também merecem destaque.

Mas em contrapartida, os gabinetes para que os professores possam atender melhor aos alunos ainda estão sendo providenciados, assim como alguns laboratórios específicos, como os de elétrica, que ainda se situa no Vale Verde e posteriormente será implantado no Centro, e o de Robótica, que ainda não foi montado.

  1. 6.       Considerações Finais

Após analisados todos esses quesitos, percebe-se que o curso de Engenharia da Computação do CEFET-MG Timóteo apresenta bons indicadores de qualidade, compatíveis com o que se espera de uma instituição de ensino superior federal.

Mesmo com algumas deficiências relativas à infraestrutura, ao corpo docente e algumas discrepâncias curriculares se comparado a outros cursos, o curso do CEFET-MG apresenta um belo potencial, levando-se em conta que teve sua primeira turma implantada em 2009 e uma parcela considerável dos projetos previstos para o campus estão em andamento no momento que este artigo foi escrito.

Se tomando como base o Projeto Pedagógico elaborado pela instituição, o curso se aproxima dos objetivos propostos. A Direção e a Coordenação se mantêm interessada em concluir melhorias em geral no Campus, como o aumento de laboratórios especializados e de formação geral e aumento na quantidade de instrumentos necessários a área, ao ponto de já terem sido feitos mais de 500 mil reais em pedidos de materiais, tanto de construção quanto laboratoriais.

Com base nessas informações, pode-se concluir que o curso vem alcançando as metas propostas e tende a se tornar cada vez melhor, formando bons profissionais e mantendo os níveis de qualidade atribuídos ao CEFET-MG como um todo.

Referências

SISTEMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR. Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação (Bacharelado e Licenciatura). Brasília, 2010. Disponível em:    . Acesso em: 19 set. 2012.

INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA; Fernando Toshinori Sakane (Org.). Plano de Desenvolvimento Institucional: 2011 – 2020. São José dos Campos, 2011. 2 v. Disponível em:            . Acesso em: 25 set. 2012.

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS. Projeto para Criação do Curso de Engenharia de Computação: Versão Resumida. Timóteo, 2008. Disponível em:     . Acesso em: 19 set. 2012. 

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